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1 em cada 6 infecções não é mais controlada por antibióticos

1 em cada 6 infecções não é mais controlada por antibióticos

O uso errado de antibióticos acelera a formação de superbactérias e põe em risco procedimentos médicos rotineiros.

Imagine um cenário em que uma simples infecção de garganta ou até uma cirurgia de rotina possa se tornar uma ameaça à vida. Parece ficção científica, mas é exatamente o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem alertando há anos.

Recentemente, a OMS lançou um novo alerta global sobre resistência antimicrobiana (RAM), e os números são preocupantes. Em mais de 100 países monitorados, a resistência das bactérias aumentou cerca de 40% entre 2016 e 2023. Traduzindo para o dia a dia: 1 em cada 6 infecções bacterianas já não responde aos antibióticos mais usados.

A ameaça é silenciosa, mas real. Estamos revivendo, de certa forma, a chamada “era pré-antibiótica”, quando infecções simples podiam ser fatais.

A resistência em números

A RAM é uma crise de saúde pública em curso. O relatório da OMS destaca que bactérias Gram-negativas, como a E. coli, têm se tornado cada vez mais resistentes aos medicamentos de primeira linha.

Dados preocupantes entre 2016 e 2023

  • 1 em cada 6 infecções já é resistente a antibióticos.
  • Mais de 1 milhão de mortes por ano estão diretamente ligadas à resistência.
  • Projeções indicam que até 2050 podem ocorrer 10 milhões de mortes anuais e um impacto econômico global de 100 trilhões de dólares.

Onde a crise é mais intensa

Embora seja um problema global, a RAM não afeta todas as regiões da mesma forma. O Sudeste Asiático e o Mediterrâneo Oriental lideram, com 1 em cada 3 infecções resistentes. A combinação de diagnóstico limitado, saneamento precário e acesso desigual a medicamentos cria um terreno fértil para a expansão das superbactérias, que rapidamente se espalham pelo mundo.

Como as bactérias vencem os antibióticos

A resistência antimicrobiana é resultado de uma verdadeira guerra molecular. As bactérias desenvolveram estratégias sofisticadas para sobreviver:

  • Escudo molecular: produzem enzimas que destroem os antibióticos, como as betalactamases.
  • Bomba de saída: expulsam o medicamento antes que ele consiga agir, criando multirresistência.
  • Camuflagem: alteram o alvo que o antibiótico deveria atacar, tornando-o ineficaz.
  • Bloqueio da entrada: dificultam a penetração da droga na célula.

E ainda há um agravante: através da transferência horizontal de genes, essas bactérias conseguem compartilhar resistência com outras, inclusive de espécies diferentes, acelerando ainda mais a propagação das superbactérias.

Luana Santos

Jornalista formada pela UFSC e redatora da Rede Enem
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