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Como Carlos Palombini tornou o funk tema de pesquisa universitária

Como Carlos Palombini tornou o funk tema de pesquisa universitária

O estudo de Carlos Palombini transforma o funk em repertório sociocultural e ajuda a desenvolver visão crítica para o Enem.

O Enem é conhecido por exigir dos estudantes uma visão crítica do Brasil, conectando cultura, história e sociedade. É justamente nesse contexto que o trabalho de Carlos Palombini se destaca: ao levar o funk para o meio acadêmico, ele construiu um repertório sociocultural valioso, que pode enriquecer redações e questões de Ciências Humanas. Com sua recente morte, a importância do legado que deixou para a cultura e a academia brasileira ficou ainda mais evidente.

Embora ainda haja preconceito em relação ao funk, Palombini mostrou que esse ritmo periférico é uma fonte rica de conhecimento. Conhecer sua trajetória não só oferece um diferencial para o Enem, como também inspira um olhar mais aberto e reflexivo sobre a realidade cultural do país.

Quem foi Carlos Palombini?

Carlos Palombini foi musicólogo e professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em um ambiente acadêmico que valorizava sobretudo a música clássica, ele ousou questionar: por que o funk não poderia ser objeto de estudo? Enquanto muitos viam o gênero como simples entretenimento ou um problema social, Palombini reconheceu sua complexidade, estética própria, criatividade e inovação tecnológica.

Para comprovar sua visão, ele realizou trabalhos de campo aprofundados, conversando com MCs, DJs e frequentadores de bailes, mergulhando no universo do funk. Seu projeto mais famoso, “Funk Proibido: lado certo, vida errada”, exemplifica essa abordagem, mostrando o ritmo sob a perspectiva de quem o produz e vive.

Essa experiência revelou que o funk é um discurso ético e artístico, refletindo a realidade das periferias. Suas letras funcionam como crônicas da vida cotidiana, expressando dores, desejos e perspectivas de uma população cuja voz raramente é ouvida em outros espaços.

Além disso, Palombini destacou a inovação tecnológica presente no gênero, comparando a criação de um DJ à de um compositor experimental e valorizando o uso criativo de samplers, sintetizadores e softwares musicais. Ele ainda estabeleceu conexões com a música concreta e teóricos como Pierre Schaeffer, mostrando que o funk das favelas dialoga com movimentos de vanguarda.

Palombini também estudou a evolução do gênero ao longo dos anos:

  • 1990: ascensão do Volt Mix, com as primeiras produções usando samplers.
  • 2000: popularização do Tamborzão, com sua batida característica do funk carioca.
  • 2010: surgimento dos Beatboxes e fusões com sertanejo, arrocha e trap, mostrando como o funk se reinventa e se conecta à música global.

Luana Santos

Jornalista formada pela UFSC e redatora da Rede Enem
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