Conheça os principais autores e obras do Parnasianismo, além das características desse período literário nesse post de Literatura Enem! Faça bonito em literatura, no Vestibular e Enem!
Opondo-se ao estilo romântico, o Parnasianismo tinha como objetivo a perfeição na forma e trabalhava temas universais. As poesias parnasianas praticavam a forma, dando valor ao vocabulário correto, a clareza, além de rimas perfeitas, métrica e ritmo. Era uma poesia de natureza descritivista, detalhando os objetos, utilizando de motivos clássicos.
Os poetas dessa época tinham aversão aos temas individuais, fazendo a “arte pela arte”, o que dava sentido ao jeito frio de escrever poesia, dando atenção somente à forma. Os autores que maior se destacam são: Alberto Vieira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.
Alberto de Oliveira (1857 – 1937), ainda que tenha vivido por muitas transformações de questão política, econômica e social, passando também pelas literárias, Oliveira sempre seguiu fielmente ao Parnasianismo e distante dos acontecimentos históricos.
Desde a sua segunda obra, Meridionais, já dá sequência as características parnasianas, sendo, inclusive, considerado mestre desse fazer poético, pois, de fato, foi o escritor que melhor fez a poesia parnasiana.
O tema de seus poemas ficou restrito aos ensinamentos da escola literária: poesia descritiva que alcançava não só a natureza, mas também os mais simples objetos presentes nesse mundo, dando-lhes importância total a forma (os sonetos Vaso grego, Vaso chinês e A estátua são alguns exemplos).
Em seus poemas não devemos deixar de notar a perfeição formal, a métrica rígida e a linguagem muito bem trabalhada, que, em certos momentos, chega ao rebuscamento:
A estátua
Às mãos o escopro, olhando o mármor: “Quero
– O estatuário disse – uma por uma
As perfeições que têm as forma de Hero
Talhar em pedra que o ideal resuma.
Raimundo Correia (1859 – 1911) começou como romântico: o livro Primeiros sonhos deixa clara a influência de Gonçalves Dias até Castro Alves. O autor só adota o Parnasianismo a partir do livro Sinfonias. Sua temática é o que estava em alta na época, ou seja, a natureza, a perfeição da forma dos objetos e a cultura clássica. Destaca-se apenas a sua poesia filosófica, de meditação, indicada pela desilusão e por um grande pessimismo.
A presença do lirismo com grande força em seu poemas, também é um destaque, principalmente quando canta a natureza, atingindo belos versos impressionistas:
Raia sanguínea e fresca a madrugada (As pombas)
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol… Aves em bandos destacados.
Por céus de oiro e de púrpura raiados,
Fogem… Fecha-se a pálpebra do dia…
Olavo Bilac (1865 – 1918) é o único dos grandes poetas parnasianos que começou, logo de início, com a estética desse movimento literário em questão, prevalecendo a perfeição formal. Preocupava-se com a metrificação (decassílabos ou alexandrinos) e concluía sempre da melhor forma, rematando a poesia com belos efeitos. De acordo com Bilac, a poesia deve ser trabalhada, pelas mãos do poeta, de maneira paciente, “como um beneditino”, assim como um ourives trabalha uma joia.
Sobre suas obras, em Panóplias, o poeta se volta a Antiguidade Clássica, sobretudo em Roma; em Via Láctea, nos deparamos com 35 sonetos acompanhados de um grande lirismo; em Sarças de fogo, o lirismo continua, porém é agregado o sensualismo; em Alma inquieta e Viagens, Olavo Bilac foca nos temas filosóficos, os preferidos dos parnasianos; Tarde revela poemas mais descritivos e intensamente nacionalistas.
Via Láctea
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” Eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
Para complementar seu estudo sobre o Parnasianismo, assista aos vídeo dos professores Anderson e Camila no YouTube:
Os exercícios são uma parte muito importante nos seus estudos! É hora de colocar em prática o tema estudado. Vamos lá?
Exercícios
1- (UCSAL) Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira são representantes de umamesma escola literária. Assinale a alternativa cujos versos exemplificam as características dessa escola.
a) A noite caiu na minh’alma,
fiquei triste sem querer.
Uma sombra veio vindo,
veio vindo, me abraçou.
Era a sombra de meu bem
que morreu há tanto tempo.
b) Dorme o tempo que não podias dormir.
Dorme não só tu,
Prepara-te para dormir teu corpo e teu amor contigo.
c) Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade
Solto para onde estás, e fico de ti perto!
Como, depois do sonho, é triste a realidade!
Como tudo, sem ti, fica depois deserto!
d) Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada.
Entre as nuvens do amor ela dormia!
e) Nas horas da noite, se junto a meu leito
Houveres acaso, meu bem, de chegar,
Verás de repente que aspecto risonho
Que torna o meu sonho,
Se o vens bafejar!
2- (CEFET-PAR)
E sobre mim, silenciosa e triste,
A Via-Láctea se desenrola
Como um jarro de lágrimas ardentes. (Olavo Bilac)
Sobre o fragmento poético não é correto afirmar:
a) A “Via-Láctea” sofre um processo de personificação.
b) A cena é descrita de modo objetivo, sem interferência da subjetividade do eu-poético.
c) A opção pelos sintagmas “desenrola” e “jarro de lágrimas ardentes”visa a presentificar o movimento dos astros.
d) Há predomínio da linguagem figurada e descritiva.
e) A visão de mundo melancólica do emissor da mensagem se projeta sobre o objeto poetizado.
Gabarito
1- C
2- B