Levantamento realizado pela Gênero e Número e Agência Pública aponta para a ampliação da representatividade de mulheres negras entre bolsistas do Prouni.
Um levantamento inédito realizado pela Gênero e Número e Agência Pública publicado no dia 24 de julho traz informações valiosas sobre o avanço da diversidade no ensino superior brasileiro. Mulheres negras ampliaram sua presença nos dez cursos universitários mais procurados pelo Prouni.
Desde 2012, elas se tornaram o grupo com maior representatividade entre os bolsistas do Programa Universidade para Todos, que concede bolsas de estudo integrais e parciais em instituições particulares de ensino superior.
Os dados analisados incluem informações sobre gênero e raça das matrículas realizadas entre 2006 e 2020 fornecidas pelo Ministério da Educação (MEC).
Em números absolutos, o número de bolsas concedidas a mulheres negras nos cursos de Pedagogia, Direito e Medicina passou de 15.340 em 2006 para 31.868 matrículas em 2020. O crescimento chegou a 108%.
Fonte: Prouni | Créditos: Gênero e Número
Em 2006, elas representavam 28% dos bolsistas do Prouni nos 10 cursos mais procurados. Esse percentual aumentou para 38% em 2020, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
As mulheres negras também foram o grupo demográfico que mais se beneficiou com as bolsas concedidas pelo programa. Em 2012, ultrapassaram outros grupos, representando 30% das bolsas, em comparação a 26% das mulheres brancas, 24% dos homens negros e 19% dos homens brancos.
Durante o período analisado, os homens brancos foram o único grupo a apresentar uma queda proporcional no acesso às bolsas do Prouni, diminuindo de 20% em 2006 para 15% em 2020.
A pesquisa também mostra um aumento na participação de mulheres negras das regiões Norte e Nordeste no programa. Houve um crescimento de 233% no acesso a bolsas por mulheres negras da Região Norte e de 216% na Região Nordeste, que concentra a maior população autodeclarada negra do país, de acordo com a PNAD Contínua do IBGE.
Fonte: Prouni | Créditos: Gênero e Número
Desafios para a permanência e conclusão dos cursos
O Prouni estabelece cotas para a ocupação de vagas por pretos, pardos e indígenas, proporcionalmente às populações desses grupos em cada estado.
Durante o período analisado pela Agência Pública, foi observado um aumento significativo de 108% no acesso das mulheres negras aos cursos mais concorridos por meio do Prouni.
Além disso, a participação de homens negros também cresceu em 63%, enquanto pessoas indígenas e amarelas tiveram um aumento de 51%. Esses números refletem o impacto positivo do programa, especialmente no acesso à educação superior por parte de grupos minoritários.
No entanto, ainda existem obstáculos para garantir a permanência e a conclusão dos cursos. As desigualdades sociais, econômicas e raciais se tornam ainda mais evidentes no âmbito do ensino superior.
A concessão de bolsas de estudos, sem o devido suporte de programas de permanência, contribui para a evasão escolar.
Dados do Censo da Educação Superior do MEC de 2021 apontam que a taxa de desistência dos estudantes em instituições privadas foi de 38,8%, o que corresponde a 2,19 milhões de estudantes.
Esse número vem seguindo uma tendência de crescimento desde 2017, quando a taxa de evasão nas instituições privadas era de 29,8%, conforme reportagem publicada pela Folha de S.Paulo.
O que é o Prouni?
O Programa Universidade para Todos (Prouni) é um programa do Governo Federal brasileiro que oferece bolsas de estudo integrais e parciais em instituições de ensino superior privadas do país. O programa foi criado em 2004, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino superior e ampliar a oferta de vagas para estudantes de baixa renda.
Para se candidatar a uma bolsa do Prouni, é necessário ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano anterior e ter obtido média mínima de 450 pontos e nota maior que zero na redação.
Além disso, o candidato precisa atender a alguns critérios socioeconômicos. A bolsa integral é para estudantes com renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio. Já a bolsa parcial é destinada aos estudantes com renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos.
Também existem vagas reservadas para pessoas com deficiência e para professores da rede pública de ensino básico nos cursos de licenciatura, normal superior ou pedagogia.
As bolsas do Prouni são concedidas em cursos de graduação presenciais e a distância, e valem para toda a duração do curso. É importante saber que, para continuar recebendo o benefício, o estudante precisa ser aprovado, no mínimo, em 75% das disciplinas cursadas em cada período letivo.
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Fonte: Agência Pública
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