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Quais temas caíram nas redações de 2025?

Quais temas caíram nas redações de 2025?

Confira os temas de redação que marcaram 2025 e 2026 e veja o que você precisa saber para entender os vestibulares.

O ano de 2025 marcou um momento decisivo na vida de milhões de estudantes brasileiros. Com mais de 4,8 milhões de inscritos apenas no Enem, os vestibulares deste ano trouxeram temas de redação que refletem as preocupações mais urgentes da sociedade brasileira contemporânea.

Este artigo reúne os temas cobrados em cada região do país, dados demográficos e sociais que sustentam essas escolhas, além de sugestões de repertório cultural que permitirão argumentação pertinente e memorável.

Enem 2025

Quando o tema da redação do Enem foi revelado, “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, muitos especialistas afirmaram que a escolha era não apenas pertinente, mas urgente.

O tema dialoga com um cenário demográfico preocupante. O Brasil vive um processo acelerado de envelhecimento populacional. Projeções do IBGE indicam que:

  • Em 2060, 25,5% da população terá mais de 65 anos.
  • Entre 2000 e 2023, a proporção de pessoas com 60+ anos passou de 8,7% para 15,6% — de 15,2 milhões para 33 milhões.
  • Em 2070, 37,8% dos brasileiros serão idosos, totalizando 75,3 milhões de pessoas.
  • Em 2039, haverá mais idosos acima de 65 anos do que crianças de até 14.
  • A expectativa de vida subiu de 71,1 anos (2000) para 76,4 anos (2023) e deve chegar a 83,9 anos (2070).
  • A taxa de fecundidade caiu de 2,32 para 1,57 no mesmo período.

Este foi apenas o segundo momento na história do exame em que o eixo temático dos idosos apareceu de forma central, sendo que a primeira tentativa, em 2009, foi cancelada devido a vazamento.

A escolha do tema dialoga diretamente com dados demográficos alarmantes. O Brasil vem passando por um acelerado processo de envelhecimento populacional. Segundo projeções do IBGE, em 2060, cerca de um quarto da população brasileira terá mais de 65 anos.

Esse fenômeno traz consigo desafios complexos: desde a sustentabilidade da Previdência Social até questões relacionadas ao etarismo (o preconceito baseado na idade) e a necessidade de políticas públicas que garantam dignidade e qualidade de vida aos idosos.

O tema exigiu dos candidatos mais do que conhecimento sobre o Estatuto do Idoso ou legislações específicas. Era necessário compreender as múltiplas dimensões do envelhecimento: o acesso à saúde pública, a inclusão digital de pessoas idosas, a valorização de suas contribuições sociais e a necessidade de combater estereótipos que relegam essa população à invisibilidade.

Unicamp 2026

A Unicamp trouxe a possibilidade de dois temas:

  1. “A machosfera e o discurso de ódio contra as mulheres”,  em formato de depoimento pessoal.
  2. “A importância histórica da CLT”, no formato de nota de esclarecimento.

Contexto: machosfera

A machosfera refere-se a redes de grupos digitais que, sob pretexto de discutir questões masculinas, difundem narrativas antifeministas, práticas de misoginia e discursos de ódio contra mulheres. Esse universo inclui comunidades incel (celibatários involuntários), redpill (homens que rejeitam o feminismo) e outros grupos de radicalização masculina online.

Características da machosfera

  • Algoritmos amplificam conteúdo misógino, criando bolhas de radicalização
  • Monetização do ódio: influenciadores lucram com discursos violentos
  • Culpabilização de mulheres por violências sofridas por elas
  • Doutrinação de adolescentes e jovens vulneráveis
  • Normalização da violência de gênero como “entretenimento”

Legislação brasileira aplicável

  • Lei 14.132/21: Criminaliza perseguição (stalking)
  • Lei 13.772/18: Crimes de registro não autorizado de intimidade sexual
  • Lei 14.155/21: Invasão de dispositivos
  • Lei 15.123/25: Conhecida como “Lei dos Deepfakes”

Contextualização cultural: A série “Adolescência” (2025) trouxe essa discussão com energia renovada, influenciando o debate público e tornando o tema previsível para vestibulares.

Contexto: CLT e Direitos Trabalhistas

A segunda proposta solicitou nota de esclarecimento sobre a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), considerando o recente sentido pejorativo atribuído a “ser CLT”, principalmente entre gerações mais jovens que valorizam o empreendedorismo e trabalho autônomo.

Importância histórica da CLT (1943)

  • Primeira grande codificação trabalhista brasileira
  • Garantiu direitos fundamentais: jornada de 8 horas, férias, 13º salário, FGTS, licenças
  • Representou conquista civilizatória após décadas de exploração
  • Redefiniu relação capital-trabalho no Brasil

Desafios contemporâneos

  • Crescimento de trabalho “uberizado” sem proteção social
  • Discurso neoliberal que associa direitos trabalhistas a “atraso”
  • Precarização mascarada como “liberdade” e “empreendedorismo”
  • Necessidade de equilibrar flexibilidade com proteção social

UFRR 2026

A Universidade Federal de Roraima, em seu vestibular apresentou dois temas que capturaram as preocupações de uma geração nascida já imersa em tecnologia. Os candidatos precisavam escolher entre:​

Tema 1: “Os efeitos identitários na geração Z resultantes da cultura da performance em ambiente digital”

Tema 2: “Os impactos do uso excessivo da IA na capacidade intelectual e cognitiva do pensamento humano”

Contexto

A Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) é a primeira geração verdadeiramente nativa digital. Diferentemente dos millennials, que viram a internet nascer, a Gen Z não conhece mundo sem smartphones, redes sociais e inteligência artificial. Essa diferença é abissal não apenas no acesso a ferramentas, mas nas estruturas neurológicas e psicológicas que se desenvolvem sob essa condição.

Dados sobre saúde mental da Gen Z: Um relatório da Universidade de Oxford em parceria com a ONU, coberto em 140 países, aponta uma queda acentuada no índice de felicidade de pessoas abaixo de 30 anos, especialmente na América do Norte e Europa Ocidental. No Brasil, embora dados sistematizados sejam escassos, pesquisadores alertam para um fenômeno preocupante: a pressão pela “perfeição” nas redes sociais está correlacionada ao aumento de ansiedade, depressão e baixa autoestima entre adolescentes e jovens adultos.​

Impactos específicos observados:

  • Redução de namoros entre jovens (fenômeno documentado em múltiplos estudos)
  • Ansiedade vinculada a “likes” e críticas online
  • Transtornos de dissociação do mundo real
  • Problemas cognitivos e emocionais severos
  • Aumento de burnout tecnológico entre adolescentes

UECE 2026

A Universidade Estadual do Ceará, em dezembro de 2025, escolheu um tema visceralmente conectado à realidade nordestina: “A importância da universidade para o povo cearense”. Os candidatos poderiam escolher entre três gêneros textuais: artigo de opinião, carta aberta ou crônica.​

Contexto

O Nordeste é a região com maior déficit educacional do Brasil. Segundo dados do IBGE (2024), o Nordeste apresenta as maiores taxas de abandono escolar precoce: 7,8% até os 13 anos de idade, superior à média nacional de 6,5%. A evasão escolar está diretamente vinculada à necessidade econômica: 42% dos jovens que abandonam a escola fazem-no porque precisam trabalhar; 25,1% citam falta de interesse.​

Nesse contexto, a universidade pública estadual funciona como símbolo de possibilidade: para muitas famílias nordestinas de baixa renda, a UECE representa a única ponte viável de acesso ao ensino superior, já que instituições privadas são financeiramente inacessíveis.

Dados sobre acesso:

  • Na região Nordeste, 35,6% dos bebês estão fora da creche por questões financeiras ou indisponibilidade de vagas​.
  • Taxa de escolarização de jovens 18-24 anos no Brasil: 31,2% (abaixo do ideal)​
  • Em 2024, 8,7 milhões de jovens entre 14-29 anos não completaram o ensino médio, abandonando ou nunca frequentando a escola; destes, 72,5% eram pretos ou pardos​

Impacto positivo: Pernambuco, estado nordestino, registrou a menor taxa de abandono do Brasil no ensino médio em 2024: apenas 0,7%, em comparação com média nacional de 3,7%. Isso demonstra que políticas de permanência funcionam.​

UnB 2026

A Universidade de Brasília, capital do país que simboliza planejamento estatal e ordenação urbana, surpreendeu ao cobrar um tema visceral e incômodo no primeiro dia de seu vestibular 2026:​

Tema: “A experiência de ser removido violentamente de sua habitação” (gênero: relato em primeira pessoa)

O candidato deveria:

  • Contextualizar o lugar e o tempo da narrativa
  • Refletir sobre as causas de sua remoção forçada
  • Relacionar a experiência com seu passado e comunidade

Os textos motivadores incluíram “Nós, os habitantes de Gaza, estamos sendo apagados da história em tempo real” (Nour Elassy, palestina) e referências a despossessões históricas.

Contexto

O Brasil enfrenta crise silenciosa de remoções forçadas. Segundo dados da Central Única dos Trabalhadores (CUT), mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas por remoções e despejos no país. Destes, cerca de 267 mil eram crianças e mais de 262 mil, pessoas idosas — populações especialmente vulneráveis.​

Brasília, ironicamente, é símbolo dessa contradição: construída em 1960 como “capital do futuro”, organizou-se através de remoções que deslocaram populações inteiras de suas terras originais.

Impacto psicossocial das remoções: Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas em parceria com a TETO revelou que acesso à moradia digna — mantendo o indivíduo em sua comunidade original — reduz significativamente indicadores de ansiedade, depressão e uso de medicamentos psiquiátricos. Inversamente, remoções forçadas rompem “teias sociais” e reduzem confiança comunitária, causando trauma psicológico duradouro.​

UFRGS 2026

A UFRGS cobrou um tema que afeta diretamente o mercado de trabalho gaúcho: “Os motivos da evasão e do abandono escolar”, baseado no artigo “Estudar? Para quê?”, do economista Michael França.​

Contexto

Michael França critica o “mito da educação como principal passaporte para ascensão social”, apontando que “o retorno da educação é menor para muitos que vêm de origens desfavorecidas”. Isso não significa que educação não importa, mas que ela sozinha não resolve desigualdade estrutural.​

Dados sobre evasão:

  • Em 2024, 8,7 milhões de jovens entre 14-29 anos não completaram ensino médio (abandono ou nunca frequentaram)​
  • Principal motivo: necessidade de trabalhar (42% dos casos)​
  • Segundo motivo: falta de interesse (25,1%)​
  • Taxa de abandono antes dos 14 anos: mais alta no Nordeste (7,8%) e Norte (6,1%)​
  • No ensino médio, abandono aumenta dramaticamente aos 15 anos (12,6%), quase dobrando face aos 14 anos (6,8%)​

Por que 15 anos é ponto crítico? Pesquisadores apontam que nessa idade adolescentes começam a questionar a “utilidade” do ensino médio e/ou enfrentam pressão para entrada no mercado de trabalho.

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Luana Santos

Jornalista formada pela UFSC e redatora da Rede Enem
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