Foi um movimento de jovens militares do Exército que passaram a contestar a política do Brasil nas décadas de 1910 e 1920. Eles chegaram ao poder com Getúlio Vargas, em 1930.
O Movimento Tenentista, como o próprio nome diz, ocorreu entre o baixo e médio oficialato militar, principalmente do Exército. Representou o descontentamento de grupos identificados como ‘os tenentes’ com a postura do governo federal e da classe política da época. O pensamento básico dos tenentistas estava orientado pelo Positivismo, que propunha o caminho da ‘Ordem para o Progresso’.
A liderança aconteceu por jovens oficiais do Exército Brasileiro. Na época, protestaram contra a corrupção política e contra o atraso do país. Tentaram mudar as coisas nas décadas de 1910 e 1920. O Tenentismo está na base de mudanças importantes no país como o combate aos regimes oligárquicos, a Coluna Prestes, e a revolução de 1930, que leva Getúlio Vargas ao Poder.
Este deve ser entendido como um movimento circunscrito à discussão crítica que os militares mais jovens e setores de classe média das cidades fazia à política do início do século XX no Brasil. Não devemos, portanto, exigir dele uma ideologia popular.
O Tenentismo
O Tenentismo legou personagens que marcaram a história do século XX tais como o Brigadeiro Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Matos Costa, Juarez Távora, Juracy Magalhães e Luís Carlos Prestes.Os Tenentistas buscavam alterar a estrutura política da república oligárquica através da força militar e não da participação democrática da sociedade.
Criticavam duramente a corrupção, as fraudes eleitorais, a subserviência ao capital internacional e os baixos soldos a que estavam submetidos os militares.
Na raiz dos argumentos apresentados pelos ‘Tenentes’ estavam campanhas propondo o fim da República Oligárquica, a valorização das Forças Armadas e uma ação nacionalista de recuperação da economia e da sociedade brasileira.
Aula Gratuita sobre o Tenentismo
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Como você deve ter percebido, parte bastante significativa do próprio poder do Estado, os militares, deixava de falar a língua do presidente da república. O Movimento entre os militares, contudo, não se iniciou de maneira violenta.
No período inicial (até 1922), ele nem sequer chegou a romper a hierarquia militar. A relutância da presidência da república em discutir o problema, e muito menos tentar resolvê-lo, acabou acirrando as tensões com os militares mais jovens, consolidando o que viria a ser O Tenentismo.
Veja aqui o que foi a República Oligárquica, contra a qual se insurgiu o Tenentismo. A República Oligárquica termina em 1930, com a chegada de Getúlio Vargas ao Poder.
A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana
A década de 1920 foi marcada por diversos levantes militares contra a política oligárquica. O primeiro dos movimentos militares foi a Revolta do Forte de Copacabana que ocorreu em julho de 1922, em meio à campanha eleitoral para a presidência da República. Os candidatos eram Artur Bernardes, mineiro, apoiado pelo governo, e Nilo Peçanha, apoiado pela oposição.
O exército estava ressentido com o presidente Epitácio Pessoa, que havia nomeado um civil para o Ministério da Guerra. Em outubro de 1921, um jornal divulgou cartas escritas por Artur Bernardes, com acusações ao exército e ofensas ao marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente da República e, naquele momento, presidente do Clube Militar; as cartas teriam teores pejorativos também ao exército.
Bernardes negou a autoria da carta, mas isso não diminuiu o mal-estar entre o exército e o governo. Em março de 1922, Artur Bernardes venceu as eleições e sua posse foi marcada para novembro.
Cenas de Guerra na praia
Em julho de 1922 o movimento explodiu em diversos quartéis. Porém, os revoltosos foram logo controlados pelo governo. A última tropa a se render foi a que estava sediada no Forte de Copacabana. Completamente cercado, o lugar foi bombardeado por tropas governistas. Os líderes dos revoltosos, capitão Euclides e tenente Siqueira Campos, decidiram deixar sair do forte os militares que não desejavam combater o governo: dos 301 soldados, ficaram apenas 29. Pouco depois, o capitão Euclides foi preso.
Sob o comando de Siqueira Campos e de Eduardo Gomes, os revoltosos decidiram abandonar o forte e enfrentar os 3 mil soldados que faziam o cerco na Rua da Praia de Copacabana. Alguns soldados abandonaram o comandante e restaram por volta de 17 homens, que se dirigiram para o confronto.
Enquanto caminhavam, ganharam a adesão de um civil, o engenheiro Otávio Correia – por isso a “Revolta dos 18”. Não se pode precisar o número de militares participantes; foi um jornal da época que cunhou a expressão 18 do Forte. Veja na foto ‘os 18 do Forte’.No final do confronto sobreviveram apenas dois oficiais, os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Apesar do desfecho, o episódio dos 18 do Forte, como ficou conhecido, conferiu imensa popularidade ao movimento dos tenentes e sua oposição ao domínio oligárquico.
Revolta de 1924
A revolta de 1924 está inserida no movimento tenentista, decorrente do levante Copacabana, ocorrido em 5 de julho de 1922, na então capital do Brasil. Liderada pelo General Isidoro Dias Lopes ocorreu em São Paulo a Revolução de 1924.
No dia 5 de julho, em São Paulo, cerca de 1000 homens ficaram em locais estratégicos; o objetivo da mobilização era tirar do poder o presidente Artur Bernardes, no entanto, outra vez, o grupo de tenentes não sobressaiu e foi derrotado, formando a coluna paulista. Logo depois de sair de São Paulo, o grupo partiu em direção ao interior do estado, liderado pelo Major Miguel Costa e os tenentes Siqueira Campos e Juarez Távora.
No mesmo momento, no Rio Grande do Sul, o tenente Luiz Carlos Prestes que discordava com a direção política do Brasil, liderou uma ofensiva militar em Santo Ângelo, seu comando foi em direção ao estado do Paraná encontrar com a coluna paulista.
Isso gerou a coluna Prestes que contava com uma numerosa tropa bem equipada de armamentos, tinham como finalidade levar ao interior a luta contra o governo e suas ramificações de poder, percorreram cerca de 20.000 km em doze estados.
A Coluna Prestes, de 1924 a 1927
A Coluna Miguel Costa-Prestes, mais conhecida como Coluna Prestes, foi um movimento liderado por militares que faziam oposição à República Velha e às classes dominantes na época. Teve início em abril de 1925, ainda no governo de Artur Bernardes (1922-1926) e percorreu quase todo o território nacional.
Veja na foto um registro da Coluna Prestes.No início da década de XX o Brasil vivia sob o domínio das oligarquias rurais e setores médios urbanos.
Os militares mais jovens, oriundos dos critérios de meritocracia vigentes nas Forças Armadas, começaram a questionar este poder e a pressionar por mais investimentos nas forças armadas e criação de políticas públicas fora dos interesses das oligarquias.
O primeiro movimento concreto de atitude militar teve origem no Estado do Rio de Janeiro, onde se concentravam as lideranças das Forças Armadas, pois a cidade do Rio de Janeiro era a capital nacional. Como este movimento de contestação foi liderado por tenentes do exército, ficou conhecido, então, como Tenentismo.
Em 1924, surgiu uma nova rebelião, desta vez em São Paulo, e liderada já por um General (Isidoro dias Lopes). Depois de muitos combates contra as tropas fiéis ao governo, os revoltosos se refugiaram no interior do Estado.
Enquanto isso, Luís Carlos Prestes, também militar, organizava outro grupo no Rio Grande do Sul. Em abril de 1925, as duas frentes de oposição, a Paulista liderada por Miguel Costa, e a Gaúcha, por Prestes, uniram-se em Foz do Iguaçu e partiram para uma caminhada pelo Brasil.
Com aproximadamente mil e quinhentos homens, a Coluna Prestes percorreu 25.000 quilômetros. Durante dois anos e meio atravessou 11 estados. Do Sul, o grupo rumou para o Centro-Oeste do país, percorreu o Nordeste até o estado do Maranhão. Na volta, os combatentes refizeram o caminho, até chegar à fronteira com a Bolívia.
Nas cidades por onde passava a Coluna Prestes despertava apoio da população e a atenção dos coronéis, que também eram alvo das críticas do movimento. Sempre vigiados por soldados do governo, os revoltosos evitavam confrontos diretos com as tropas, por meio de táticas de guerrilha.
Por meio de comícios e manifestos, a Coluna denunciava à população a situação política e social do país. Num primeiro momento, não houve muitos resultados, porém o Movimento ajudou a balançar as bases, já enfraquecidas, do sistema oligárquico e a preparar caminho para a Revolução de 1930.
Luís Carlos Prestes tornou-se o ícone desta Marcha, ficando conhecido como “O cavaleiro da esperança”. Ele não foi o principal líder da Coluna. Quem tomou a frente do percurso foi Miguel Costa. Mas Prestes era o idealizador, aquele que alimentava o sentimento de liberdade política, voto secreto e justiça social.
Em fevereiro de 1927, a Coluna chegou à Bolívia, onde se desfez. Muitos combatentes se exilaram ali mesmo. Prestes foi para Rússia e, posteriormente, voltou ao país como um dos líderes do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Durante o governo de Getúlio Vargas o líder comunista Luís Carlos Prestes chegou a ser preso e teve a então esposa Olga Benário, alemã, deportada por Getúlio Vargas para a Alemanha nazista de Hitler. Olga foi condenada à morte e executada na Alemanha sob acusações de ter participado de atentados naquele país.
Após a 2ª Guerra Mundial Luís Carlos Prestes foi eleito senador pelo Estado do Rio de Janeiro. Mas, em seguida, os comunistas foram colocados na clandestinidade e Prestes teve o mandato cassado.
A Revolução de 1930: Getúlio Vargas e o Tenentismo
No ano de 1929 os principais líderes do Tenentismo alinham-se com o movimento que levaria Getúlio Vargas à presidência da república. Naquela época foi criada a Aliança Liberal, integrada pelos governados estaduais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e da Paraíba.
O ideário da Aliança Liberal era muito próximo ao do Tenentismo: voto secreto universal, voto para as mulheres, e combate à corrupção, entre outros.
Veja na imagem um grupo de militares alinhados com as causas do Tenentismo e que participara da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao Poder. A imagem é uma foto de Claro Jansson. Ao centro, Miguel Costa (o mais alto).Apenas Luís Carlos Prestes fica fora do alinhamento dos ‘Tenentes’, e caminha progressivamente para o ideário comunista.
Veja na imagem um cartaz de propaganda da campanha eleitoral da Aliança Liberal, propondo Getúlio Vargas presidente, e João Pessoa como vice.Getúlio assume a presidência da república e várias lideranças tenentistas são colocadas como interventores nos Estados, criando uma nova era de poder não oligárquico no País. Mas, nem todos os interventores tinham domínio político-administrativo, gerando problemas em diversos lugares.
Veja aula completa sobre os Governos de Getúlio Vargas. É um resumo simples e rápido do canal Curso Enem Gratuito:
Ele assume em 1930 na trilha de uma revolução para mudar o perfil do país. De fato, moderniza a máquina pública, cria as Leis Trabalhistas, o Salário Minimo, promove a industrialização, concede o direito de voto às mulheres, mas também governa com mão de ferro com a ditadura do Estado Novo a partir de 1937.
Se você quiser se aprofundar no tema, veja mais aqui sobre a ditadura de Getúlio Vargas no Estado Novo.Ele fica no poder até o final da 2ª Guerra Mundial, quando os comandantes militares reivindicam um novo ciclo de poder através de eleições diretas. Getúlio, porém, retorna como presidente eleito em 1950. Cria a Petrobrás e outras estatais que impulsionaram o desenvolvimento do país.
Mas, Getúlio sofre forte oposição do partido UDN (União Democrática Nacional), alinhado com os interesses oligárquicos, e que culmina com uma crise com denúncias de corrupção e um atentado promovido pela guarda pessoal de Getúlio contra o líder da oposição, Carlos Lacerda. Neste atentado morre o militar Major Rubens Vaz, que fazia a segurança de Lacerda.
No auge da crise Getúlio comete o suicídio em agosto de 1954. Veja uma aula sobre a Era Vargas na Presidência da República.
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Exercícios sobre o Tenentismo
Questão 1
O que foi na prática o ‘tenentismo’?
a) Movimento de militares monarquistas que defendiam a volta do império.
b) Movimento burguês, de cunho militar, pela mudança dos poderes no Brasil.
c) Um movimento constituinte que defendia uma maior participação dos militares na vida social brasileira.
d) Movimento de jovens oficiais do exército, contrários à política do “Café com Leite”.
e) Um levante no exército nacional sem conteúdo político, somente pelo aumento dos soldos.
Questão 2
Em quais estados brasileiros ocorreram os levantes de 1924?
a) Amapá e Amazonas.
b) Bahia e Pará.
c) São Paulo e Rio Grande do Sul.
d) Minas Gerais e Tocantins.
e) Roraima e Rondônia.
Questão 3
O que foi a Coluna Prestes?
a) Foi um movimento em decorrência das revoltas de 1924, que andou pelas cidades do Brasil, conhecendo de perto a realidade longe dos grandes centros rurais.
b) Foi um movimento em decorrência das revoltas de 1924, que andou pelo interior do Brasil, conhecendo de perto a realidade longe dos grandes centros urbanos.
c) Um movimento burguês que tinha como finalidade industrializar o Brasil.
d) Uma conspiração comunista para a tomada do poder contra Vargas.
e) Foi um movimento em decorrência da Revolução Russa de 1917, que andou pelo interior do Brasil, conhecendo a força do operariado brasileiro para um possível golpe de Estado.
Questão 4
A revolução de 1924, movimento tenentista, relacionou-se:
a) aos desejos de reformas econômicas e sociais de caráter socialista que acarretassem a superação da República oligárquica e elitista.
b) à violência praticada pelos governos republicanos controlados pelas oligarquias paulista e mineira contra lideranças operárias e camponesas.
c) aos anseios por reformas políticas moralizadoras de cunho liberal que não se chocavam com os princípios de ordenação constitucionais da República.
d) ao caráter conservador do governo Epitácio Pessoa, cuja política repressiva desencadeou o movimento de intervenção federal nos estados oposicionistas.
e) luta pela superação de caráter espoliativo e dependente da economia brasileira, visando obter maior prestígio no concerto internacional.
Questão 5
(Unesp 2012) A Coluna Prestes, que percorreu cerca de 25 mil quilômetros no interior do Brasil entre 1924 e 1927, associa-se:
a) ao florianismo, do qual se originou, e ao repúdio às fraudes eleitorais da Primeira República.
b) à tentativa de implantação de um poder popular, expressa na defesa de pressupostos marxistas.
c) ao movimento tenentista, do qual foi oriunda, e à tentativa de derrubar o presidente Artur Bernardes.
d) à crítica ao caráter oligárquico da Primeira República e ao apoio à candidatura presidencial de Getúlio Vargas.
e) ao esforço de implantação de um regime militar e à primeira mobilização política de massas na história brasileira.