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O que impede que leis internacionais tenham aplicação automática no Brasil?

O que impede que leis internacionais tenham aplicação automática no Brasil?

Brasil reforça sua independência jurídica e estabelece critérios para validar leis e sanções de outros países.

Nos últimos dias, uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou destaque e mexeu com os ânimos no cenário jurídico e político brasileiro. Em linhas gerais, ele reafirmou um princípio essencial para a autonomia do país: nenhuma norma ou decisão tomada fora do Brasil tem validade aqui sem passar pelo crivo da Justiça nacional.

O julgamento ocorreu em 18 de agosto e estava relacionado a uma discussão envolvendo a tragédia de Mariana, mas o impacto foi muito além do caso específico. Isso porque a questão envolve um ponto sensível: a soberania do Brasil e os limites da influência de outros países em nossos assuntos internos.

A decisão surgiu no âmbito da ADPF 1178, uma ação proposta pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O pedido contestava a possibilidade de municípios brasileiros recorrerem diretamente a tribunais estrangeiros. O episódio estava ligado a um processo em andamento no Reino Unido, no qual se buscava indenização contra a Samarco pelo desastre ambiental. Porém, por trás da disputa técnica, muitos enxergaram uma mensagem política clara diante de rumores sobre a aplicação da Lei Magnitsky, dos Estados Unidos, contra autoridades brasileiras.

Vamos entender melhor por que isso é importante e quais as implicações dessa decisão?

Do desastre de Mariana ao debate sobre soberania

A tragédia de Mariana, ocorrida em 2015 com o rompimento da barragem de Fundão, continua sendo considerada o maior desastre ambiental da história do Brasil. Nesse contexto, alguns municípios acionaram a Justiça britânica para cobrar reparações da Samarco. Em resposta, um tribunal inglês expediu uma ordem conhecida como “anti-suit injunction”, tentando impedir que o Ibram continuasse com ações na Justiça brasileira.

Foi nesse momento que Flávio Dino se manifestou: para ele, nenhuma ordem estrangeira pode limitar o direito de brasileiros buscarem a Justiça no próprio país. Tal medida, segundo o ministro, afronta princípios básicos do direito internacional e compromete a soberania nacional.

Luana Santos

Jornalista formada pela UFSC e redatora da Rede Enem
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