Deus não é a origem do mal. Veja na Filosofia de Santo Agostinho

Para as religiões judaico-cristãs Deus é onipotente, onipresente e onisciente, isto é, Ele pode tudo, está presente e está ciente de tudo. Mas, Deus também seria a origem do mal? Veja:

Aureliano Agostinho nasceu em Tagaste, na Numídia, norte da África, em 354. Tornou-se um grande filósofo, vindo mais tarde viria a ser conhecido como Santo Agostinho.

Com dezesseis anos ele foi estudar para Cartago. Mais tarde, visitou Roma e Milão e passou os últimos anos da sua vida como bispo de Hipona, entre trinta a quarenta quilômetros a oeste de Cartago. Mas ele não foi sempre cristão.

Santo Agostinho conheceu muitas correntes filosóficas e religiosas antes de se converter ao cristianismo. Durante algum tempo, foi “maniqueu”. Os maniqueus pertenciam a uma seita típica da Antiguidade tardia.

Proclamavam uma teoria da salvação em parte religiosa e em parte filosófica. Dividiam o mundo em bem e mal, luz e trevas, espírito e matéria. Através do seu espírito, os homens podiam elevar-se acima do mundo material e deste modo criar a base para a salvação da sua alma.Mas a rigorosa separação entre o bem e o mal não dava descanso a Santo Agostinho.

O jovem Agostinho ocupava-se principalmente com aquilo aque costumamos chamar “o problema do mal”. Por este problema, devemos entender a questão da origem do mal.

Durante algum tempo, ele foi influenciado pela filosofia estoica, e os estoicos negavam uma separação clara entre o bem e o mal. Mas acima de tudo, Santo Agostinho foi influenciado por outra corrente filosófica importante da Antiguidade tardia – o neoplatonismo, que defendia que tudo o que existia era de natureza divina.

Qual a origem do mal? Deus é a origem do mal?

Agostinho foi capaz de responder a um aspecto do problema do mal facilmente. Ele defendia que, embora tenha criado tudo o que existe, Deus não criou o mal porque o mal não é algo, mas a falta ou a deficiência de algo.Santo Agostinho - Deus não é a origem do malPor exemplo, o mal padecido por um homem cego é a ausência de visão; o mal em um ladrão é a falta de honestidade. Agostinho tomou emprestado esse modo de pensar de Platão e seus seguidores.

Aula Gratuita: o pensamento de Santo Agostinho

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Muito bom este resumo. Vale a pena compartilhar!

 

Deus e  Livre-Arbítrio dos homens

Mas, Agostinho precisa explicar por que Deus teria criado o mundo de tal maneira a permitir que existissem tais males ou deficiências naturais e morais. Sua resposta girou em torno da ideia de que os humanos são seres racionais.

Ele argumentou que, para que Deus criasse criaturas racionais, como os seres humanos, tinha de lhes dar o livre-arbítrio.  Ter livre-arbítrio significa ser capaz de escolher – inclusive escolher entre o bem e o mal. Por essa razão, Deus teve de deixar aberta a possibilidade de que o primeiro homem, Adão, escolhesse o mal em vez do bem.

Agostinho explica que Deus criou o mundo do nada, e isso é uma ideia bíblica. Os gregos inclinavam-se mais para a ideia de que o mundo existira sempre. Mas,segundo Agostinho, antes de Deus ter criado o mundo as “ideias” existiam no pensamento de Deus.

Como você viu até aqui, nas propostas de Santo Agostinho ele atribuiu às ideias eternas a Deus e salvou deste modo à concepção platônica da ideia eterna.

Segundo Agostinho, toda a geração humana foi condenada após o pecado original. Apesar disso, Deus decidiu que alguns homens deviam ser poupados da condenação eterna. Mas, existem outras correntes de pensamento mesmo dentro a Filosofia Católica. Confira a seguir:

Veja o pensamento de Tomás de Aquino sobre a existência de Deus

Uma boa estratégia de leitura sobre este mesmo tema trabalho por Agostinho é a visão diferenciada apresentada por Tomás de Aquino acerca da existência de Deus. Para este filósofo, também um religioso, Deus se manifesta pelas suas criações (o mundo, a natureza), sendo Ele a causa primeira de tudo.Tomás de Aquino criou uma forma de comprovação da existência de Deus buscando a Causa Primeira, o ‘motor inicial’ de todo o movimento desde a origem inimaginável.

E, na ausência de causa material original, a única explicação seria Deus como o ente originador. Veja uma aula gratuita sobre o pensamento de Tomás de Aquino para a Filosofia no Enem e nos vestibulares.

Resumo sobre Tomás de Aquino

Confira um resumo bem direto sobre a lógica do pensamento de Tomás de Aquino. Ele articula a existência de Deus através de uma lógica derivada de Aristóteles. Confira:

Aula show!!! Assim você aprende, mesmo. Vamos continuar com Santo Agostinho para a Filosofia do Enem:

Santo Agostinho e a salvação dos homens:

Para Agostinho, nenhum homem é digno da salvação de Deus. No entanto, Deus escolheu alguns que devem ser salvos da condenação. Para ele, não é pois um segredo quem é que deve ser salvo e quem é que deve ser condenado.

Isso está determinado previamente. Logo, nós somos barro nas mãos de Deus. Estamos completamente dependentes da Sua graça.

A Teoria da Iluminação Divina

Segundo o seu ponto de vista, nós devemos viver de modo a podermos saber que pertencemos ao número dos eleitos. Não nega que tenhamos livre arbítrio. Só que Deus já”previu” como é que vamos viver.

  • Agostinho também elaborou a Teoria da Iluminação Divina, por meio da qual afirmava que todo conhecimento verdadeiro é o resultado de uma iluminação proveniente de Deus. Para ele, existem dois tipos de conhecimentos:
  • o sensível, e,
  • o divino.

Santo AgostinhoO conhecimento sensível se dá pelos sentidos ou raciocínio indutivo, e é acessível a qualquer ser humano. Exemplo: percepção das cores, tato, olfato, sons, paladar, etc.

O conhecimento divino – Por outro lado, as verdades eternas pertencem a um plano imaterial e só podem ser obtidas através da iluminação de Deus à razão e ao intelecto do ser humano; de acordo com essa teoria, Deus é o detentor das verdades obsolutas.

Resumo: Para Agostinho o mal não existe, apenas é a ausência do bem, por isso Deus não teria por poder tudo e estar em tudo, não criou e nem está no mal. Ele acaba existindo porque os homens não souberam usar a livre-arbítrio.

Exercícios – Agora chegou a sua vez. Vamos ver se entendeu este conteúdo? Resolva essas questões de vestibulares sobre este assunto:

1) (UFFS) Assinale a alternativa que responde CORRETAMENTE à pergunta abaixo.

Segundo Santo Agostinho, através de qual procedimento podemos descobrir a verdade?

A( ) Pela experiência empírica.
B( ) Pelo diálogo ecumênico.
C( ) Pela iluminação interior.
D( ) Pela ação do Demiurgo.
E( ) Pela dedução transcendental das categorias.

Resposta: C

2) (Ufu 2003) A teoria da iluminação divina, contribuição original de Agostinho à filosofia da cristandade, foi influenciada pela filosofia de Platão, porém, diferencia-se dela em seu aspecto central.

Assinale a alternativa abaixo que explicita esta diferença.

a) A filosofia agostiniana compartilha com a filosofia platônica do dualismo, tal como este foi definido por Agostinho na Cidade de Deus. Assim, a luz da teoria da iluminação está situada no plano suprassensível e só é alcançada na transcendência da existência terrena para a vida eterna.

b) A teoria da Iluminação, tal como sugere o nome, está fundamentada na luz de Deus, luz interior dada ao homem interior na busca da verdade das coisas que não são conhecidas pelos sentidos; esta luz é Cristo, que ensina e habita no homem interior.

c) Agostinho foi contemporâneo da Terceira Academia, recebendo os ensinamentos de Arcesilau e Carnéades, o que resultou na posição dogmática do filósofo cristão quanto à impossibilidade do conhecimento da verdade, sendo o conhecimento humano apenas verossímil.

d) A alma é a morada da verdade, todo conhecimento nela repousa. Assim, a posição de Agostinho afasta-se da filosofia platônica, ao admitir que a alma possui uma existência anterior, na qual ela contemplou as ideias, de modo que o conhecimento de Deus é anterior à existência.

Resposta: b

3) Santo Agostinho de Hipona (cidade africana) foi o mais importante filósofo da Alta Idade Média. Além de filósofo e teólogo, Agostinho também exercia uma função eclesiástica na cidade citada. Qual função era essa?

a) Cônsul
b) Cardeal
c) Bispo
d) Pároco
e) Delegado

Resposta: c

4) No século III, Tertuliano apontava que o conhecimento não poderia ser válido se não estivesse atrelado aos valores cristãos. Outros religiosos defenderiam que as verdades do pensamento dogmático cristão não poderiam estar subordinadas à razão.

Em contrapartida, existiam outros pensadores medievais que não defendiam esta separação entre a fé e a razão. Um dos mais expressivos representantes dessa conciliação, que entre os séculos IV e V defenderia a busca de explicações racionais que justificassem as crenças, foi

(A) Santo Agostinho.
(B) Santo Tomás de Aquino.
(C) São Bento.
(D) Santo Ignacio de Loyola.
(E) Santo Ambrosio.

Resposta: A

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