A relação entre Poder e Política e suas implicações nas relações e protestos sociais. Veja um resumo do que mais cai em Sociologia e Filosofia no Enem. Abaixo.
Burocracia, Estado, Poder e Política são temas da Sociologia e da Filosofia no Enem. Confira aqui um resumo para mandar bem nas provas.
Na preparação para o Enem você precisa contemplar uma articulação entre as disciplinas de Filosofia e de Sociologia para os temas que envolvem o indivíduo e os códigos de vida em sociedade. Ainda que os temas estejam em ‘duas’ disciplinas, Filosofia e Sociologia, você vai perceber que, em alguns momentos, você não conseguirá distinguir o conteúdo das duas disciplinas.
Isso acontece porque a filosofia, como forma de produção do conhecimento, empresta para a sociologia e para as demais ciências o aspecto crítico que tenta desnaturalizar tudo aquilo que aparentemente sempre foi do modo que conhecemos o que chamamos de: “senso comum”.
Do mesmo modo, a filosofia aborda temas muito próximos dos da sociologia e, em alguns casos, ambas compartilham do mesmo objeto, só que cada uma realiza sua pesquisa com focos diferentes.
Lembre-se: a filosofia, como forma de conhecimento, busca promover um olhar crítico sobre tudo aquilo que o senso comum entende como normal.
Suas argumentações são teóricas e abstratas, de modo que a filosofia não tem nenhuma pretensão de provar o que afirma se não apenas analisar de forma racional um objeto. Por outro lado, a Sociologia é uma ciência e, como tal, busca provar o que fala a partir da observação de fenômenos.
A sociologia, como ciência, não estuda a sociedade em si, mas as “relações sociais” existentes entre os indivíduos e o Estado. Assim, a partir de agora será comum você presenciar nos textos de base para o nosso curso alguns dados quantitativos ou até mesmo conceitos embasados em pesquisa sociológica, configurando assim um saber científico e não filosófico. Bom estudo! Professor Carlos Eduardo Bastos.
Que tal começar seus estudos com uma videoaula e depois partir para o texto?
Poder
O que é ter poder? Você tem poder? Alguém tem poder sobre você? O que é o poder? Segundo o Cientista Político Norberto Bobbio (1995, p.933), a definição de poder é: “a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos.
Tanto pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais (como na expressão Poder calorífico, Poder de absorção)”.
Este conceito, extraído do Dicionário de Política, tem por objetivo simplificar o conceito de “poder”, uma vez que, dependendo do autor, ele assume inúmeras possibilidades.
Nós vamos estudar o poder em sua dimensão social e política, desconsiderando assim a sua dimensão natural, pois o poder nestes termos é o objeto das Ciências da Natureza: Química, Física Biologia. Deste modo, nós entendemos que o poder social não existe na natureza, mas está presente no cotidiano, nas relações da sociedade, do Estado e das pessoas.
Michel Foucault (1926-1984), filósofo francês, analisou o poder em sua obra “Microfísica do poder”. Este pensador do século XX acreditava que o poder acontece na sociedade a partir das relações entre as pessoas. Essas relações pessoais produzem entre os indivíduos pequenos centros de poder e de dominação de uma pessoa para com outra. Essas relações se espalham para todos os membros da sociedade.
O modo para pensarmos isso pode ser simplificado da seguinte maneira: Pense em um casal, marido e mulher. A mulher está grávida. O casal possui amigos e um destes amigos compra um celular novo, de última geração. O amigo do casal, feliz com a aquisição, decide mostrar ao casal o seu novo celular.
O simples ato de mostrar o celular e de falar de seus recursos encanta o marido do casal que, impressionado, se dispõe a comprar um celular igual. A esposa rapidamente fecha a cara e lembra o marido da necessidade de economizar, pois há um neném que está prestes a nascer. Assim, o marido, analisando mais friamente a situação, acaba desistindo da compra do celular apresentado pelo amigo, mas acaba decidindo comprar um celular intermediário.
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Perceba o seguinte: há relações de poder neste exemplo sobre as relações sociais entre o amigo e o casal, entre a esposa e o marido e do marido para com a esposa e o amigo. Primeiro, o amigo do casal exerceu certo poder sobre o marido da amiga, pois ao mostrar o celular o convenceu das qualidades e benefícios que este poderia trazer se o marido dela comprasse o celular. Porém, isto não foi o suficiente para convencer a esposa que, logo em seguida, exerceu poder sobre o marido quando o convenceu de desistir da compra.
Do mesmo modo, o marido exerceu certo poder sobre sua esposa e sobre o seu amigo quando ele: primeiro, decidiu não comprar o celular que o amigo indicou; segundo, quando ele comprou um celular intermediário, ainda que sua esposa se mostrasse contrária à aquisição de um novo celular.
Foucault chama essas relações sociais de poder de “redes de sequestro”. O mais incrível é que Foucault afirma que nós não nos damos conta de que isso ocorre e que esta situação é uma questão de poder. Pensar assim nos faz refletir se nós temos a capacidade de controlarmos a nossa própria vida ou se são as outras pessoas que controlam a nossa vida. Assim, para Foucault, o poder está em toda parte. Você exerce poder sobre alguém, que exerce poder sobre outra pessoa e alguém exerce algum poder sobre você. Por este motivo, o poder seria uma “microfísica” que estaria em tudo e em todos, sendo exercido nas relações sociais.
Este pensamento sobre o que é o poder e onde ele se origina é contrário, por exemplo, ao pensamento elaborado por Karl Marx (1818-1883). Marx acreditava que o poder estaria na “superestrutura” e que ele seria exercido de cima para baixo, ou seja, o poder estaria nas mãos daquelas pessoas que detinham a maior concentração de riqueza e consequentemente dos meios de produção, neste caso, a classe burguesa.
O que podemos observar é que Foucault desconstrói esta visão vertical de poder e elabora uma visão horizontal do poder, dizendo que ele, o poder, está em todo lugar, em todas as classes e que na medida em que ele, o poder, é exercido com maior frequência por algumas pessoas, estas tendem a assumir o controle. Assim, o poder micro se torna macro, ou seja, a “microfísica” se torna uma “macrofísica do poder”.
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Podemos perceber então que o poder, que está em todo lugar, é uma espécie de força, mas não de força física ou bruta e sim de influência sobre outras pessoas. Para que possamos produzir influência sobre as pessoas, é necessário que tenhamos certo grau de legitimidade sobre a pessoa que queremos influenciar.
O sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), que pesquisou as relações de poder, descobriu que o poder só é exercido porque existe uma dominação de uma pessoa sobre a outra, de modo que uma tem a capacidade de convencer a outra de fazer algo que esta não queria ou não pensava em fazer. Weber aponta a existência de três tipos de dominação legítima, são elas: dominação tradicional; dominação carismática; dominação legal. A dominação tradicional se legitima pelos costumes das relações sociais que são passados pela tradição de um povo. Ex: o pai sobre os filhos; O chefe sobre os empregados; Governo sobre a sociedade.
A dominação carismática se legitima pela admiração das pessoas para com alguém que as conquistou pela sua simpatia, pela confiança que ela inspira, pela sua liderança, por um ato heroico. Ex: líderes políticos, militares, religiosos, heróis, profetas. Por último, a dominação legal que se dá pela normatização de uma ação. Ex: os cargos públicos da burocracia, exercidos por servidores públicos, tais como: Juízes, policiais, prefeitos; no setor privado pelo Presidente de uma empresa, supervisor, gerente.
As explicações dadas até agora nos possibilita pensar o poder em uma dimensão maior (macro) que sai das relações pessoais e parte para as relações entre os indivíduos com as instituições e com o próprio Estado. Uma das formas de produção de poder se dá pela “burocracia” existente tanto nas empresas privadas quanto nas autarquias e empresas públicas.
Burocracia
A burocracia tem a função de organizar racionalmente um espaço, um grupo, uma sociedade e um Estado. Deste modo a burocracia se transforma em um instrumento de poder, no qual, para que uma pessoa ou instituição faça algo, ela precisa se enquadrar nas exigências da burocracia.
Ou seja, a burocracia é uma formalização administrativa que autoriza uma instituição ou um individuo a realizar uma ação. Ex: um paciente que saiu de uma consulta médica e o seu médico solicitou alguns exames. O paciente agora terá que pedir a autorização de seus exames no escritório do plano de saúde.
Mas para que ele consiga esta autorização ele terá que obedecer a alguns requisitos básicos, como: estar com a mensalidade do plano de saúde em dia, levar a carteirinha do plano de saúde e sua identidade original, além do atestado médico solicitando a autorização dos exames.
Depois de entregar tudo, o funcionário (burocrata) confere os documentos e encaminha para o setor que fará a análise dos documentos. Depois disso será confeccionada uma autorização para o exame. Com a autorização nas mãos, o paciente terá que agendar em uma clínica a data e o horário dos exames. A clínica recebe a autorização do paciente que trouxe do plano de saúde. A clínica entra em contato com o plano de saúde para verificar a procedência da autorização. O plano de saúde confirma e o paciente pode então realizar o seu exame.
Neste sentido, Weber considera a burocracia um instrumento de legitimidade da autoridade, que deveria buscar a perfeição no serviço prestado e exercido pelo burocrata. Porém, o desleixo, a falta de competência impedem que algumas instituições desempenhem um bom serviço como idealiza Weber.
É pela burocracia que um Estado (país) organiza e controla a sociedade. Weber percebeu que o poder do Estado (poder estatal) está principalmente ligado ao setor militar e civil que são altamente burocratizados. Como assim? Simples: pense no alistamento militar. Com dezoito anos todo rapaz precisa comparecer a uma junta militar para se alistar. Alguns servem por um ano, outros são dispensados. E para que serve isso? Para o Estado saber qual é a sua capacidade de contingência de possíveis soldados em caso de Guerra. Isso é controle. O Estado exerce assim poder burocrático e legítimo sobre a população.
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Política
Toda esta organização burocrática do Estado, que produz poder, nos leva também a pensar a política. Mas você já parou para pensar o que é política? Para que ela serve? Na certa você já respondeu: que coisa chata política. Fique sabendo que todos nós fazemos política a todo instante, pois, por política, compreendemos algo muito maior do que simplesmente votar ou assistir a propaganda eleitoral. Na verdade, diga-se de passagem: o voto, a campanha eleitoral e as propagandas eleitorais são apenas a parte final de um processo político.
Como dissemos, a política acontece a todo instante. Por exemplo: quando você tenta convencer o seu irmão mais velho de lhe levar em uma festa. Pois é, você acaba de fazer política. Como assim? Simples: por política entendemos a disputa pelo poder que ocorre entre pessoas e grupo de pessoas. Sim você, eu e outras pessoas estamos o tempo todo disputando poder. Ao convencermos alguém a fazer algo que nos interessa, obtemos sobre esta pessoa uma vitória política. No caso de um político profissional, a sua vitória será convencer você a votar nele nas eleições.
Infelizmente muitas pessoas estão desacreditadas com a política. Mas devemos entender que a política tem uma finalidade importante que é a busca do bem comum. Por este motivo os atos políticos devem estar sempre associados à ética e à moral, afinal, se moral é habito e costume, então as pessoas que fazem a política precisam ter e exercer atitudes consideradas corretas por toda a sociedade.
Desafios
Questão 1
Leia a tirinha e responda.
Imagem disponível em: mondepois.wordpress.com
A tirinha mostra uma relação social de:
a) Indiferença da atendente.
b) De eficiência da atendente.
c) Poder pela burocracia.
d) Tentativa do homem de amarelo em enganar a atendente.
e) Brincadeira por parte da atendente.
Questão 2
Analise a imagem e responda
Imagem disponível em: mondepois.wordpress.com
A imagem induz a pensarmos em um burocrata que, segundo Weber, deveria ser uma pessoa ágil e eficiente. Porém, a imagem passa a ideia de:
a) Um burocrata que está engessado pela rotina do trabalho e que não consegue perceber onde teria um erro.
b) Um burocrata altamente eficiente, uma vez que o documento está correto.
c) Um burocrata acomodado com a função, sem vontade de desempenhar como deveria.
d) Um burocrata que não pertence ao departamento que utiliza o documento que ele está analisando.
e) Um burocrata com cargo de gerência, que se mostra indiferente quanto ao trabalho de um subordinado.
Questão 3
Analise a imagem, leia o texto e responda:
Idealista e Revolucionário
Aventureiro, rebelde e sonhador. Este era o perfil de Che Guevara, que, em um século marcado por revoluções e rebeldias, conquistou a posição e o reconhecimento como o maior ícone político da América do Sul. E ainda hoje, após 40 anos de sua morte, ainda é uma lenda revolucionária mística.
Disponível em: <www.escala.com.br/detalhe.asp?id=8915&grupo=16&cat=51>. Acessado em: 13/04/2012.
Pelo texto e imagem, podemos afirmar que Che Guevara produziu nas pessoas um tipo de poder que ainda hoje se manifesta das mais variadas formas. Este tipo de poder se encaixa no conceito weberiano de:
a) Dominação tradicional.
b) Dominação de microfísica.
c) Dominação carismática.
d) Dominação legal.
e) Dominação burocrática.
Questão 4
Leia o texto e responda
Nas redes sociais, britânicos cumprimentam rainha por jubileu
Centenas de cidadãos britânicos e de outras partes do mundo utilizaram as redes sociais nesta segunda-feira para cumprimentar a rainha Elizabeth II no dia em que completa 60 anos no trono do Reino Unido. Como havia ocorrido há alguns meses, quando o príncipe William e Kate Middleton se casaram, as inúmeras mensagens de apoio à rainha, 85 anos, se sobrepuseram a algumas vozes críticas à monarquia britânica, que também se expressaram pela internet.
Pelo texto, podemos afirmar que a Rainha da Inglaterra possui um tipo de poder que se encaixa no conceito weberiano de:
a) Dominação tradicional.
b) Dominação de microfísica.
c) Dominação carismática.
d) Dominação legal.
e) Dominação burocrática.
Questão 5
Questão Desafio.
Foucault analisa as relações de poder
Filósofo francês desvenda as formas sutis de controle na sociedade moderna
O Globo Ciência desta semana fala sobre o pensamento do filósofo francês Michel Foucault. Por meio de uma investigação histórica, ele desenvolveu uma genealogia do poder. Em vez de pensar o poder como uma coisa, Foucault dizia que o poder estava nas relações, em uma rede de poderes que se expande por toda a sociedade, com o intuito não somente repressivo, mas, também, normalizador.
“Foucault fala que na sociedade capitalista urbano-industrial, que vai até mais ou menos os anos 1960/70, o tipo de poder é disciplinar. Segundo ele, a sociedade que liberta o escravo, que fala em democracia, a tal da sociedade do contrato, é a sociedade onde esse poder disciplinar, que é invisível, sofisticado, que
passa pelas coisas, nos captura, daí a ideia de instituições de sequestro. Ele diz que esse poder está na estruturação do espaço, na organização do espaço”, explica a professora titular do Departamento de História da Universidade de Campinas (Unicamp), Luzia Margareth Rago.
Globo Ciência. 17/09/2011 06h43 – Atualizado em 08/03/2012 14h59
Disponível em: <http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2011/09/foucault-analisa-relacoes-de-poder.html> (com adaptações)
O conceito de Foucault que explica o texto é:
a) Microfísica do poder.
b) Dominação burocrática.
c) Macrofísica do poder.
d) Redes de Sequestro.
e) Dominação legal.
Você consegue resolver estes exercícios? Então resolva e coloque um comentário no post, logo abaixo, explicando o seu raciocínio e apontando a alternativa correta para cada questão. Quem compartilha a resolução de um exercício ganha em dobro: ensina e aprende ao mesmo tempo. Ensinar é uma das melhores formas de aprender!