Veja a estreia do Barroco no Brasil com o poema Prosopopeia, em 1601. É um movimento cultural de 'saída' da Idade Média e do Renascentismo. Confira para gabaritar Literatura e Artes no Enem!
O Barroco, que se iniciou em Portugal, aproximadamente em 1580, também teve uma passagem importante na Literatura Brasileira. Vamos conferir nessa aula como isso aconteceu e, sem dúvidas, este post fará com que você arrase no seu Vestibular ou no Enem!
O período Barroco na literatura se caracterizou por ser a junção de duas vertentes literárias: o Renascimento e a Idade Média. Ou seja, a produção literária barroca deixou de lado, em partes, o Classicismo renascentista e focou-se para o espiritualismo medieval. Veja na imagem acima o Padre Antônio Vieira, uma das figuras mais importantes do Barroco, tanto na literatura portuguesa quanto na literatura brasileira.
No Brasil, o marco inicial do Barroco foi no ano de 1601, quando o poema Prosopopeia (poema épico, sobre a influência da poesia de Camões na literatura que vinha sendo publicada no Brasil, entre os séculos XVII e XVIII), de Bento Teixeira, foi publicado. E, assim, também é observada a ascensão do movimento árcade.
O Barroco na Literatura Brasileira
O Brasil, enquanto ainda colônia, pede uma observação quanto ao movimento literário em questão, geográfica e cronologicamente diferentes: o Barroco literário e arquitetônico da Bahia do século XVII, e o Barroco mineiro do século XVIII.
É importante saber que este último se manifestou tardiamente, fazendo contemporaneidade com a escola literária do Arcadismo. Mas, o Barroco abriu no Brasil também uma vertente de fina ironia, com o baiano Gregório de Matos Guerra, também conhecido como ‘O Boca do Inferno’. Veja abaixo sobre Gregório, e logo depois sobre o Padre Antônio Vieira.
Exemplos do Barroco no Brasil
Gregório de Matos Guerra – o Boca do Inferno (1623 – 1696) – Baiano, Gregório de Matos é o primeiro poeta brasileiro. Logo depois de seus estudos no colégio dos Jesuítas, vai para Portugal, em Coimbra, graduar-se em direito.
Depois de formado, vive alguns anos em Lisboa, onde se casa e atua como advogado. Mais tarde, com a crise de seu casamento e certa perseguição por suas sátiras, retorna à Bahia.
Veja um resumo simples, rápido, e divertido sobre Gregório de Matos Gerra. É o Barroco na Literatura Brasileira, mordaz! Acompanhe com a professora Camila Zuchetto, do canal do Curso Enem Gratuito.
Gostou da aula? A professora Camila Zuchetto é mesmo uma fera. Vamos seguir com o nosso poeta.
Conhecido por ser um poeta satírico (daí então o apelido Boca do Inferno), Gregório também fez, com capricho, poesia religiosa e poesia lírica. Sua obra é marcada por jogos de palavras e uso de figuras de linguagem, como, por exemplo, de maneira notória, a metáfora e a antítese.Em suas sátiras, o poeta ridiculariza o povo brasileiro, sujeito que trabalha para sustentar o colonizador. Veja:
“Que os brasileiros são bestas,/ e estarão a trabalhar/ toda a vida por manter/ maganos de Portugal”. Gregório de Matos Guerra satirizava ainda o clero. E, em uma posição moralista, os costumes da sociedade baiana daquele século: “O demo a viver se exponha,/ Por mais que a fama a exalta,/ Numa cidade onde falta/ Verdade, honra, vergonha.”.
Nas poesias líricas e religiosas, é manifestada certa ideologia renascentista, juntamente com o conflito dado pela necessidade de viver a vida mundana enquanto se busca a pureza da fé ao mesmo tempo em que se espera o abrir da porta para a vida eterna:
Mui grande é vosso amor e o meu delito; / Porém pode ter fim todo o pecar, / E não o vosso amor, que é infinito.
Esta razão me obriga a confiar, / Que por mais que pequei, neste conflito / Espero em vosso amor de me salvar.
Veja o Padre Antônio Vieira:
Antônio Vieira Nasceu em Lisboa, em 1608, em morreu em Salvador, no Brasil, em 1697. Com sete anos de idade veio para o Brasil, ingressando mais tarde na Companhia de Jesus, tornando-se padre Jesuíta. Quando Portugal libertou-se do domínio espanhol (1640), ele voltou para a terra natal, tornando-se confessor do rei.
Atacado pela Inquisição por defender os judeus, voltou ao Brasil em 1652. Foi expulso do Maranhão por combater a escravidão dos indígenas. Em Portugal, a Inquisição cassou-lhe o direito de pregar.Ele eternizou-se por suas ações e obras, e, também e com destaque, pela produção literária no estilo e na qualidade de suas pregações. Elas se consagraram comouma referência do Barroco na Literatura Brasileira.
Algumas são obras primas da literatura brasileira, como o Sermão da Sexagésima. Veja na imagem acima outra representação de época do padre Antônio Vieira. Neste quadro, pregando o Evangelho para os indígenas.
O Padre Antônio Vieira voltou definitivamente para o Brasil, onde continuou sua defesa dos negros e índios. Procurava adaptar textos da Bíblia para a realidade na qual estava pregando. Sua obra pode ser dividida em obras de profecia, cartas e sermões (parte mais importante de seus escritos).
Resumo Gratuito sobre o Padre Antônio Vieira
Veja agora com a professora Camila uma síntese sobre a vida e a obra do Padre Antônio Vieira, expressão do Barroco na Literatura.
Mandou bem a professora Camila. A sua revisão está ficando completa
Um dos sermões mais famosos de Vieira é o Sermão da Sexagésima (1655), que abre sua obra, como um prefácio ou uma declaração de princípios, em que apresenta uma teorização sobre a arte de pregar, uma aula de oratória sacra. Nele, Vieira defende o Conceptismo e ataca os exageros do Cultismo.
Confira um trecho do Sermão da Sexagésima, onde Vieira critica a corrupção:
Vós, diz Cristo Senhor Nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, por que quer que façam na terra, o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção, mas quando a terra se vê tão corrupta quanto está a nossa, havendo tantos nela que tem ofício de sal , qual será ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar.
Ou é porque o sal não salga, e os Pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar, e os Ouvintes, sendo verdadeira a doutrina, que lhes dão, e não querem receber; ou é porque o sal não salga, e os Pregadores dizem uma cousa e fazem outra, ou porque a terra se não deixa salgar, e os Ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem: ou é porque o sal não salga, e os Pregadores se pregam a si, e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa salgar, e os Ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites.
Não é tudo isto verdade? Ainda mal.
Aula Gratuita sobre o Barroco e o contexto histórico:
Exercícios sobre o Barroco na literatura
Agora, não se esqueça de exercitar um pouco o conteúdo lido por você, estudante. Essa parte é muito importante! Vamos aos exercícios:
1- Enem (2014)
Quando Deus redimiu da tirania
Da mão do Faraó endurecido
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
Páscoa ficou da redenção o dia.
Páscoa de flores, dia de alegria
Àquele povo foi tão afligido
O dia, em que por Deus foi redimido;
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela Alta Majestade
Nos remiu de tão triste cativeiro,
Nos livrou de tão vil calamidade.
Quem pode ser senão um verdadeiro
Deus, que veio estirpar desta cidade
o Faraó do povo brasileiro.
(DAMASCENO, D. Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: 2006)
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por
a) visão cética sobre as relações sociais.
b) preocupação com a identidade brasileira.
c) crítica velada à forma de governo vigente.
d) reflexão sobre dogmas do Cristianismo.
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.
2- (VUNESP)
Ardor em firme coração nascido;
pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado;
rio de neve em fogo convertido:
tu, que em um peito abrasas escondido;
tu, que em um rosto corres desatado;
quando fogo, em cristais aprisionado;
quando crista, em chamas derretido.
Se és fogo, como passas brandamente,
se és fogo, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania,
como quis que aqui fosse a neve ardente,
permitiu parecesse a chama fria.
O texto pertencente a Gregório de Matos e apresenta todas seguintes características:
a) Trocadilhos, predomínio de metonímias e de símiles, a dualidade temática da sensualidade e do refreamento, antíteses claras dispostas em ordem direta.
b) Sintaxe segundo a ordem lógica do Classicismo, a qual o autor buscava imitar, predomínio das metáforas e das antíteses, temática da fugacidade do tempo e da vida.
c) Dualidade temática da sensualidade e do refreamento, construção sintática por simétrica por simetrias sucessivas, predomínio figurativo das metáforas e pares antitéticos que tendem para o paradoxo.
d) Temática naturalista, assimetria total de construção, ordem direta predominando sobre a ordem inversa, imagens que prenunciam o Romantismo.
e) Verificação clássica, temática neoclássica, sintaxe preciosista evidente no uso das sínteses, dos anacolutos e das alegorias, construção assimétrica.
Gabarito
1 – C
2 – C