Moral – Revisão de Filosofia para o Enem

Você já deve ter se perguntado sobre os valores morais de sua sociedade. Quem os criou? Por que e para quê? Nascemos bons/maus ou nos tornamos?

Moral e ética ou Moral ou ética? Esse é um assunto complexo e por isso mesmo polêmico. Para entendermos melhor como o processo de construção da moral acontece, comecemos pelas definições de algumas palavras essenciais para entendermos este processo:

Sociedade: sf (lat societateSociol Conjunto relativamente complexo de indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades, permanentemente associados e equipados de padrões culturais comuns, próprios para garantir a continuidade do todo e a realização de seus ideais.

Nesse sentido, o mais geral, a sociedade abrange os diferentes grupos parciais (família, sindicato, igreja etc.) que dentro dela se formam. Sociol Organização dinâmica de indivíduos autoconscientes e que compartilham objetivos comuns e são, assim, capazes de ação conjugada.

Indivíduos: sm 1 Pessoa considerada isoladamente em relação a uma coletividade. Biol Organismo singular ou simples, capaz de existência independente.  Ser particular de cada espécie.

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Quadro “Os Operáros” de Tarsila do Amaral: Indivíduos que fazem parte da sociedade trabalhadora

 

Moral: Do latim mos ou mores e significa Costumes.sf 1 Parte da Filosofia que trata dos atos humanos, dos bons costumes e dos deveres do homem em sociedade e perante os de sua classe. 2 Conjunto de preceitos ou regras para dirigir os atos humanos segundo a justiça e a equidade natural”

Cultura: Sociol Sistema de ideias, conhecimentos, técnicas e artefatos, de padrões de comportamento e atitudes que caracteriza uma determinada sociedade. 14 Antrop Estado ou estágio do desenvolvimento cultural de um povo ou período, caracterizado pelo conjunto das obras, instalações e objetos criados pelo homem desse povo ou período; conteúdo social.

Consciência moral: sf (lat conscientia1 Capacidade que o homem tem de conhecer valores e mandamentos morais e aplicá-los nas diferentes situações.

Relativismo cultural: Filos Doutrina segundo a qual todo conhecimento é relativo. Filos Doutrina segundo a qual a ideia de bem e de mal é variável conforme o tempo e a sociedade.

Apresentadas as definições, vamos à prática: Como elas são aplicadas na construção da Moral?

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Além das sociedades possuírem uma organização e costumes diferentes entre si, que é o que chamamos de relativismo cultural– elas também podem possuir códigos morais diferentes entre si, que é o que chamamos de relativismo moral.

Conforme vimos na imagem acima, a sociedade e a família (primeira grupo social que a criança conhece e faz parte) tem responsabilidade na construção da consciência moral do indivíduo. A primeira (sociedade) pela criação e manutenção das normas morais e a segunda(família) pela transmissão e reforço das mesmas, havendo assim uma interação com o meio, ou seja, o ser humano é um ser histórico-social.

Em outras palavras o desenvolvimento da consciência moral nos indivíduos passa pelas seguintes fases:

1ª fase – ANOMIA: ausência de conhecimento sobre as regras.

2ª fase – HETERONOMIA :sujeição ás regras externas.

3ª faseAUTONOMIA: capacidade de criar suas próprias regras e auto gerenciar-se.

A moral e a consciência dessa moral estão relacionadas ao coletivo, ou seja, à existência de um código moral concreto. Mesmo que os itens dos códigos morais possam variar entre si (e variam) é possível identificá-los como elementos morais.

O ser humano é o único entre os demais seres vivos que é provido de juízo moral, ou seja, que possui a capacidade de julgar sua ação, ou possível ação, como certa ou errada, a partir do código moral vigente em sua sociedade.

É importante lembrar que assim como as sociedades modificaram-se e modificam-se ao longo da história, a moral, como parte da sociedade também sofrerá modificações, pois é resultado do contexto histórico.

Entre os filósofos há várias concepções quanto a moral e seu desenvolvimento. Nos próximos posts veremos um pouco sobre a teoria de alguns filósofos que se destacaram nesse assunto e também a relação entre moral e ética.

Para  saber mais sobre a moral e a liberdade do sujeito, assista:

Que tal testar seus conhecimentos agora? Vamos!

Questão 1. (Leopoldino Rocha) O sujeito ético-moral é somente aquele que preencher os seguintes requisitos:

a) Ser consciente de si, mas não precisa reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a si.

b) Saber o que faz, conhecer as causas e os fins de sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores morais.

c) Não precisa controlar interiormente seus impulsos, suas inclinações e suas paixões, deixando-as fluir livremente.

d) Dizer o que as coisas são, como são e por que são. Enunciar, pois, juízos de fato.

e) Ser responsável, mas não precisa reconhecer-se como autor da sua própria ação nem avaliar os efeitos e as consequências dela sobre si e sobre os outros.

 

Questão 2. (ENEM – 2011)  O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa. Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundanga (corrompida nação fictícia de Lima Barreto) FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de S. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).

O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” efetivamente o que é moral constitui uma ambiguidade inerente ao humano, porque as normas morais são:

a) Decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas.

b) Parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de obrigação.

c) Amplas e vão além da capacidade de o indivíduo conseguir cumpri-las integralmente.

d) Criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual deve se submeter.

e) Cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente a observar as normas jurídicas.

 

Questão 3. Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética adquire um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva.

Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente, com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que atravessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si. SEVERINO. A. J. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1992 (adaptado).

O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta:

a) Os conteúdos éticos decorrentes das ideologias político-partidárias.

b) O valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos.

c) A sistematização de valores desassociados da cultura.

d) O sentido coletivo e político das ações humanas individuais.

e) O julgamento da ação ética pelos políticos eleitos democraticamente.

 

GABARITO:

Questão 1: B

Questão 2: D

Questão 3: D

Paula Filosofia
Os textos e exemplos acima foram preparados pela professora Paula Pille para o Blog  do  Enem. Paula Pille  é  formada  em  Filosofia  pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de Filosofia em escolas da  Grande  Florianópolis  desde  2004.  Facebook: https://www.facebook.com/paula.pille.1.
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