Recursos ortográficos e efeitos de sentido – Português Enem

Compreender a linguagem é um dos requisitos para se sair bem nas questões de Português do Enem. Hoje vamos conhecer alguns recursos ortográficos e seus efeitos de sentido no texto. Confira aula gratuita.

O texto é um objeto feito de palavras organizadas segundo regras e estratégias para expressar algum significado pretendido por seu enunciador. Cada palavra escolhida, manifesta no leitor uma significação.

A análise que vai ser feita a partir desse texto também pode levar em conta aspectos culturais e em nome de interesses diversos (educativo, econômico, religioso, político, entre outros).

Quando se escreve um texto, usa-se alguns recursos ortográficos que estamos acostumados para demonstrar sentimentos e dar efeitos de término e começo nos textos: são os sinais de pontuação, como as reticências, as exclamações e as interrogações, por exemplo. Recursos ortográficosEsses mecanismos tão comuns na nossa escrita se juntam com outros como: o uso do itálico, do negrito, da CAIXA ALTA e do tamanho da fontes.

Tudo isso em um contexto textual pode atribuir novos sentidos, ou seja, novas significações que vão ser interpretadas por nós leitores. Por isso, é importante reconhecer esses recursos ortográficos, para que assim possamos interpretar o que o autor do texto quer dizer.

Segundo alguns autores gramaticais, muito do que se pode chamar de recursos ortográficos envolve de algum modo a transgressão da ortografia-padrão. Essa transgressão faz com que nos aproximemos do discurso escrito ao discurso da fala. Isso também pode produzir efeitos de estranhamento, crítica ou especulação.

A liberdade de escrever e fazer uso desses recursos está muito presente nos textos narrativos e também nos gêneros textuais como poemas e propagandas. O uso da metalinguagem e de recursos retóricos de convencimento dos leitores podem ser outros recursos utilizados nos textos para dar efeito de sentido.

Alguns recursos ortográficos:

Uso de metalinguagem – A metalinguagem coloca em evidência o código da comunicação. É quando falamos de si próprios, da própria linguagem, etc. O código usado para estabelecer comunicação é o centro da mensagem, ele explica a si mesmo.

Essa função terá o propósito de esclarecer, refletir, discutir num ato de comunicação em que se usa a linguagem para falar sobre ela própria. É a linguagem das bulas de remédios, dos dicionários, etc.

Exemplo: O programa Vídeo Show era um exemplo forte de metalinguagem, pois se usa o “código” da televisão (programa de TV) para falar sobre a própria televisão (outros programas de TV).

Função Poética nos textos – Essa função da linguagem encontrada nos poemas retrata a mensagem por si é posta em relevo. É a linguagem dos poemas e prosas poéticas (literária), da publicidade criativa e afins. Ela é construída de forma criativa e inusitada. Essa função usa vários recursos gramaticais: figuras de linguagem, conotação, neologismos, construções estruturais não convencionais, polissemia etc.

Função emotiva nos textos – Essa função pode ser demonstrada de diversas formas nos textos: nas propagandas fazendo com que os leitores sintam-se comovidos e queiram ajudar ou comprar algo, por exemplo. Ela dá valor aos sentimentos e singularidades afetivas do emissor da mensagem (texto).

Caixa alta: Quando usado dar a entender ao leitor que alguém está estressado, gritando ou que deseja chamar a atenção. Mais do que isso,a caixa alta também é um recurso estético na publicidade.  E, quando se trata de títulos, nomes de marcas e outras expressões curtas, o recurso da caixa alta é bastante utilizado.  Veja no exemplo acima a sucessão de embalagens de Maizena, que ao longo dos tempos preserva nome do produto em caixa alta. O conteúdo é amido de milho. Porém, neste caso, a marca se sobrepõe.

Negrito: Usado para marcar o texto destacando partes importantes.

Itálico: Usado para expressar uma fala, destacar algum objeto e também quando se tem palavras estrangeiras no texto, e por isto elas aparecem com esta leve inclinação e distorção na grafia.

Interjeição: A interjeição é a palavra invariável que usamos para exprimir sentimentos súbitos e emoções. Ela está presente nas histórias em quadrinhos, em propagandas e também em textos narrativos, e são seguidas de ponto de exclamação.

  • Exemplos:
  • Simples sons vocábulos: Ah!, Oh!, Ô!
    Uma palavra: Atenção!, Cuidado!, Avante!
    Um conjunto de palavras: Cruz credo!, Ora bolas!, Puxa vida!

Pontuação: Exclamações (marcadas pelo sinal “!” após interjeições e no fim de frases enunciadas com entoação exclamativa); Interrogações (São usadas para marcar o final de frases interrogativas diretas. Nunca usadas no fim de uma interrogativa indireta).

  • Exemplos:
    Entendeu?
    Será que vai chover?
    Olá!
    Que susto!

O apresentador de TV Sílvio Santos desenvolveu um estilo de comunicação em que utiliza exclamações e interrogações em suas frases de efeito, em seus bordões para animar o auditório.

Exemplos de bordões utilizados com frequência pelo apresentador Sílvio Santos:

  • Quem quer dinheiro?
  • Silvio Santos vem aí!
  • Minhas colegas de trabalho!
  • Sai pra lá, sai pra lá!

O uso de recursos ortográficos possibilita uma leitura para além dos elementos superficiais do texto e auxilia o leitor na construção de novos significados. Nesse sentido, é importante conheçamos os diferentes gêneros textuais: como piada, charge, classificados, propagandas, etc. O leitor deve ter sensibilidade para perceber os efeitos de sentido além do texto.

Na prova do Enem vimos que as charges, os textos de humor ou as letras de músicas, que denotam um sentido irônico ou humorístico do texto, são bastante utilizados para testar a compreensão textual.

No Enem também algumas questões apresentam histórias em quadrinhos, que são marcadas pelas interjeições ou às vezes não necessariamente pela escrita, mas por uma expressão verbal inusitada ou por uma expressão facial da personagem.

Aula Gratuita sobre Recursos Ortográficos

Para aprender um pouquinho mais confira essas videoaulas:
Recursos linguísticos:

Aula Gratuita sobre Recursos expressivos:

Exercícios sobre Recursos Ortográficos – Vamos praticar?

1 – Reconheça o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

A CHUVA

A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o pára-brisa. A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua crina. A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos. A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.

ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.

Todas as frases do texto começam com “a chuva”. Esse recurso é utilizado para

(A) provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.

(B) provocar uma sensação de relaxamento dos sentidos.

(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.

(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.

2 – Localize as relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido

Na tirinha, há traço de humor em

(A) “Que olhar é esse, Dalila?”
(B) “Olhar de tristeza, mágoa, desilusão…”
(C) “Olhar de apatia, tédio, solidão…”
(D) “Sorte! Pensei que fosse conjuntivite!”

3 – Identifique o efeito de sentido decorrente da pontuação e outras notações:

O Encontro (fragmentos)

TELLES, Lygia Fagundes. Oito Contos de Amor. São Paulo: Ática.

Na frase “Já vi tudo isso, já vi… Mas onde?” (l. 15), o uso das reticências sugere

(A) impaciência.
(B) impossibilidade.
(C) incerteza.
(D) irritação.

4 – Reconheça o efeito de sentido decorrente da escolha de determinada palavra ou expressão (Descritor 18)

As Amazônias

SALDANHA, P. As Amazônias. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995

No texto, o uso da expressão “água que não acaba mais” (l. 7) revela

(A) admiração pelo tamanho do rio.
(B) ambição pela riqueza da região.
(C) medo da violência das águas.
(D) surpresa pela localização do rio.

5 – Reconheça o efeito de sentido decorrente dos recursos ortográficos e/ou morfossintáticos:

Magia das Árvores

5 — Eu já lhe disse que as árvores fazem frutos do nada e isso é a mais
pura magia. Pense agora como as árvores são grandes e fortes, velhas e
generosas e só pedem em troca um pouquinho de luz, água, ar e terra.
É tanto por tão pouco! Quase toda a magia da árvore vem da raiz. Sob
a terra, todas as árvores se unem. É como se estivessem de mãos dadas.
10 Você pode aprender muito sobre paciência estudando as raízes. Elas vão
penetrando no solo devagarinho, vencendo a resistência mesmo dos solos
mais duros. Aos poucos vão crescendo até acharem água. Não erram
nunca a direção. Pedi uma vez a um velho pinheiro que me explicasse
por que as raízes nunca se enganam quando procuram água e ele me
15 disse que as outras árvores que já acharam água ajudam as que ainda
estão procurando.
— E se a árvore estiver plantada sozinha num prado?
— As árvores se comunicam entre si, não importa a distância. Na verdade,
nenhuma árvore está sozinha. Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso.

Máqui. Magia das Árvores. São Paulo: FTD, 1992.

No trecho “Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso” (l. 15-16), as frases curtas produzem o efeito de

(A) continuidade.
(B) dúvida.
(C) ênfase.
(D) hesitação.

Gabarito:

1 – Alternativa D.

2 – Alternativa D. Na tirinha que embasa esta questão, o sentido de humor aparece na última fala. Vale lembrar que o cômico é decorrência de uma distorção. No primeiro balão, Romeu dá a impressão de querer saber o que está oculto por trás do olhar de Dalila. Quando, em seguida, ela revela a tristeza que sente, ele considera sorte, por não se tratar de conjuntivite. Ou seja, rimos porque o último quadrinho distorce o aparente interesse de Romeu pelo olhar da Dalila.

3 – Alternativa C. Os recursos de pontuação (travessão, aspas, reticências, interrogação, exclamação etc.) são expressivos e ultrapassam os aspectos puramente gramaticais. No trecho do texto destacado no item, as reticências sugerem incerteza. Vale lembrar que elas indicam um prolongamento do pensamento. Algo fica no ar, subentendido, para ser descoberto pelo leitor. É preciso reconhecer o sentido do sinal de pontuação e não a regra.

4 – Alternativa A. Toda escolha de termos implica uma interpretação e é essencial reconhecer os diferentes sentidos deles em função da intenção do autor. Nesta questão, em que se pede o significado de “água que não acaba mais”, deve-se compreender a linguagem figurada. A autora admira o tamanho do Amazonas e usa uma expressão hiperbólica para enfatizar o volume de suas águas.

5 – Alternativa C. A tarefa aqui exige identificar mudanças de sentido decorrentes das variações nos padrões gramaticais da língua. No trecho destacado, as frases curtas aumentam o número de pausas, proporcionando um efeito de ênfase, fazendo com que o leitor tenha tempo para incorporar a ideia de que não existe solidão, nem entre as árvores nem entre as pessoas. O recurso já veio explicitado na questão. O que falta é atribuir um sentido a ele.

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Os textos e exemplos acima foram preparados pela professora Su, com base em manuais gramaticais. A maioria dos exemplos são do Livro “A Gramática para Concursos Públicos”, do professor Fernando Pestana. A professora é Licenciada Plena em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
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