Saiba por que usar modelos prontos de redação podem afetar sua nota no Enem e entenda o que os corretores realmente avaliam.

A redação do Enem costuma ser um dos maiores desafios para quem busca uma vaga no ensino superior. E com razão: o desempenho nesse texto dissertativo-argumentativo tem peso decisivo em programas como Sisu, Prouni e Fies. Basta tirar nota zero para ser automaticamente eliminado da concorrência. Por isso, é fundamental compreender que confiar apenas em modelos prontos pode ser um grande erro.
Durante anos, muitos estudantes apostaram em estratégias padronizadas — introduções prontas, citações genéricas e frases de efeito que pareciam “curingas” para qualquer tema. Embora essas táticas transmitissem uma sensação de controle, hoje elas têm efeito contrário: o Inep passou a penalizar produções que utilizam repertórios artificiais ou copiados, priorizando textos autênticos, com argumentação bem construída e conectada de fato à proposta apresentada.
Neste conteúdo, você vai descobrir por que depender de textos decorados pode comprometer sua nota, o que os avaliadores realmente observam na correção e de que maneira é possível se preparar com originalidade e estratégia.
O que a banca do Enem observa (e por que os textos prontos atrapalham)
A correção da redação do Enem segue cinco competências estabelecidas pelo Inep, cada uma com critérios claros e objetivos. Esses parâmetros estão detalhados na Cartilha do Participante e nos Manuais de Correção — materiais indispensáveis para quem deseja uma boa pontuação.
Competência 1: domínio da norma culta da língua escrita
Neste critério, o corretor verifica se o candidato escreve com correção gramatical, organização sintática adequada e fluidez. Embora os modelos prontos possam parecer corretas à primeira vista, sua aplicação mecânica geralmente resulta em construções artificiais, vocabulário inadequado ao contexto e um texto com pouca naturalidade. Isso compromete a clareza e pode impactar negativamente a nota.
Competência 2: compreensão do tema e uso de repertório
Essa competência costuma ser a mais prejudicada pelo uso de textos prontos. Ela avalia a capacidade do candidato de interpretar corretamente o tema e mobilizar conhecimentos variados para enriquecer a discussão. No entanto, muitos modelos decorados recorrem a referências desgastadas — como Utopia, de Thomas More, ou o poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade — que nem sempre se encaixam no contexto da proposta. Quando o repertório não contribui de forma relevante para a argumentação, a nota despenca.
Inclusive, o Inep já orientou os corretores a estarem atentos a redações que apresentam trechos com aparência de “modelo decorado”. Mesmo que o texto traga palavras sofisticadas ou mencione autores renomados como Bauman, Foucault ou Orwell, se essas referências não tiverem uma relação clara e produtiva com o tema proposto, o candidato pode ser penalizado.
Ou seja: o uso de repertório genérico por si só não é o problema. O que compromete a avaliação é quando esse repertório é inserido de maneira forçada, decorada e sem propósito. O ideal é trabalhar com referências que façam sentido dentro da construção do texto e que fortaleçam os argumentos apresentados.
