A República Velha: contexto político e movimentos sociais

A República Velha é o período conhecido desde o fim do Império com a Proclamação da República em 1889, com a posse dos presidentes militares, e que vai até a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas assume o poder. Em seguida começa a Era Vargas. Estude esse conturbado período nesta aula de História Enem e vestibular.

Confira nesta aula gratuita como foram os tempos da “República Velha”, também conhecida como ‘República da Espada’. É historia do Brasil para você mandar bem nas provas de História no Enem.  Tem esse nome de República Velha o período no qual os militares dominaram o Brasil logo após a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, e até o dia 3 de novembro de 1930 quando Getúlio Vargas assume a Presidência do país.

A República Velha

Este período se caracteriza como uma transição desde o final do Império até que o Brasil tivesse estatutos legais e instituições estáveis, num processo de consolidação da república. No aspecto político, o controle do governo ocorreu inicialmente pelos militares, num período denominado República da Espada, que foi de 1889 até 1894.

E, depois, pelas pelas oligarquias latifundiárias, principalmente vinculadas à cultura do Café em São Paulo, e da Pecuária, em Minias Gerais. Eram os tempos da política do café com leite.

República Velha

Com o golpe liderado pelos militares em 1889 para a Proclamação da República algumas providências foram tomadas, como, por exemplo, a expulsão da Família Real e a formação de um governo para o novo regime. Passou-se a aplicar decretos-lei devido à anulação da Constituição de 1824, até que fosse feita uma nova.

Entre as medidas do governo provisório republicano, temos a escolha da República Federativa como regime político; a transformação das províncias em estados; dissolução das Assembleias provinciais e municipais, com nomeação de interventores e intendentes para os municípios; nova bandeira, com um lema positivista “ordem e progresso”.aula10_fig01.png

Convocou-se uma Assembleia Constituinte (1891); consagrou a separação entre Igreja e Estado, com a instituição do casamento civil, secularização dos cemitérios e obrigatoriedade das certidões de nascimento, casamento e óbito civis; e por fim a dita “grande naturalização”, pela qual todo estrangeiro que estivesse no país seria considerado brasileiro automaticamente, caso contrário deveria se manifestar.

Quem podia votar?

Para saber mais sobre as mudanças promovidas pela Constituição de 1891 veja com a professora Ana Cristina Peron o resumo gratuito de história.

Mandou bem a professora Ana. Têm mais aulas com ela no canal do Curso Enem Gratuito.

O cenário político na República Velha

Neste tempo ainda foi reformulado o Código Penal. Dentro do governo provisório, ainda na República da Espada, o autoritarismo do marechal Deodoro da Fonseca crescia na mesma proporção de sua oposição política, fato que geraria conflitos mais tarde.

Com a promulgação da nova Carta Constitucional, mudanças importantes seriam feitas, com a adoção de um regime representativo, com voto universal masculino para os alfabetizados, maiores de 21 anos de idade; ficava claro o federalismo, em que a União só entraria para resolver casos de desordem nos estados, disputas litigiosas, cumprimento das leis ou reprimir uma invasão estrangeira.

O presidente seria eleito pelo voto direto para quatro anos e, caso algo acontecesse, em que ele fosse obrigado a sair antes da metade do tempo previsto para o seu mandato, o vice assumiria e realizaria novas eleições, e caso ele saísse depois da metade do tempo de seu mandato, o vice assumiria até o fim do tempo normal.

O primeiro presidente seria eleito por vias indiretas até se estabelecer uma justiça eleitoral e mudasse o sistema de voto fora das igrejas; com isso o Marechal Deodoro da Fonseca foi eleito pela assembleia, contanto com o apoio dos republicanos históricos e dos militares e a oposição de Prudente de Moraes, candidato dos cafeicultores.

A Crise do Encilhamento

Uma crise econômica provocada pelo ministro Rui Barbosa, chamada de “encilhamento”, onde, para dar apoio à industrialização, foi emitido mais dinheiro, gerando empréstimos às cegas e grande especulação financeira; o resultado era o esperado, a desvalorização da moeda, empresas fantasmas e falências. rui-barbosa-e-o-encilhamento A crise econômica do Encilhamento veio contribuir fortemente para a queda do velho marechal, que tentou fechar o Congresso em uma manobra precipitada, pois achava ele que os parlamentares estavam querendo tirá-lo do poder, devido às fortes críticas que faziam.

Ao tentar dissolver o Legislativo federal, quis proclamar estado de sítio, mesmo não tendo poder para tanto; como parte dos militares (incluindo a Marinha) foi contra, ele resolveu renunciar, para que não acontecesse uma guerra civil, ou algo do tipo.

Assumiu então o marechal Floriano Peixoto no dia 23 de novembro de 1891. Ele não convocou novas eleições, causando um grande mal-estar político; sua atuação para com a sua recém-feita oposição foi forte, com o desterro de civis e reforma dos militares de alta patente ou transferência para a Amazônia como punição.

Floriano Peixoto enfrenta basicamente duas revoltas e as duas ele venceu quase no mesmo momento, sendo elas a Revolução Federalista e a Revolta da Armada. A primeira estoura no Rio Grande do Sul, onde havia uma disputa forte entre dois grupos políticos, os “pica-paus” do Partido Republicano Rio-Grandense, favorável ao presidencialismo e à autonomia estadual.

Ele governa até o dia 15 de novembro de 1894, fechando o ciclo da República da Espada. Enfrentou revoltas e rebeliões inclusive de cunho monarquista.

Entenda melhor o governo de Deodoro da Fonseca e o que foi o Encilhamento na videoaula do Curso Enem Gratuito:

O Marechal Deodoro exerceu o poder muito ao estilo da Guerra do Paraguai.

O Massacre de Anhatomirim

Revoltas Monarquistas terminam em fuzilamento dos rebeldes

Eles ainda foram os realizadores da Constituição estadual de linha positivista, com a reeleição para o cargo de presidente da província e “maragatos”, sendo estes últimos os federalistas, liderados por Gaspar da Silveira Martins, juntamente com João Nunes da Silva Tavares, conhecido como o “Joca Tavares”, que pretendiam derrubar o presidente da Província (nome dado ao governador naquele tempo), Júlio de Castilhos.

Os combates atingiram Santa Catarina e também o Paraná, sendo que os revoltosos tentariam ir até o Rio de Janeiro, derrotados na batalha da Lapa, voltaram ao estado catarinense, no qual o governo local foi derrubado e feito um governo provisório revolucionário; com táticas de guerrilhas e massacres perpetuados por ambos os lados.

Veja na imagem os canhões da Fortaleza de Anhatomirim, onde os rebeldes monarquistas de Santa Catarina foram mantidos prisioneiros até o fuzilamento.canhoes-do-forte-de-anhatomirim

Foi uma luta sangrenta com um fim pesado, devido ao governo mão forte do coronel Moreira César, responsável pelos fuzilamentos, com julgamentos sumários, na ilha de Anhatomirim na Baía Norte da Ilha de Santa Catarina, para com os considerados traidores do regime republicano e do governo de Floriano.

Ainda como castigo generalizado, o nome da capital de Santa Catarina foi trocado de ‘Nossa Senhora do Desterro’ para ‘Florianópolis’, em homenagem ao então presidente Floriano Peixoto.

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Bases de Dominação

O controle do poder político era feito pela Constituição de 1891, que, como já se disse anteriormente, dava o controle para as elites rurais, principalmente a do café.

As formas de dominação eram simples, passavam do poder local ou regionalista dos coronéis, indo até a troca de interesses entre os poderes estaduais e o federal, culminando na famosa dominação exercida por paulistas e mineiros.

O coronelismo era a dominação local, no qual um grande proprietário de terras ou um grupo pequeno tinha o mando, tendo em suas mãos juízes, delegados, prefeitos e políticos locais em geral; isso quando os próprios não exerciam esses cargos. A maioria da população era controlada através do voto, que era aberto, sendo conhecido como “voto de cabresto”. Conseguindo base eleitoral, essas elites acabavam por dominar a situação política, não admitindo opositores.

O nome coronelismo vem desde os tempos das Regências, com a criação da Guarda Nacional, onde o posto máximo era o de coronel, lembrando que a dita Guarda foi criada para atender aos interesses dos latifundiários.

Outra forma de dominação do poder era realizada com a “Política dos Governadores”, estabelecida no governo de Campos Sales. Na prática era a troca de apoio político entre o governo federal e os governos estaduais, em que os governadores estaduais, junto com os deputados federais de seus respectivos estados, se reuniam para apoiar o governo federal em várias ocasiões, mas principalmente nas votações do Congresso.

Votando com o governo, esses estados, que deram apoio, recebiam em troca ajudas das mais variadas, mas geralmente eram obras ou verbas. Tal negociação ainda existe em nossos dias só que acontece com os partidos que apoiam o governo.

Essa troca de apoio político na República Velha quase não admitia oposições, todos os estados acabavam por apoiar o governo para que não ficasse num ostracismo político-administrativo. Se, por ventura, fosse eleito algum membro indesejável da oposição, era fácil de fazer sua eliminação do Congresso.

Para ser de fato deputado federal era preciso ter uma espécie de diploma conferido pelo governo federal, ou seja, a não obtenção deste representaria a impossibilidade de tomar posse no Congresso; tal corte era conhecido como “degola”; se o governo quisesse não haveria oposição no Congresso, somente situação; mas para manter o ar democrático da República, sempre uma parcela do Congresso era dada à oposição, número esse que girava no máximo em 20% dos congressistas.

Movimentos Sociais da República Velha

Movimentos Sociais Rurais

Os movimentos rurais ocorridos durante a República Velha, basicamente, são resumidos em dois, Canudos e o Contestado; ambos foram formados por sertanejos de condição humilde e com uma previsão de vida melhor nas promessas de alguém.

Isso dá aos movimentos um caráter messiânico, ou seja, movimentos religiosos nos quais a Igreja não tem participação direta, mas possuem um líder, considerado por seus seguidores como um homem santo (sendo este um beato, conselheiro ou santo propriamente dito); com promessas de uma justiça divina na Terra, entre outras; ele agrupa em torno de si um grupo de fiéis seguidores, cuja tendência é sempre aumentar, geralmente pelos milagres que lhe são atribuídos ou os seus discursos de um mundo melhor, sempre entoando a palavra de Deus.

Tais movimentos eram comuns no interior do Brasil, devido à pobreza e ignorância do povo crente em um paraíso na Terra e cansado da exploração dos “coronéis” e latifundiários.

Logo no início da República aconteceu um movimento que já estava em vias de estourar no nordeste brasileiro, mais especificamente na Bahia, em Canudos. A história de tal movimento começa com Antônio Conselheiro, um beato que perdeu apoio da Igreja Católica e saiu pelo nordeste afora fazendo pregações; quando da queda do império e a criação da monarquia, o beato passou a ligar a república com uma grande seca que o nordeste sofria.

Tal seca provocou um êxodo para a região da amazônica, levando nova mão de obra para a borracha; contudo os nordestinos sofriam com a seca, que, nas palavras de Antônio Conselheiro, era mandada por Deus, como castigo; ele era contra a proclamação da república, o casamento civil e a separação da Igreja e do Estado.

Antônio Vicente Mendes Maciel passou a reunir atrás de si pessoas expulsas de suas terras por coronéis e desabrigados em geral. Por causa de uma cobrança de impostos municipais, em edital do governo federal, ocorreu o primeiro choque com as autoridades, em que o Conselheiro queimaria os editais de cobrança; com uma perseguição das autoridades, os rebeldes foram se refugiar nas imediações de Canudos, onde passaram a viver em comunidade, com trabalho coletivo em plantações e criação de rebanhos.

Com uma proposta de “sem patrões” e “nem desempregados”, Canudos passou a ser uma salvação para muita gente do interior, seguindo em número expressivo para aquela região, passando a preocupar as autoridades, que viam nisso uma possibilidade de perda da mão de obra. As ideias religiosas e o ponto de vista político seriam usados como motivo para o fim do arraial que se formava, sendo que já era a segunda maior cidade da Bahia.

Logo foram mandadas expedições militares, que fracassavam uma após a outra, devido ao pouco conhecimento da região. A terceira expedição contou com o então herói da República, o coronel Moreira César, o mesmo que combatera os federalistas e a revolta da Armada no sul do país, sendo famoso pelos seus atos de crueldade. Sua derrota foi vergonhosa, enquanto a imprensa publicava os atos bárbaros dos sertanejos e suas “ideias” monarquistas.

Outra expedição mais preparada partiu em meados de 1897, derrotando com muito custo o arraial em outubro do mesmo ano.

Outra manifestação de revolta rural aconteceu em Santa Catarina, sendo também um movimento messiânico, com a participação de um líder religioso, o monge José Maria.

A região ficaria conhecida como Contestado, por causa da disputa de terras entre o Paraná e Santa Catarina. Ambos se diziam donos das terras em litígio; a disputa durou de 1912 até 1916.

Os problemas com as terras na região eram antigos e os conflitos esporádicos eram, de certa forma, comuns, mas a situação ficou pior quando da construção de uma estrada de ferro que ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul. Com denúncias de corrupção, o americano Percival Faquhar ganhou a licitação para a construção. Ele já era famoso pela construção de estrada de ferro Madeira-Mamoré.

Os conflitos começaram com a concessão de uma faixa de 30 km ao redor da linha férrea para a companhia construtora (Brazil Railway Company), de onde a população local seria expulsa. Os operários recrutados ficaram abandonados após o término da obra, e uma subsidiária da construtora, a madeireira Southern Lumber Company, ganhou um gigantesco lote de terras na região de Três Barras/Canoinhas.

A Guerra do Contestado

O monge José Maria via na república a causadora de todos os males que o povo passava, considerando-a a “lei do diabo”; seu nome estaria ligado ao de outro monge importante da região, João Maria, que estava ligado ao do federalista Gumercindo Saraiva; dizia-se irmão do primeiro monge; sua liderança não foi grande, pois morreu logo no início do conflito. Acusado de monarquista, o motivo já estava dado para um combate mais forte. guerra do contestado

 Usando armas pesadas e até avião de reconhecimento, o governo venceu e os bandos de revoltosos foram sendo derrotados numa região de guerra no Planalto de Santa Catarina e o Sul do Estado do Paraná. Veja aqui uma aula completa sobre a Guerra do Contestado.

Movimentos Sociais Urbanos na República Velha

Não foi no campo a insatisfação com a situação governista da elites brasileiras, também nas cidades ocorreram movimentos populares e militares contra a ordem estabelecida. Um dos primeiros e mais importantes foi a Revolta da Vacina. Sua origem remonta à situação das camadas inferiores no Rio de Janeiro, então capital do Brasil.

As elites sempre viram com olhos tortos o povão; com a situação econômica melhorando graças ao “Funding Loan”, de Campos Salles, ao entrar no governo, o presidente Rodrigues Alves passou a fazer obras na capital federal, entre elas estavam um sistema de água e esgotos e a abertura de avenidas.

O então prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, deu início às obras de melhorias, que obviamente não incluíam o povo, que morava em favelas e cortiços espalhados pelo centro da cidade maravilhosa e, com as obras, foi transferido ou enxotado para os morros e para a periferia (Baixada Fluminense). Tal descontentamento explodiu quando o ministro da saúde da época, Osvaldo Cruz, conseguiu aprovar a vacinação obrigatória contra a varíola, doença essa altamente contagiosa.

A população não entendeu o processo e pensou que a vacina com os anticorpus passaria a doença e passou a não querer a vacinação. O que ocorreu foi uma série de distúrbios, em que até o exército foi chamado, resultando em várias mortes. Havia pessoas que falavam que o governo queria matar de vez o povo com a vacina, lembrando as obras de Pereira Passos e suas consequências. A oposição durante o desenrolar da revolta se pôs ao lado do povo, vendo nela uma forma de até tomar o poder.

Outro movimento foi a Revolta da Chibata, ocorrida na Marinha do Brasil em 1910, durante a presidência de Hermes da Fonseca, quando os marinheiros cansados dos castigos corporais fizeram eclodir o movimento para a surpresa de muitos. Apesar de ser umas das maiores marinhas do mundo, a brasileira ainda tinha os temidos castigos corporais, entre outros. Conta-se que uma punição breve era motivo de solitária a pão e água e uma pena grave seria paga com as chicotadas.

Na data marcada para uma punição em frente da guarnição teve início a revolta; dominados os oficiais, os marinheiros deslocaram os dois maiores navios da marinha (São Paulo e Minas Gerais) e abriram fogo na capital, lançando um manifesto pedindo o fim dos castigos corporais, melhores soldos, mudanças no recrutamento e anistia geral aos participantes. Seria difícil para o governo aceitar tais condições, mas, por outro lado, não havia muita escolha.

A revolta foi comemorada e seu líder, João Cândido, apelidado de “o almirante negro”, ganhou fama; porém a anistia dada seria retirada logo. Uma revolta ocorrida na ilha Fiscal – RJ, pôs o governo em ação, ligando-a aos marinheiros da Chibata; teve início uma série de perseguições e banimentos, sendo a maioria para a Amazônia, onde na viagem foram fuzilados cerca de dez marinheiros pelos motivos mais variados e nenhum totalmente justificado.

Mais uma vez nas cidades seria deflagrado outro movimento, desta vez totalmente urbano, pois ocorreu em São Paulo, em 1917. A cidade estava em pleno crescimento com o afluxo de imigrantes, e a Primeira Guerra Mundial provocou um crescimento no número de indústrias, pois era necessária uma substituição de produtos que não vinham mais para o Brasil devido ao conflito europeu.

Com isso também crescia o operariado paulista, que, ligado aos imigrantes italianos e espanhóis, passava a protestar por melhores condições de trabalho, incluindo os salários.

O princípio da greve foi em uma tecelagem do grupo Klabin. Juntaram-se a ela várias outras fábricas, incluindo a dos Matarazzo. A greve tomou a cidade, parando-a logo em seguida; em todo país seus efeitos não foram duradouros, apesar de durar três meses (mas não diretos), contudo sua importância está no fato de ter conquistado algum benefício para os operários.

Dois anos depois, em 1919, outra série de greves agitou o país, mas sem uma duração de destaque, apesar de elas também serem lideradas por anarquistas, tendo a participação de socialistas marxistas. Com esse movimento, os trabalhadores tomaram consciência de sua força e união, lutando pelos seus direitos; mas sempre combatidos pela polícia ligada aos patrões.

Inúmeros líderes seriam deportados, pois eram todos estrangeiros, com isso os governos acharam um meio de enfraquecer os movimentos operários, com a criação de cotas nas indústrias para trabalhadores brasileiros, diminuindo gradativamente o número de vagas para os imigrantes.

Crise da República Velha

O Tenentismo

Durante o século XX, o número de elementos oriundos da classe média começou a aumentar, portanto, os seus ideais também; cansados da dominação das oligarquias rurais, passaram a contestar o seu poder e, seguindo os ideais positivistas, viram no próprio exército a força capaz de mudar o rumo da nação mais uma vez. Tal movimento seria liderado pelos jovens oficiais do exército, daí o nome de “tenentismo”.

A chamada segunda questão militar teve início com o descontentamento geral da situação militar; o pensamento desses oficiais era de serem contra o sistema eleitoral dominante, contra a administração corrupta, defendiam uma mudança administrativa e educacional, eram favoráveis ao voto secreto e se sentiam no dever de dirigir o povo, que, na concepção de muitos, era despreparado.

A primeira revolta se deu na capital federal, no Forte de Copacabana, em julho de 1922, quando os oficiais do forte lideraram um movimento, pensando que teria a adesão de todos os militares. O motivo para a revolta teria sido uma série de cartas ofensivas aos militares, que seriam de autoria do presidente eleito, Artur Bernardes.

Apesar da não adesão das demais tropas, os revoltosos do forte saíram em desfile, recebendo a adesão de um civil e aplausos de alguns transeuntes; o número exato dos participantes é incerto, mas eles ficaram conhecidos como “Os Dezoito do Forte”.

Percorrendo a orla da praia de Copacabana, encontraram as tropas legalistas e as atacaram, sobrando somente quatros revoltosos, que foram hospitalizados. Desses, somente dois resistiram aos ferimentos, os tenentes Eduardo Gomes e o líder Siqueira Campos.

Outra manifestação de certa forma tenentista foi uma revolta ocorrida no sul do país. Além do Distrito Federal , outros estados também viveram sérias perturbações políticas . No Rio Grande do Sul, as eleições estaduais foram o estopim para desencadeamento de uma revolta articulada por oligarcas dissidentes.

A constituição gaúcha era a única do país que previa a reeleição para o cargo de presidente do estado (corresponde aos atuais governadores). Isso permitiu que Borges de Medeiros governasse autoritariamente o Rio Grande do Sul por cerca de 25 anos.

Nas eleições de 1922, a oposição sul-rio-grandense organizou-se em uma Aliança libertadora e lançou a candidatura de Assis Brasil. Este acreditava contar com a preferência do presidente Bernardes, uma vez que Borges de Medeiros não apoiava a sua candidatura e sim a de Nilo Peçanha.

Dica 3 – A chegada de Cabral, o Brasil Pré-Colonial, as Capitanias Hereditárias e Governos Geral. Revise a do História do Brasil nesta aula de História Enem – https://blogdoenem.com.br/brasil-descobrimento-historia-enem/

As eleições estaduais ocorreram em meio a tumultos e fraudes. A máquina eleitoral deu vitória ao velho “coronel gaúcho”, Borges de Medeiros, garantindo sua reeleição para a presidência do estado pela Quinta vez consecutiva. Inconformados, os “libertadores” de Assis no Brasil reagiram violentamente.

Os membros do tenentismo, apesar de terem as mesmas pretensões políticas da maioria da população, não se preocuparam em organizar as massas, dando ao movimento um caráter elitista, perdendo assim a chance de uma tomada do poder.

Porém, nas eleições de 1930, o candidato gaúcho Getúlio Vargas foi derrotado nas urnas pelo candidato paulista Júlio Prestes. Getúlio denunciou que o resultado erar uma fraude pelos votos de cabresto, nos currais eleitorais, e outros tipos de irregularidades.

Os líderes militares da época, muitos deles egressos das bases tenentistas das décadas anteriores, apoiaram Getúlio Vargas que teve apoio popular e político de importantes Estados da Federação e tomou o poder à força, no movimento denominado Revolução de 1930. Tem início a Era Vargas.

Veja um resumo online sobre a Era Vargas:

 

Relação de Presidentes

Presidente

Início do mandato

Fim do mandato

Partido

Vice-presidente(s)

Mandato

1

Deodoro da Fonseca

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15 de novembro de 1889

23 de novembro de 1891

Nenhum (militar)

Floriano Peixoto

1

2

Floriano Peixoto

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23 de novembro de 1891

15 de novembro de 1894

nenhum

3

Prudente de Morais

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15 de novembro de 1894

15 de novembro de 1898

PartidoRepublicano Federal

PR Federal

Manuel Vitorino

2

4

Campos Sales

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15 de novembro de 1898

15 de novembro de 1902

Partido

Republicano Paulista

PRP

Rosa e Silva

3

5

Rodrigues Alves

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15 de novembro de 1902

15 de novembro de 1906

Silviano Brandão

·

Afonso Pena

4

6

Afonso Pena

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15 de novembro de 1906

14 de junho de 1909

Partido

Republicano Mineiro

PRM

Nilo Peçanha

5

7

Nilo Peçanha

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14 de junho de 1909

15 de novembro de 1910

Partido

Republicano Fluminense

PRF

nenhum

8

Hermes da Fonseca

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15 de novembro de 1910

15 de novembro de 1914

Partido

Republicano Conservador

PRC

Venceslau Brás

6

9

Venceslau Brás

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15 de novembro de 1914

15 de novembro de 1918

Partido

Republicano Mineiro

PRM

Urbano Santos

7

Rodrigues Alves

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Não assumiu por ter falecido antes

Partido

Republicano Paulista

PRP

Delfim Moreira

8

10

Delfim Moreira

(interino)

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15 de novembro de 1918

28 de julho de 1919

Partido

Republicano Mineiro

PRM

nenhum

11

Epitácio Pessoa

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28 de julho de 1919

15 de novembro de 1922

Delfim Moreira

·

Bueno de Paiva

12

Artur Bernardes

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15 de novembro de 1922

15 de novembro de 1926

Estácio Coimbra

9

13

Washington Luís

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15 de novembro de 1926

24 de outubro de 1930

Partido

Republicano Paulista

PRP

Melo Viana

10

Júlio Prestes

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Não assumiu por causa da Revolução de 1930

Vital Soares

11

Augusto Fragoso

·

Isaías de Noronha

·

Mena Barreto

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24 de outubro de 1930

3 de novembro de 1930

Nenhum (militares)

nenhum

11

·

12

·

13

14

Getúlio Vargas

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3 de novembro de 1930

29 de outubro de 1945

Aliança Liberal

AL

15

José Linhares

(interino)

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29 de outubro de 1945

31 de janeiro de 1946

nenhum

16

Eurico Gaspar Dutra

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31 de janeiro de 1946

31 de janeiro de 1951

Partido

Social Democrático

PSD

Nereu Ramos

14

17

Getúlio Vargas

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31 de janeiro de 1951

24 de agosto de 1954

Partido

Trabalhista Brasileiro

PTB

Café Filho

15

18

Café Filho

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24 de agosto de 1954

8 de novembro de 1955

Partido

Social Progressista

PSP

nenhum

19

Carlos Luz

(interino)

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8 de novembro de 1955

11 de novembro de 1955

Partido

Social Democrático

PSD

nenhum

20

Nereu Ramos

(interino)

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11 de novembro de 1955

31 de janeiro de 1956

21

Juscelino Kubitschek

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31 de janeiro de 1956

31 de janeiro de 1961

Partido

Social Democrático

PSD

João Goulart

16

22

Jânio Quadros

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31 de janeiro de 1961

25 de agosto de 1961

Partido

Trabalhista Nacional

PTN

17

23

Ranieri Mazzilli

(interino)

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25 de agosto de 1961

7 de setembro de 1961

Partido

Social Democrático

PSD

nenhum

24

João Goulart

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7 de setembro de 1961

1 de abril de 1964

Partido

Trabalhista Brasileiro

PTB

nenhum

25

Ranieri Mazzilli

(interino)

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2 de abril de 1964

15 de abril de 1964

Partido

Social Democrático

PSD

nenhum

26

Castelo Branco

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15 de abril de 1964

15 de março de 1967

Aliança

Renovadora Nacional

ARENA

José Maria Alckmin

18

27

Costa e Silva

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15 de março de 1967

31 de agosto de 1969

Pedro Aleixo

19

Junta Governativa

Provisória de 1969

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31 de agosto de 1969

30 de outubro de 1969

Nenhum (militar)

nenhum

28

Garrastazu Medici

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30 de outubro de 1969

15 de março de 1974

Aliança

Renovadora Nacional

ARENA

Augusto Rademaker

20

29

Ernesto Geisel

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15 de março de 1974

15 de março de 1979

Adalberto dos Santos

21

30

João Figueiredo

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15 de março de 1979

15 de março de 1985

Partido

Democrático Social

PDS

Aureliano Chaves

22

Tancredo Neves

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Não assumiu por ter falecido antes

Partido do Movimento

Democrático Brasileiro

PMDB

José Sarney

23

31

José Sarney

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15 de março de 1985

15 de março de 1990

nenhum

32

Fernando Collor

image113.jpg 

15 de março de 1990

29 de dezembro de 1992

Partido da

Reconstrução Nacional

PRN

Itamar Franco

24

33

Itamar Franco

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29 de dezembro de 1992

1 de janeiro de 1995

nenhum

34

Fernando Henrique

Cardoso

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1 de janeiro de 1995

1 de janeiro de 2003

Partido da Social

Democracia Brasileira

PSDB

Marco Maciel

25

26

35

Luiz Inácio

Lula da Silva

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1 de janeiro de 2003

1 de janeiro de 2011

Partido dos

Trabalhadores

PT

José Alencar

27

28

36

Dilma Rousseff

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1 de janeiro de 2011

reeleita em 2014.

Deposta no Impeachment

O vice. Temer,

assume em 2016

Michel Temer

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Desafios

Questão 1

O artigo 42 da Constituição de 1891 tratava do caso de impossibilidade de governo por parte da figura do presidente, em caso de ausência ou renúncia. Pelo presente artigo, Floriano Peixoto:

a) deveria convocar uma nova Assembleia Constituinte.
b) poderia ser eliminado do poder pela Marinha brasileira, que atuaria em casos desses tipos, mantendo a ordem republicana.
c) deveria convocar o Congresso para um golpe de Estado e governar com mãos fortes.
d) deveria assumir o cargo de presidente do Brasil, para o período eleito, segundo a eleição feita pelo Congresso.
e) deveria realizar novas eleições, pois ainda não havia findado metade do mandato do presidente que renunciou.

Questão 2

Por que o nome de República da Espada?

a) Devido ao período de instalação da República no Brasil, quando o controle foi dado aos militares.
b) Foi por causa dos combates que aconteceram para a instalação de tal regime.
c) O motivo era o domínio dos militares da marinha no cenário da política nacional.
d) Devido ao desenvolvimento de um pensamento militarista em toda a sociedade, em parte causado pelo êxito na Guerra do Paraguai.
e) Por causa do domínio do exército que deu o golpe e chefiou sozinho o processo de instalação da República em nosso país.

Questão 3

Vários acordos econômicos foram feitos pelo Brasil ao longo de sua história e a maioria deles era de negociação da dívida externa, sendo isso um fantasma que quase todo o brasileiro já se acostumou a viver junto. Neste contexto, qual a primeira grande negociação de nossa dívida durante a República?

a) Uma ocorrida durante a Era de Vargas, visando à criação de uma nova moeda, o cruzado.
b) A do “Funding Loan” com o presidente Campos Salles.
c) O Pacote de Abril do governo Prudente de Moraes.
d) O “dividão” de Rui Barbosa.
e) O “encilhamento” já no primeiro governo republicano.

Questão 4

Assinale a alternativa que explica o porquê do nome ‘tenentismo’?

a) Por ser um movimento de caráter socialista.
b) Por ter forte influência da burguesia nacional dentro de suas fileiras.
c) Pela defesa do comércio e fronteiras do país.
d) Pela defesa da divisão territorial nacional.
e) Pela participação de jovens oficiais do exército.

Questão 5

(Unifesp 08) “Aquilo não era uma campanha, era uma charqueada. Não era a ação severa das leis, era a vingança. Dente por dente. Naqueles ares pairava, ainda, a poeira de Moreira César, queimado; devia-se queimar. Adiante, o arcabouço decapitado de Tamarindo; devia-se degolar. A repressão tinha dois pólos – o incêndio e a faca… Ademais, não havia temer-se o juízo tremendo do futuro. A História não iria até ali.” (Euclides da Cunha, “Os Sertões”.)

Essa passagem do livro:

a) revela a preocupação que os protagonistas de ambos os lados tinham com relação às implicações políticas de suas ações.

b) denuncia mais do que a crueldade de ambos os lados, o sentimento de impunidade entre as forças da repressão.

c) mostra que ambos os lados em luta estavam determinados a destruir o adversário para não deixar provas de sua conduta.

d) critica veladamente a ausência de interesse por parte da opinião pública e da imprensa com relação ao episódio relatado.

e) indica que o autor, por acompanhar de longe os acontecimentos, deixou-se levar por versões que exageraram a crueldade da repressão.

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