Elementos linguísticos de tempo e espaço no discurso narrativo

O discurso narrativo é um tipo textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens

Chamamos de narração o sequenciamento de fatos que envolvem personagens movidos por certos motivos e ações encadeadas na linha do tempo, seja por uma simples sucessão cronológica, seja também por relações de causa e efeito, e que acontecem dentro de um lugar ou espaço. Com estes elementos, têm-se um discurso narrativo.

O discurso narrativo é um tipo textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo ou intriga – que é o encadeamento dos fatos, o conflito que se desenvolve, podendo ser linear ou não.

O que é o discurso narrativo

Confira agora com a professora Daniela Garcia, do canal do Curso Enem Gratuito, as dicas sobre como escrever uma Narração.

O estilo narrativo ocorre numa modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Esse tipo de texto contém alguns elementos estruturais importantes: Personagens, Enredo, Ambiente, e o Tempo.

1 – Personagem: É a pessoa (de persona) que atua na narrativa. Pode ser principal ou secundária, típica ou caricatural.

2 – Enredo: É a narrativa propriamente dita, que pode ser linear ou retrospectiva, cuja trama mantém o interesse do leitor, que espera por um desfecho. Chama-se também simples-mente de ação.

3 – Ambiente: É o meio físico e social onde se desenvolve a ação das personagens. Trata-se do pano de fundo ou do cenário da história, também designado de paisagem.

4 – Tempo: É o elemento fortemente ligado ao enredo numa seqüência linear ou retrospectiva, ao passado, presente e futuro, com seus recuos e avanços. Pode ser cronológico ou psicológico. Cronológico, quando avança no sentido do relógio; psicológico, quando é medido pela repercussão emocional, estética e psicológica nas personagens.

Confira o resumo completo sobre o discurso narrativo com a professora Daniela:

De acordo com o professor Fernando Pestanau, as características principais do texto narrativo são:

• O tempo verbal: passado.

• Presente nos gêneros textuais narrativos: piada, fábula, parábola, epístola (carta com relatos), conto, novela, epopeia, crônica (mix de literatura com jornalismo), romance.

• Quem conta (narrador), o que ocorreu (o enredo), com quem ocorreu (personagem), como ocorreu (conflito/clímax), quando/onde ocorreu (tempo/espaço) são elementos presentes neste tipo de texto.

• Foco narrativo com narrador de 1a pessoa (participa da história – onipresente) ou de 3a pessoa (não participa da história – onisciente).

Exemplo:

O Melhor Amigo – crônica de Fernando Sabino

A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe não se voltasse

Para vê-lo, deu uma corridinha em direção de seu quarto.

– Meu filho? – gritou ela.

– O que é – respondeu, com o ar mais natural que lhe foi possível.

– Que é que você está carregando aí?

Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a cabeça? Sentindo-se perdido,tentou ainda ganhar tempo.

– Eu? Nada…

– Está sim. Você entrou carregando uma coisa.

Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o jeito era procurar comovê-la.Veio caminhando desconsolado até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando:

– Olha aí, mamãe: é um filhote…

Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
(…)

O tempo e o espaço no texto narrativo:

1 – O tempo pode ser cronológico, ou seja, um tempo especificado durante o texto. Marcado pelo calendário, pelo tempo do relógio, pelas estações, anos, etc. Mas também sem uma sequência linear, pois é o próprio narrador que estipula como esse tempo irá passar, retomando ao passado ou indo ao futuro e ao presente.

O outro tipo de tempo é o psicológico, em que existe um intervalo no qual as ações ocorrem, mas não se consegue distinguir esse tempo de forma exata. A cronologia é alheia a vontade do leitor e reflete as vivências subjetivas dos personagens e do narrador. Sempre dando importância para a reflexão dos personagens.

2 – O espaço deve ser esclarecido logo no início da narrativa. Na narrativa a descrição do ambiente e demais detalhes fazem com que o leitor crie esse espaço, conhecendo-o também pela marca de lugar (cidade, bairro…) que foi nomeado pelo narrador ou pelo personagem. Assim o leitor poderá localizar a ação e imaginá-la com maior facilidade.

Para concluir este resumo, veja esta aula sobre foco narrativo da prof. Camila Zuchetto, do canal do Curso Enem Gratuito:

Vamos praticar o estilo do discurso Narrativo?

1 – ENEM 2010 – QUESTÃO 129

Negrinha

Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.

Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.

Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva.
[…]

A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e zera ao regime novo – essa indecência de negro igual.

LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).

A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela

a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas.
b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas.
c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças.
d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto.
e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos.

2 – ENEM 2013 – QUESTÃO 113

A diva

Vamos ao teatro, Maria José?
Quem me dera,
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha
tou podre. Outro dia a gente vamos
Falou meio triste, culpada,
e um pouco alegre por recusar com orgulho
TEATRO! Disse no espelho.
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
TEATRO! E os cacos voaram
sem nenhum aplauso.
Perfeita.

PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.

Os diferentes gêneros textuais desempenham funções sociais diversas reconhecidas pelo leitor com base em suas características específicas, bem como na situação comunicativa em que ele é produzido. Assim, o texto “A diva”:

a) narra um fato real vivido por Maria José.
b) surpreende o leitor pelo seu efeito poético.
c) relata uma experiência teatral profissional.
d) descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora.
e) defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral.

3 – (Questão 114 – ENEM 2010)

Joaquim Maria Machado de Assis, cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Filho de um operário mestiço de negro e português, Francisco José de Assis, e de D. Maria Leopoldina Machado de Assis, aquele que viria a tornar-se o maior escritor do país e um mestre da língua, perde a mãe muito cedo e é criado pela madrasta, Maria Inês, também mulata, que se dedica ao menino e o matricula na escola pública, única que frequentou o autodidata Machado de Assis.

Disponível em: http://www.passeiweb.com. Acesso em: 1 maio 2009.

Considerando os seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, o texto citado constitui-se de:

a) fatos ficcionais, relacionados com outros de caráter realista, relativos à vida de um renomado escritor.

b) representações generalizadas acerca da vida de membros da sociedade por seus trabalhos e vida cotidiana.

c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como tema seus principais feitos.

d) questões controversas e fatos diversos da vida de personalidade histórica, ressaltando sua intimidade familiar em detrimento de seus feitos públicos.

e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva.

Gabarito:

1 – Alternativa D – resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto. No texto, a resistência de Dona Inácia em aceitar a libertação dos escravos é comprovada na passagem “Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual”. Destaca-se a ironia de Monteiro Lobato, em relação não só aos atos cruéis da renitente escravocrata Dona Inácia, como também aos que viam nela “uma virtuosa senhora”.

2 – Alternativa B – surpreende o leitor pelo seu efeito poético. O texto “A diva” é um poema narrativo, de modo que o leitor se deixa levar pela cena descrita, imaginando-a em uma experiência teatral, pelo diálogo nela existente. No entanto, como aponta a alternativa B, ao chegar ao final do poema, a função poética surpreende o leitor, ao transformar a simples Maria José em uma diva, por sua atuação dramática de ordem espontânea (ao que parece).

3 – Alternativa e) apresentação da vida de uma personalidade, organizada sobretudo pela ordem tipológica da narração, com um estilo marcado por linguagem objetiva.
Agora é a vez do gênero biografia, que se constitui de (ou seja, é formado por) apresentação da vida de alguém, organizada em ordem tipológica da narração, ou seja, de forma narrativa, narra-se a vida do biografada de forma objetiva, direta.

Poderia causar dúvida a “c) explicações da vida de um renomado escritor, com estrutura argumentativa, destacando como tema seus principais feitos”, porém, na biografia não há “estrutura argumentativa”, ou seja, argumentação, opinião.

Assim como a notícia, a biografia trabalha com fatos, comprovações, ao passo que a argumentação trabalha com opiniões. Vale lembrar quais são as principais tipologias textuais (sequências que estruturam os textos): narração, descrição, exposição, argumentação e prescrição.

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Os textos e exemplos acima sobre o discurso narrativo foram preparados pela professora Su, com base em manuais gramaticais. A maioria dos exemplos são do Livro “A Gramática para Concursos Públicos”, do professor Fernando Pestana. A professora é Licenciada Plena em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
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