Você com certeza já ouvir falar de Padre Cícero. Ou, quem sabe, já até mesmo participou de uma romaria ao santuário em homenagem a ele, na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará. Além de padre ele foi também uma liderança na Sedição de Juazeiro. Confira:
Cícero Romão Batista era o nome de batismo. No final do século XIX Padre Cícero foi afastado da Paróquia de Juazeiro pela Igreja, que temia a sua força popular. Mas, ele continuou atendendo aos fiéis por sua própria conta, e passou a ser conhecido como Padim Ciço. Teve milagres atribuídos à sua devoção. Foi prefeito e vice-governador. Confira cenas reais dessa história no final do post.
Ele ganhou mais fama ainda a partir de 1908, com o milagre da “Hóstia Consagrada”: durante a comunhão ministrada por ele, uma das fiéis teve a hóstia convertida em sangue na sua boca. O feito espalhou rápido, atraindo mais e mais fiéis em romarias do Nordeste e todo o país.
Cícero foi perseguido pela Igreja na época, e teve a sua ordenação cassada em 1926. Porém, em 2022 o Vaticano deu início ao processo de sua Beatificação. Ele pode se tornar um Santo do Sertão do Brasil. Cícero nasceu em 1844, no Crato, e viveu até 1934, em Juazeiro do Norte, no interior do Ceará.
Padre Cícero na Política
Com a força popular gerada pela crença de milagreiro, Cícero entrou para a política, e foi eleito prefeito em Juazeiro, em 1911. No Ceará o comando estava na mão da chamada “política dos coronéis”.
Apesar da designação militar, na prática os “coronéis” eram fazendeiros ou senhores de engenho. Padre Cícero estava alinhado com os coronéis do Ceará. Veja na foto a força da imagem de Padre Cícero:
A Sedição de Juazeiro
O episódio da Revolta do Juazeiro, ou Sedição de Juazeiro, em 1914, foi o ponto alto de um conflito entre os interesses dos coronéis cearenses, que estavam ameaçados pela intervenção federal. Padre Cícero estava no centro de tudo o que se passou na cidade e no Ceará.
Essa história começa em 1910, quando tivemos uma eleição atípica na República Oligárquica Brasileira. A origem foi no ano de 1909, com a morte do presidente Afonso Pena. Ele era mineiro, e estava cumprindo o mandato dentro do acordo de alternância entre representantes de São Paulo e Minas.
Porém, o vice que assumiu era Nilo Peçanha, que era do Rio de Janeiro. Ele decidiu criar uma chapa para as eleições de 1910 sem a participação dos paulistas. Os nomes eram o do Marechal Hermes da Fonseca eleito para presidente, e de Wenceslau Brás, um mineiro, eleito como vice.
Logo após tomar posse Hermes da Fonseca deu início a uma campanha chamada “Política das Salvações”. Na prática era uma estratégia para tirar do poder nos estados as antigas oligarquias que não apoiaram a eleição do Marechal Hermes. No Ceará Hermes da Fonseca coloca no governo um aliado seu, Franco Rabelo.
A Revolta de Juazeiro
Porém, em 1914, quando as tropas do governo de Franco Rabelo chegaram para invadir Juazeiro do Norte encontraram a cidade protegida pela Cerca das Mães das Dores, construída sob a liderança de Padre Cícero e dos coronéis cearenses.
A cidade resiste. As tropas aliadas de Hermes da Fonseca não conseguem entrar. Juazeiro vence. E, com isso os coronéis ganham força para derrubar Franco Rabelo. Com esta vitória os coronéis reconhecem a força de Padre Cícero, que depois foi eleito vice-governador do Ceará.
Padre Cícero e a Revolta de Juazeiro
Veja agora no resumo do professor de história Felipe de Oliveira, do canal do Curso Enem Gratuito, a cronologia e os personagens da Sedição do Juazeiro, em 1914, e a força política e religiosa de Padre Cícero.
As forças militares que tentaram invadir Juazeiro do Norte foram supreendidas com a organização ao estilo de uma fortaleza que Cícero organizou.
Com este feito, ela que já era uma liderança popular na religião e na política, ficou ainda mais fortalecido. O mito do Padim Ciço eternizou-se. A cidade de Juazeiro do Norte virou um ponto de peregrinação religiosa e atração turística.
Imagens reais de Padim Ciço
Veja agora um documentário com imagens resgatadas de Cícero ainda em vida. A narração é de Chico Anysio.