A Copa está rolando e o nosso mascote, o Fuleco, não é só simpatia. Ele também é uma mensagem de conservação de um bioma em risco. Vamos conhecê-lo?
Cada país sede de uma Copa do Mundo da FIFA escolhe um mascote, um símbolo do país para animar a torcida. O Brasil, não poderia ser diferente!
Para representar a alegria de nosso povo e o nosso futebol, o pequeno e simpático tatu-bola-da-caatinga foi o escolhido e serviu de inspiração para o personagem “Fuleco”, cujo nome deriva da união das palavras futebol e ecologia.
Você conhece esse habitante da caatinga? Não? Então fique ligado(a) neste post, pois o Enem adora relacionar conteúdos científicos com acontecimentos do nosso cotidiano e a Copa do Mundo pode pintar na próxima prova!
Dica 1: Já que você está estudando sobre o mascote da Copa 2014, que tal também estudar as características da Classe de ser vivo à qual ele pertence? Gostou da ideia? Então veja este post sobre os mamíferos, com dicas da Professora Juliana Evelyn dos Santos e vídeo-aula do professor Artur Ramos: https://blogdoenem.com.br/classe-mamiferos-biologia-enem/
O tatu-bola-da-caatinga (Tolypeutes tricinctus), espécie endêmica do Brasil ocidental, é um bichinho pequeno e simpático, comedor de insetos, que quando adulto chega a pesar em média dois quilos. As espécies do gênero Tolypeutes não cavam buracos para fugirem e são as únicas capazes de se enrolarem completamente, formando uma bola para se protegerem de possíveis predadores. São mamíferos placentários, pertencentes à ordem Xenartha, à qual também pertencem as preguiças e tamanduás. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o tatu-bola-da-caatinga é uma espécie ameaçada de extinção, com estado de conservação vulnerável.
Assim como outros animais brasileiros, sua vulnerabilidade se deve principalmente à destruição de seu habitat. Habitante da Caatinga (bioma exclusivamente brasileiro), o nosso tatu-bola é ameaçado pela ocupação desordenada e pela utilização da vegetação de seu habitat como carvão em siderúrgicas e indústrias de gesso e cerâmica do semiárido. Segundo algumas estimativas, a Caatinga é o bioma brasileiro mais degradado, uma vez que sua aparência seca levou muitas populações a desvalorizarem sua importância ecológica e grande biodiversidade. Além das ameaças ao seu habitat, o tatu-bola enfrenta outro problema: ele é admirado na culinária de várias populações e, o hábito de se fechar numa bola – tão eficiente contra a maioria de seus predadores naturais – torna-o presa ainda mais fácil para caçadores humanos.
Dica 2: Que tal dar uma revisadinha nas características gerais do Filo dos Cordados? Então veja este super post com vídeo-aula do professor Zé Rucker e dicas da professora Juliana Evelyn dos Santos: https://blogdoenem.com.br/biologia-filo-cordados-enem/
Muitos são os desafios para a conservação do tatu-bola e de outras espécies brasileiras. A utilização de espécies bonitas e cativantes – as “espécies-bandeira” – para sensibilizar a população e voltar os olhos da mídia para a urgência da conservação de determinados habitats não é novidade no Brasil e no mundo. A ideia é que, para preservar a espécie-bandeira é necessário preservar o seu habitat e, assim, outras espécies se beneficiam. No Brasil, por exemplo, já tivemos exemplos de sucesso na utilização de espécies carismáticas, como o mico-leão-dourado, que representa a preservação da Mata Atlântica. Mas, utilizar uma espécie ameaçada como mascote de uma Copa do Mundo de Futebol é especialmente válido. Em um evento em que os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, o Fuleco pode ajudar a despertar a importância da conservação ambiental nas terras tupiniquins. A exposição promovida pelo evento pode ajudar a pressionar os governantes a instituírem novas unidades de conservação na Caatinga, que hoje conta com menos de 0,5% da sua área resguardada.
O legal é que, no dia 22 de maio deste, o efeito “Fuleco” começou a aparecer: em comemoração ao Dia internacional da Biodiversidade, foi aprovado, em Brasília, o Plano Nacional de Ação para a Conservação do Tatu-bola. Na ocasião, a ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, assinou vários acordos em favor de investimentos na pesquisa e conservação dos ecossistemas brasileiros, entre eles a criação de dois parques na Caatinga.
Agora, vamos esperar que essas ações não sejam apenas “para inglês ver” e saiam do papel. Quem sabe o Fuleco seja um dos bons legados deixados pela Copa 2014?