Pré-Modernismo – Revisão de Literatura Enem

Você sabia que o Pré-modernismo não é considerado uma escola literária na literatura brasileira? Mas, ainda assim, ele é tema no Vestibular e Enem nas provas de literatura. Leia esse post e esclareça os tópicos mais importantes sobre esse período.

O pré-modernismo não é constituído, no Brasil, como uma escola literária. Isso quer dizer que não temos grupos de autores que compartilham sobre um mesmo ideal, seguindo certas características.

Na verdade, o Pré-Modernismo é um termo genérico que restringe um termo que constitui a produção literária de alguns autores que, ainda não sendo modernos, rompem com o passado. Veja:

A partir de 1894, o Brasil inicia um novo jeito de viver, um novo período em sua história republicana: com a posse do primeiro presidente civil do país, Prudente de Morais (1894 a 1898), encerrava-se o ciclo da República da Espada (governo dos militares Deodoro da Fonseca Floriano Peixoto, de 1889 a 1894).Militares 1

Com o primeiro civil na Presidência da República entrava em cena o poder dos grandes proprietários rurais, abrindo o ciclo da República Oligárquica e da política do ‘Café com Leite’, numa aliança entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Campos Sales foi presidente da república de 1898 a 1904, seguido de Rodrigues Alves, de 1902 a 1906.

Revoltas Militares e Rebeliões Civis – Os novos tempos refletiram também na literatura e acontecimentos políticos e sociais, como a Guerra de Canudos, na Região Nordeste;  a Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, e a Revolta dos Marinheiros (Revolta da Chibata).

O ano de 1904, no Rio de Janeiro,  testemunhou a uma rápida porém intensa revolta da população: usado como pretexto a luta da vacinação obrigatória idealizada pelo médico infectologista Oswaldo Cruz, a população lutou contra o alto custo de vida, a falta de emprego e os caminhos que a República viria a tomar.

Em 1910, aconteceu outra rebelião importante para a história: os marinheiros, liderados por João Cândido, manifestavam contra o castigo corporal. Rebelião, essa, que ficou conhecida como a Revolta da Chibata. Veja a República da Espada e as Revoltas do Período

Características do Pré-Modernismo

Ainda que o Pré-Modernismo não constitua uma escola literária, existem pontos em comum às obras publicadas nesse período, que são:

  • Ruptura com o passado, através do academismo: como a linguagem utilizada por Augusto dos Anjos, feita com palavras não-poéticas (como cuspe, vômito, escarro, vermes), era uma maneira de afrontar a poesia parnasiana, que ainda estava em vigor. Lima Barreto faz uma ironia tanto com os escritores ditos mais importantes que utilizavam uma linguagem primorosa, quando os leitores que se deixavam impressionar por elas.
  • Denúncia da realidade brasileira: nega-se o Brasil literário herdado do período romântico e do Parnasianismo; o Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos.
  • Regionalismo: constrói-se um grande painel brasileiro, que é o Norte e o Nordeste, com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista, com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha.

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Produção literária do Pré-Modernismo

Euclides da Cunha (1866 – 1909), ainda que apresente uma visão de mundo profundamente determinista, deve ser estudado como um pré-modernista, pela denúncia que faz da realidade do Brasil, das verdadeiras condições de vida do Nordeste brasileiro, como notamos na obra Os sertões:

Intentamos esboçar, palidamente embora, ante o olhar de futuros historiadores, os traços atuais mais expressivos das sub-raças sertanejas do Brasil.

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Capa do livro Os sertões, de Euclides da Cunha

 

Lima Barreto (1881- 1922) é um pré-modernista, consciente dos verdadeiros problemas da população brasileira, criticando o nacionalismo exagerado e utópico, trazido do Romantismo. Seu estilo é leve e fluente, que se aproxima da linguagem jornalística.

A leitura do romance Triste fim de Policarpo Quaresma, já nos situa no mundo de Lima Barreto:

Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso não acontecia. Saindo do Arsenal da Guerra, onde era subsecretário, bongava pelas confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria francesa.

Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma que, às três e quarenta, por aí assim, tomava  bonde, sem erro de um minuto, ia pisar a soleira da porta de sua casa, numa rua afastada de São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a aparição de um astro, um eclipse, enfim um fenômeno matematicamente determinado, previsto e predito.

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Capa do livro O triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto

Escolas Literárias no Brasil, desde 1500

Veja um resumo completo de todas as Escolas literárias no Brasil: Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo, e as escolas contemporâneas.  O ciclo tem início com o Quinhentismo, marcado pelos registros dos navegadores, padres jesuítas, exploradores e pela Carta de Pero Vaz de Caminha, e segue até os dias de hoje. Confira:

escolas literárias
Resumo: escolas literárias desde 1500

 Aula Gratuita

Assista ao vídeo da professora Camila sonre Pré-Modernismo. Será muito útil para complementar o post que você acabou de ler:

Exercício

1- (UFRGS-RS) Uma atitude comum caracteriza a postura literária de autores pré-modernistas, a exemplo de Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha. Pode ela ser definida como:

a) a necessidade de superar, em termos de um programa definido, as estéticas românticas e realistas.

b) pretensão de dar um caráter definitivamente brasileiro à nossa literatura, que julgavam por demais europeizadas.

c) a necessidade de fazer crítica social, já que o realismo havia sido ineficaz nessa matéria.

d) uma preocupação com o estudo e com a observação da realidade brasileira.

e) aproveitamento estético do que havia de melhor na herança literária brasileira, desde suas primeiras manifestações.

Gabarito: D

O texto foi escrito pela professora Analice, formada em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp. Atualmente é mestranda em Literatura na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, professora de português na rede particular de ensino de Florianópolis e colaboradora do Blog do Enem. Facebook: http://www.facebook.com/analice.andrade
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