O termo Uberização é utilizado para identificar mudanças no mundo do trabalho em que plataformas ou sistemas de tecnologia agregam e conectam clientes e fornecedores de serviços diversos. Confira:
A expressão explicita os modelos em que estas plataformas funcionam como canal de contratação entre os clientes e os trabalhadores que prestam os serviços. A Uberização ganhou este nome em função do alcance global da plataforma Uber. Veja nesta aula a seguir todas as características.
A contratação e o pagamento são feitos feito através da plataforma, que retém uma parte do valor pago pelo cliente, e que depois repassa a diferença para o trabalhador. Mas, o trabalhador não tem vínculo trabalhista com a plataforma.
Entenda o que é a Uberização
Imagine como funciona o IFood, Rappi, o Get Ninjas e o Uber, por exemplo. Em todos estes sistemas você tem, de um lado, as pessoas interessadas em “pedir comida”, “encontrar um encanador”, ou em “pedir um carro com motorista para um transporte determinado”. Este é o lado dos consumidores.
No meio está a Plataforma, que recebe o pedido para buscar o trabalhador para atender à encomenda do cliente. Aí entra em cena o lado dos trabalhadores prestadores de serviço.
A Plataforma “pega o pedido”, localiza no seu radar o prestador de serviço mais próximo, ou com o perfil solicitado de produto, e faz a conexão.
Trabalhadores sem garantias
Porém, o termo Uberização não caracteriza apenas este desenho de tecnologia e de comunicação. A Uberização foca também a relação de trabalho que se estabelece (ou não) entre os trabalhadores que prestam os serviços, e a Plataforma agregadora.
Não existe vínculo trabalhista entre a plataforma e os prestadores de serviço, apesar da Plataforma reter uma parcela do valor do serviço contratado.
Este fenômeno é chamado de precarização da força de trabalho, que fica sem direitos como férias remuneradas, sem 13º salário, Fundo de Garantia, ou mesmo assistência social nos afastamentos do trabalho por acidente.
E, sem o vínculo formal, o trabalhador não soma contribuições previdenciárias organizadas pela empresa da plataforma para contar o tempo de aposentadoria, e nem seguro desemprego.
Uberização globalizada
O conceito de uberização também pode ser aplicado ao cenário internacional. Na área de Tecnologia da Informação, por exemplo, empresas globais contratam desenvolvedores de programação sem observar fronteiras nacionais.
E, trabalhando de casa, os desenvolvedores prestam serviços para empresas de diversos países. Em, em alguns casos, prestam serviços para diversas empresas ao mesmo tempo.
Nestes casos, mesmo em profissões vinculadas à tecnologia da Informação e com alta remuneração, também podem acontecer a mesma flexibilização ao estilo do Uber ou do IFood, sem gerar vínculos trabalhistas e garantias assistenciais.
As consequências no mundo do trabalho
Veja agora como professor Rafael Carrieri, do canal do Curso Enem Gratuito, a dimensão social do fenômeno da Uberização aplicado às relações trabalhistas.
Conferiu no vídeo? O professor Carrieri enfatiza a questão da Flexibilização do Mundo do Trabalho.
O que é a Flexibilização do Trabalho
Em todo este processo da Uberização é preciso compreender o papel que as empresas de tecnologia vêm desempenhando para criar as condições para a Flexibilização do Mundo do Trabalho.
A Tecnologia é uma ferramenta que permite que um determinado trabalho seja realizado. Quanto mais eficaz a tecnologia, maior a produtividade do serviço prestado ou do produto fabricado. Porém, este movimento muda também a organização do trabalho na sociedade.
Modificam-se as formas de produção e também as relações de trabalho. No caso da Uberização, com a inserção de novas tecnologias, que podem ser locais, regionais ou globais, surge uma “redução das distâncias” através da comunicação digital.
Em paralelo às novas tecnologias da comunicação, que são características da Globalização, as empresas que operam com Plataformas digitais de contratação de serviços ou venda de produtos passam a estar “presentes” na palma da mão do cliente, conectado em um celular ou computador.
Porém, por outro lado, os trabalhadores, dentro deste cenário, tornam-se vendedores avulsos da sua força de trabalho, dos serviços prestados e mesmo produtos produzidos. Mesmo fazendo parte de um grupo cadastrado em uma plataforma o trabalhador vive uma relação “informal”.
Veja também no resumo do professor Carrieri como o fenômeno da robotização na indústria também gerou a substituição intensiva da mão de obra no setor industrial.
A Revolução Industrial provou a maior ruptura história nas relações de trabalho e no modo de organização da Produção. O Modelo fabril, inicial, concentrava os trabalhadores em galpões, com jornada definida e tarefas parametrizadas. Confira noresumo sobre a Revolução Industrial, com o professor Felipe de Oliveira:
Agora, na Flexibilização, o movimento ocorre ao contrário, com o desregramento e o desagrupamento da força de trabalho.