Cai sim Filosofia no Exame Nacional do Ensino Médio. Veja nesta aula gratuita as principais características do Helenismo. Confira abaixo quem foram os principais representantes que construíram a cultura Helênica a partir de Alexandre Magno (Alexandre o Grande).
A Filosofia do Período Helênico. Veja como um discípulo de Aristóteles exerceu papel essencial na criação do Helenismo. Revisão que inclui os pensamentos do Cinismo, do Estoicismo e do Epicurismo.
O período helênico perdurou por cerca de trezentos anos. O grande responsável pelo seu surgimento foi: Alexandre Magno, mais conhecido como Alexandre o Grande, aluno de Aristóteles. Alexandre liderou os seus exércitos em inúmeras batalhas, dentre elas aquela que deu inicio ao seu grande império, a vitória sobre os persas, unificando assim as terras do Egito, do Oriente e da Índia a nação grega. É esta unificação, fruto de guerras, e após a morte de Alexandre (323 a.C) que chamamos de helenismo.
As características deste período do Helenismo são marcantes:
diversidade cultural, novos cultos, novas religiões. Em alguma medida exagerou-se também na visão antropocêntrica (homem no centro), na qual a cultura e a língua grega mantinham certa unidade e comando sob os demais povos.
Este período do Helenismo é marcado basicamente pelo paganismo e pela crença da capacidade humana de explicar os problemas humanos a partir das causas humanas.
O fim do helenismo é por volta de 50 a.C. com o domínio militar exercido por Roma aos Gregos. Chamamos este período histórico, o fim do helenismo e o início do Império Romano como: o fim da Antiguidade. Logo depois inicia-se o período da Idade Média. Mas por motivos de agenda não estudaremos neste curso.
Diógenes, o cínico e Alexandre, o Grande.
As principais escolas do helenismo podem ser assim identificadas:
- Cinismo;
- Estoicismo;
- Epicurismo;
- Ceticismo;
- Ecletismo;
- Neoplatonismo;
- Misticismo.
Vejamos agora um pouco mais sobre cada uma destas escolas do Helenismo, suas características, seus idealizadores e a influencia destas nos dias de hoje.
Cinismo
Quem nunca ouviu ou já falou: “fulano ou beltrano é cínico!”. Você sabe o que significa ser uma pessoa cínica? Tem certeza? Bom, vamos lá, eu explico: atualmente quando falamos ou ouvimos uma pessoa falar sobre cinismo é normal atribuirmos o significado a alguém imprudente, insensível, que não liga para o sofrimento de outras pessoas ou mesmo nem se quer se preocupa com algo que nós mesmo achamos de suma importância. Pois bem, saiba que nem sempre foi assim.
O cinismo nasceu por volta de 400 a.C. por um aluno de Sócrates chamado: Antístenes. Basicamente uma pessoa adepta a filosofia cínica defende que um ser humano não precisa se apegar aos bens materiais ou as vaidades criadas pela sociedade para ser feliz. As vaidades da sociedade dizem respeito às posições sociais que adquirimos com o nosso trabalho ou a qual pertencemos desde o nosso nascimento.
Diógenes e Alexandre Magno
O grande expoente da filosofia cínica chamou-se Diógenes. Diógenes morava em um barril, vestia apenas um pedaço de pano, possuía um cajado e ao seu redor os animais circulavam. Figura simples, conta a história que certa vez este pensador recebeu a visita de Alexandre Magno. Alexandre, parado a frente de Diógenes (este sentado a boca de sua morada) perguntou qual seria o desejo dele e que bastaria ele dizer a Alexandre Magno que seu desejo seria realizado. Diógenes rapidamente respondeu: “Sai da frente do meu sol”.
Assim nasceu a filosofia cínica que contesta os apegos materiais e as pompas da sociedade, ou seja, as ambições da sociedade. O homem é um animal e deve viver como tal. Ainda frisa que todos os conhecimentos intelectuais que formam as bases da sociedade grega como: matemática, física e musica são inúteis ao homem, isto porque são invenções do homem.
Coube assim, aos cínicos a bandeira de anarquistas da Antiguidade. Esta postura de negação ao modelo político e social na Grécia Antiga conferiu aos cínicos a imagem de pessoas que lutaram pela liberdade ao negarem os modelos sociais vigentes, daí a postura de arrogantes e do aparente descompromisso com a sociedade. Assim, para os cínicos a felicidade é o desapego aos bens materiais e aos títulos sociais. Este desapego conduz o homem a liberdade.
Estoicismo
O Estoicismo surgiu por volta de 300 a.C. Seu fundador chamava-se: Zenão. Esta corrente filosófica partia da ideia do direito natural. Zenão acreditava que todas as pessoas são um tipo de “microcosmo” e que todos fazem parte de um cosmos maior ainda, o universo ou “macrocosmo”.
Pensar assim – de que todos os seres humanos pertencem a um mesmo “macrocosmo” – significa retirar de todos os seres humanos as suas diferenças, ou seja, somo todos, em natureza, iguais. Brancos, negros, amarelos, cristãos, não cristãos, escravos ou não. Tal perspectiva também leva a perceber a matéria (corpo humano) e o espírito (corpo não material) como a mesma coisa, pertencentes a uma única natureza. Esta perspectiva é chamada de monismo, ou seja, uma única causa que daria origem a tudo, neste sentido a natureza.
Há aqui uma grande diferença com os filósofos cínicos. Os estóicos interessavam-se por política onde a ética e a moral são exigidas para uma vida correta e austera. Grandes homens deste período foram estóicos, entre eles: o Imperador Romano Marco Aurélio (121-180); Filósofo, político e orador Cícero (106-43 a.C). Este segundo lançou as bases daquilo que ficou conhecido como: humanismo grego.
No humanismo grego, adotado por Roma, o homem se torna o centro das discussões a cerca dos seus próprios problemas. Atribui-se também à noção de humanismo o termo: cosmovisão, que significa visão de mundo; antropocentrismo, ou seja, o homem no centro.
Os estóicos ainda acreditavam que tudo o que acontece conosco é algo que de algum modo já estava estabelecido pela própria natureza. Assim, não devemos nos preocupar, nem sofrer com os revezes que nos afligem, pois não podemos controlar o universo. Do mesmo modo devemos aguardar que as benesses irão acontecer no seu tempo.
Epicurismo
Em 300 a.C. Epicuro (341-270 a.C) desenvolveu a filosofia epicurista. Este pensador defendia que a felicidade estava relacionada aos prazeres humanos. Na sua ótica devemos nos prender naqueles prazeres que podem ser considerados duradouros. É interessante perceber que Epicuro também afirmava que a felicidade não esta somente nos prazeres extraídos dos cinco sentidos, mas aqueles que perpassam a nossa razão. Por isso devemos tratar o nosso intelecto.
Para os epicuristas devemos tomar quatro remédios para atingirmos a felicidade, são eles: Os deuses não devem ser temidos, isso porque os deuses não estariam interessados em nós; Segundo: é considerado um absurdo temer a morte uma vez que ainda não morremos; Terceiro: o prazer está a disposição de todos e se conquista através da virtude; Quarto: o mal dura pouco sendo fácil de suportá-lo, para isso devemos lembra de coisa boas e felizes ou criar boas expectativas para o futuro.
Ceticismo
Existem dois nomes quanto a criação e ao desenvolvimento da filosofia cética. O fundador Pirro de Élis (360-270 a.C) e o seu desenvolvedor no século II por Sexto Empirico. Basicamente após a morte de Alexandre o Grande a política na Grécia Antiga fica estremecida. A democracia não mais respondia aos anseios do povo Grego e governos autoritários tomaram conta das Cidades-Estados. Esta instabilidade contribui para o surgimento da filosofia cética, uma vez que, muitas dúvidas surgiram sobre a capacidade de governo dos sistemas políticos.
A filosofia cética parte de três questões básicas, são elas: Qual a natureza real das coisas? Quais as disposições que lhe convém adotar a seu respeito; Quais as consequências que lhe resultarão desta atitude. A resposta em geral pode ser:
As coisas são equivalentes, as coisas também são difíceis de serem percebidas uma das outras; nós não sabemos as essenciais das coisas porque não conseguimos percebê-las pelos nossos sentidos e pela razão. Por isso não devemos confiar nos nossos sentidos. Isso nos leva à dúvida. Quando isso acontece devemos “suspender o juízo” (afasia; recusa em se pronunciar).
A postura cética se transforma em atitude contra o dogmatismo (verdade absoluta). Enquanto o dogmático aceita uma determinada postura que por ele é considerada correta, o dogmático questiona a validade da propositura.
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Por este motivo é importante você saber que os céticos duvidam, mas não de tudo. Duvidam apenas de coisas que não podem ser explicadas de forma direta, com um simples olhar. A melhor forma de pensar isso é lembrar uma escala de cores. Pequemos o verde como exemplo. Em uma tabela existem diversos tons de verde. O cético não nega que aqueles tons são verdes, porém ele questiona qual é o verdadeiro tom de verde.
Neste momento, o da dúvida, é comum expressar o termo de Pirro de Élis da “diafonia”. Quando estamos em dúvida sobre algo, entramos em um estágio de diafonia, que significa ouvir muitas vozes. Por isso precisamos silenciar estas vozes e o único modo para isso acontecer é estudar o que nos provoca.
Ecletismo
O ecletismo será abordado de mondo muito superficial. Foi fundado por Diógenes Laércio e basicamente consiste na ideia de agruparmos os melhores argumentos das teorias existentes para que possamos explicar um fenômeno qualquer.
Neoplatonismo
O Neoplatonismo, que teve inspiração em Platão, foi a grande corrente filosófica que concorreu diretamente com o cristianismo. Plotino (205-270 d.C) foi o principal representante desta corrente. Plotino acreditava na existência de um Uno (Deus) e que este seria a luz. Assim o pensador percebia a existência de um todo onde haveria a luz e as sombras (Trevas). Na luz, Deus (Uno); Nas trevas há a ausência de luz e só isso. Não haveria nas trevas um ser macabro e ruim, somente a falta da luz.
Isso significa dizer que Deus seria tudo: luz e trevas. Quanto mais próximos da luz, mais próximos de Deus; quanto mais longe da luz, mais distante de Deus. Nas sombras encontramos todas as criaturas que existem no Mundo, todas as criaturas (seres humanos, animais, répteis, pássaros etc) são percebidas por Plotino como uma espécie de matéria fria e teriam uma partícula mínima que os liga a Deus, está partícula é a alma.
O nosso ponto de encontro com Uno está dentro de nossa alma, quando nos encontramos com o próprio Deus e não nos diferenciamos dele, nos tornando uma única coisa. A este tipo de experiência chamamos de experiência mística.
Misticismo
Para os místicos, pessoas que vivem a experiência mística ou que buscam uma experiência desta natureza, viver significa simplicidade. Para isto o místico busca a purificação e a iluminação de sua alma. Não haveria de algum modo a separação entre a alma, Deus e o Universo. Neste sentido tudo estaria ligado e o caminho da purificação aproximaria tudo, sendo a experiência mística o auge da purificação humana. Momento no qual o místico se sentiria Deus, o universo e ele mesmo ao mesmo tempo tudo de uma só vez, algo como uma revelação de modo que seu espírito se elevaria a condição divina.
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As experiências místicas podem ser encontradas em muitas religiões, de modo que uma experiência poder ser diferente da outra, não por sermos diferentes uns dos outros, mas por pertencermos a culturas diferentes. No Ocidente (islamismo, cristianismo, judaísmo) busca-se chegar a um Deus pessoal; no Oriente, busca-se uma experiência na qual o místico quer de algum modo ligar-se ao Cosmos, ou seja, ao Universo.
Desafios para você resolver e responder sobre o Helenismo
Questão 01
(Instituto Pró-Município – 2009 – Ceará) O período helenístico caracterizou-se por um processo de interação cultural entre a cultura grega clássica e a cultura dos povos orientais conquistados. Neste período destacaram-se duas novas escolas filosóficas: o estoicismo e o hedonismo. Nesse contexto, os estóicos defendiam:
a) Que o ser humano devia buscar o prazer da vida;
b) Que o prazer estava vinculado ao bem;
c) Um espírito de completa austeridade moral e física;
d) A realização de uma conduta virtuosa;
e) O domínio das paixões.
Questão 02
(Fepese – 2012 – SC) Entre as muitas heranças do mundo da Antiguidade, herdamos as chamadas filosofias pagãs do:
a) Estoicismo e niilismo.
b) Escolástica e marxismo.
c) Epicurismo e marxismo.
d) Estoicismo e epicurismo.
e) Escolástica e tomismo.
Questão 03
(MSCONCURSOS – 2011 – RS). Leia o trecho da Carta a Meneceu.
“Nenhum jovem deve demorar a filosofar, e nenhum velho deve parar de filosofar, pois nunca é cedo demais nem tarde demais para a saúde da alma. Afirmar que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou é a mesma coisa que dizer que a hora ainda não chegou ou já passou; devemos, portanto, filosofar na juventude e na velhice para que enquanto envelhecemos continuemos a ser jovens nas boas coisas mediante a agradável recordação do passado, e para que ainda jovens sejamos ao mesmo tempo velhos, graças ao destemor diante do porvir. Devemos então meditar sobre tudo…” (Epicuro Carta de Epicuro a Menoiceus). Para Epicuro, como se expressa na Carta a Meneceu, o objetivo da filosofia é:
a) A felicidade do homem.
b) A imparcialidade diante das decisões tomadas pelos homens.
c) A areté própria do homem.
d) O gozo imoderado dos prazeres mundanos.
e) Estabelecer, refutar e defender argumentos tirados da bíblia.
Questão 04
(MSCONCURSOS – 2011 – RS). Em 322, após a morte de Alexandre Magno, o sucessor deste decide expulsar de Samos todos os colonos atenienses, entre os quais a família inteira de Epicuro. Os historiadores da cultura convencionaram designar Helenismo as atividades culturais desenvolvidas no período transcorrido entre a morte de Alexandre Magno, em 323 a.C., e o fim da república romana, em 31 a.C., quando Augusto (vencedor da batalha de Actium, em 27 a.C.) se torna imperador de Roma.
A designação referese à presença dominante da língua e da cultura gregas em todo o mundo conhecido, numa difusão sem precedentes cuja causa inicial foi a convicção de Alexandre, aluno de Aristóteles, de que por seu intermédio a Grécia devia cumprir uma missão civilizatória sobre todos os povos da terra. A língua grega transformou-se na koiné, dialeto comum em todas as terras conquistadas por Alexandre, e Alexandria, no Egito, tornou-se a capital cultural da Antiguidade, papel que conservou mesmo quando Roma ocupou o lugar de centro político e econômico de um império que se estendia do Próximo Oriente ao Sul da Europa, do Mediterrâneo ao Atlântico.
Embora o termo Helenismo pareça indicar apenas a hegemonia da cultura grega, na realidade, exprime a comunicação intensa entre as criações culturais helênicas e as orientais enquanto submetidas a um mesmo e único poder central, ligadas por rotas comerciais e tendo como ponto de encontro Alexandria e, mais tarde, Roma. Muitos preferem usar a expressão alexandrinismo para acentuar o papel que a dinastia dos Ptolomeus conferiu a Alexandria como centro de confluência da cultura grega e da oriental, com a criação do Museu e da Biblioteca, espaços destinados às atividades do conhecimento e das artes.
No caso da história da filosofia, fala-se em período helenístico para designar os três grandes sistemas filosóficos predominantes nessa época. São eles:
a) Ceticismo, epicurismo e estoicismo.
b) Epicurismo, neoplatonismo e patrística.
c) Neoplatonismo, ceticismo e patrística.
d) Escolástica e epicurismo.
e) Ceticismo e escolástica.
Questão 05
(Fundação Carlos Chagas – 2010 – SP). O termo ataraxia designa o ideal da imperturbabilidade ou da serenidade da alma, em decorrência do domínio sobre as paixões ou da extirpação destas.
(Abbagnano, N. Dicionário de filosofia)
O termo ataraxia está fortemente ligado ao
a) epicurismo e estoicismo.
d) hermetismo e ao congruísmo.
c) jansenismo e ao laxismo.
d) idealismo transcendental.
e) materialismo.