A promessa de utilizar a nota do Enem como um dos critérios para bolsas de estudo no exterior está congelada
Mínimo de 600 pontos era uma das exigências. Mas, ‘o dinheiro acabou’, avisa o Governo Federal.
Sem chances. Este é o resultado dos novos cortes no orçamento do Governo Federal para quem pensava embarcar para um ano de estudos no exterior embalado nas promessas da então candidata Dilma Rousseff. O Ciência Sem Fronteiras iria continuar sim, jurava ela na campanha eleitoral de 2014. Iria até crescer, prometia.
Quem está fora não vai conseguir entrar. Esse foi o recado que o representante do Ministério da Educação deu em uma audiência na Câmara dos Deputados no dia 22 de setembro. Não tem dinheiro. A promessa é manter apenas as bolsas de estudo e o custeio dos alunos que já estão no exterior. A perspectiva de nova chance fica para quando ‘a situação financeira melhorar’.
Triste realidade. O Programa Ciência Sem Fronteiras segue o mesmo caminho de morte lenta que o Ministério da Educação aplicou ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). As vagas para os cursos técnicos do Pronatec foram cortadas a menos da metade da oferta de 2015.
Com o Programa de Fies a novela foi de uma agonia em diversos capítulos. No começo de 2015 os candidatos não conseguiam fazer a inscrição no Sistema do Fies, o Sisfies. A culpa ‘era do sistema’, dizia o então ministro da educação, Cid Gomes.
Ninguém acreditou. Afinal, os demais sistemas de informática do Ministério da Educação (MEC) e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) funcionavam perfeitamente, como no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e no Exame Nacional do Ensino Médio. E milhares de candidatos passavam noites em claro tentando conectar ‘ao sistema’, sem chances.
Só quando assumiu um novo ministro da Educação, Renato Janine, é que a verdade se confirmou. ‘Acabou o dinheiro do Fies’, disse o ministro. O número de candidatos que conseguiu o financiamento ficou na faixa dos 50% em relação ao ano anterior. A candidata Dilma prometia que iria ampliar. Na prática, encolheu e sob um espesso manto de enrolações produzidas na esfera de governo, até que se assumisse que as contas não fechavam.
Chegou a hora do Ciência Sem Fronteiras. Nada de passaporte estudantil para aprender mais no exterior.