A arte literária: Revise os gêneros literários!

Vem com a gente estudar os principais gêneros literários para arrebentar nas questões de Literatura do Enem!

Gêneros literários: Literatura é uma maneira de expressar por escrito a manifestação histórica e social de determinado momento, sendo utilizados muitos efeitos.

Os escritores tentam passar através do texto sua maneira de olhar a realidade, juntamente de muita emoção. Nesse post você irá conhecer os gêneros literários para se dar bem em Literatura no Enem e Vestibular!

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Gênero lírico

Palavra originada do grego “lira”, instrumento musical de cordas utilizado na Idade Média, momento em que o poeta contava (ou cantava) suas composições acompanhados do som desse instrumento.

Nesse gênero literário prevalece a exaltação do “eu”, em que o autor fala do amor, da saudade, da morte, da solidão, fazendo com que floresça o emocional no leitor. Além disso, o gênero se manifesta através do poema e da prosa. Os poemas são divididos em conteúdo e estrutura. A entender:

Ode: poesia de exaltação

Amo o que Vejo

Amo o que vejo porque deixarei 

Qualquer dia de o ver. 

Amo-o também porque é. 

No plácido intervalo em que me sinto, 

Do amar, mais que ser, 

 Amo o haver tudo e a mim. 

Melhor me não dariam, se voltassem, 
Os primitivos deuses, 
Que também, nada sabem. 

Ricardo Reis, in “Odes”

Elegia: narra fatos tristes

Elegia 1938

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.

Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.

Carlos Drummond de Andrade

Idílio: poesias pastoris

Sonetos

X

Eu ponho esta sanfona, tu, Palemo,

Porás a ovelha branca, e o cajado;

E ambos ao som da flauta magoado

Podemos competir de extremo a extremo.

 

Principia, pastor; que eu te não temo;

Inda que sejas tão avantajado

No cântico amebeu: para louvado

Escolhamos embora o velho Alcemo.

 

Que esperas? Toma a flauta, principia;

Eu quero acompanhar te; os horizontes

Já se enchem de prazer, e de alegria:

 

Parece, que estes prados, e estas fontes

Já sabem, que é o assunto da porfia

Nise, a melhor pastora destes montes.

Cláudio Manuel da Costa

Sátira: poesia que ridiculariza características do comportamento humano

Triste Bahia

 

Triste Bahia!

ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.

A ti tricou-te a máquina mercante,

Que em tua larga barra tem entrado,

A mim foi-me trocando e, tem trocado,

Tanto negócio e tanto negociante.

Gregório de Matos

Soneto: composto de 14 versos distribuídos em 2 quartetos e tercetos, rica em métrica.

Soneto À Lua

 

Por que tens, por que tens olhos escuros

E mãos lânguidas, loucas e sem fim

Quem és, que és tu, não eu, e estás em mim

Impuro, como o bem que está nos puros?

 

Que paixão fez-te os lábios tão maduros

Num rosto como o teu criança assim

Quem te criou tão boa para o ruim

E tão fatal para os meus versos duros?

 

Fugaz, com que direito tens-me presa

A alma que por ti soluça nua

E não és Tatiana e nem Teresa:

 

E és tampouco a mulher que anda na rua

Vagabunda, patética, indefesa

Ó minha branca e pequenina lua!

Vinícius de Moraes

Canção: pequeno poema, popular e simples, de temas variados.

 

A dona que eu am’e tenho por Senhor

amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,

se non dade-me-a morte.

A que tenh’eu por lume d’estes olhos meus

e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,

se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer

de quantas sei, ay Deus, fazede-me-a veer,

se non dade-me-a morte.

Ay Deus, que me-a fezestes mais ca min amar,

mostrade-me-a hu possa con ela falar,

se non dade-me-a morte.”

Bernal de Bonaval

Acalanto: canto a fim de embalar o sono.

Acalanto de John Talbot

 

Dorme, meu filhinho,

Dorme sossegado.

Dorme que ao teu lado

Cantarei baixinho.

O dia não tarda…

Vai amanhecer:

Como é frio o ar!

O anjinho da guarda

Que o Senhor te deu,

Pode adormecer,

Pode descansar,

Que te guardo eu.

Manuel Bandeira

Gênero Dramático

Texto que serve para ser encenado, em que atores representam personagens comuns ou heróis. Nesse gênero temos:

Tragédia: fala sobre ações humanas e as descreve, gerando medo ou piedade, fazendo com o que o espectador reflita sobre os seus atos.

Comédia: é a escrita de um texto crítico que faz com que o espectador ria do ridículo e das ações praticadas pelo homem na sociedade.

Farsa: texto de menor tamanho que a comédia, porém bastante parecido em sua essência. Pequeno grupo e atores encenam costumes da sociedade.

Auto: assim como a farsa, também é um texto pequeno, porém com características religiosas, no qual seus atores representam, por exemplo, a hipocrisia, a virtude, a avareza, etc.

Gênero Épico

O autor descreve fatos históricos realizados por seres humanos. É sempre um grande tema a fim de retratar a vida de um povo.

Narrativo

Nessa literatura, o autor pode ser não apenas um narrador da história, mas também um narrador-personagem.

Nesse gênero é contada uma história ficcional, em que personagens atuam em lugar e tempo determinados.

Suas formas são:

Romance: trama desenvolvido de acordo com o foco dado pelo escritor, seja ele policial, aventureiro, de comportamentos psicológicos e sociais, entre outros.

Novela:  narração mais curta que o romance, focada em um conflito em série.

Conto: narrativa ainda mais breve, porém não em séries, mas também focada em determinado conflito.

Veja esse vídeo da prof. Camila do canal do Curso Enem Gratuito sobre os gêneros literários para complementar o post que você acabou de ler!

Exercícios

1- (UFSCar – 2002)

Soneto de fidelidade

(Vinicius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

 

Nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius de Moraes, delineia-se a ideia de que o poeta

a) não acredita no amor como entrega total entre duas pessoas.

b) acredita que, mesmo amando muito uma pessoa, é possível apaixonar-se por outra e trocar de amor.

c) entende que somente a morte é capaz de findar com o amor de duas pessoas.

d) concebe o amor como um sentimento intenso a ser compartilhado, tanto na alegria quanto na tristeza.

e) vê, na angústia causada pela ideia da morte, o impedimento para as pessoas se entregarem ao amor.

 

2- (Enem – 2009)

Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio da representação.

COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. (Adaptado.)

Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que:

 

a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva.

b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores.

c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros.

d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais.

e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.

Gabarito

1- D

2- C

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O texto foi escrito pela professora Analice, formada em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp. Atualmente é mestranda em Literatura na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, professora de português na rede particular de ensino de Florianópolis e colaboradora do Blog do Enem. Facebook: http://www.facebook.com/analice.andrade
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