O Humanismo influenciou as mais importantes obras literárias entre o séc. XIV e séc. XVI. É a fonte portuguesa após o ciclo do Trovadorismo, na passagem da Idade Média para a Era moderna. Confira:
Veja como o Humanismo foi importante na Literatura e nas Artes durante a passagem da Idade Média para o Renascimento no continente Europeu.
O Humanismo foi uma época de transição entre a Idade Média e o Renascimento. Como o próprio nome já diz, o ser humano passou a ser valorizado. Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nem servos e nem comerciantes.
Com o aparecimento desta nova classe social foram aparecendo as cidades e muitos homens que moravam no campo se mudaram para morar nestas cidades, como conseqüência o regime feudal de servidão desapareceu.
Foram criadas novas leis e o poder começou a migrar das mãos da Igreja Católica e dos reis para as as mãos daqueles que, apesar de não serem nobres ou clérigos, estavam ficando mais ricos.O “status” econômico passou a ser muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza.
As Grandes Navegações trouxeram ao homem de Portugal confiança de sua capacidade e vontade de conhecer e descobrir várias coisas. A religião começou a decair (mas não desapareceu) e o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo, ou seja, o homem passou a ser o centro de tudo e não mais Deus.
Os artistas começaram a dar mais valor às emoções humanas. É bom ressaltar que todas essas mudanças não ocorreram do dia para a noite.
HUMANISMO = TEOCENTRISMO X ANTROPOCENTRISMO
Manifestações importantes dentro do Humanismo
Teatro – A Dramaturgia foi a manifestação literária onde ficavam mais claras as características desse período.
Gil Vicente foi o nome de Portugal que mais se destacou, ele escreveu mais de 40 peças. Sua obra pode ser dividida em dois blocos:
• Autos: peças teatrais cujo assunto principal é a religião. “Auto da alma” e “Auto da barca do Inferno” (uma das mais importantes do dramaturgo) são alguns exemplos.
• Farsas: peças cômicas curtas. Enredo baseado no cotidiano. “Farsa de Inês Pereira”, “Farsa do velho da horta”, “Quem tem farelos?” são algumas delas.
Gil Vicente (1465 – 1536) iniciou sua obra de teatro com o Monólogo do Vaqueiro, em 1502, declamado na câmara da rainha D. Maria de Castela.
Ele escreveu 46 peças de teatro que são de cunho totalmente popular e, entre elas, se destacam:
- Farsa de Inês Pereira
- Auto da Fé
- Auto da Índia
- Auto da Lusitânia
- Trilogia das Barcas
- O Velho da Horta
A poesia no Humanismo se diferenciou no Trovadorismo pelos novos recursos introduzidos por ela: novas formas poéticas e temas novos. Esses recursos se distanciaram da formalidade do Trovadorismo.
O texto O Velho da Horta está dentro dos padrões do Humanismo literário. Esse peça conta a história de um senhor que encontra uma moça, enquanto caminha por sua horta e, encantado com a sua beleza, se apaixona por ela.
Por meio de uma alcoviteira, o velho tenta se dar bem, porém a única coisa que consegue é gastar todo seu dinheiro. Finalmente, a alcoviteira é presa e açoitada e a moça, por quem o velho se apaixonou, casa com outro homem.
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Poesia
Em 1516 foi publicada em Portugal a obra “Cancioneiro Geral”. Era uma coletânea de poemas de época, organizada por Garcia Rezende. O Cancioneiro Geral foi a primeira obra impressa em Portugal, e tinha textos em Português e em Castelhano, retratando a obra de diversos autores com poemas amorosos, satíricos, religiosos entre outros.
Prosa
Crônicas: registravam a vida dos personagens e acontecimentos históricos – Fernão Lopes foi o mais importante cronista (historiador) da época, tendo sido considerado o “Pai da História de Portugal”.
Foi também o 1º cronista que atribuiu ao povo um papel importante nas mudanças da história, essa importância era, anteriormente atribuída somente à nobreza.
O Trovadorismo – Veja aula gratuita
Confira um resumo simples e rápido sobre o Trovadorismo, com a professora Camila Zuchetto, do canal Curso Enem Gratuito. Assim você compreende bem a ruptura que foi o Humanismo.
Muito bom o resumo da professora Camila.
Agora, saiba mais sobre Humanismo em mais um super resumo que a professora Camila preparou para você. Após assistir, revise o que você aprendeu respondendo aos nossos desafios!
Desafios para você responder e compartilhar.
Questão 1
Leia o excerto abaixo, extraído da ultima cena do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, e marque a alternativa correta sobre ele.
Anjo: Ó cavaleiros de Deus
a vós estou esperando,
por Cristo, Senhor dos Céus!
Sois livres de todo mal,
mártires da Madre Igreja,
que quem morre em tal peleja
merece paz eternal.
a) A salvação dos cavaleiros, que são convidados pelo Anjo para irem ao Céu, ocorre porque eles morreram em lutas de expansão do cristianismo.
b) Os versos em medida nova utilizados no texto apontam para as preocupações poéticas que o teatro de Gil Vicente possuía.
c) Essa cena final do Auto da barca do inferno prova que o teatro vicentino, embora seja o precursor da literatura renascentista, ainda estava preso a convicções típicas do teocentrismo medieval (no caso, representado na salvação dos cavaleiros cristãos).
d) O Anjo, no texto, não recebe nenhum tratamento alegórico, pois sua fala não está de acordo com os dogmas católicos.
e) A “paz eternal” a que se refere o texto é uma ironia, pois os cavaleiros não tinham motivos para ir ao Céu.
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Questão 2
Gil Vicente, autor representativo do Humanismo em Portugal (1), revela-nos, em sua obra lírica (2), uma ambivalência típica desse período (3): de um lado, a ideologia teocêntrica do mundo medieval (4); de outro, influenciado pelo antropocentrismo emergente (5), é o analista mordaz da sociedade portuguesa do século XVI. É essa ambivalência que o situa como autor de transição (6): entre o Humanismo e o Antropocentrismo (7).
Dos fragmentos destacados:
a) todos estão corretos.
b) todos estão incorretos.
c) apenas 4 e 5 estão incorretos.
d) apenas 2 e 7 estão incorretos.
e) apenas 2, 5 e 7 estão incorretos.
Questão 3
Não queiras ser tão senhora:
casa, filha, e aproveite;
não percas a ocasião.
Queres casar por prazer
no tempo de agora, Inês?
(…)
sempre eu ouvi dizer:
Ou seja sapo ou sapinho,
ou marido ou maridinho,
tenha o que houver posses
Este é o certo caminho.
(Gil Vicente. Farça de Inês Pereira)
Com base nessas palavras e nos conhecimentos sobre o Humanismo, é correto afirmar:
a) O Humanismo procura retratar a realidade de forma ingênua, revelando uma visão idealizada do mundo expressa pelo verso “casa, filha, e aproveite”.
b) O fragmento citado trata o casamento como resultado de um envolvimento amoroso pleno.
c) A leitura do fragmento confirma que o Humanismo, embora dirigido a um público palaciano, adota alguns padrões de discurso popular, como se observa nos quatro últimos versos.
d) O verso “Este é o certo caminho” indica o predomínio de uma visão idílica e idealizada em grande parte do discurso humanista.
e) O olhar humanista, no fragmento citado, imprime à união conjugal uma motivação sentimental. Tal postura suplanta o lirismo amoroso presente em algumas cantigas trovadorescas.
Questão 4
Todo o Mundo: Folgo muito d’enganar
e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.
(Belzebu para Dinato)
Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
Não sejas tu preguiçoso!
Dinato: Quê?
Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso
E Ninguém diz a verdade.
(FUVEST-SP)
O texto afirma que:
a) todo o mundo é mentiroso.
b) Ninguém é mentiroso.
c) Todo o mundo diz a verdade.
d) ninguém diz a verdade.
e) Todo o Mundo é mentiroso.
Questão 5
Leia o trecho abaixo, extraído do Auto da barca do Inferno, de Gil Vicente, e assinale a alternativa incorreta.
Fidalgo: Esta barca onde vai ora,
Que assi está percebida? (aparelhada)
Diabo: Vai pera a ilha perdida,
E há de partir logo essora. (agora mesmo)
Fidalgo: Pera lá vai a senhora!
Diabo: Senhor, a vosso serviço.
Fidalgo: Parece-me isso cortiço.
Diabo: Porque a vedes lá de fora.
Fidalgo: Porém a que terra passais?
Diabo: Para o Inferno, senhor.
Fidalgo: Terra é bem sem sabor.
Diabo: Quê! E também cá zombais?
Fidalgo: E passageiros achais
Pera tal habitação?
Diabo: Vejo-vos eu em feição
Pera ir ao nosso cais.
Fidalgo: Parece-te a ti assi?
Diabo: Em que esperas ter guarida?
Fidalgo: Que deixo na outra vida
Quem reze sempre por mi.
Diabo: Quem reze sempre por ti?
Hi hi hi hi hi hi hi
E tu viveste a teu prazer,
Cuidando cá guarecer, (salvar-se)
Porque rezam lá por ti?
Embarca, ou embarcai.
Que haveis de ir à derradeira.
Mandai meter a cadeira,
Que assi passou vosso pai.
a) Na fala “Senhor, a vosso serviço”, o Diabo está demonstrando gentileza para com o fidalgo, afinal, está recebendo em sua barca um nobre.
b) Na fala “Quê! E também cá zombais?”, o Diabo faz referência à arrogância do fidalgo.
c) O Diabo ironiza a presunção do fidalgo, que acredita que obterá a salvação eterna porque deixou na Terra quem rezasse por sua alma, desmistificando a ideia bastante propalada de que rezar pelos mortos garante a eles o reino dos céus.
d) O Diabo alterna as formas de tratamento (“Embarca, ou embarcai”) para deixar claro que, depois da morte (na “hora da verdade”), a distinção de classe ou de hierarquia social não tem valor.
e) O fidalgo carrega uma cadeira, pois pretende continuar recebendo, depois da morte, o mesmo tratamento distinto. A cadeira simboliza, portanto, o seu elevado status social e a sua presunção.
Você consegue resolver estes exercícios? Então resolva e coloque um comentário no post, logo abaixo, explicando o seu raciocínio e apontando a alternativa correta para cada questão. Quem compartilha a resolução de um exercício ganha em dobro: ensina e aprende ao mesmo tempo. Ensinar é uma das melhores formas de aprender!