Sabe aquele tracinho que aparece no meio de uma palavra. Ele teima em ir parar nos lugares errados. Coabitar, Co-abitar, Cohabitar ou Co-habitar? Veja as regras para não errar mais no uso do hífen. Revise para vestibular e Enem.
O hífen é um sinal diacrítico de pontuação utilizado para ligar os elementos de palavras compostas, como acontece em couve-flor e ex-presidente. Já há algum tempo, o hífen é um elemento gramatical bastante polêmico porque foi ele quem mais sofreu mudanças com o acordo ortográfico de 1990.
Ou seja, muita gente que já saiu da escola ou estava no meio de seus estudos teve que aprender tudo outra vez a respeito das regras que regem o hífen.
Para quem já aprendeu e quer reaprender ou para quem está aprendendo pela primeira vez, esta aula de revisão de gramática vai ensinar tudo o que você precisa saber para nunca mais errar o lugar deste tracinho.
O uso do hífen
O hífen é usado com vários fins em nossa ortografia e, geralmente, sugere a ideia de união semântica, ou seja, a união de sentidos das palavras unidas. Pense na palavra guarda-roupa, com a união do verbo guardar e do substantivo roupa, sabemos que trata-se de um espaço para armazenar peças de vestuário.
Mais exemplos sobre o uso correto do Hífen
Outro exemplo é o nome da planta que faz aquele delicioso chá que tomamos para relaxar depois de uma intensa sessão de estudos, a erva-doce, que recebe este nome pela característica natural desta erva que de ser naturalmente doce. Somando os sentidos de duas ou mais palavras, multiplicamos as possibilidades de criar significados para dar nomes às coisas.
Mas o hífen serve para outras situações e vamos listá-las a seguir:
1) O hífen na separação de sílabas:
Ao escrevermos a nossa preciosa redação do Enem, do vestibular ou ainda as questões discursivas de algumas provas, acontece de preenchermos uma linha e uma palavra um pouco mais comprida não cabe. Para não deixar um amplo espaço em branco, o professor de redação recomenda separar a palavra na altura da sílaba até onde cabe a palavra.
Aprendemos a separar sílabas lá nos primeiros anos da escola e, havendo dúvidas, a maior parte dos dicionários escolares mostra a maneira correta para fazer a divisão silábica de uma palavra.
vo-vô
a-mo-ra
pás-sa-ro
li-mo-ei-ro
tra-ba-lho
U-ru-guai
2) Hífen para ligar pronomes oblíquos átonos a verbos:
Os pronomes oblíquos átonos “me”, “te”, “nos”, “vos”, “o”, “os”, “a”, “as” e “se” indicam o objeto direto e seguem regras de colocação pronominal para determinar sua colocação em relação ao verbo. Eles se unem aos verbos através do hífen.
deixa-o;
obedecer-lhe;
chamar-se-á (mesóclise);
mostre-se-lhe (dois pronomes relacionados ao mesmo verbo);
ei-lo.
Antes de ver as outras regras, veja a videoaula da prof. Mercedes no canal do Curso Enem Gratuito!
.
3) O hífen nos substantivos compostos:
Neste caso, os elementos mantêm a sua autonomia fonética e a sua acentuação, somando os seus sentidos para formar uma terceira unidade semântica.
Amor-perfeito, arco-íris, conta-gotas, decreto-lei, guarda-chuva, médico-cirurgião, norte-americano, etc.
[box type=”warning” align=”alignright” ]Atenção! Algumas palavras compostas acabaram perdendo, em certa medida, a noção de composição, passando a ser grafadas sem hífen: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista, etc. [/box]
4) Em compostos em que o primeiro elemento é numeral:
primeira-dama, primeiro-ministro, segundo-tenente, segunda-feira, quinta-feira, etc.
5) Em compostos homogêneos:
Ou seja, quando contêm dois adjetivos (técnico-científico, luso-brasileiro), dois verbos (quebra-quebra, corre-corre) ou elementos repetidos (blá-blá-blá).
6) Nos topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão, ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigos:
Grã-Bretanha, Grão-Pará;
Passa-Quatro, Quebra-Costas, Traga-Mouros, Trinca-Fortes;
Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.
7) Nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento:
couve-flor, erva-doce, feijão-verde, erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, bem-me-quer (planta),
andorinha-grande, formiga-branca, cobra-d’água, lesma-de-conchinha, bem-te-vi, etc.
[box type=”shadow” ]Atenção! Não se usa o hífen quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de sentido: bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental, com hífen) e bico de papagaio (deformação nas vértebras, sem hífen).[/box]
8) Nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem:
além-mar, aquém-fontreiras, recém-nascido, sem-vergonha.
9) Sempre que o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra:
anti-inflacionário, inter-regional, sub-bibliotecário, tele-entrega, etc.
10) Entre elementos que formam não uma palavra, mas um encadeamento vocabular:
A divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade;
A ponte Rio-Niterói;
A ligação Angola-Moçambique;
A relação professor-aluno.
11) Com o elemento mal antes de vogal, h ou l:
mal-acabado, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo.
12) Nas locuções não se costuma empregar o hífen, exceto aquelas já consagradas pelo uso:
café com leite, cão de guarda, dia a dia, fim de semana, ponto e vírgula, tomara que caia.
Veja o hífen nas locuções consagradas:
água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa.
[divider]