Simulado sobre Carlos Drummond de Andrade

Aproveite o final de semana para colocar a leitura em dia e fazer um simulado de Literatura sobre Carlos Drummond de Andrade!

Considerado o maior escritor brasileiro do século XX, Carlos Drummond de Andrade também é o que mais cai nas provas de Linguagens do Enem!

Poeta versátil e multifacetado, Drummond transitou por diversos temas, contemplando o amor, as relações humanas, aspectos de sua vida, de sua infância em Minas Gerais, bem como questões sociais de seu tempo.

Apelidado de Urso PolarGauchePoeta Itabirano ou Poeta de Sete Faces, é um dos principais escritores brasileiros de todos os tempos.

Seu legado literário o imortalizou e o faz ser considerado por muitos críticos como o maior escritor brasileiro do século XX.

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

Você certamente já se deparou com algum fragmento do famoso poema acima. Nunca uma pedra fora antes tão poetizada na literatura brasileira.

Aparentemente banal ou redundante, o poema acima nos revela muitos outros sentidos além do fato de uma pedra estar no meio do caminho do eu lírico. O poema intitulado No meio do caminho, é de autoria de um dos maiores expoentes da nossa poesia: Carlos Drummond de Andrade.

O escritor nasceu em Itabira, interior de Minas Gerais, a 31 de outubro de 1902. O cenário e hábitos da pequena cidade mineira são uma das alusões constantes de sua poesia ao longo de toda sua produção.

Quando adolescente, foi aluno interno no Colégio Anchieta, em Friburgo, do qual foi expulso em 1919, devido a um incidente com o professor de português. Mais tarde, formou-se em Farmácia. Contudo, acabou por não exercer a profissão de farmacêutico.

Drummond deu aulas de Português e Geografia até 1929, ano que se tornou funcionário público. Em meados da década de 1930, assumiu um cargo no Ministério da Educação e, por isso, passou a morar no Rio de Janeiro, cidade que se orgulha de ter sido lar do poeta.

Em 1930, Drummond publicou seu primeiro livro, Alguma poesia. A partir de então, envolvido com intelectuais como Manuel Bandeira e Guimarães Rosa, passou a figurar entre os grandes nomes da literatura moderna no país. Da década de 1950 em diante dedicou-se somente à literatura.

Videoaula sobre Carlos Drummond de Andrade

Nesta videoaula, a professora Camila Zuchetto Brambilla, do Curso Enem Gratuito, conta um pouco mais sobre a vida a e a obra de Carlos Drummond de Andrade.

Exercícios sobre Carlos Drummond de Andrade

Agora que você refrescou sua memória, que tal testar o seu conhecimento sobre Drummond com questões que já foram cobradas no Enem e nos vestibulares sobre o autor? O gabarito sai na hora!

  1. (Fac. Medicina de Petrópolis RJ/2020)

    O relógio

    Nenhum igual àquele.

    A hora no bolso do colete é furtiva,
    a hora na parede da sala é calma,
    a hora na incidência da luz é silenciosa.

    Mas a hora no relógio da Matriz é grave
    como a consciência.

    E repete. Repete.

    Impossível dormir, se não a escuto.
    Ficar acordado, sem sua batida.
    Existir, se ela emudece.

    Cada hora é fixada no ar, na alma,
    continua sonhando na surdez.
    Onde não há mais ninguém, ela chega e avisa
    varando o pedregal da noite.

    Som para ser ouvido no longilonge
    do tempo da vida.

    Imenso
    no pulso
    este relógio vai comigo.

    ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo: esquecer para lembrar. 1968. Livrandante. Disponível em: http://livrandante.com.br/carlos-drummond-de-andrade-boitempo-esquecer-para- lembrar/. Acesso em: 20 ago. 2019.

    O texto exemplifica o seguinte aspecto da obra do poeta modernista Carlos Drummond de Andrade:

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  2. (Fuvest SP/2020)

    Cantiga de enganar

    (…)
    O mundo não tem sentido.
    O mundo e suas canções
    de timbre mais comovido
    estão calados, e a fala
    que de uma para outra sala
    ouvimos em certo instante
    é silêncio que faz eco
    e que volta a ser silêncio
    no negrume circundante.
    Silêncio: que quer dizer?
    Que diz a boca do mundo?
    Meu bem, o mundo é fechado,
    se não for antes vazio.
    O mundo é talvez: e é só.

    Talvez nem seja talvez.
    O mundo não vale a pena,
    mas a pena não existe.
    Meu bem, façamos de conta.
    De sofrer e de olvidar,
    de lembrar e de fruir,
    de escolher nossas lembranças
    e revertê‐las, acaso
    se lembrem demais em nós.
    Façamos, meu bem, de conta
    – mas a conta não existe –
    que é tudo como se fosse,
    ou que, se fora, não era.
    (…)

    Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma.

    Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva do sujeito maduro, já afastado das ilusões, como se lê no verso‐síntese “Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.” (“Legado”). O excerto de “Cantiga de enganar” apresenta a relação do eu com o mundo mediada:

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  3. (ENEM MEC/2020)

    Carlos é hoje um homem dividido, Mário, e isso graças às suas cartas.
    Às vezes ele torce pelas palmeiras paródicas do Oswald de Andrade (a ninguém cá da terra passou despercebido o título que quer dar ao seu primeiro livro de poemas — Minha terra tem palmeiras). Às vezes não quer esquecer o gélido cinzel de Bilac e a prosa clássica dos decadentistas franceses, e à noite, ao ouvir o chamado da moça-fantasma, fica cismando ismálias em decassílabos rimados. Às vezes sucumbe ao trato cristão da condição humana e, à sombra dos rodapés de Tristão de Ataíde, tem uma recaída jacksoniana. Às vezes não sabe se prefere o barulho do motor do carro em disparada, ou se fica contemplando o sinal vermelho que impõe stop ao trânsito e silêncio ao cidadão. Às vezes entoa loas à vida besta, que devia jazer para sempre abandonada em Itabira. Mas na maioria das vezes sai saracoteando ironicamente pela rua macadamizada da poesia, que nem um pernóstico malandro escondido por detrás dos óculos e dos bigodes, ou melhor, que nem a foliona negra que você tanto admirou no Rio de Janeiro por ocasião das bacanais de Momo.

    SANTIAGO, S. Contos antológicos de Silviano Santiago. São Paulo: Nova Alexandria, 2006.

    Inspirado nas cartas de Mário de Andrade para Carlos Drummond de Andrade, o autor dá a esse material uma releitura criativa, atribuindo-lhe um remetente ficcional. O resultado é um texto de expressividade centrada na:

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  4. (Fac. Santo Agostinho BA/2018)

    Receita de Ano Novo

    Para você ganhar belíssimo Ano Novo
    cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
    Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
    (mal vivido talvez ou sem sentido)
    para você ganhar um ano
    não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
    mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
    novo
    até no coração das coisas menos percebidas
    (a começar pelo seu interior)
    novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
    mas com ele se come, se passeia,
    se ama, se compreende, se trabalha,
    você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
    não precisa expedir nem receber mensagens
    (planta recebe mensagens?
    passa telegramas?)

    Não precisa
    fazer lista de boas intenções
    para arquivá-las na gaveta.
    Não precisa chorar arrependido
    pelas besteiras consumadas
    nem parvamente acreditar
    que por decreto de esperança
    a partir de janeiro as coisas mudem
    e seja tudo claridade, recompensa,
    justiça entre os homens e as nações,
    liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
    direitos respeitados, começando
    pelo direito augusto de viver.

    Para ganhar um Ano Novo
    que mereça este nome,
    você, meu caro, tem de merecê-lo,
    tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
    mas tente, experimente, consciente.
    É dentro de você que o Ano Novo
    cochila e espera desde sempre.

    ANDRADE, Carlos Drummond de. Receita de Ano Novo. São Paulo: Editora Record, 2008.

    Carlos Drummond de Andrade, autor do texto, “Receita de Ano Novo”, é um dos principais escritores do 2.º momento do Modernismo. Entre as características da poesia modernista, NÃO se observa no texto:

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  5. (FPS PE/2019)

    Morte do leiteiro

    Há pouco leite no país,
    é preciso entregá-lo cedo.
    Há muita sede no país,
    é preciso entregá-lo cedo.
    Há no país uma legenda,
    que ladrão se mata com tiro.
    Então o moço que é leiteiro
    de madrugada com sua lata
    sai correndo e distribuindo
    leite bom para gente ruim. (…)

    Meu leiteiro tão sutil
    de passo maneiro e leve,
    antes desliza que marcha.
    É certo que algum rumor
    sempre se faz: passo errado,
    vaso de flor no caminho,
    cão latindo por princípio,
    ou um gato quizilento.
    E há sempre um senhor que acorda,
    resmunga e torna a dormir.

    Mas este acordou em pânico
    (ladrões infestam o bairro),
    não quis saber de mais nada.
    O revólver da gaveta
    saltou para sua mão.

    Ladrão? se pega com tiro.
    Os tiros na madrugada
    liquidaram meu leiteiro.
    Se era noivo, se era virgem,
    se era alegre, se era bom,
    não sei,
    é tarde para saber.

    Mas o homem perdeu o sono
    de todo, e foge pra rua.
    Meu Deus, matei um inocente. (…)
    Quem quiser que chame médico,
    polícia não bota a mão
    neste filho de meu pai.
    Está salva a propriedade. (…)

    Da garrafa estilhaçada,
    no ladrilho já sereno
    escorre uma coisa espessa
    que é leite, sangue… não sei.
    Por entre objetos confusos,
    mal redimidos da noite,
    duas cores se procuram,
    suavemente se tocam,
    amorosamente se enlaçam,
    formando um terceiro tom
    a que chamamos aurora.

    ANDRADE, Carlos Drummond de. A rosa do povo. In. Nova reunião: 23 livros de poesia. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 151-153. Excerto.

    A produção de Carlos Drummond de Andrade faz parte do Segundo Momento Modernista. A Europa vive o avanço do nazifascismo e a II Guerra Mundial; e o Brasil vive o Estado Novo de Getúlio Vargas. É nesse período conturbado que Drummond passa a questionar o “estar-no-mundo” com uma poesia pungente e também politizada. Assinale o trecho poético que representa bem essa fase da produção de Drummond.

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  6. (PUC Campinas SP/2019)

    O caso é que eu tinha convidado um grupo de amigos para ouvir a gravação em K-7 do último e belíssimo poema de Ferreira Gullar, chamado Poema sujo, que o poeta lera para mim em seu exílio em Buenos Aires, em outubro de 1975. Um poema de largo fôlego, em que ele atinge uma universalidade como não se via na poesia brasileira desde que Drummond escreveu Sentimento do mundo e A rosa do povo. Eu, sinceramente, já havia perdido a memória da emoção poética num tal grau de intensidade. Minha emoção poética se transferira muito mais – em vista do verbo leucêmico ou verborrágico dos poetas novos, sua esterilidade ou mero tecnicismo – para as letras de Chico, Caetano e Gil, com músicas e palavras casadas em perfeito conúbio (…).

    (MORAES, Vinicius. “Poema sujo de vida”. In: GULLAR, Ferreira. Poesia completa, teatro e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. xxxix).
    Originalmente publicado na Revista Manchete, em 1976

    A referência feita por Vinicius de Moraes no texto a dois livros de poemas de Carlos Drummond de Andrade faz lembrar que, em ambos, o poeta mineiro determinou-se a:

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  7. (FMABC SP/2018)

    Considere estes versos iniciais do poema “Mãos dadas”, de Carlos Drummond de Andrade:

    Não serei o poeta de um mundo caduco.
    Também não cantarei o mundo futuro.
    Estou preso à vida e olho meus companheiros.
    Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
    Entre eles considero a enorme realidade.

    Com base nesses versos, que bem traduzem o contexto do livro Sentimento do mundo, é correto afirmar que:

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  8. (UPE/2017)

    A noite dissolve os homens

    A noite desceu. Que noite!
    Já não enxergo meus irmãos.
    E nem tampouco os rumores que outrora me perturbavam.

    A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate,
    nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão.
    A noite caiu. Tremenda, sem esperança…
    Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros.
    (…)
    A noite anoiteceu tudo… O mundo não tem remédio…
    Os suicidas tinham razão.

    Aurora, entretanto eu te diviso,
    ainda tímida, inexperiente das luzes que vais acender
    e dos bens que repartirás com todos os homens.

    Sob o úmido véu de raivas, queixas e humilhações,
    adivinho-te que sobes,
    vapor róseo, expulsando a treva noturna.
    (…)

    (Carlos Drummond de Andrade)

    Acerca do contexto histórico e literário em que se inscreve a obra do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade e o texto, assinale a afirmativa CORRETA.

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  9. (Fac. Medicina de Petrópolis RJ/2018)

    Os ombros suportam o mundo

    Chega um tempo em que não se diz mais: meu
    [Deus.

    Tempo de absoluta depuração.
    Tempo em que não se diz mais: meu amor.
    Porque o amor resultou inútil.
    E os olhos não choram.
    E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
    E o coração está seco.

    Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
    Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
    mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
    És todo certeza, já não sabes sofrer.
    E nada esperas de teus amigos.

    Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
    Teus ombros suportam o mundo
    e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
    As guerras, as fomes, as discussões dentro dos
    [edifícios
    provam apenas que a vida prossegue
    e nem todos se libertaram ainda.
    Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
    preferiram (os delicados) morrer.
    Chegou um tempo em que não adianta morrer.
    Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
    A vida apenas, sem mistificação.

    ANDRADE, Carlos Drummond. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967. p. 110-111.

    Entre as características da obra de Carlos Drummond de Andrade, a que está presente nesse poema é a:

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  10. (PUC SP/2018)

    O poema abaixo integra a integra a obra Claro Enigma de Carlos Drummond de Andrade:

    O CHAMADO

    Na rua escura o velho poeta
    (lume de minha mocidade)
    já não criava, simples criatura
    exposta aos ventos da cidade.

    Ao vê-lo curvo e desgarrado
    na caótica noite urbana,
    o que senti, não alegria,
    era, talvez,carência humana.
    E pergunto ao poeta,
    [pergunto-lhe
    (numa esperança que não digo)
    para onde vai – a que angra serena,
    a que Pasárgada, a que abrigo?
    A palavra oscila no espaço
    um momento. Eis que, sibilino,
    entre as aparências sem rumo,
    responde o poeta: Ao meu
    destino.

    E foi-se para onde a intuição,
    o amor, o risco desejado
    o chamavam, sem que ninguém
    pressentisse, em torno, o
    Chamado.

    A respeito dele É CORRETO afirmar que:

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Melina Zanotto

Melina Zanotto é Jornalista, formada pela Universidade de Caxias do Sul em 2007. De lá para cá, sempre atuou com conteúdo digital em seus mais diversos formatos. Hoje, é redatora da Rede Enem, produzindo textos para o Blog do Enem e Curso Enem Gratuito.
Categorias: Enem, Literatura
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