Competência 3 da redação Enem: domínio da argumentação

Para alcançar a nota mil, você precisa gabaritar as cinco dimensões do texto dissertativo-argumentativo. Conheça tudo sobre a competência 3 da redação Enem.

A Competência 3 da redação Enem é, sem dúvidas, um dos aspectos mais desafiadores do exame. No entanto, com a devida preparação e as estratégias corretas, é possível superar esse obstáculo e alcançar a excelência na escrita.

Neste artigo, vamos conhecer seus detalhes, desde a seleção de argumentos até a organização das ideias. Assim, você vai conseguir escrever um texto coeso, persuasivo e digno de nota máxima!

O que é a competência 3 da redação Enem?

A Competência 3 na redação Enem dita o ritmo e a coerência do texto. É ela quem garante que suas ideias se complementem e conduzam o leitor a uma argumentação impecável.

Dominar essa competência significa selecionar os argumentos mais relevantes, organizá-los de forma lógica e tecer uma rede de informações que sustentam o seu ponto de vista.

Mas o que a competência 3 avalia exatamente?

  • Seleção: escolher os argumentos mais adequados para defender seu ponto de vista, descartando os irrelevantes ou fracos.
  • Relação: estabelecer conexões coerentes entre os argumentos, construindo um fio condutor que guia o leitor pela sua linha de raciocínio.
  • Organização: estruturar o texto de forma lógica e clara, dividindo-o em parágrafos coesos e seguindo uma progressão natural das ideias.
  • Interpretação: analisar criticamente os argumentos, fatos e dados, extraindo deles o significado mais profundo e relevante para sua tese.

Quanto vale a competência 3 do Enem?

A Competência 3 na redação do Enem rende até 200 pontos. Mas como essa pontuação é definida?

A avaliação se baseia em seis níveis, cada um com critérios específicos que determinam a pontuação do candidato.

  • Nível 0: Ausência de texto ou texto em branco. Pontuação: 0 pontos.
  • Nível 1: Presença de texto, mas sem desenvolvimento da Competência 3. Pontuação: Até 20 pontos.
  • Nível 2: Apresentação de informações, fatos e opiniões sem relação com o tema ou sem defesa de ponto de vista. Pontuação: De 21 a 40 pontos.
  • Nível 3: Apresentação de informações, fatos e opiniões com pouca relação com o tema ou de forma incoerente, com defesa de ponto de vista inconsistente. Pontuação: De 41 a 60 pontos.
  • Nível 4: Apresentação de informações, fatos e opiniões com certa relação com o tema e defesa de ponto de vista, mas com falhas na organização e/ou interpretação. Pontuação: De 61 a 80 pontos.
  • Nível 5: Apresentação de informações, fatos e opiniões relevantes para o tema, com defesa de ponto de vista consistente e organização adequada, mas com falhas na interpretação. Pontuação: De 81 a 100 pontos.
  • Nível 6: Apresentação de informações, fatos e opiniões relevantes para o tema, com defesa de ponto de vista consistente, organização impecável e interpretação profunda. Pontuação: De 101 a 200 pontos.

Como gabaritar a competência 3?

Antes de seguir a leitura, assista à videoaula apresentada pela professora Daniela Garcia, do canal do Curso Enem Gratuito, para entender como atingir a nota máxima na Competência 3 da redação Enem.

Anote e memorize essas dicas:

  1. Para conquistar os 200 pontos da Competência 3 da redação os avaliadores observam se o projeto do texto foi executado corretamente.
  2. A coesão aparece quando todos os parágrafos estão relacionados.
  3. A forma mais tranquila para você fazer isto é deixar bem claro o Projeto do Texto já na introdução, indicando os elementos que você vai trabalhar no desenvolvimento.
  4. Se você tem dois pontos para argumentar, indique já na introdução (mas sem avançar na argumentação!).

Exemplo prático da competência 3 da redação Enem

Agora, vamos ver na prática como atender aos requisitos da competência 3 na redação Enem para alcançar uma excelente pontuação. Como exemplo, usaremos a redação nota 1000 da estudante Isabella Gadelha, no Enem 2020, sobre o estigma associado às doenças mentais na sociedade.

Vamos começar pela introdução:

Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos psicológicos. No contexto nacional atual, indivíduos com patologias mentais ainda sofrem com diversos estigmas criados. Isso ocorre, pois faltam informações corretas sobre o assunto e, também, existe uma carência de representatividade desse grupo nas mídias.

Perceba como a indicação do projeto do texto apareceu na introdução. Isabella abordou o contexto nacional, citando a falta de informações a respeito do tema e a falta de representatividade destes personagens na mídia. Estes tópicos serão explorados depois, nos parágrafos do desenvolvimento. Mas, a autora antecipou já na introdução dois problemas básicos.

Leia agora os dois parágrafos do desenvolvimento desse texto:

Primariamente, vale ressaltar que a ignorância é uma das principais causas da criação de preconceitos contra portadores de doenças psiquiátricas. Sob essa ótica, o pintor holandês Vincent Van Gogh foi alvo de agressões físicas e psicológicas por sofrer de transtornos neurológicos e não possuir o tratamento adequado. O ocorrido com o artista pode ser presenciado no corpo social brasileiro, visto que, apesar de uma parcela significativa da população lidar com alguma patologia mental, ainda são propagadas informações incorretas sobre o tema. Esse processo fortalece a ideia de que integrantes não são capazes de conviver em sociedade, reforçando estigmas antigos e criando novos. Dessa forma, a ignorância contribui para a estigmatização desses indivíduos e prejudica o coletivo.

Ademais, a carência de representatividade nos veículos midiáticos fomenta o preconceito contra pessoas com distúrbios psicológicos. Nesse sentido, a série de televisão da emissora HBO, “Euphoria”, mostra as dificuldades de conviver com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), ilustrado pela protagonista Rue, que possui a doença. A série é um exemplo de representação desse grupo, nas artes, falando sobre a doença de maneira responsável. Contudo, ainda é pouca a representatividade desses indivíduos em livros, filmes e séries, que quando possuem um papel, muitas vezes, são personagens secundários e não há um aprofundamento de sua história. Desse modo, esse processo agrava os estereótipos contra essas pessoas e afeta sua autoestima, pois eles não se sentem representados.

No início do primeiro parágrafo de desenvolvimento, Isabella utiliza de maneira estratégica a expressão “primeiramente”, para chamar a atenção dos avaliadores. Ela destacou e cumpriu o que estava prometido na introdução, abordando a falta de informação e a ignorância a respeito do problema do preconceito.

Já no segundo parágrafo, ela começa com “ademais, a carência de representatividade…”, e complementa discorrendo justamente sobre o que ela tinha antecipado lá na introdução.

Ao ler os dois parágrafos do desenvolvimento, você percebe que existe uma linha condutora entre eles, que vem desde a introdução. Com isso, a autora mostra que o texto foi planejado. Esta consistência é cobrada na correção e vale pontos na competência 3 da redação Enem.

Leia o texto completo da redação nota 1000

Isabella Gadelha – Enem 2020

Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos psicológicos. No contexto nacional atual, indivíduos com patologias mentais ainda sofrem com diversos estigmas criados. Isso ocorre, pois faltam informações corretas sobre o assunto e, também, existe uma carência de representatividade desse grupo nas mídias.

Primariamente, vale ressaltar que a ignorância é uma das principais causas da criação de preconceitos contra portadores de doenças psiquiátricas. Sob essa ótica, o pintor holandês Vincent Van Gogh foi alvo de agressões físicas e psicológicas por sofrer de transtornos neurológicos e não possuir o tratamento adequado. O ocorrido com o artista pode ser presenciado no corpo social brasileiro, visto que, apesar de uma parcela significativa da população lidar com alguma patologia mental, ainda são propagadas informações incorretas sobre o tema. Esse processo fortalece a ideia de que integrantes não são capazes de conviver em sociedade, reforçando estigmas antigos e criando novos. Dessa forma, a ignorância contribui para a estigmatização desses indivíduos e prejudica o coletivo.

Ademais, a carência de representatividade nos veículos midiáticos fomenta o preconceito contra pessoas com distúrbios psicológicos. Nesse sentido, a série de televisão da emissora HBO, “Euphoria”, mostra as dificuldades de conviver com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), ilustrado pela protagonista Rue, que possui a doença. A série é um exemplo de representação desse grupo, nas artes, falando sobre a doença de maneira responsável. Contudo, ainda é pouca a representatividade desses indivíduos em livros, filmes e séries, que quando possuem um papel, muitas vezes, são personagens secundários e não há um aprofundamento de sua história. Desse modo, esse processo agrava os estereótipos contra essas pessoas e afeta sua autoestima, pois eles não se sentem representados.

Portanto, faz-se imprescindível que a mídia – instrumento de ampla abrangência – informe a sociedade a respeito dessas doenças e sobre como conviver com pessoas portadoras, por meio de comerciais periódicos nas redes sociais e debates televisivos, a fim de formar cidadãos informados. Paralelamente, o Estado – principal promotor da harmonia social – deve promover a representatividade de pessoas com transtornos mentais nas artes, por intermédio de incentivos monetários para produzir obras sobre o tema, com o fato de amenizar o problema. Assim, o corpo civil será mais educado e os estigmas contra indivíduos com patologias mentais não serão uma realidade do Brasil. (Fonte)

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São 10 aulas e um ebook gratuito para você aprimorar a sua escrita e dominar as cinco competências avaliadas na prova.

João Vianney dos Valles Santos

Psicólogo e jornalista, Vianney é diretor do Blog do Enem. Tem doutorado em Ciências Humanas, coordenou o Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, e Dirigiu o Campus Unisul Virtual. É consultor de EaD da Hoper Educação.
Categorias: Dicas de Estudo, Educação, Enem, Ensino Médio, Redação Enem, Resultado Enem
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