Aposto e vocativo: entenda as diferenças e veja exemplos

Vocativo e aposto são termos de uma oração, que desempenham funções diferentes. Aposto é o termo que desenvolve, identifica ou que resume outro termo da oração. Vocativo é um termo independente da oração e geralmente serve para chamar por alguém.

Aposto e vocativo são partes da nossa gramática que não parecem tão complicados quanto concordância verbal ou emprego da crase, por exemplo. Mas, não é por isso que não merecem ser estudados. Afinal, eles também caem nas provas do Enem, vestibulares e afins.

Acima de tudo, você precisa entender que o aposto é utilizado para explicar algo. Já o vocativo é utilizado para um chamamento. Mas isso não é tudo. Além disso,  você também verá exemplos de aposto e vocativo e exercícios no final.

O que é aposto e vocativo?

Primeiramente, aprender o que é aposto e vocativo é essencial na construção de sua redação, textos e até mesmo para entendimento geral da formação das frases. Nesse sentido, veja com atenção as definições:

  • Aposto: é o termo que explica, desenvolve, identifica ou que resume outro termo da oração, independentemente da função sintática que este exerça. Existem quatro tipos de aposto: explicativo; explicador; enumerador; e resumidor. Logo mais explicaremos cada um deles.
  • Vocativo: é um termo independente da oração e que serve para chamar por alguém. Além disso, o vocativo serve também para interpelar ou para invocar um ouvinte real ou imaginário. Uma boa dica para identificar o vocativo é que ele está sempre (sempre mesmo) separado por uma vírgula. Veja estes exemplos de vocativo:

“Theresa, entra e põe a mesa!

João, para de comer feijão.

Brasileiros e Brasileiras, boa noite.”

Uma dica importante para aprender ainda mais rápido é procurar exercício e exemplos de aposto e vocativo para aumentar a sua rapidez de aprendizado. Dessa maneira você conseguirá obter um bom resultado nas suas provas e não vai se confundir mais.

Conheça os quatro tipos de aposto

Aposto explicativo

O aposto explicativo identifica ou explica o termo anterior. Nesse sentido, ele também é separado do termo que o identifica por vírgulas, dois pontos, parênteses ou travessões. Dentro do aposto explicativo também há outras classificações para as orações. Existem as subordinadas adjetiva explicativa e a subordinada substantiva apositiva.

  • Oração Subordinada Adjetiva Explicativa: É a oração que funciona como aposto explicativo. Ela é sempre iniciada por um pronome relativo e, da mesma forma que o aposto explicativo, é separada por vírgulas, dois pontos, parênteses ou travessões. Aqui é mais comum o uso de vírgulas. Por exemplo:

Terra Vermelha, que é um romance de Domingos Pellegrini, conta a história da colonização de Londrina.

  • Oração Subordinada Substantiva Apositiva: É a outra oração que funciona como aposto. A função dela, contudo, é complementar o sentido de uma oração anterior, que esteja completa sintaticamente.

“Ela só quer uma coisa.”

Essa frase está completa sintaticamente, pois tem sujeito-verbo-objeto, mas incompleta quanto ao sentido. Portanto há de se colocar algo que complete o sentido dessa frase. Por exemplo:

“Ela só quer uma coisa: que sua presença seja notada.”

Dessa forma temos a oração subordinada substantiva apositiva. Não confunda com a oração subordinada adjetiva explicativa, que também funciona como aposto. Mas essa tem como função complementar o sentido de um substantivo anterior, e não da oração anterior.

Outro exemplo: a vaca, que para os hindus é sagrada, é um dos animais mais consumidos no Brasil. Assim temos a oração subordinada adjetiva explicativa.

Aposto especificador

O aposto especificador individualiza ou especifica um substantivo de sentido genérico, sem pausa. Geralmente é um substantivo próprio que individualiza um substantivo comum. Por exemplo:

O professor José mora na Rua Santarém, na cidade de Londrina.

Nesse sentido, José, Santarém e Londrina são apostos especificadores uma vez que especificam os substantivo comuns professor, Rua e cidade.

Aposto enumerador

O aposto enumerador é uma sequência de elementos que desenvolve uma ideia anterior. Ou seja, ele retoma ideias. Por exemplo:

“O pai sempre lhe dava três conselhos: nunca empreste dinheiro a ninguém, nunca peça dinheiro emprestado a ninguém e nunca fique devendo dinheiro a ninguém.”

“O escoteiro deve carregar consigo seu material: mochila, saco de dormir e barraca.|”

Aposto resumidor

O aposto resumidor é usado para resumir termos anteriores, geralmente sujeito composto. Assim, é representado, frequentemente, por um pronome indefinido. Exemplo:

“Alunos, professores, funcionários, ninguém deixou de lhe dar os parabéns.”

Antes de resolver os exercícios de aposto e vocativo, vamos ver alguns exemplos de aposto e vocativo e como eles podem cair no vestibular.

Como identificar o vocativo de uma frase

Vocativo é o termo que, na língua, trabalha como forma de chamamento. Sua função é estabelecer um vínculo explícito com o contexto discursivo. Podemos afirmar que o vocativo é um elemento que possui uma independência sintática no interior das orações e dos períodos.

aposto e vocativo

São três quadrinhos: no primeiro, Armandinho, olhando pra cima conversa com a senhora. No segundo, ele ouve o que ela diz, só aparece o Armandinho no quadrinho. No último, temos a presença do sapo.

A palavra senhora é – como você já deve saber – é um pronome de tratamento e minha, pronome possessivo. Neste caso, Armandinho usa essa expressão para “chamar” pela mulher com quem ele fala.

Eu não tenho amigos por interesse, minha senhora!

Dependendo da entonação, pode soar irônica, respeitosa entre outras situações, mas note, estudante, que o vocativo tem a função de se dirigir ao interlocutor. Agora que você já viu exemplos de aposto e vocativo e como identificá-los nas frases treine um pouco com os exercícios abaixo.

Video-aula

Para entender como o aposto e vocativo funcionam veja este vídeo da professora Luana Helena.

Exercícios

Em muitos exercícios de aposto e vocativo, é comum encontrar tirinhas. Sendo assim veremos alguns exercícios de aposto e vocativo com tirinhas:

exercícios de aposto e vocativo com tirinhas

(IFMG adaptada – 2015) De acordo com a tirinha de Calvin, no primeiro quadrinho, quando ele diz “Mãe, consegui um papel na peça da escola!”, a vírgula foi utilizada para:
a) separar o aposto;

b) separar o sujeito do predicado;

c) separar o vocativo;

d) separar o substantivo do verbo;

e) separar o sujeito do objeto.

gabarito: C

(ENEM/2013)

texto 1:

Jogar limpo

Argumentar não é ganhar uma discussão a qualquer preço. Convencer alguém de algo é, antes de tudo, uma alternativa à prática de ganhar uma questão no grito ou na violência física – ou não física. Não física, dois pontos. Um político que mente descaradamente pode cativar eleitores. Uma publicidade que joga baixo pode constranger multidões a consumir um produto danoso ao ambiente. Há manipulações psicológicas não só na religião. E é comum pessoas agirem emocionalmente, porque vítimas de ardilosa – e cangoteira – sedução. Embora a eficácia a todo preço não seja argumentar, tampouco se trata de admitir só verdades científicas – formar opinião apenas depois de ver a demonstração e as evidências, como a ciência faz. Argumentar é matéria da vida cotidiana, uma forma de retórica, mas é um raciocínio que tenta convencer sem se tornar mero cálculo manipulativo, e pode ser rigoroso sem ser científico.

Lingua Portuguesa. São Paulo, ano 5, n. 66. abr. 2011 (adaptado).

No fragmento, opta-se por uma construção linguística bastante diferente em relação aos padrões normalmente empregados na escrita. Trata-se da frase “Não física, dois pontos”. Nesse contexto, a escolha por se representar por extenso o sinal de pontuação que deveria ser utilizado

a) enfatiza a metáfora de que o autor se vale para desenvolver seu ponto de vista sobre a arte de argumentar.

b) diz respeito a um recurso de metalinguagem, evidenciando as relações e as estruturas presentes no enunciado.

c) é um recurso estilístico que promove satisfatoriamente a sequenciação de ideias, introduzindo apostos exemplificativos.

d) ilustra a flexibilidade na estruturação do gênero textual, a qual se concretiza no emprego da linguagem conotativa.

e) prejudica a sequência do texto, provocando estranheza no leitor ao não desenvolver explicitamente o raciocínio a partir de argumentos.

Gab: C

TEXTO: 2 – Comum à questão: 1

Deixar gente morrer é perversidade e cinismo

1A política de refugiados da Europa é cínica: 2deixar morrer para espantar os outros, para que 3eles não queiram vir para cá também. Sim, essa 4é a política europeia e também da Alemanha. A 5 Europa apoia ditaduras e governantes corruptos, 6vende armas para governos e milícias opressores, 7dita regras econômicas que contribuem para 8aumentar a fome mundo afora e se nega a assumir 9sua responsabilidade pelas consequências disso. 10 Há muito que a política europeia só busca 11uma coisa: defender, de uma forma imediatista, egoísta 12e burra, seus próprios interesses.

13É claro que a Europa não tem como abrigar 14todos os refugiados do mundo (atualmente são 50 15milhões – o maior número desde a Segunda Guerra 16Mundial!) – esse é um argumento usado por gente 17mesquinha, que acha que lugar de refugiado é 18qualquer lugar, menos aqui. Mas a Europa pode 19fazer muito mais. E ela não pode simplesmente 20 deixar que pessoas morram em sua porta.

21A Europa tem é que assumir sua 22responsabilidade, mudar sua política externa, 23ajudar a combater os problemas nas suas origens 24(ao invés de fomentá-los!), o que não seria tarefa 25 fácil e nem da Europa sozinha. Mas, enquanto isso, 26é necessária uma atitude imediata de respeito pela 27vida humana e que a Europa pratique o que ela mesma 28prega. É hora de salvar vidas!

ROSENKRANZ, Gustl. Quanto vale uma vida humana? Disponível em: <http://www.contioutra.com/quanto-vale-
uma-vida-humana-por-gustl-rosenkranz>. Acesso em: 2 abr. 2016.

Questão 03 – (Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública adaptada/2016)

De acordo com o texto, há uma oração com função de aposto na alternativa

  1. “Sim, essa é a política europeia e também da Alemanha.” (ref. 3-4).
  2. “que contribuem para aumentar a fome mundo afora” (ref. 7-8).
  3. “defender de uma forma imediatista, egoísta e burra, seus próprios interesses. (ref. 11-12).
  4. “esse é um argumento usado por gente mesquinha” (ref. 16-17).
  5. “É hora de salvar vidas!” (ref. 28).

Gab: 3

TEXTO: 3 – Comum à questão: 4

O Bicho

Manuel Bandeira

 

01  Vi ontem um bicho

02  Na imundície do pátio

03  Catando comida entre os detritos.

04  Quando achava alguma coisa,

05  Não examinava nem cheirava:

06  Engolia com voracidade.

07  O bicho não era um cão,

08  Não era um gato,

09  Não era um rato.

10  O bicho, meu Deus, era um homem.

BANDEIRA, M. Poesias completas.4. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.

Questão 04 – (UECE adaptada/2019)

De acordo com o uso do vocativo no último verso do poema “O bicho, meu Deus, era um homem” (Ref. 10), atente para as seguintes afirmações:

I. O vocativo usado no verso em destaque revela que o poeta se mostrou indiferente à cena retratada

II. O vocativo “meu Deus” assume, no contexto do poema, um duplo sentido: o de apelo e, ao mesmo tempo, o de acusação ao ente evocado.

III. Pelo uso do vocativo, o poeta, para mostrar o quão religioso ele é, evoca a figura de Deus como forma de oração e súplica.

IV. O vocativo utilizado no verso em análise destaca o impacto emocional do poeta por ver a degradação do homem colocado em nível inferior ao dos animais, como o cão, o gato e o rato.

Está correto somente o que se diz em:

a) I e II.

b) I e III.

c) III e IV.

d) II e IV.

Gab: D

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