Quando o assunto é investimento em educação no Brasil, o debate geralmente se limita à ideia de falta de recursos. Porém, um estudo recente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em parceria com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) traz uma visão mais ampla e, em alguns pontos, surpreendente.
O relatório Education at a Glance evidencia que o Brasil destina ao ensino superior valores semelhantes aos praticados pela média dos países da OCDE, em sua maioria nações de alta renda. A realidade, no entanto, muda quando se analisa a educação básica: o gasto por estudante brasileiro equivale a apenas um terço do que é investido em outros países do grupo.
Desigualdade entre as etapas da educação

Segundo o levantamento, o Brasil aplica cerca de US$ 15,6 mil anuais por universitário em instituições públicas, quantia comparável a países como Estados Unidos, Alemanha e Japão. Isso se explica, em parte, pelo papel das universidades federais como centros de pesquisa relevantes e também pelas políticas de apoio estudantil, que incluem bolsas de alimentação, auxílio moradia e outras formas de assistência. Essas iniciativas têm sido decisivas para garantir a permanência de alunos de famílias com menor renda no ensino superior.
Já no ensino fundamental, o cenário é bem diferente. O gasto médio por estudante é de apenas US$ 3,8 mil por ano, valor inferior até mesmo ao de países como Chile e Grécia. Na média da OCDE, o investimento nessa etapa chega a US$ 12,4 mil, o que representa quase três vezes mais do que o Brasil aplica.
Essa disparidade expõe um desafio urgente: como consolidar uma base educacional sólida se os recursos continuam distribuídos de forma tão desigual? Mais do que números, o relatório da OCDE provoca uma reflexão sobre as prioridades do sistema educacional brasileiro.
