Confira o resumo sobre As Tipologias Textuais para não se perder nas questões de Linguagem e na Redação do Enem. Veja as diferenças entre os gêneros para se garantir.
Tudo o que se escreve recebe o nome genérico de redação ou composição textual. Basicamente, existem três classificações para as Tipologias Textuais: Narração, Descrição, e Dissertação.
Para você fixar bem, observe que a Narração é um texto com base em fatos. A Descrição é um texto com base em caracterização. E, a Dissertação, e um texto com base em argumentação.
Cada um desses tipos redacionais, cada uma destas Tipologias Textuais, mantém suas peculiaridades e características. Nesta aula, falaremos, basicamente, do texto narrativo.
Introdução às Tipologias Textuais
Confira agora com a professora Mercedes bonorino, do canal do Curso Enem Gratuito, um resumo rápido e direto para você dominar Narração, Descrição e Dissertação.
As Tipologias Textuais fazem parte dos fundamentos básicos para você mandar bem na prova de Linguagens, na Redação, e para gabaritar Interpretação de Texto, que é o que mais cai, em todas as matérias. Veja com a professora Mercedes:
A Narração
Modalidade textual em que se conta um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Estamos cercados de narrações desde que nos contam histórias infantis como Chapeuzinho Vermelho ou Bela Adormecida, até as picantes piadas do cotidiano.
Os Elementos da Narrativa
O mundo da ficção desenvolve-se ao redor dos seguintes elementos estruturais:
1 – Personagem: É a pessoa (de persona) que atua na narrativa. Pode ser principal ou secundária, típica ou caricatural.
2 – Enredo: É a narrativa propriamente dita, que pode ser linear ou retrospectiva, cuja trama mantém o interesse do leitor, que espera por um desfecho. Chama-se também simples-mente de ação.
3 – Ambiente: É o meio físico e social onde se desenvolve a ação das personagens. Trata-se do pano de fundo ou do cenário da história, também designado de paisagem.
4 – Tempo: É o elemento fortemente ligado ao enredo numa seqüência linear ou retrospectiva, ao passado, presente e futuro, com seus recuos e avanços. Pode ser cronológico ou psicológico. Cronológico, quando avança no sentido do relógio; psicológico, quando é medido pela repercussão emocional, estética e psicológica nas personagens.
5 – Foco narrativo: Tecnicamente, podemos dizer que se refere às diferentes maneiras de narrar. Geralmente, se resumem em duas:
a) narrador-onisciente: autor conta a história como observador que sabe tudo. Usa a 3ª pessoa.
b) narrador-personagem: autor conta, encarnando-se numa personagem, principal ou secundária. Usa a 1ª pessoa.
6 – Discurso: É o procedimento do narrador ao reproduzir as falas ou o pensamento das personagens. Há três tipos de discurso: direto, indireto e indireto-livre.
Assista ao vídeo da prof. Dani ensinando a como escrever uma narração e depois veja os elementos da narrativa:
Muito boa esta aula da professora Daniela Garcia. Têm mais aulas dela no canal do Curso Enem Gratuito.
A seguir, um texto tipicamente narrativo, de Stanislaw Ponte Preta (Sergio Porto):
O menino precoce
Diz que era um menino de uma precocidade extraordinária e vai daí a gente percebe logo que o menino era um chato, pois não existe nada mais chato que menino precoce e velho assanhado. Todos devemos viver as é ocas condizentes com as nossas idades; do contrário, enchemos o próximo.
Mas deixemos de filosofias e narremos: diz que o menino era tão precoce que nasceu falando. Quando o pai soube disso não acreditou. O pai não tinha ido à maternidade, no dia em que o filho nasceu, não só porque não precisava, como também porque tinha que apanhar uma erva com o Zé Luís de Magalhães Lins, para pagar a “délivrance” que era quase o preço de um duplex, pois a mulher cismou de ir ara a casa de saúde do Guilherme Romano. Mas isto também não vem ao caso. O que importa é que o menino já nasceu falando. Quando o pai soube da novidade, correu à maternidade para ouvir o que tinha o menino a dizer. Chegou perto da incubadeira e o garoto logo se identificou com um “ôba”.
O cara ficou assombrado e mais assombrado ficou quando o nenenzinho disse:
– Papai vai morrer às duas horas! – dito o que, passou a chupar o bico da mamadeira e mais não disse nem lhe foi perguntado.
O cara voltou para casa inteiramente abilolado. Sem conter o nervosismo, não contou pra ninguém a revisão do menininho precoce, mas ficou remoendo aquilo. Dez e meia, onze, meio-dia… e o cara começou a suar frio. Uma da tarde, o cara já estava suando mais que o marcador de Pelé. Quando deu duas horas ele estava praticamente arrasado e quando passou da hora prevista um minuto ele começou a se sentir mais aliviado. E estava dando o seu primeiro suspiro, quando ouviu um barulho na casa do vizinho. Uma gritaria, uma choradeira. Correu para ver o que era: o dono da casa tinha acabado de falecer.
Entenda o que é o Foco Narrativo
Para concluir a sua revisão sobre Tipologias Textuais, com foco no gênero da Narração, confira agora o resumo especial com a professora Camila:
Excelente esta aula-resumo.
Dica 1 – Gênero Lírico, Épico ou Narrativo, e Dramático. Relembre as diferenças entre eles com esta aula de Literatura para o Enem
Dica 2 – Saiba como identificar as diferenças de um texto em Prosa e em Verso. Pratique em exercícios de interpretação de texto aqui nesta aula de Literatura Enem .
Exercícios sobre as Tipologias Textuais
Questão 1 – O texto a seguir pertence ao livro infância (1945), de Graciliano Ramos. Leia-o e assinale a alternativa correta sobre ele.
O ponto de reunião e fuxicos era a sala de jantar, que, por duas portas, olhava o alpendre (1) e a cozinha. Como falavam muito alto, as pessoas se entendiam facilmente de uma peça para outra. Nos feixes de lenha arrumados junto ao fogão, na prensa de farinha, nos brancos dutos que ladeavam a mesa, a gente se sentava e ouvia as emboanças (2) do criado, um caboclo besta e palrador (3). Rosenda lavadeira cachimbava e engomava roupa numa tábua. (…)
Vivíamos todos em grande mistura – e a sala de visitas era inútil, com as cadeiras pretas desocupadas, uma litografia (4) de S. João Batista e uma do inferno, o pequeno espelho de cristal que Amâncio, afilhado de meu pai, trouxera do Rio ao deixar o exercito no posto de sargento.
Notas: (1) varanda coberta; (2) conversas sem importância; (3) falante; (4) espécie de pintura.
a) No trecho, o narrador estabelece uma relação contrastante entre dois espaços domésticos distintos.
b) Ao afirmar que a sala de jantar “olhava o alpendre e a cozinha”, o narrador cria uma metáfora da vigilância opressiva e autoritária sobre empregados.
c) A inutilidade atribuída à sala de visitas se explica pela condição de recolhimento em que vive a família do narrador, fechada em si mesma.?
d) O narrador se coloca em uma postura objetiva, estabelecendo um distanciamento em relação ao espaço retratado.
e) a separação nítida entre espaços de patrões e de empregados funciona como evidencia e denuncia do elitismo característico da família patriarcal nordestina.
Questão 2 – O texto a seguir foi reproduzido da orelha do livro como ser feliz sem dar certo – e outras historia de salvação pela bobagem, do cronista gaúcho Carlos Moraes (Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, 2001). Leia-o para responde à questão.
Auto-orelha e contra-ajuda
Pois lá estava esta obra quase esculpida na editora, quando alguém se percebeu: falta a orelha! E agora?, pensei. De silicone é moda, mais o órgão no caso, não comporta. Pedir uma para um colega mais graduado, tudo bem, só que ai o livro corre o risco de sair, como tantos outros, com mais orelha do que cérebro.
Não é fácil uma orelha. Não faltou nem um engraçadinho sugerindo pedir uma ao nosso escritor mais famoso, sob a torpe alegação de que ele é mago mesmo e tem por sobrenome um bicho com orelha de sobra, Das ilações de Van Gogh, justo o meu pintor do coração, nem é bom falar.
No fim, sabe a quem vou solicitar uma orelha?
A você, amigo leitor. Mando aos cuidados da editora. Sim, porque este é um país estranho e mesmo um livro de contra-ajuda, e sobre bobagem, corre o risco de nos adentrados do milênio, chegar a uma segunda edição. Essa é claro, de orelha nova. A sua, amigo leitor.
Toda ou em parte, nunca se sabe. Se chegarem muitas, a gente pode até montar um banco de orelhas. Há tanto escritor carente por aí. (…)
Assinale a alternativa incorreta:
a) o autor do livro cogitou que um escritor de sobrenome Coelho, que além de tudo é mago, poderia escrever a orelha do livro.
b) O autor prefere não comentar as comparações entre seu livro e Van Gogh, seu pintor preferido.
c) na opinião do autor, há livros cujo texto de apresentação é mais inteligente que o conteúdo.
d) Em determinada passagem do texto, o autor compara seu livro a uma escultura.
e) A expressão “banco de orelhas” até poderia ser interpretada como um banco de órgãos humanos, dado o caráter humorístico do texto.
Dica 3 – Está pronto para o Enem? Acompanhe esta aula sobre as funções da linguagem, com foco nas funções conativa, fática e metalinguística – https://blogdoenem.com.br/funcoes-linguagem-2-gramatica-enem/
Questão 3 – Jura, China, Mixaria e Burgos estavam tomando cerveja em frente ao Bar do Policia e quando avistaram Geovas pegando uma lata de Coca-ola do chão, se ligaram que o mano ia fumar pedra. Começaram então, a comentar o futuro do maluco. Ratinho chegou na banca e ouviu os comentários sobre Geovas e disse que ele já tava vacilando e que roubara o botijão de gás da Dona Izé. Burgos se irritou e disse que não adiantava o Ratinho agitar encrenca, que ele tava a pampa e começou a falar muito nervoso, quase chorando. (Ferréz, Capão Redondo)
Assinale a alternativa incorreta a respeito do texto:
a) O narrador se utiliza de uma linguagem que realça seu distanciamento da matéria narrada.
b) Tanto na temática quanto no plano do conteúdo, o texto apresenta um retrato da vida nas periferias de grandes cidades brasileiras.
c) Embora predomine registro coloquial, existem exemplos de obediência à norma culta.
d) A compreensão plena do texto requer certos conhecimentos do leitor, como o sentido de expressões como “fumar pedra”, “vacilando” e “a pampa”
e) A linguagem sugere a proximidade do narrador em relação ao assunto de que trata.
Questão 4 – “Bang. Bang. Bang. Acertei os três tiros, três latas de Pomarola voaram, deram piruetas e caíram em cima do lixo. Fui até o muro, coloquei cinco garrafas, eu preferia garrafas, os cascos estilhaçando, eu gostava daquele barulho. Até matar o primeiro cara a gente pensa que existe essa história de aprender a matar. Aprender a matar é como aprender a morrer, um dia você morre e pronto.
Ninguém aprende a matar. Isso é conversa furada de tira. Todo mundo nasce sabendo. Se você tem uma arma na mão, é isso, você já sabe tudo.” (Patrícia Melo, O matador. São Paulo, Companhia das Letras, 1995)
A partir da leitura do texto acima, analise as seguintes afirmações:
I. O trecho de Patrícia Melo revela incompatibilidade entre a matéria narrativa e a escolha vocabular – dissonância que caracteriza a literatura brasileira dos anos de 1990.
II. A narrativa em primeira pessoa reforça uma visão objetiva da realidade, ao mesmo tempo em que permite um mergulho profundo na psicologia da personagem.
III. O fragmento pode servir como exemplo da exploração da temática violência que a literatura brasileira das ultimas décadas tem apresentado.
IV. A violência é incorporada pela própria narrativa, na naturalidade com que a personagem relata seus crimes.
Assinale a alternativa adequada:
a) Estão corretas apenas as informações I e II.
b) Estão corretas apenas as informações III e IV.
c) Estão corretas apenas as afirmações II, III e IV.
d) Todas as afirmações estão incorretas.
e) Todas as afirmações estão corretas.
Você consegue resolver estes exercícios? Então resolva e coloque um comentário no post, logo abaixo, explicando o seu raciocínio e apontando a alternativa correta para cada questão. Quem compartilha a resolução de um exercício ganha em dobro: ensina e aprende ao mesmo tempo. Ensinar é uma das melhores formas de aprender!