Idade Média: a crise do Séc XIV e o fim do Sistema Feudal

Veja a força da Igreja Católica, os ciclos da Alta e da Baixa Idade Média, o controle das terras no Feudalismo, e a Crise do Século XIV, que botou fim em tudo isso. Nesta postagem faremos uma revisão sobre o sistema feudal, especial para o Enem e demais vestibulares. Fique por dentro!

Veja tudo sobre o sistema feudal, que vigorou na Europa por centenas de anos. Esse período foi marcado pela grande influência da igreja e por uma sociedade estratificada e sem grande mobilidade social, onde a massa camponesa será explorada em troca de proteção por parte dos senhores feudais. Confira a crise do século XIV e o fim do Feudalismo.

O sistema feudal foi um modo de produção europeu aplicado durante a baixa e alta idade média. Este sistema, político, econômico, social e cultural era baseado na exploração do camponês pelos senhores feudais, que adquiriam suas terras com base nos princípios de suserania e vassalagem.

Na vassalagem, um nobre doava terras a outro, menos poderoso. E, em troca recebe a homenagem daquele que foi agraciado com a terra.

Além disso, neste período a Igreja era praticamente a única instituição com poderes supranacionais, ou seja, a doutrina católica exercia forte domínio sobre as mentalidades e culturas.

O que foi o Sistema Feudal

Confira agora no resumo do professor Felipe de Oliveira, do canal do Curso Enem Gratuito.

Pode-se dizer que o feudalismo predominou na Europa entre os séculos V e XV, os iluministas, por exemplo, foram responsáveis pela expressão “mil anos de trevas” ao referirem-se ao feudalismo e o domínio exercido pela Igreja.

A sociedade feudal, por sua vez era estratificada e não permitia mobilidade social. A divisão social era composta por três estados (estamentos/classes). O 1º estado era composto justamente pelos membros do clero católico e possuía duas subdivisões:

Alto e Baixo Clero:

Alto Clero: Composto geralmente por nobres, muitas vezes segundos filhos, que não possuíam direitos de herança. O alto clero representava a alta hierarquia católica, expressa pelos mais altos cargos (Bispos, Cardeais, Papa)

Baixo Clero: Composto por membros do clero sem grande poder, geralmente os membros da igreja nascidos em famílias de servos. Eram os frades, monges, padres e afins. Eram importantes para a manutenção da influência cristã, mas não tinham acesso aos altos escalões do poder.

Clero Regular e Clero Secular:

Clero Regular: Representado pelos membros do clero que viviam sob determinadas regras. Geralmente habitavam monastérios e conventos, viviam relativamente isolados da sociedade comum e faziam parte de ordens religiosas com características próprias. Algumas dessas ordens constumavam exigir de seus integrantes votos de pobreza, silêncio e afins.

Clero Secular: Representado pelos membros do clero, alto ou baixo, que viviam inseridos na sociedade e cotidiano. Viviam no “séculum” e tinham contato direto com os demais entes sociais.

Detentora da interpretação das escrituras sagradas, da lógica social, da psicologia, das formas de pensar, da filosofia e dos códigos de conduta moral, passados pelos clérigos aos demais estamentos, Igreja adquiriu enorme poder. Assim sendo, por quase um milênio a arte esteve ligada a temática religiosa em geral.

O segundo estado era composto pela nobreza, ou senhores feudais. Pessoas de “alto nascimento” que possuíam de fato a terra. Eram responsáveis pelas decisões administrativas e proteção militar dos feudos.

As relações entre senhores feudais eram marcadas por laços de amizade ou discórdia expressos nas relações de suserania e vassalagem. Tais relações basearam-se nos antigos costumes bárbaros de distribuição da terra por um nobre mais rico a outro mais pobre. Tais relações careciam de laços de fidelidade ou homenagem constantemente restabelecidos.

Entre os nobres também encontramos subdivisão de acordo com suas posses. Duques, Marqueses e Condes compunham a alta nobreza, enquanto viscondes, barões e simples cavaleiros representavam a baixa nobreza. Cabia aos nobres a organização e liderança das forças militares.

Por fim, a grande maioria da população era formada por camponeses e vilões que trabalhavam a terra em troca de abrigo e proteção. Os servos estavam presos a terra, o que de certa maneira garantia-lhes certa segurança.

Porém, viviam imersos a miséria e trabalhavam praticamente todos os dias, guardando geralmente os sábados ou domingos, por razões religiosas. Seu cotidiano era marcado pelo pagamento de diversas obrigações, ou seja, impostos cobrados pelos dois estamentos superiores.

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Fonte: http://image.slidesharecdn.com/1ano-aulaslide-feudalismo-110603215952-phpapp01/95/1-ano-aula-slide-feudalismo-19-728.jpg?cb=1344345152

No quadro acima encontramos algumas das principais obrigações servis, além dos acima expostos, a Igreja fazia a cobrança do chamado “Tostão de Pedro”, que na verdade consistia na cobrança de 10% de tudo que era produzido (DÍZIMO) para ajudar na manutenção da paróquia. A igreja, conforme já explicitado, possuía enorme poder dentro desta sociedade.

Do ponto de vista econômico o feudo era uma unidade territorial que buscava independência produzindo quase tudo que era necessário para a manutenção da estrutura social e econômica.

A Crise do Século XIV e o fim do Feudalismo

Neste período a atividade comercial reduziu drasticamente por toda a Europa e as trocas comerciais realizadas entre os feudos era baseada no escambo, ou seja, a troca direta de mercadorias sem o uso de padrões monetários.

No infográfico abaixo podemos visualizar a organização estrutural de um feudo, que geralmente era dividido em três partes,manso senhorial, manso servil e manso comunal,  embora toda a terra possuísse apenas ao senhor feudal ou a Igreja, no caso de feudos de propriedade desta última.

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Fonte: http://www.apoioescolar24horas.com.br/cf/salaaula/estudos/historia/610_feudo/images/estudo/indice.png

Manso Senhorial: Compunha metade das terras agriculturáveis do feudo e tudo que ali era produzido pelos servos era propriedade dos senhores feudais. O trabalho realizado nessa área ocorria de 3 a 4 dias por semana e consistia na corvéia.

Manso Servil: Composto pelas áreas destinadas a produção de alimentos para os próprios servos. Cada servo recebia uma gleba (lote) onde produzia o próprio sustento. Todavia, parte desta produção era repassada aos senhores feudais para o pagamento das demais obrigações servis (talha, banalidades, dízimo)

Manso Comunal: Áreas de uso comum, tanto por senhores quanto servos, para pastagens, lenha, madeiras e afins. Nos bosques e florestas os senhores feudais praticavam a caça, prática vetada aos servos.

Cabe ressaltar que durante o período feudal não encontraremos o conceito de nação ou estado, as relações políticas eram baseadas nas relações de suserania e vassalagem.

A figura do rei permanece em determinados locais, mas na prática os monarcas eram apenas suseranos com mais terras e poder, possuindo poder de fato apenas nos seu feudo e influência sobre os feudos vassalos. Ou seja, o poder político era centralizado dentro do feudo, mas descentralizado em relação ao continente Europeu Ocidental.

Dica 1: Veja como foi foi a Alta e a Baixa Idade Média

Exercícios sobre o Sistema Feudal

1- (PUC) A característica marcante do feudalismo, sob o ponto de vista político, foi o enfraquecimento do Estado enquanto instituição, porque:

a) a inexistência de um governo central forte contribuiu para a decadência e o empobrecimento da nobreza;

b) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os feudos, enfraquecendo o poder político dos senhores;

c) a soberania estava vinculada a laços de ordem pessoal, tais como a fidelidade e a lealdade ao suserano;

d) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus súditos onerava-lhe as rendas;

e) a competência política para centralizar o poder, reservada ao rei, advinha da origem divina da monarquia.

Resposta: C

2- (UFRN) Os acontecimentos abaixo constituem as características principais do feudalismo, exceto:

a) Ausência de poder centralizado.

b) As cidades perdem sua função econômica.

c) Instauração da relação vassalagem / suserania.

d) Comércio internacional intenso.

e) Organização do trabalho com base na servidão.

Resposta: D

3- (Universidade Federal de Viçosa) Considerada por muitos como a “Idade das Trevas”, a Idade Média foi arcada por uma intensa transformação cultural, pois aos poucos a deterioração da herança cultural do Império Romano foi abrindo espaço para o surgimento de um outro tipo de cultura, baseada no poder crescente da Igreja Católica. Com relação à cultura Medieval, é INCORRETO afirmar:

a) A proliferação das universidades retardou o fortalecimento do Renascimento Cultural Europeu, visto que estas seguiam fielmente os desígnios do Papa e do Catolicismo.

b) Durante a Alta Idade Média, a Igreja adquiriu o controle sobre a educação, dominando o ensino através das escolas religiosas e sendo o clero a elite intelectual.

c)  Os mosteiros funcionaram como depositários da cultura e os monges atuavam, em grande parte, como copiadores de manuscritos antigos.

d) Na Baixa Idade Média, a filosofia escolástica buscava a harmonia entre a razão e a fé, afirmando que o progresso dependia também do esforço do homem.

Resposta: B

Bruno História
Os textos e exemplos acima foram preparados pelo professor Bruno Anderson para o Blog do Enem. Bruno é historiador formado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de história em escolas da Grande Florianópolis desde 2012. Facebook e Twitter.
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