Veja como o Brasil participou das batalhas pela Unificação da Itália. Anita Garibaldi virou heroína de dois mundos. Confira também a Unificação da Alemanha no resumo Enem:
Nesta aula você vai compreender dois importantes movimentos que a partir de guerras e alianças políticas para criar unidades territoriais no século XIX resultaram em duas identidades nacionais que viraram países europeus com grande destaque. Veja como aconteceu a Unificação da Itália, com Vitor Emanuel na liderança política, e Giuseppe Garibaldi no comando militar; e depois a Unificação Alemã, sob comando de Bismarck.
Há uma curiosidade histórica importante, pois mesmo no seio da Europa estes dois processos de unificação territorial e criação de uma identidade a partir do Idioma e traços étnico-culturais ocorreram posteriormente à formação dos chamados estados nacionais (movimento típico na Europa nos séculos XVI e XVII). Foi bem mais tarde, só no Século XIX, que surgiram a Itália e a Alemanha, em processos ligados já ao capitalismo industrial.
Unificação da Itália
O Brasil tem dois personagens importantes nas campanhas da Itália. Giuseppe Garibaldi, italiano que combateu no Brasil ao lado dos Farrapos, na Revolução Farroupilha, e a sua esposa, a brasileira Anita Garibaldi. Gravura representando Garibaldi em combate pela Unificação da Itália Fonte: http://darozhistoriamilitar.blogspot.com.br/2012/08/guerras-da-unificacao-italiana-1840-1861.html
Garibaldi e Anita se conheceram em Laguna (SC), quando a cidade foi ocupada pelo Farrapos vindos do Rio Grande do Sul, num feito militar épico liderado por Giuseppe. Anita era casada com um sapateiro, mas enamorou-se de Garibaldi. Largou tudo, pegou em armas e foi com ele para os campos de batalha na Europa. Morreu enferma, e foi consagrada Heroína de dois mundos.
Unificação da Alemanha
O objetivo deste post é fazer um resumo sobre os processos de unificação que tanto italianos quanto alemães vivenciaram em pleno século XIX, ou seja, quando outras regiões e países viveram o desenvolvimento industrial e buscaram ampliar suas áreas de influência e acesso a matéria prima, mão de obra e, principalmente, mercados consumidores para esses produtos industrializados.
O século XIX foi um período histórico bastante interessante do ponto de vista econômico, pois representou o momento em que outros países, além da Inglaterra foram capazes de desenvolver a economia industrial.
Nesta lógica o neocolonialismo, por sua vez uma forma de imperialismo, foi determinante para que a Itália e a Alemanha finalmente vivessem o processo de unificação que as colocariam em pé de igualdade nas disputas por mercados consumidores, matéria prima e mão de obra baratas.
É importante ter em mente que embora esses países não existissem politicamente, os diversos territórios segundo os quais estavam divididos (8 para Itália e 39 para Alemanha) apresentavam tradições culturais comuns, como por exemplo a predominância do Italiano ou do Alemão em cada uma das áreas em que foram agrupadas para resultar posteriormente nos países Alemanha ou Itália..
Neste sentido, o desenvolvimento econômico dessas regiões terminou por ser tardio em ambos os países, visto que não havia união política, fator determinante para o desenvolvimento do capitalismo comercial nas outras regiões.
Para melhor compreensão falaremos isoladamente de cada processo, no entanto é importante dizer que ambos ocorreram no mesmo período e acabaram por influenciar, e mesmo auxiliar, um ao outro, na medida em que a unificação destes territórios resultou em novas relações externas na Europa.
Tanto a área que viria a ser a Itália quanto as regiões que iriam formar a Alemanha, apesar de independentes, possuíam relações comerciais, ou mesmo de influência política. E, desta forma se relacionavam com países e outras nações europeias, como França e Áustria por exemplo, que seguiram suas próprias lógicas.
Dica do Blog:
Anita Garibaldi, a brasileira que virou Heroína de Dois Mundos, conheceu Giuseppe Garibaldi em Laguna, no interior de Santa Catarina, durante os combates da Guerra dos Farrapos, quando Garibaldi combateu no Brasil ao lado dos revoltosos: Veja aqui um resumo dessa incrível história de amor em tempos de guerra.
A Campanha na Itália:
A Itália, conforme já citado, era dividida em 8 territórios independentes entre si, sendo alguns destes influenciados pela Áustria ou França e pela própria Igreja Católica, no entanto de acordo com a popularização de movimentos nacionalistas por toda a Europa, diversos setores sociais destes reinos e ducados passaram a desejar uma unificação política entre os territórios italianos. Fonte: http://www.historialuniversal.com/2010/07/unificacion-italiana-resumen.html – Mapa contendo os diferentes estados Italianos antes da Unificação
As primeiras tentativas de unificação datam das décadas de 1830 e 1840, no entanto, tais insurreições organizadas principalmente por Giuseppe Mazzini não lograram êxito. Por sua vez, a partir da década de 1860 o processo passaria a ser organizado pelo reino de Piemonte – Sardenha, situado no norte do território italiano.
Este reino havia vivido o processo de industrialização, mas enfrentava concorrência voraz das demais nações, sobremaneira a Áustria.
Assim sendo, o rei de Piemonte, Vitor Emanuel II (ou Vittorio Emanuele II, conforme a literatura citada), incumbiu seu primeiro ministro, o Conde de Cavour de viabilizar a unificação dos territórios. Por sua vez, Cavour pode contar com o apoio dos Camisas Vermelhas, grupo de republicanos liderados por Giuseppe Garibaldi.
Sendo assim, entre 1859 e 1870 os reinos e ducados italianos foram sistematicamente anexados, primeiramente ao norte (Lombardia, Modena, Toscana e Parma), territórios anexados após guerra contra a Austria.
Por volta de 1861 as forças de Garibaldi anexariam o reino das duas Sicílias, território mais ao sul. Entre 1864 e 1870 os territórios de Veneza, ainda sob domínio austríaco, bem como o território de Roma e adjacências (Estados Pontifícios) foram finalmente ocupados.
A Itália estava finalmente unificada e tornara-se uma monarquia parlamentar, sendo Vitor Emanuel II coroado rei. Entretanto, o Papa Pio XI recusou-se a reconhecer o novo Estado e refugiou-se no Vaticano.
O problema só seria solucionado em 1929, quando a Itália já era governada por Benito Mussolini que assinou junto a Igreja Católica o Tratado de Latrão, onde a Igreja reconhecia a Itália como território unificado e independente e o Vaticano foi reconhecido como território independente da Itália e governado pelo próprio Papa católico.
Dica 1: Videoaula sobre a Unificação da Itália
Compreendeu bem o longo processo revolucionário que levou à formação da Itália? Então, agora vamos para o processo que aconteceu para formar (unificar) a Alemanha.
A campanha na Alemanha:
O processo de unificação dos 39 Estados Germânicos teve início em 1834 através da Prússia, principal potência entre estes territórios, ao lado da Áustria, através da criação da Zollverein. Tal conceito consiste na criação de uma união alfandegária que possibilitasse a eliminação de barreiras alfandegarias no comércio entre os 39 estados.
Em suma, a Zollverein criava um mercado comum mais atrativo para os Estados germânicos, sem a presença da Áustria, mas não foi suficiente para a unificação política. Veja uma aula do canal do Curso Enem Gratuito sobre a Unificação Alemã:
Mandou muito bem o professor Felipe. Agora, é com você para prosseguir na unificação alemã.
Em 1861 Guilherme I assumiu o trono prussiano e nomeou Otto Von Bismarck para o cargo de Chanceller e caberia a este a liderança do processo de unificação. Monarquista e antiliberal, Bismarck unificaria a Alemanha pela força, aproveitando-se do forte exército prussiano e segundo a lógica que o mesmo batizou de “ferro e sangue”.
Tal política visava a criação de uma imensa malha ferroviária que unisse todos os territórios e a modernização do exército prussiano.Fonte: https://br.pinterest.com/pin/271904896231009095/ Mapa indicativo os territórios germânicos de acordo com o processo de unificação encabeçado pela Prússia
Assim sendo, em 1864 Prússia e Áustria fariam guerra a Dinamarca pela posse dos territórios de Holstein e Schleswig, culturalmente germânicos, mas até então sob domínio dinamarquês.
Posteriormente a Prússia entraria em atrito com a própria Áustria, excluindo-a da chamada Confederação Germânica do Norte, organização recém criada por Bismarck que unia toda a parte setentrional da Alemanha.
Restando o sul para finalmente unificar a Alemanha, Bismarck provocou uma guerra entre a Prússia e a Confederação Germânica do Norte contra a França, já em estado de alerta diante do poderio militar e econômico da nova organização germânica.
Com tal política Bismarck objetivou atrair os estados do sul, ainda independentes, apelando para o que chamou de “união patriótica”, facilitada pela ameaça de agressão francesa diante da possibilidade de tal união.
A guerra Franco-Prussiana foi vencida pelas forças alemãs, que além de cobrar pesadas indenizações dos franceses, confiscou os territórios na Alsácia e Lorena. Tal guerra resultou na consolidação da união política dos Estados Germânicos, com Guilherme I como Kaiser e Bismarck como Chanceler do 2º Reich Alemão em 1871.
Além disso, a humilhação imposta aos franceses criou um forte sentimento de revanche que figurou entre as principais causas para a 1ª Guerra Mundial.
Exercícios sobre a Unificação da Itália e da Unif. Alemã
1- (FUVEST) “Fizemos a Itália, agora temos que fazer os italianos”.
“Ao invés da Prússia se fundir na Alemanha, a Alemanha se fundiu na Prússia”.
Estas frases, sobre as unificações italiana e alemã:
a) aludem às diferenças que as marcaram, pois, enquanto a alemã foi feita em benefício da Prússia, a italiana, como demostra a escolha de Roma para capital, contemplou todas as regiões.
b) apontam para as suas semelhanças, isto é, para o caráter autoritário e incompleto de ambas, decorrentes do passado fascista, no caso italiano, e nazista, no alemão.
c) chamam a atenção para o caráter unilateral e autoritário das duas unificações, imposta pelo Piemonte, na Itália, e pela Prússia, na Alemanha.
d) escondem suas naturezas contrastantes, pois a alemã foi autoritária e aristocrática e a italiana foi democrática e popular.
e) tratam da unificação da Itália e da Alemanha, mas nada sugerem quanto ao caráter impositivo de processo liderado por Cavour, na Itália, e por Bismarck, na Alemanha.
Resposta: C
2- (Puccamp) Na base do processo das unificações italiana e alemã, que alteraram o quadro político da Europa no século XIX, estavam os movimentos
a) sociais, acentuadamente comunistas.
b) liberais, acentuadamente nacionalistas.
c) iluministas, acentuadamente burgueses.
d) reformistas, acentuadamente religiosos.
e) renascentistas, acentuadamente mercantis.
Resposta: B