Anitta reaparece com novo visual e reacende o debate sobre procedimentos estéticos e os impactos físicos e emocionais da busca por perfeição.

Você já abriu o X ou o TikTok e se deparou com um famoso que parece… diferente?
Foi o caso de Emma Stone e, principalmente, Anitta, que surgiu nos últimos dias com um visual transformado e reacendeu um debate que já virou velho conhecido: até onde vai o desejo por uma aparência “perfeita”?
Mas essa discussão vai além da curiosidade sobre celebridades. Ela toca em algo que já faz parte da rotina de muita gente: a normalização de intervenções para alterar a aparência e a cobrança constante para seguir certos padrões — nem sempre de forma consciente.
No Brasil, essa realidade tem contornos ainda mais marcantes. Somos campeões em procedimentos estéticos: são milhões por ano, entre cirurgias e aplicações. Em meio a tanto botox, lifting, preenchimento e harmonização, surge uma pergunta incômoda: qual é o verdadeiro custo dessas transformações? Vai além do financeiro?
O caso Anitta

Como de costume, Anitta virou assunto. Ao aparecer com o rosto notavelmente diferente, não demoraram a surgir rumores de cirurgia malfeita — negados por sua equipe. Segundo eles, as mudanças vieram de intervenções como preenchimento labial, afinamento do queixo e das bochechas, feitas sem complicações. A própria cantora costuma tratar esse tipo de modificação com leveza: já declarou que já passou por mais de 50 procedimentos. “Para mim, fazer uma cirurgia plástica é como mudar meu cabelo”, já disse em entrevistas.
Mas essa naturalidade toda tem seus efeitos. Quando alguém com tanta visibilidade trata transformações assim como algo simples e rotineiro, isso ajuda a reforçar uma ideia perigosa: a de que mudar o rosto é fácil, rápido e sem riscos. Não à toa, nas redes, chegaram até a comparar o novo visual de Anitta ao da ex-BBB Juliette — como se a beleza tivesse um molde único a ser seguido.
Especialistas logo entraram na conversa. A mensagem geral é clara: é preciso cautela. E, mais do que isso, é preciso refletir sobre até que ponto essa busca constante por “melhorar” a aparência faz bem.
O Brasil e a indústria da beleza
O Brasil está no topo do mundo quando o assunto é cirurgia plástica estética. Em 2024, foram mais de 2,3 milhões de cirurgias e mais de 3,1 milhões de procedimentos estéticos no total.
Por um lado, temos profissionais de excelência. Por outro, a alta demanda também atrai muita gente despreparada, o que pode colocar a saúde das pessoas em risco. Especialistas alertam: escolher bem o profissional e o local onde o procedimento será feito é essencial. E isso vale especialmente para os mais jovens, cada vez mais influenciados por redes sociais, filtros e padrões estéticos inalcançáveis.
A grande procura criou também uma “economia da beleza”, com preços variados e muitas ofertas. Parece bom, mas esse cenário favorece a banalização dos procedimentos e o crescimento de clínicas que operam fora das normas mínimas de segurança.
Pra se ter uma ideia, só em 2024:
- A blefaroplastia (cirurgia das pálpebras) foi a 3ª mais feita no país, com mais de 230 mil procedimentos.
- O botox lidera entre os procedimentos não cirúrgicos, com quase 352 mil aplicações.
- A harmonização facial, o preenchimento labial e a bichectomia também estão entre os favoritos.
Apesar dos avanços na medicina estética, complicações sérias podem ocorrer, especialmente quando há negligência ou imprudência. O Brasil já testemunhou casos com grande repercussão que destacaram os perigos de procedimentos mal conduzidos.
Um dos exemplos mais emblemáticos e que gerou grande comoção nacional foi o caso da modelo e influencer Mariana Michelini. Em 2022, ela sofreu uma necrose facial severa após realizar procedimentos estéticos de harmonização facial com uma profissional sem a devida qualificação em São Paulo. As consequências foram devastadoras, resultando na perda de parte do lábio superior e exigindo múltiplas cirurgias reparadoras e um longo processo de recuperação.
Outro caso que ganhou destaque foi o de Andressa Urach, que em 2014 teve graves complicações decorrentes do uso de hidrogel e PMMA para preenchimento de coxas e glúteos. Ela enfrentou uma infecção generalizada e um longo período de internação em estado grave, com risco de morte, devido a uma necrose tecidual. A história de Urach chamou a atenção para o perigo de substâncias não recomendadas para preenchimentos em grandes volumes e para a importância de cirurgias e procedimentos serem realizados por médicos cirurgiões plásticos.
Beleza sob pressão
A pressão estética não é um fenômeno recente, mas sua intensidade e alcance foram significativamente ampliados na era digital. Se no passado os padrões de beleza eram ditados principalmente por revistas e comerciais de televisão, hoje eles proliferam de todas as direções, com as redes sociais como principal vetor. Basta navegar pelo Instagram ou TikTok para se deparar com uma avalanche de “rostos perfeitos”, “corpos esculturais” e rotinas de autocuidado que, para muitos, se assemelham a uma maratona exaustiva.

Essa onipresença de imagens cria uma realidade distorcida. O uso de filtros, a edição de imagens e a busca por ângulos “perfeitos” constroem uma aparência idealizada que se torna uma meta, muitas vezes inatingível. O lado mais preocupante dessa dinâmica é que a comparação constante com esses ideais pode levar a sentimentos crescentes de inadequação e insatisfação com a própria imagem.
A busca incessante por se parecer com uma versão filtrada de si mesmo ganhou um termo específico: a “dismorfia do filtro”. Nesse contexto, as pessoas se acostumam tanto com a versão “aprimorada” de si mesmas nas redes sociais que começam a rejeitar a imagem real que veem no espelho.
As consequências dessa pressão vão muito além da estética superficial. Ela afeta diretamente a autoestima, podendo desencadear quadros de ansiedade, depressão e até distúrbios mais severos, como o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC). O TDC é uma condição séria na qual o indivíduo desenvolve uma preocupação obsessiva com “defeitos” em sua aparência, que muitas vezes são mínimos, imaginados ou exagerados, levando a uma busca compulsiva por corrigi-los a qualquer custo.
Infelizmente, dados indicam que cerca de 80% dos cirurgiões só conseguem identificar o TDC após a realização da cirurgia. Isso aponta para uma falha na triagem inicial, algo que precisa ser urgentemente revisto para garantir que a busca por beleza seja, de fato, um caminho para o bem-estar e não para mais sofrimento.
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