Ética e Moral – Teoria e Prática na perspectiva de Aristóteles.

Relembre tudo sobre Ética e Moral em mais esta aula preparatória para a prova de Filosofia Enem. O Exame Nacional do Ensino Médio pede este conteúdo também em Sociologia. Confira abaixo a contribuição do filósofo Aristóteles.

O filósofo Aristóteles entende a ética como sendo uma disciplina prática, pois está vinculada à ação humana. Confira abaixo.

Na perspectiva de Aristóteles pode-se dizer que o homem não nasce bom ou justo, mas torna-se bom ou justo à medida que pratica tais atos. Pensando assim, Aristóteles divide a natureza do homem bom em duas partes distintas: um corpo; uma alma. As atitudes são desenvolvidas com base nas virtudes da moral e nas virtudes intelectuais. Confira:aristóteles destacada

Na alma encontra-se a razão e ao mesmo tempo o desejo, sendo que o intelecto (nôus) é entendido como a parte superior da alma. Dessa forma, o intelecto é quem deve mandar; enquanto a outra parte (o corpo), privada de razão, deve obedecer.

Veja as proposições sobre Ética e Moral na perspectiva do filósofo grego Aristóteles. Ele defendia uma vida aplicada, com a prática da Ética no cotidiano: Aristóteles – (384 a.C. / 322 a.C.) e a ética das virtudes. 

 O filósofo Aristóteles entende a ética como sendo uma disciplina prática, pois está vinculada à ação humana. Nesse sentido, pode-se dizer que o homem não nasce bom ou justo, mas torna-se bom ou justo à medida que pratica tais atos. Pensando assim, Aristóteles divide a natureza do homem bom em duas partes distintas: um corpo; uma alma.

Na alma encontra-se a razão e ao mesmo tempo o desejo, sendo que o intelecto (nôus) é entendido como a parte superior da alma. Dessa forma, o intelecto é quem deve mandar; enquanto a outra parte (o corpo), privada de razão, deve obedecer.Filosofia Enem

Aristóteles divide as virtudes do seguinte modo:

1. Virtudes intelectuais;

2. Virtudes morais.

A primeira, a (virtude dianoética), nasce e progride graças aos resultados da aprendizagem, isto é da educação. Portanto, leva tempo e demanda experiência; a segunda é a virtude moral (costumes, hábitos, práticas), ela não é gerada em nós por natureza, somos adaptados a recebê-la. Ela é resultado do hábito (ethos) que imprime em nós a virtude.

Aristóteles, ao levar em consideração a divisão da natureza do homem bom e a divisão das virtudes deste mesmo homem, acaba, portanto, definindo como se forma o caráter humano. Para o filósofo, o caráter é formado a partir da repetição dos atos progressivos por meio do hábito, pois somos capazes de praticar bem aqueles atos que já fizemos antes, e eles podem ser aperfeiçoados tanto para melhor ou para pior, assim como acontece com as artes.

Esta prática dos hábitos, revela Aristóteles, exercita o homem para que este crie habilidades para se alcançar a felicidade, sendo esta denominada pelo pensador como “sumo bem”. Assim chamamos a ética de Aristóteles de “Ética das virtudes”. Sua ética é assim uma ética teleológica, pois busca atingir uma finalidade, o sumo bem, ou seja, a felicidade.

Dica 1 – Revise sobre os aspectos sociológicos do Trabalho, sobre Taylorismo, Fordismo e Toyotismo nesta aula preparatória para a prova de Filosofia Enem – https://blogdoenem.com.br/o-trabalho-aula-de-revisao-para-filosofia-enem/

A felicidade é conseguida através da racionalidade humana. Assim, a felicidade é entendida como algo autossuficiente, ou seja, que se constitui num fim em si mesmo e que, por sua vez, coloca-se como um fim a ser alcançado e nunca como um meio. Já a virtude é caracterizada pelo ato ou ação de alguém. A virtude é, na verdade, um exercício prático do homem e está ligada à razão e ao intelecto, sendo considerada como os hábitos da vontade do homem.

Para Aristóteles não existem virtudes inatas, mas todas são adquiridas pela repetição dos atos, que geram os costumes (mos), aos quais dão o nome de moral. Os atos, para gerarem as virtudes, não devem desviar-se nem por defeito, nem por excesso, pois a virtude consiste na justa medida, longe dos dois extremos. As virtudes são então adquiridas e desenvolvidas por meio dos hábitos humanos. Os hábitos humanos são a ação, ou seja, é o agir humano.

As ações virtuosas são praticadas através daquilo que Aristóteles chama de “meio-termo” ou “justa medida”. O meio-termo ou justa medida para Aristóteles é o equilíbrio ideal entre os vícios e as virtudes. Os vícios são entendidos pelo filósofo como ações incontroláveis que os seres humanos realizam; a virtude é o oposto dos vícios, por este motivo a necessidade do meio-termo, da justa medida. Exemplo: Coragem: é o meio-termo entre a temeridade (não ter medo de nada) e a covardia (ter medo de tudo).

Veja no quadro abaixo os opostos de alguns possíveis vícios por excesso e os vícios por deficiência e consequentemente de suas justas medidas.

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Deste modo podemos afirmar que uma ação é ética quando ela for feita de forma deliberada, ou seja, a pessoa deve sentir-se plenamente livre para agir e ter a convicção de que está agindo certo. Portanto, ser ético é seguir as regras, assim, é livre quem segue as regras.

Ética Utilitarista

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Jeremy Bentham (1748-1832). Imagem disponível em: <http://edisonpavao.wordpress.com/2010/03/31/jeremy-bentham/>. Acessado em: 04/07/2012.

Jeremy Bentham (1748-1832) é um filósofo que vai propor a ética utilitarista. Seus estudos estão embasados nas escolas da cirenaica (Aristipo de Cirene) e na escola epicurista (Epicuro).

Cabe destacar aqui que Aristipo de Cirene (435-335 a.C.), contemporâneo de Sócrates, é considerado o fundador do hedonismo filosófico; o hedonismo é uma deturpação da filosofia epicurista; o hedonismo defende o uso dos sentidos como forma de obtenção de prazer, usando de forma desmedida as experiências no mundo sensível para se alcançar a ideia de felicidade (prazeres sensuais e bebedeiras).

Com base nisso, Bentham defendeu que todos os homens são governados pelas sensações de dor e de prazer. Deste modo todas as nossas ações passam a ser governadas por eles, assim, nós estaríamos constantemente buscando a maximização dos nossos prazeres na tentativa de minimizarmos as nossas dores.

Dica 2 – Relembre tudo sobre Thomas Hobbes, John Locke e Montesquieu nesta aula de revisão para a prova de Filosofia Enem – https://blogdoenem.com.br/politica-parte-2-aula-de-revisao-para-filosofia-enem/

Corremos assim o risco de cometermos um erro na interpretação do que seja o correto na percepção que fazemos da ideia de prazer, ou seja, nós achamos corretas as ações que nos levam a sentir prazer e consequentemente associamos este prazer à felicidade, de modo que todas as ações que não nos dão prazer são comumente consideradas erradas e ruins porque promovem a sensação de dor e tristeza.

Esta reflexão nos remete à discussão do uso de substâncias psicoativas, ou seja, drogas: álcool, fumo e drogas mais pesadas. De fato, a experiência com as drogas no início leva o indivíduo a uma falsa sensação de prazer porque atua no sistema nervoso central a partir de compostos químicos existentes na composição do entorpecente. O uso contínuo de drogas acaba levando o usuário à dependência química. Com o passar dos tempos, as doses precisam ser aumentadas pelos usuários para que a sensação de prazer ocorra.

Ao final da sensação de prazer, geralmente o usuário é acometido de sensações ruins, como: depressão, irritabilidade e outros problemas típicos de uma pessoa com graves problemas de dependência química. O prazer dá lugar à depressão e ao sofrimento, levando o usuário a buscar de forma desesperada a próxima dose do seu elixir químico.

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John Stuart Mill (1806/1873). Imagem disponível em: <http://mi-mam-sa.blogspot.com.br/2011/04/19th-century-philosophers-john-stuart_3928.html>. Acessado em: 04/07/2012.

Foi um aluno de Bentham que se propôs a revisar a teoria Utilitarista, seu nome era John Stuart Mill (1806/1873). Para Mill, a ética se fundamenta nas ações humanas. Este pensador entendeu que todos os seres humanos buscam o prazer, porém, ele alertou que toda a busca pelo prazer deve ser pautada pela virtude. Os seus estudos o levaram a identificar três tipos de prazeres que estão ao dispor dos seres humanos, são eles: prazeres intelectuais; prazeres corporais; prazeres sensíveis. O melhor destes prazeres seria os intelectuais, afirma Mill, pois estes seriam qualitativamente melhores que os demais. A interpretação é simples: os prazeres intelectuais são eternos enquanto os demais são transitórios, ou seja, existe um prazo de validade para acabar a sensação de prazer.

Com base neste argumento, Mill propõe a moral Eudaimonista (eudaimonia, do grego, “felicidade”, “bem-estar”). Atualmente a ética Utilitarista é entendida como uma ética que busca diminuir o sofrimento de um grande número de pessoas. Pensa-se assim porque se entende que não podemos acabar com o sofrimento de todas as pessoas, mas podemos, de algum modo, tentar diminuir o sofrimento de boa parte da humanidade.

Dica 3 – Aproveite a época das eleições e revise sobre Política para garantir a sua nota na prova de Filosofia Enem. Relembre sobre Nicolau Maquiavel, Thomas Morus e Francis Bacon nesta primeira aula sobre Política – https://blogdoenem.com.br/politica-filosofia-enem/

A ética Utilitarista está presente nos governos políticos de Bem-Estar Social (Welfare State) ou naqueles governos que simpatizam com esta perspectiva. Nestes modelos buscam-se produzir políticas públicas universais cuja função seja diminuir o sofrimento de uma parcela da sociedade, sendo elas aplicadas na legislação; na justiça; na política econômica; na liberdade sexual; na emancipação feminina; etc.

Saiba mais sobre Ética e Moral nesta aula do nosso professor de Filosofia Alan, disponível no Youtube. Após assistir, revise o que você aprendeu respondendo aos nossos desafios!

Desafios

Questão 1

PUC-PR 2008.

Para Aristóteles, em Ética a Nicômaco, “felicidade […] é uma atividade virtuosa da alma, de certa espécie”. Assinale a alternativa que NÃO condiz com a referida definição aristotélica de felicidade:

a) Felicidade só é possível mediante uma capacidade racional, própria do homem.

b) Ter felicidade é obter coisas nobres e boas da vida que só são alcançadas pelos que agem retamente.

c) Felicidade é uma fantasia que o homem cria para si.

d) Nenhum outro animal atinge a felicidade a não ser o homem, pois os demais não podem participar de tal atividade.

e) A finalidade das ações humanas, o Bem do homem, é a felicidade.

Questão 2

(UEL 2006)

“Aristóteles foi o primeiro filósofo a elaborar tratados sistemáticos de Ética. O mais influente desses tratados, a Ética a Nicômaco, continua a ser reconhecido como uma das obras-primas da filosofia moral. Ali nosso autor apresenta a questão que, de seu ponto de vista, constitui a chave de toda investigação ética: Qual é o fim último de todas as atividades humanas?” (CORTINA, Adela; MARTÍNEZ, Emilio. Ética. Trad. Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Loyola, 2005. p. 57.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a ética aristotélica, é correto afirmar:

a) É uma ética que desconsidera os valores culturais e a participação discursiva dos envolvidos na escolha da concepção de bem a ser perseguida.

b) É uma ética do dever que, ao impor normas de ação universais, transcende a concepção de vida boa de uma comunidade e exige o cumprimento categórico das mesmas.

c) É uma ética compreendida teleologicamente, pois o bem supremo, vinculado à busca e à realização plena da felicidade, orienta as ações humanas.

d) É uma ética que orienta as ações por meio da bem-aventurança proveniente da vontade de Deus, porém sinalizando para a irrealização plena do bem supremo nesta vida.

e) É uma ética que compreende o indivíduo virtuoso como aquele que já nasce com certas qualidades físicas e morais, em função de seus laços sanguíneos.

Questão 3

(UFSM – com adaptações)

“Portanto, nem por natureza nem contrariamente à natureza a virtude moral é engendrada em nós, mas a natureza nos dá a capacidade de recebê-la, e esta capacidade se aperfeiçoa com o hábito.” (Aristóteles, Ética a Nicomaco. Brasília: Editora da UNB, 2001).

Analise as afirmações e assinale a única alternativa correta.

a) O ser humano é mau ou bom por natureza.

b) A virtude moral não é algo inato ao ser humano.

c) A ética ocupa-se basicamente de questões subjetivas, abstratas e essencialmente de interesse particular do indivíduo.

d) Uma ética deontológica é aquela construída sobre o princípio do não dever.

Questão 4

PEIES III – UFSM-2010 (com adaptações)

A filosofia moral é a parte da filosofia que trata das questões práticas acerca do viver. Considere, então, as seguintes afirmações:

I – A virtude dianoética nasce e progride graças aos resultados da aprendizagem, isto é da educação, portanto, leva tempo e demanda experiência.

II – A ética das virtudes tem como um de seus maiores defensores o a escola filosófica hedonista.

III – John Stuart Mill foi um dos principais defensores do utilitarismo.

Esta(ão) correta(s)

a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas III.

d) Apenas I e II.

e) Apenas I e III.

Questão 5

(UEL 2005) 

“A busca da ética é a busca de um ‘fim’, a saber, o do homem. E o empreendimento humano como um todo, envolve a busca de um ‘fim’: ‘Toda arte e todo método, assim como toda ação e escolha, parece tender para um certo bem; por isto se tem dito, com acerto, que o bem é aquilo para que todas as coisas tendem’. Nesse passo inicial de a Ética a Nicômaco está delineado o pensamento fundamental da Ética. Toda atividade possui seu fim, ou em si mesma, ou em outra coisa, e o valor de cada atividade deriva da sua proximidade ou distância em relação ao seu próprio fim”. (PAIXÃO, Márcio Petrocelli. O problema da felicidade em Aristóteles: a passagem da ética à dianoética aristotélica no problema da felicidade. Rio de Janeiro: Pós-Moderno, 2002. p. 33-34.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a ética em Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.

I. O “fim” último da ação humana consiste na felicidade alcançada mediante a aquisição de honrarias oriundas da vida política.

II. A ética é o estudo relativo à excelência ou à virtude própria do homem, isto é, do “fim” da vida humana.

III. Todas as coisas têm uma tendência para realizar algo, e nessa tendência encontramos seu valor, sua virtude, que é o “fim” de cada coisa.

IV. Uma ação virtuosa é aquela que está em acordo com o dever, independentemente dos seus “fins”.

Estão corretas apenas as afirmativas:

a) I e IV.

b) II e III.

c) III e IV.

d) I, II e III.

e) I, II e IV.

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