As mudanças previstas para o novo Enem, em 2024, bem como a implementação do novo ensino médio, serão suspensas pelo Governo Lula.
Nesta segunda-feira, dia 3 de abril, foi anunciado que o Governo Lula irá suspender a implementação do novo ensino médio e também das mudanças previstas para o novo Enem. Para os próximos dias, é esperada a publicação de uma portaria sobre a interrupção dos processos.
O Exame Nacional do Ensino Médio representa a principal porta de entrada de estudantes para o ensino superior em instituições públicas no Brasil. As alterações esperadas para 2024 no novo Enem seriam resultado da adequação das provas às regras do novo ensino médio.
A suspensão acontece concomitantemente à consulta pública sobre o tema, que foi iniciada no mês de março e terá 90 dias de duração, com chance de extensão, e mais 30 dias para a elaboração de um relatório pelo Ministério da Educação (MEC). A portaria vai alterar a portaria 521 de julho de 2021, e tem aprovação da equipe do presidente.
A revogação total do novo ensino médio depende de aprovação do Congresso. Por isso, a suspensão desses prazos foi a solução encontrada para tranquilizar estudantes e críticos às alterações na grade horária escolar.
O que é o novo ensino médio
O novo ensino médio, aprovado em 2017 a partir de medida provisória, prevê a organização da grade horária em duas partes.
Isso significa que, 60% da carga horária dos três anos seria comum para todos os estudantes, com as disciplinas regulares. Os outros 40% envolvem disciplinas optativas dentro de grandes áreas do conhecimento.
Ainda, o número de horas anuais obrigatórias passaria de 800 para 1000 (quatro para cinco horas diárias).
A implementação do formato tornou-se obrigatória em 2022 e, desde então, tem ocasionado diversos problemas. Enquanto estudantes afirmam a perda de tempo de aula nas disciplinas tradicionais, existem algumas matérias desconectadas do currículo e deficiências de oferta dos itinerários a todas as escolas.
O atual prazo para a implementação da reforma encerra-se exatamente com o novo Enem, em 2024. É quando a primeira turma completa os três anos da etapa no novo modelo. Por isso, a portaria aguardada para os próximos dias vai revogar também esse prazo de implementação.
Principais desafios do novo formato
Os itinerários do novo ensino médio foram criados para que estudantes pudessem escolher uma área em que tivessem o interesse de aprofundar os conhecimentos. Na prática, não é o que vem acontecendo.
A falta de professores, de espaços apropriados ou laboratórios e a lotação das turmas têm impedido a escolha dos alunos. Dessa forma, as disciplinas optativas estão sendo sorteadas e até impostas em escolas estaduais do país.
Além disso, muitos educadores acham que a aplicação do novo Enem em 2024 é precipitada, já que o novo modelo de ensino passou a ser aplicado em 2022 e muitos estudantes que devem fazer a prova terão se formado no modelo antigo.
Como seria o novo Enem?
O novo Enem, previsto para ter início em 2024, continuaria a ter a aplicação das provas em dois dias, mas com alteração nos formatos.
Atualmente, o exame é dividido em 4 blocos, com 45 questões cada, mais a redação. Os estudantes devem responder questões sobre todas as matérias obrigatórias. Já no novo Enem, as provas seriam divididas da seguinte forma:
- 1º dia: questões sobre matemática, língua portuguesa, língua estrangeira e redação;
- 2º dia: questões referentes ao conteúdo específico de cada estudante.
Os quatro grupos de questões específicas deveriam ser escolhidos no momento da inscrição:
- Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
- Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
- Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
- Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Com o adiamento anunciado, essas mudanças ficam suspensas.
Entenda melhor as mudanças que estavam previstas para o novo Enem:
Com a consulta pública aberta pelo MEC, a reforma do ensino médio ainda pode sofrer alterações ou mesmo ser revogada, por meio da aprovação de um projeto de lei substitutivo.
Foto: Ismael Soares