Ética e Moral – Veja a ética da conduta no pensamento de Kant. É Filosofia Enem e Vestibular.

Revisão sobre o Imperativo Categórico de Kant, a Razão Comunicativa de Habermas, e ainda o pensamento de Bioética de Van Potter. Confira abaixo. Cai em Filosofia no Enem e no Vestibular.

Revisão sobre Ética e Moral – Filosofia no Enem e no Vestibular.

Veja neste post o que são os Imperativos de Immanuel Kant e a Ética Discursiva de Jürgen Habermas. São dois importantes filósofos alemães.

Filosofia Enem  O estilo filosófico de Immanuel Kant (1724 – 1808 – foto  ficou conhecido como “racionalismo crítico”. Sobre o tema da ética e da moral este pensador escreveu três livros que marcaram para sempre a filosofia: Fundamentos da metafísica dos costumes (1785); Crítica da razão prática (1788); e, Metafísica dos costumes (1797).

Immanuel Kant percebe a ética como sendo fruto de um processo racional cuja finalidade é se tornar universal. Deste modo a construção da moral kantiana caminha na contramão da moral aristotélica. Assim considera-se a ética kantiana como sendo prescritiva, ou seja, como uma ética do dever.

Imperativo x Relativismo

Outra característica desta ética é a sua negação ao relativismo. Por relativo entendemos algo que máxime a preferência ou o bem-estar de um indivíduo ou grupo. A frase que talvez melhor expresse uma ideia de relativismo é: “o que é bom para mim pode não ser bom para outra pessoa”, ou ainda “depende da situação”. Isso acaba tornando a ética kantiana difícil de ser executada porque ela não admite a diferenciação entre os indivíduos. O que é, para Kant, teria que ser para todos na regra do convívio social. Por isso é um pensamento que leva ao ‘imperativo’.

Kant entendia que qualquer pessoa poderia fazer um julgamento moral, mesmo aquela mais simples. O filósofo afirmava ainda que não era o grau de conhecimento ou de instrução que tornaria uma pessoa moralmente correta, isso ocorre porque as leis são universais e todos nós possuímos uma razão prática que conhece as regras e age de acordo com elas, do mesmo modo, isso nos condiciona a julgamentos. Isso significa que as pessoas sempre julgam moralmente. Estes julgamentos são feitos a partir de princípios ou mandamentos morais implícitos e que são chamados por Kant de “imperativos”.

Um imperativo é uma linguagem prescritiva, ou seja, ela indica algo que deve ser feito. Existem dois tipos de imperativos, são eles: condicionais e categóricos. O primeiro, condicionais (hipotéticos ou instrumentais): são teleológicos, ou seja, estão condicionados aos fins que pretendem alcançar. Ex: Abortar uma gestação fruto de um estupro; O segundo, categóricos (também chamados absolutos): são normativos, ou seja, é algo que deve ser cumprido. Ex: Não roubarás; Não roubarás, etc.

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O Imperativo Categórico

Kant pensava a moral como um sistema de imperativos categóricos. Ex: “devemos sempre falar a verdade”; “não devemos matar”. Os deveres são categóricos, ou seja, são absolutos e incondicionais. Os deveres ou mandamentos devem ser cumpridos pelos homens.

O imperativo categórico mais famoso de Kant é tido também como um princípio da universalidade, assim ele afirma: Age sempre segundo um princípio tal que possas querer ao mesmo tempo em que ele seja uma lei universal (fórmula da lei universal). Neste imperativo podemos perceber um ditado popular: “não faça com os outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você”.

Veja a Ética Discursiva de Jürgen Habermas

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 Ética discursiva é como podemos chamar a proposta do também filósofo alemão Jürgen Habermas (1929) para estudar a moral. Habermas propõe uma crítica de reconstrução do imperativo categórico de Kant, uma vez que Kant buscava a fundamentação da ética subjetiva, enquanto Habermas (foto) busca fundamentá-la na linguagem intersubjetiva.

A subjetividade diz respeito ao indivíduo, é nossa própria consciência. A subjetividade pode conotar egoísmo, uma vez que diz respeito ao indivíduo. Mesmo assim a subjetividade é importante, pois é a partir dela que fazemos uma ligação entre o mundo coletivo e o individual.

Kant, por exemplo, trabalha a possibilidade da subjetividade humana se transformar em uma máxima universal. Esta máxima é fruto de uma racionalidade subjetiva que transcenderia para o coletivo como uma regra ética igual para todos.

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Nesses termos, se subjetividade é a consciência humana, a intersubjetividade é a própria linguagem humana. É através da linguagem que fundamentamos as ações éticas dos seres humanos. O ponto de partida da moral habermaseana ocorre pela ideia de que uma norma moral será aceita e terá validade com base no estabelecimento de um “consenso”.

Assim, a ética de Habermas possui os mesmos princípios de universalidade que foram propostos por Kant, só que esses princípios são constituídos pela comunidade linguística, ou seja, pelos indivíduos e pelos grupos sociais que formam uma sociedade.

A principal função da linguagem na construção da moral pela ética habermaseana é o de estabelecer o consenso entre os indivíduos e seus grupos. O consenso pode ser almejado pelo discurso quando os indivíduos que participam do processo comunicativo deixarem de lado os interesses particulares e proporem questões que contemplem os interesses de todos.

Assim, a ética linguística de Habermas pressupõe a autenticidade e a prioridade do discurso coletivo sobre o indivíduo. Isso significa que a ética discursiva não busca a felicidade como o seu fim mais precioso, mas o consenso, pois no consenso está um todo coletivo que busca assegurar os interesses dos grupos envolvidos. Uma vez assegurados e respeitados os interesses de todos podemos então dizer que há felicidade coletiva.

A ética discursiva de Habermas é frequentemente invocada em ambientes onde a comunicação tem um papel fundamental para assegurar os direitos e deveres da sociedade. É na esfera pública que basicamente vemos uma aplicação diária desta moral discursiva, pois ela visa democratizar a participação de todos na luta pela garantia de seus direitos.

A Bioética de Van Potter

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 Em 1970, o termo bioética teve a sua primeira definição proposta pelo bioquímico norteamaericano Van Rensselaer Potter (1911-2001). Potter havia percebido que a sociedade contemporânea está imersa em uma concepção filosófica de mundo que favorece o desenvolvimento de uma sociedade baseada em um ambiente científico-tecnicista.

Este médico percebeu que tal concepção de mundo está produzindo sérios problemas para o Planeta e para o próprio ser humano. Sendo assim, ele defendeu uma abordagem mais humanista, abrangendo então uma visão global de temas relacionados, como a vida, por exemplo, o meio ambiente.

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Potter percebeu que haveria necessidade de se repensar uma nova ética, uma ética globalizada não nos padrões comunicacionais ou políticos, mas o de perceber que o mundo em que vivemos e que foi inspirado em uma matriz iluminista estaria colocando toda a vida no Planeta em risco. Dentre os principais problemas identificados, estariam: os seres humanos são apenas um tipo de vida existente no Planeta; o homem faz parte da natureza e não é superior a ela; discute-se assim problemas ambientais, ética biológica (armas químicas), eugenia, por exemplo.

A bioética em tais termos refere-se ao estudo do início, do meio e do fim da vida (Dall’ Agnol, 2004). Podemos então apontar os quatro princípios básicos da bioética, são eles:

1. Princípio do respeito à autonomia: “respeite a autonomia das pessoas”;

2. Princípio da não maleficência: “não causar dano aos outros”;

3. Princípio da beneficência: “fazer o bem aos outros”;

4. Princípio da justiça: “trate equitativamente as pessoas”.

Aula Gratuita sobre Ética e Moral

Saiba mais sobre Ética e Moral para as questões de Filosofia do nesta aula do nosso professor de filosofia Alan, disponível no Youtube. Após assistir, revise o que você aprendeu respondendo aos nossos desafios!

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Questão 1 

UEL – PR – 2008

De acordo com a ética do discurso, os argumentos apresentados a fim de validar as normas […] têm força de convencer os participantes de um discurso a reconhecerem uma pretensão de validade, tanto para a pretensão de verdade quanto para a pretensão de retidão. […] Ele [Habermas] defende a tese de que as normas éticas são passíveis de fundamentação num sentido análogo ao da verdade. (BORGES, M. de L.; DALL´AGNOL, D. ; DUTRA, D. V. Ética. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 105.)

Assim, é correto afirmar que a ética do discurso defende uma abordagem cognitivista da ética (HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileira, 1989. p. 62 e 78.)

Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto afirmar:

a) A ética do discurso procura dar continuidade à abordagem cognitivista já presente em Kant.

b) A abordagem cognitivista da ética do discurso assume a impossibilidade de validação das normas morais.

c) A abordagem cognitivista da ética do discurso se apóia no conhecimento da utilidade das ações tal como pretendia Jeremy Bentham.

d) A abordagem cognitivista da ética do discurso procura dar continuidade às teses aristotélicas sobre a retórica.

e) A ética do discurso, ao abordar a ética de um ponto de vista cognitivista, segue as teorias emotivistas e decisionistas.

Questão 2

INEP – DF – 2008

Uma ação praticada por dever deve ter o seu valor moral, não no propósito que com ela se quer atingir, mas na máxima que a determina; não depende, portanto da realidade do objeto da ação, mas somente do princípio do querer segundo o qual a ação, abstraindo de todos os objetos da faculdade de desejar, foi praticada.

Kant. Fundamentação da metafísica dos costumes. Coleção Os Pensadores.

De acordo com essa passagem, pode-se concluir que o valor da ação moral em Kant é determinado

a) Pelos objetos que orientam a faculdade de desejar.

b) Por sua subordinação ao princípio do querer em geral.

c) Pela validade objetiva dos objetos.

d) Por sua subordinação à vontade subjetivamente determinada.

e) Por sua conformidade ao dever.

Questão 3

INEP – DF – 2008

(…) se a razão só por si não determina suficientemente a vontade, se está ainda sujeita a condições subjetivas (a certos móbiles) que não coincidem sempre com as objetivas; numa palavra, se a vontade não é em si plenamente conforme à razão (como acontece realmente entre os homens), então as ações, que objetivamente são reconhecidas como necessárias, são subjetivamente contingentes, e a determinação de uma tal vontade, conforme a leis objetivas, é obrigação.

Kant. Fundamentação da metafísica dos costumes. Coleção Os Pensadores. Segunda Seção, §12.

De acordo com esse texto, é correto afirmar que as inclinações

a) Tornam a lei moral subjetiva.

b) Determinam a vontade objetivamente.

c) Fazem que a lei moral seja vivenciada como uma obrigação.

d) Possuem caráter imperativo.

e) São parte da natureza humana como ser racional.

Questão 4

Instituto Federal de Educação – Alagoas – 2010 (com adaptações)

Sobre Ética e Bioética, podemos AFIRMAR que:

I. A bioética tem origem nas implicações éticas e nos desafios da prática médico-biológica, de onde procura estabelecer conexões com outros campos do saber, como a filosofia, a ciência e também a religião.

II. Com o texto “Bioética: a ciência da sobrevivência”, Van Rensselaer Potter inaugura uma nova frente de discussões no campo da ética trazendo à baila uma ética, para a vida selvagem, uma ética urbana, uma ética de populações, uma ética do consumo, uma ética internacional, enfim, uma bioética.

III. Equipolência, não maleficência, beneficência, heteronomia, socialidade, subsidiaridade são conceitos fundamentais em bioética.

a) Somente II, é verdadeira.

b) Somente III é verdadeira.

c) Somente I é verdadeira.

d) Somente I e II são verdadeiras.

e) Todas as alternativas são verdadeiras.

Questão 5

Questão desafio

Instituto Federal de Educação – Sergipe – 2010

Assinale a alternativa falsa:

a) A ética do discurso de Jürgen Habermas desconsidera a guinada pragmático-linguística na filosofia contemporânea e continua buscando justificações universalistas.

b) Habermas apresenta sua ética do discurso como sendo cognitivista, formalista e procedimentalista.

c) A ética do discurso de Habermas constitui-se, dentre outras coisas, de uma reformulação do imperativo categórico kantiano, que passa a ser apresentado em termos pragmáticos onde o Ego transcendental é substituído pela comunidade de comunicação.

d) O ideal de uma comunicação não coercitiva e igualitária está na base da justificativa filosófica da ética do discurso de J. Habermas.

e) A ética do discurso de Habermas se baseia nas teses fornecidas por este mesmo pensador para a construção do conceito de razão comunicativa.

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