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Por que comemoramos o Natal em 25 de Dezembro?

Por que comemoramos o Natal em 25 de Dezembro?

Descubra por que o Natal é celebrado em 25 de dezembro e como essa data se tornou uma tradição mundial ao longo da história.

Quando dezembro chega, preparamos as celebrações natalinas quase automaticamente: montamos árvores, planejamos a ceia e aguardamos ansiosamente o dia 25. Mas você já parou para pensar por que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo (conhecido também como Natal) justamente nesta data?

A resposta nos leva a uma fascinante jornada pela antiguidade, revelando como tradições pagãs e cristãs se entrelaçaram ao longo dos séculos.

O cristianismo primitivo e as celebrações

Quadro “A Ressurreição de Cristo”, de Peter Paul Rubens. (Foto: Palais de Longchamp, Marseille, France / Bridgeman Images)

Nos primeiros séculos após a morte de Cristo, o cristianismo ainda estava em processo de desenvolvimento e expansão. Naquela época, muitas práticas eram bastante diferentes do que conhecemos hoje. Uma das mais surpreendentes: os cristãos não comemoravam aniversários, nem mesmo o de Jesus.

O foco das celebrações estava na morte e ressurreição de santos e mártires, pois era através do martírio que essas figuras alcançavam a santidade. Por isso, até hoje, a Páscoa é considerada pela Igreja Católica uma festa mais importante que o Natal: afinal, todos nascem, mas apenas Jesus Cristo ressuscitou dos mortos.

Os primeiros cristãos até zombavam das religiões pagãs que celebravam os nascimentos de seus deuses. Para eles, uma divindade tão grandiosa não poderia simplesmente ter surgido em um único dia específico que merecesse comemoração anual.

O declínio do Império Romano e a ascensão do cristianismo

Com o tempo, o Império Romano começou a declinar. O culto ao imperador, antes tão forte, foi se enfraquecendo à medida que os governantes se alternavam rapidamente no poder. Esse vácuo religioso e cultural abriu espaço para que religiões locais, incluindo o cristianismo, ganhassem terreno.

O exército romano desempenhou papel crucial nesse processo. Soldados enviados para territórios conquistados entravam em contato com diversas religiões e culturas, criando um ambiente de sincretismo religioso. O cristianismo encontrou terreno fértil especialmente entre os militares.

A virada histórica aconteceu no início do século IV, quando o imperador Constantino se tornou o primeiro governante romano a se converter ao cristianismo. Décadas depois, em 380 d.C., o imperador Teodósio deu o passo decisivo: declarou ilegais todas as religiões pagãs, estabelecendo o cristianismo como religião oficial do império através do Edito de Tessalônica.

A estratégia da incorporação cultural

Essa transição brusca criou um desafio: como fazer milhões de pessoas abandonarem suas tradições religiosas ancestrais? A Igreja Católica adotou uma estratégia inteligente e pragmática: em vez de simplesmente proibir as práticas pagãs, incorporou elementos dessas tradições ao cristianismo, ressignificando-os dentro da nova fé.

Um exemplo notável são os lares, divindades romanas que protegiam as famílias e casas. As pessoas criavam pequenas estatuetas dessas divindades e as colocavam sobre a fogueira (daí vem a palavra “lareira”). Observando essa prática, os cristãos adaptaram o costume para os santos católicos, dando origem às estatuetas de santos que conhecemos até hoje.

O solstício de inverno

Entre as datas mais importantes do calendário pagão estava o solstício de inverno, que no hemisfério norte ocorre próximo a 25 de dezembro. Nesse dia, acontece a noite mais longa do ano, e a partir daí os dias começam gradualmente a ficar maiores.

Para as sociedades antigas, profundamente dependentes da agricultura, o sol era sinônimo de vida. O solstício representava o renascimento do astro-rei, prometendo mais luz, calor e condições para o plantio. Diversas divindades tinham seus nascimentos celebrados nessa época do ano.

Ruínas do tempo de Saturno, onde ocorria a Saturnália. (Foto: Reprodução)

Os romanos realizavam grandes festividades nesse período, incluindo:

  • A Saturnália, em homenagem ao deus Saturno, celebrada entre 17 e 23 de dezembro
  • O Dies Natalis Solis Invicti (Nascimento do Sol Invicto), festa oficial romana instituída pelo imperador Aureliano em 274 d.C.

A estrela do oriente: o Deus Mitra

Entre os deuses celebrados nessa época, o mais popular no exército romano era Mitra, divindade de origem persa. Segundo a lenda, Mitra teria nascido de uma pedra no dia 25 de dezembro e matado um touro do qual surgiu toda a vida no mundo.

Com o passar do tempo, a história de Mitra ganhou novos elementos: ele teria nascido em uma gruta, em uma noite estrelada, e pastores teriam ido visitá-lo. Soa familiar? Essas narrativas foram gradualmente sendo absorvidas e reinterpretadas dentro da tradição cristã.

A escolha do 25 de Dezembro

Curiosamente, o primeiro Natal cristão não foi comemorado em 25 de dezembro. A primeira celebração ocorreu em Roma no ano 336 d.C., mas inicialmente, a data escolhida foi a noite de 5 para 6 de janeiro, coincidindo com a epifania de Dionísio, o deus grego do vinho e da fertilidade.

Essa data também era significativa no Egito, marcando a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Existiam lendas de que, nesse dia, a água se transformava em vinho, o que permitiu que a Igreja associasse a data ao milagre de Jesus transformando água em vinho. Até hoje, a Igreja Ortodoxa celebra o Natal em 6 de janeiro, mantendo essa tradição mais antiga.

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Patriarca Kirill, líder dos cristão ortodoxos russos, reza a missa de Natal no mês de janeiro em Moscou. (Foto: Serguêi Bobilev / TASS)

Porém, diante da popularidade das festividades em torno do deus Mitra e do solstício de inverno, o papa Júlio I, por volta de 350 d.C., estabeleceu oficialmente o dia 25 de dezembro como a data da celebração do nascimento de Cristo. A escolha foi estratégica: substituir as celebrações pagãs por uma festa cristã na mesma época do ano.

O simbolismo teológico da data

Além das razões históricas e culturais, a data carrega profundo significado teológico. O nascimento de Cristo no período mais escuro do ano simboliza a luz divina vencendo as trevas do pecado. Jesus é descrito nos evangelhos como a “Luz do mundo”, que momento mais apropriado para celebrar seu nascimento do que quando a própria natureza começa a reconquistar a luz?

Alguns teólogos antigos calculavam que o quarto dia da criação, quando Deus criou a luz, corresponderia a 25 de março. Nove meses depois, chegamos a 25 de dezembro, criando uma conexão simbólica entre a Anunciação (concepção de Jesus) e seu nascimento.

Outras tradições natalinas

Ao longo dos séculos, o Natal incorporou muitas outras tradições:

O Pinheiro de Natal: começou a ser enfeitado na Alemanha durante a época do protestantismo, no século XVI. Martinho Lutero teria sido um dos primeiros a iluminar uma árvore com velas, representando as estrelas. O pinheiro foi escolhido por sua resistência ao inverno rigoroso, simbolizando esperança e vida eterna.

A Ceia de Natal: tem raízes nas festas da Saturnália romana e em tradições nórdicas, onde se celebrava o solstício de inverno com grandes banquetes. O presunto, hoje tradicional em muitos países, vem dessas celebrações nórdicas antigas.

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Caracterização do Papai Noel propagada pela Coca-Cola, que ajudou a consolidar a imagem do personagem. (Foto: Reprodução)

O Papai Noel: é uma mistura fascinante de várias lendas. A principal é a de São Nicolau, bispo que viveu no século IV na Turquia e era conhecido por sua generosidade com os pobres. Essa figura se fundiu com o Father Christmas inglês e ganhou as características que conhecemos hoje: o visual moderno do Papai Noel foi popularizado pela Coca-Cola no início do século XX.

O Presépio: foi criado por São Francisco de Assis no século XIII, como forma de tornar a história do nascimento de Jesus mais acessível e visual para os fiéis.

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Luana Santos

Jornalista formada pela UFSC e redatora da Rede Enem
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