A terceira fase do Modernismo teve início em 1945 e abrange alguns dos autores mais cobrados pelo Enem. Confira como estão seus conhecimentos sobre o tema com nossa lista de exercícios!
Autores como Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto são escritores que caem em quase todas as edições do Enem. Então teste seus conhecimentos sobre eles com a lista de questões sobre a terceira fase do Modernismo e treine para as provas!
Introdução sobre a 3ª fase do Modernismo
Para iniciar sua revisão sobre os autores a terceira fase do Modernismo, confira este resumo sobre a prosa da chamada “Geração de 45”. Em seguida, confira o resumo e responda às questões.
Resumo sobre a terceira fase do Modernismo
A terceira fase do Modernismo no Brasil teve início com o fim do Estado Novo de Getúlio Vargas, em 1945, e se desenvolveu até meados da década de 1950. Esse período ficou marcado mundialmente pelo fim da Segunda Guerra Mundial e pela Guerra Fria.
Conhecida também como a “Geração de 45”, a prosa da 3ª fase modernista é composta por autores importantes como João Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e Ariano Suassuna. A pesquisa estética e experimentalismo modernista continuaram a ser amplamente praticados nessa geração.
Clarice Lispector
Clarice Lispector (1920 – 1977) é uma das autoras que mais caem no Enem e, por isso, tem destaque neste resumo. Ela nasceu na Ucrânia, durante uma viagem dos pais, e chegou no Brasil com dois meses de idade. Seu primeiro romance, “Perto do coração selvagem (1943), foi lançado quando ela tinha apenas 19 anos.
Desde o início de sua produção, rompeu com os paradigmas narrativos tradicionais. Ela criava contextos existencialistas, se preocupava com a essência dos seres e explorava seus sentimentos e emoções.
É comum associar a escritora ao psicologismo literário, inclusive essa característica dá nome a 3ª Geração Moderna, chama-se também Geração Psicológica. A literatura de Clarice é intimista e introspectiva, já que muito da sua narrativa envolve o pensamento e longas investigações sobre os sentimentos.
Para isso, Clarice muda o tempo da narrativa saindo da cronologia temporal, investindo no tempo psicológico. As narrativas são predominantemente urbanas, assim como predominam também personagens femininas como protagonistas.
Questões sobre a terceira fase do Modernismo
Em seguida, responda às questões sobre a terceira fase do Modernismo e descubra como essa escola literária aparece nas provas:
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(ENEM MEC/2019/2ª Aplicação)
O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As pessôas mais velhas são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir matar os bichinhos assustados — o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os macacos que fazem artes, o coelho que mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú levanta as mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os cachorros estão rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá. Tamanduá passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o gemido deles campeando socôrro. Todo choro suplicando por socôrro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a salve-rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-pé, indo a peitavento, cercaram o casal de tamanduás, encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam dormindo. Os homensempurraram com a vara de ferrão, com pancada bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho, quando bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho.
ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da paisagem dos sertões mineiros. Nesse fragmento, o narrador empresta à cena uma expressividade apoiada na
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(ENEM MEC/2018/2ª Aplicação)
Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo involuntariamente dissera. E ele com os olhos miúdos quis que ela não fugisse e falou:
— Repita o que você disse, Lóri.
— Não sei mais.
— Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente disse: um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só.
— Sim.
Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.
LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.
A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade em razão de determinadas soluções narrativas. No fragmento, o processo que leva a essa expressividade fundamenta-se no
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(ENEM MEC/2017/2ª Aplicação)
Dois parlamentos
Nestes cemitérios gerais
não há morte pessoal.
Nenhum morto se viu
com modelo seu, especial.
Vão todos com a morte padrão,
em série fabricada.
Morte que não se escolhe
e aqui é fornecida de graça.
Que acaba sempre por se impor
sobre a que já medrasse.
Vence a que, mais pessoal,
alguém já trouxesse na carne.
Mas afinal tem suas vantagens
esta morte em série.
Faz defuntos funcionais,
próprios a uma terra sem vermes.
MELO NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).
A lida do sertanejo com suas adversidades constitui um viés temático muito presente em João Cabral de Melo Neto. No fragmento em destaque, essa abordagem ressalta o(a)
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(ENEM MEC/2016)
A partida de trem
Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho.
Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:
— A senhora deseja trocar de lugar comigo?
Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:
— É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?
LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980 (fragmento).
A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a)
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(ENEM MEC/2014)
O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a)
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(UFPR/2020)
Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!…
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada.
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(PUC Campinas SP/2016)
Por vezes, a literatura pode se pautar por diferentes tempos: há o tempo da história narrada, de sua sequência cronológica, e há o tempo da linguagem que processa essa história. A linguagem experimental do irlandês James Joyce reinterpreta, em pleno século XX, a história mítica de Ulisses. No Brasil, há uma ocorrência similar, se pensamos em Grande sertão: veredas, romance onde Guimarães Rosa articula magistralmente dois planos temporais:
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(UCS RS/2015)
Leia as afirmações feitas a partir da obra Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto.
I. A peça, em forma de poema, apresenta a história de um dos tantos severinos de Maria, filhos de Zacarias, que foge da morte que os abate antes da velhice.
II. A trajetória do migrante nordestino em busca de um mundo melhor permeia o enredo: por onde passa, encontra miséria, morte, pobreza, sofrimento.
III. O título é um exemplo de poesia engajada que retrata a dura realidade da população nordestina.
IV. O nascimento de uma criança pode representar a esperança de dias melhores; mesmo com tantas adversidades, há uma quebra na trajetória sofrida do personagem.
Das proposições acima,
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(PUC Campinas SP/2020)
Na elaboração de sua poesia, João Cabral de Melo Neto não teve dúvida em amadurecer um projeto radical de linguagem, de caráter programático, pelo qual sua expressão poética adota uma rígida disciplina formal. Por conta disso, muitas passagens de sua poesia traduzem um compromisso com o necessário rigor da forma, tal como se vê nestes versos:
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(Mackenzie SP/2020/Janeiro)
Vergonha de viver
01 Há pessoas que têm vergonha de viver: são os tímidos, entre 02 os quais me incluo. Desculpem, por exemplo, estar tomando lugar 03 no espaço. Desculpem eu ser eu. Quero ficar só! grita a alma do 04 tímido que só se liberta na solidão. Contraditoriamente quer o quente 05 aconchego das pessoas. Vai, Carlos, vai ser gauche na vida. (Não 06 sei se estou citando Drummond do modo certo, escrevo de cor).
07 E para pedir aumento de salário – a tortura. Como começar? 08 Apresentar-se com fingida segurança de quem sabe quanto vale em 09 dinheiro – ou apresentar-se como se é, desajeitado e excessivamente 10 humilde.
11 O que faz então? Mas é que há a grande ousadia dos tímidos. E 12 de repente cheio de audácia pelo aumento com um tom reivindicativo 13 que parece contundente. Mas logo depois, espantado, sente-se mal, 14 julga imerecido o aumento, fica todo infeliz.
Clarice Lispector
Assinale a alternativa correta.
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Poesia na 3ª fase modernista
Por fim, confira esta videoaula sobre a poesia da 3ª geração do Modernismo: