O que foi a Revolução Industrial e quais são suas características

A Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra do século XVIII e transformou o sistema de produção e o o mundo do trabalho. Saiba mais neste resumo de História para o Enem!

A Revolução Industrial mudou a história da humanidade em relação ao mundo do trabalho, da produção e uso da energia para mover as máquinas. Além disso, provocou enormes transformações por meio da ação do ser humano sobre as condições ambientais do planeta. Saiba mais nesta aula de História sobre a Revolução Industrial!

A Revolução Industrial refere-se a um período repleto de importantes transformações urbanas, culturais, econômicas e sociais. Teve início na Inglaterra, em fins do século XVIII, e caracteriza-se pela introdução da energia produzida pela máquina a vapor e da mudança do modo de produção da manufatura para a maquinofatura.

O que foi a Revolução Industrial 

Quando falamos sobre Revolução Industrial, é importante lembrar que “revolução” significa amplas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais de uma sociedade. Pois é justamente isso que ocorreu primeiro na Inglaterra e depois no mundo inteiro por conta do surgimento das fábricas (industrialização).

A fim de entender melhor como a industrialização causou transformações tão profundas, vamos entender o histórico dos sistemas de produção até chegarmos ao modelo fabril.

Sistemas de produção

Durante a Idade Medieval europeia, o sistema de produção que predominou foi o artesanato. Nesta forma de produzir não havia divisão das etapas de produção. Isso ocorria porque era o mesmo trabalhador que executava todas as etapas de produção.

Cada artesão construía o objeto do início ao fim. Além disso, o dono da oficina de artesanato também trabalha na produção. Portanto, não existe a separação entre capital e trabalho.

A oficina de um tecelãoA oficina de um tecelão, pintura de Gillis Rombouts, 1656.

Em seguida, o processo de produção que predominou na Idade Moderna foi a manufatura. Esse modo de produção já tem uma pequena divisão das etapas de produção e o dono da empresa não trabalha na produção, existindo uma separação entre capital e trabalho. É nesse período que o capitalismo começa a se desenvolver.

A partir da Revolução Industrial é inaugurado um novo sistema de produção: a maquinofatura. É nessa época que se inicia o uso da máquina a vapor (uso de energia mecânica) e ocorre uma divisão ainda maior do trabalho. Cada operário é responsável por uma única tarefa na linha de produção.

Isso porque máquinas especializadas passaram a desempenhar etapas cada vez mais específicas da produção. Além disso, ocorre a separação definitiva entre capital e trabalho, pois o burguês (dono da produção) passa a apenas administrar sua empresa.

Introdução sobre a Revolução Industrial

Para ajudar você na compreensão da Revolução Industrial, veja em seguida a aula do prof. Felipe Oliveira, do canal do Curso Enem Gratuito, sobre a origem, as características e as consequências do assunto:

Por que a Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra

A Inglaterra foi o país pioneiro na Revolução Industrial porque tem uma história capitalista um pouco diferente de outros países. O modelo mercantilista inglês (comercialismo) permitiu, através do comércio praticado em grande escala, um grande acúmulo de capital por parte da burguesia.

Esse capital acumulado acabou sendo investidos na criação de novos sistemas de produção e na abertura de fábricas. Foi lá, por exemplo, que foi criada a principal invenção da Revolução Industrial: a máquina a vapor.

Além disso, na Inglaterra ocorreu um processo que ficou conhecido como cercamentos, que foi o que tornou a terra um elemento capitalista. Antes desse processo ter início, a terra era utilizada de forma coletiva, nos chamados feudos. Os camponeses pagavam tributos aos senhores para terem direito de cultivarem a terra.

No entanto, a partir do século XI, os donos das terras passam a dividi-las em lotes com o objetivo de vender e arrendar. Essas terras passam a ser utilizadas para a criação de ovelhas, que produzem a lã que é utilizada na indústria têxtil.

Cercamentos - Revolução IndustrialPintura do século XVIII representando as terras cercadas na Inglaterra.

A consequência dos cercamentos foi a expulsão dos camponeses dessas terras e, por isso, houve um grande exôdo rural. Assim, com um grande contingente de famílias migrando para a cidade, houve a disponibilidade de mão de obra para trabalhar na indústria. É dessa maneira que se forma a classe operária. Como essa classe passa a ser assalariada, além de produzir os produtos, ela também os consome.

Por fim, a Inglaterra possuía uma abundância de minas de carvão e ferro. O carvão foi o principal combustível utilizado pelas máquinas nas indústrias e o ferro era a principal matéria-prima para a construção de máquinas.

Principais características da Revolução Industrial

Além da chegada da maquinofatura como novo sistema de produção e da utilização do carvão e do ferro como principais matérias-primas, existem outras importantes características da Revolução Industrial. Em seguida, vamos ver um pouco mais sobre a utilização da máquina a vapor e do surgimento de novas classes sociais.

Utilização da máquina a vapor

Durante o século XVII, vários cientistas estudaram a propriedade da água entrar em ebulição. Mas foi em 1769 que o inglês James Watt desenvolveu um equipamento que utilizava a energia do vapor da água para impulsionar
máquinas. Com a invenção da máquina a vapor, a substituição da força de trabalho humana pela energia mecânica ficou cada vez mais rápida.

Então, nos anos seguintes, a máquina a vapor de Watt passou por vários aperfeiçoamentos, o que possibilitou o desenvolvimento da indústria em várias áreas. As maiores mudanças ocorreram na siderurgia, na metalurgia e no aparecimento dos primeiros trens de ferro a vapor, inventados em 1808.Máquina a vaporFotografia de máquina a vapor de James Watt, de 1781.

Surgimento da burguesia industrial e do proletariado

A partir da intensificação dos processos fabris, a Revolução Industrial contribuiu para a consolidação do que entendemos como o capitalismo moderno. Formaram-se ali de maneira clara dois novos grupos sociais: a burguesia industrial e o operariado.

A burguesia industrial é a classe dos proprietários dos meios de produção, também denominados capitalistas. Eles são os donos das matérias-primas, das fábricas, das máquinas, dos bancos, das terras e de outros bens. Além disso, a burguesia se apropria dos lucros gerados pelo aumento da produtividade proporcionado pelas novas máquinas.

Em contrapartida, o operariado ou proletariado é o trabalhador operário que surgiu com a Revolução Industrial e que em troca da sua força de trabalho recebe um salário para sobreviver.

Paródia sobre a Revolução Industrial

Para ajudar a memorizar os diferentes sistemas de produção e outros aspectos da Revolução Industrial, confira a paródia criada pelo prof. Felipe no canal do Curso Enem Gratuito:

Os trabalhadores na Revolução Industrial

Nem toda a população da Inglaterra pôde usufruir dos benefícios dos avanços industriais. O proletariado sofria com péssimas condições de trabalho, como você pode ver em seguida:

  • As fábricas geralmente eram locais úmidos e quentes, sem um sistema de ventilação adequada.
  • A alimentação oferecida aos operários era insuficiente e de baixa qualidade.
  • As jornadas de trabalho chegavam a ultrapassar as 16 horas diárias ininterruptas.
  • Havia alta incidência de doenças e acidentes de trabalho.
  • Por serem consideradas mais dóceis, os patrões preferiam contratar mulheres e crianças, muitas delas com 4 ou 5 anos de idade.
  • Os trabalhadores eram vigiados de perto e sofriam punições e castigos físicos.
  • Por fim, os salários eram baixíssimos.

Fábrica da Revolução IndustrialIlustração do século XIX representando o interior de uma fábrica de roupas.

Por causa dessas condições de trabalho, os operários tinham expectativa de vida curta. Além disso, as condições de moradia do proletariado eram das mais precárias.

Suas casas eram simples e rudimentares, e ficavam situadas em bairros insalubres. Construídas em ruas escuras e sem pavimentação, eram mal ventiladas, não tinham água suficiente e apresentavam péssimas condições sanitárias.

Como consequência, nasce o movimento operário. Através de mobilizações (como o ludismo e o cartismo, por exemplo), organizações sindicais e greves, os trabalhadores lutavam para conquistar direitos trabalhistas. Esta nova força social cresceu durante os séculos XIX e XX, transformando profundamente a história política da Europa e de outros países atingidos pela Revolução Industrial.

A Urbanização no Brasil

O Brasil é tardio em relação ao processo mundial de industrialização desencadeado pela Inglaterra a partir de 1760. Na época, ainda um país colonial comandado pela corte de Portugal, a economia brasileira servia aos interesses da matriz portuguesa.

Foi somente no século XX, com Getúlio Cargas na presidência da república, que o país ganha um projeto de indústria pesada, com foco no desenvolvimento nacional. Confira no resumo com o professor Raphael Carrieri:

Como você acompanhou com o professor Carrieri, quanto maior foco de industrialização, maior a urbanização também.

A Segunda e a Terceira Revoluções Industriais

Se na Primeira Revolução Industrial a essência foi a força motriz gerada pela máquina a vapor, e uma nova forma de organização do trabalho com jornadas exaustivas, logo em seguida veio a Segunda Revolução, que criou as novas plantas de produção mecanizadas, a produção em série, e a especialização da força de trabalho em funções de repetição direcionadas à produtividade.

Em seguida, na virada do século XX para o século XXI, entra em cena a Terceira Revolução Industrial. Esta fase é orientada para o uso intensivo da informática e da automação industrial. Assim, a robótica entra em cena substituindo de maneira intensa a força de trabalho pelo uso de robôs na indústria.

Por fim, a partir da década de 2010, inclusive no setor de serviços tem início o uso de chatbots, que na prática significam robôs virtuais, com foco em atendimento e relacionamento com os usuários ou clientes, em substituição à força de trabalho humana.

Resumo da Terceira Revolução Industrial

Exercícios sobre a RevoluçãoIndustrial

Para finalizar seus estudos, responda a esta seleção de questões do Enem sobre Revolução Industrial.

1 – (ENEM/2018)

A partir da segunda metade do século XVIII, com a primeira Revolução Industrial e o nascimento do proletariado, cresceram as pressões por uma maior participação política, e a urbanização intensificou-se, recriando uma paisagem social muito distinta da que antes existia.

QUINTANEIRO, T.; BARBOSA, M. L. O.; OLIVEIRA, M. G. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002.

As mudanças citadas foram conduzidas principalmente pelos seguintes atores sociais:

a) Burguesia e trabalhadores assalariados.

b) Igreja e corporações de ofício.

c) Realeza e comerciantes.

d) Campesinato e artesãos.

e) Nobreza e artífices.

2 – (ENEM/2016)

TEXTO I

Cidadão

Tá vendo aquele edifício, moço?

Ajudei a levantar

Foi um tempo de aflição

Eram quatro condução

Duas pra ir, duas pra voltar

Hoje depois dele pronto

Olho pra cima e fico tonto

Mas me vem um cidadão

E me diz desconfiado

“Tu tá aí admirado

Ou tá querendo roubar?”

Meu domingo tá perdido

Vou pra casa entristecido

Dá vontade de beber

E pra aumentar meu tédio

Eu nem posso olhar pro prédio

Que eu ajudei a fazer.

BARBOSA, L. In: ZÉ RAMALHO. 20 Super Sucessos. Rio de Janeiro: Sony Music, 1999 (fragmento).

TEXTO II

O trabalhador fica mais pobre à medida que produz mais riqueza e sua produção cresce em força e extensão. O trabalhador torna-se uma mercadoria ainda mais barata à medida que cria mais bens. Esse fato simplesmente subentende que o objeto produzido pelo trabalho, o seu produto, agora se lhe opõe como um ser estranho, como uma força independente do produtor.

MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos (Primeiro manuscrito). São Paulo: Boitempo Editorial, 2004 (adaptado).

Com base nos textos, a relação entre trabalho e modo de produção capitalista é

a) baseada na desvalorização do trabalho especializado e no aumento da demanda social por novos postos de emprego.

b) fundada no crescimento proporcional entre o número de trabalhadores e o aumento da produção de bens e serviços.

c) estruturada na distribuição equânime de renda e no declínio do capitalismo industrial e tecnocrata.

d) instaurada a partir do fortalecimento da luta de classes e da criação da economia solidária.

e) derivada do aumento da riqueza e da ampliação da exploração do trabalhador.

3 – (ENEM/2016)

Charge - Revolução industrialTHAVES. Jornal do Brasil, 19 fev. 1997 (adaptado).

A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de obra nela inserida:

a) Ampliação da jornada diária.

b) Melhoria da qualidade do trabalho.

c) Instabilidade nos cargos ocupados.

d) Eficiência na prevenção de acidentes.

e) Desconhecimento das etapas produtivas.

4 – (ENEM/2015)

Se vamos ter mais tempo de lazer no futuro automatizado, o problema não é como as pessoas vão consumir essas unidades adicionais de tempo de lazer, mas que capacidade para a experiência terão as pessoas com esse tempo livre. Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia com relações sociais e pessoais; como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida.

THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).

A partir da reflexão do historiador, um argumento contrário à transformação promovida pela Revolução Industrial na relação dos homens com o uso do tempo livre é o(a)

a) intensificação da busca do lucro econômico.

b) flexibilização dos períodos de férias trabalhistas.

c) esquecimento das formas de sociabilidade tradicionais.

d) aumento das oportunidades de confraternização familiar.

e) multiplicação das possibilidades de entretenimento virtual.

GABARITO: 

  1. A
  2. E
  3. E
  4. C
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