As diferenças entre Texto e Discurso: veja no resumo Enem

A Redação do Enem deve ser escrita no estilo Dissertativo-Argumentativo. Você pode criar um ponto de vista, e defendê-lo. Mas, se virar "discurso pessoal", perde pontos. Veja agora no resumo as melhores dicas para você mandar bem.

Diferenciar o que é texto do que é discurso torna-se um fator essencial para o entendimento dos objetivos do nosso interlocutor, que vai além dos textos com os quais nos deparamos. Saber a diferença entre texto e discurso pode render pontos preciosos no Enem ou no vestibular.

Quando você se encontra diante da prova do Enem ou de um vestibular, você trava contato com textos diversos, oriundos de diversas situações de comunicação. Mas o entendimento de cada um deles não vem somente com a apropriação e a interpretação de cada um desses textos.

Texto x Discurso

Você precisa também ir mais além e compreender o discurso de seu interlocutor, o autor do texto, para poder se apropriar de toda sua intenção comunicativa.

Segundo o filósofo russo Mikhail Bakhtin, a comunicação é dialógica e intertextual, ou seja, os interlocutores nunca estão sozinhos, quando do processo enunciativo. Para ele, nenhum discurso é original; toda palavra é uma resposta à palavra do outro.mikhail -  texto e discursoE é nesse contexto que se situam as variadas possibilidades de criação e recriação da linguagem. 

Diferenças entre Texto e Discurso

Você deve ficar atento para:

Texto: unidade linguística concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela visão (na escrita), que possui um sentido e apresenta uma intenção comunicativa.

Exemplo: uma música, um poema, uma carta, uma charge, etc.

Discurso: atividade comunicativa, constituída de texto e com texto discursivo (interlocutores, finalidade, contexto, etc.).

Exemplo: na charge (texto) abaixo, o autor utiliza-se da charge para transmitir seu discurso, no qual faz uma crítica à violência no país.

discurso

Você pode perceber melhor a diferença entre o texto e o discurso assistindo a esta aula da professora Daniela Garcia, do canal do Curso Enem Gratuito.

Cuidado com o texto na Redação do Enem

Muita gente perde pontos na redação do Enem porque se confunde na elaboração dipode texto solicitado. É o gênero dissertativo-argumentativo, onde você pode e deve se posicionar. Mas, se virar Discurso, perde pontos.

Confira agora no resumo com a professora Daniela Garcia, do canal do Curso Enem Gratuito.

As dicas da professora Daniela:

  1. A tipologia textual, ou tipo textual, é determinada pela forma, estrutura e conteúdo do texto. São exemplos de tipos textuais: narração, descrição, injunção, dissertação.
  2. Já o gênero textual é determinado pela função do texto, que depende do contexto em que ele circula. São exemplos de gêneros textuais: carta, conto, crônica, poema.
  3. Nesta aula acima a professora Dani te explica melhor essas diferenças, que são importantes para você mandar bem na redação e nas questões de linguagens, português, gramática e literatura. 

 

Os textos dentro dos textos

Você deve estar atento a mais um detalhe: assim como há o texto e o discurso, também há intertextos e interdiscursos. Bakthin foi o primeiro a nos apresentar essa ideia; para ele, os enunciados não são autossuficientes, refletindo um no outro. “Cada enunciado é pleno de ecos e reverberações de outros enunciados, com os quais se relaciona pela comunhão da esfera da comunicação verbal” (Estética da Criação Verbal, 1997, p.316).

Preste atenção nos conceitos a seguir:

Intertextualidade: é a relação entre dois textos, caracterizada por um citar o outro.

Interdiscursividade: é a relação entre dois discursos, caracterizada por um citar o outro.

Atenção: a diferença é que na interdiscursividade, não há apenas a relação entre os textos, mas também se faz referência à situação de produção (quem fez, para quem fez, em que momento histórico, com qual finalidade, em que gênero, etc.).

Intertextualidade

Veja a baixo um exemplo de intertextualidade e de interdiscursividade na poesia:

Meus oito anos
Oh! Que saudade que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!
[…]
(Cassimiro de Abreu)
 Meus oito anos
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
De minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua de Santo Antônio
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais.
[…]
(Oswald de Andrade)

Você pode perceber que, em seu poema, Oswald de Andrade nos exemplifica o intertexto e o interdiscurso. O poema é intertextual porque o cita versos do poema de Cassimiro de Abreu, e também ocorre a interdiscursividade porque Oswald dialoga com seu antecessor, contrapondo as suas formas de ver o mundo; uma mais idealizada e a outra mais realista.

Resumo sobre Intextualidade

Veja agora uma introdução bem divertida da professora Camila Zuchetto sobre o que é a Intertextualidade, para você mandar bem nas questões de Literatura e de Interpreta;cão de Textos no Enem:

Muito boa esta aula. Vale a pena ver de novo.

Dica . Você já domina ‘Conotação’ e ‘Denotação’? É um conteúdo essencial para a prova de Linguagens no Enem. Veja aqui um post especial sobre Denotação e Conotação: https://blogdoenem.com.br/denotacao-conotacao-linguagem-literaria/

Exercício: –  Agora chegou a sua vez! Responda a questão abaixo que o Blog do ENEM preparou para você.

→ Leia a anedota a seguir.

O barbeiro:  – Como é que o senhor quer as costeletas?

O freguês, dono do restaurante:  – Bem passadas, com molho e pimenta.

1. Não houve comunicação entre os interlocutores. Qual foi o motivo?

a) As condições de produção da enunciação não foram levadas em consideração.

b) Os interlocutores não se conheciam.

c) Os interlocutores não tinham a mesma profissão.

d) Os interlocutores não tinham a mesma intenção comunicativa.

Resposta: letra “a”.

Comentário: Como vimos nessa aula todo discurso é dialógico e leva em consideração o interlocutor. O que aconteceu foi que o freguês não levou em consideração a condição de produção do discurso e nem o papel social do interlocutor. O freguês estava em uma barbearia, sendo atendido por um barbeiro; portanto a palavra costeleta não teria o mesmo significado que em um restaurante.

Jackson Gil - Redação
O texto foi preparado pelo professor Jackson Gil Avila para o Blog do Enem. Jackson é licenciado em letras Português/Espanhol; especialista em Literatura Contemporânea e em Gramática do Texto; e mestrando em Ciências da Linguagem, todos pela UNISUL.
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