Aprenda agora o que são figuras de linguagem e como elas são utilizadas na construção de um texto literário. Resumo sobre Sentido Real e Sentido Figurado, Denotação e Conotação.
Um escritor produz suas obras buscando construir um sentido, usando palavras e, muitas vezes, criando novos significados para ela, escolhendo-as e combinando-as com a finalidade de desenvolver efeitos sonoros e ritmos poéticos. Ele está utilizando recursos de Figuras de Linguagem na literatura, para enriquecer o conteúdo.
Vamos juntos agora estudar um pouco da linguagem poética e suas figuras de linguagem! O tema é recorrente nas provas do Enem. E, ao conhecer as Figuras de Linguagem você ainda ganha um bônus extra para aprender um pouco mais de Interpretação de Texto.
Conotação e denotação – já que o assunto é linguagem poética, leia com atenção o texto do poeta gaúcho Mario Quintana. Ó título é O Trágico Dilema (fonte: QUINTANA, Mário. Caderno H. Porto Alegre: Globo, 1983, p.39_):
“Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é porque um dos dois é burro.”
E agora, como interpretar ‘burro’?
De que maneira interpretar a palavra “burro”? Claro, ela não foi empregada no texto, simplesmente, com o sentido de um animal quadrúpede. Foi usada com sentido figurado que, em seu contexto, quer dizer “indivíduo com falta de Inteligência”.
O fato de a palavra burro, sendo um substantivo, ser empregada como um adjetivo indica o uso mais expandido dessa palavra, pois assimilamos a dificuldade do animal em aprender e, também, a sua teimosia, para adjetivar pessoa que têm dificuldade de assimilação.
Resumo sobre as figuras na literatura
Veja agora com a professora Mercedes Bonorino um resumo especial sobre as principais figuras de linguagem na literatura. Assim você chega com tudo para as provas do Enem, do Encceja, e dos Vestibulares.
As dicas da professora Mercedes:
- Quando usamos palavras ou expressões fora do seu significado literal, estamos usando a linguagem figurada. Na língua portuguesa, existem vários tipos de figuras de linguagem.
- As principais figuras de linguagem são: comparação, metáfora, antítese, hipérbole e prosopopeia.
- Na comparação, temos uma analogia entre duas realidades, com o uso de expressões como “tal qual”, “como se fosse”, “que nem” etc. A figura de linguagem da metáfora é um tipo de comparação.
- Na metáfora, temos uma comparação implícita, subentendida, sutil.
- Já a antítese é usada para expressar situações, sentidos ou ideias opostas, muitas vezes com o uso de antônimos.
- A hipérbole é uma figura de linguagem usada para expressar exagero e dar ênfase a uma situação.
- Enfim, a prosopopeia, que também é conhecida como personificação, acontece quando damos qualidade humana a algo não humano, como um objeto, um animal etc.
- Essas cinco são as principais figuras de linguagem usadas na língua portuguesa. No vídeo acima, a professora Mercedes dá exemplos de cada uma e ainda traz questões de como as figuras de linguagem caem no Enem, no Encceja, e nos Vestibulares.
Figuras de Linguagem em Lima Barreto
Lima Barreto (imagem) é um autor de um romance muito importante na literatura brasileira e que, sem dúvidas, deve ser leitura obrigatória. Um de seus livros mais famosos é “Triste fim de Policarpo Quaresma.” Veja aqui um aula completa sobre as obras de Lima Barreto, clique aqui para conhecer o autor.
Observe a palavra triste e seu significado no título da obra. Agora coloque o adjetivo depois da palavra fim e perceba a diferença.
“Triste fim de Policarpo Quaresma” e “Fim triste de Policarpo Quaresma” nos mostram sentidos diferentes, levando em conta a posição do adjetivo, certo?
Isso acontece porque, na língua portuguesa, quando colocamos o adjetivo depois do substantivo a que se refere, temos o seu sentido literal e objetivo; o adjetivo empregado antes do substantivo, como no título do romance de Lima Barreto, é empregado sempre com sentido figurado.
Diferenças entre Conotação e Denotação
- Posto isso, levamos em conta que uma palavra pode ter dois tipos de significado, sendo eles:
- 1 – Denotação (palavra com sentido denotativo) – a palavra está no texto com seu sentido correto, aquele que encontramos no dicionário.
- 2 – Conotação (palavra com sentido conotativo) – a palavra aparece com seu sentido alterado, permitindo diferentes interpretações, dependendo do seu contexto.
Mas, preste atenção: para que você entenda o sentido conotativo de uma palavra, você deve, primeiro, saber qual é o seu sentido denotativo.
A conotação é uma extensão da denotação e a linguagem literária explora o sentido conotativo das palavras, num infinito trabalho de alterar e dar novos sentidos às palavras dentro de determinada obra.
Para que um texto tenha originalidade e criatividade, muitos escritores “fogem” do padrão da gramática normativa. Essas “fugas” têm função estilística, não constituindo erros, sendo chamadas de figuras de linguagem.
Temos três tipos de figuras de linguagem:
- as de sintaxe,
- as de pensamento; e,
- as de palavras.
1 – Figuras de sintaxe
- Elipse: omite-se um termo que pode ser facilmente identificado através do seu contexto ou por alguns elementos gramaticais.
- “Jantei sozinho. E quando voltei a casa, fui direto ao atelier, destapei o retrato, lancei uma pincelada ao acaso, tornei a cobrir a tela. ” (José Saramago)
- Nesse texto de Saramago é omitido o pronome eu (imagine esse trecho com a repetição de tal pronome?). Essa omissão torna o texto mais elegante e conciso e, a flexão na 1ª pessoa (eu) nos tempos verbais, permite que a interpretação seja precisa.
- Pleonasmo: é a repetição de termos ou ideias com o objetivo de tornar o texto mais expressivo ou enfático, reforçando a mensagem:
- “E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Moraes)
- “A ti tocou-te a máquina mercante” (Gregório de Matos)
- Porém, fique atento a uma coisa muito importante: se a repetição de termos não acrescenta nada à mensagem, estamos diante de um pleonasmo vicioso, sendo um defeito de linguagem.
- Exemplos:
- Fulano teve uma hemorragia de sangue. (Existe hemorragia de outra coisa diferente de sangue?)
- A brisa matinal da manhã lhe fez muito bem. (Existe matinal da noite?)
Aliteração: é a repetição dos sons cuja natureza consonantal é a mesma.
- “Vozes veladas, veludosas vozes,
- volúpias de violões, vozes veladas,
- vagam nos velhos vórtices velozes
- dos ventos, vivas, vãs vulcanizadas.”
- (Cruz e Sousa)
- Mas, se os sons que se repetem forem de natureza vocálica, a figura recebe o nome de assonância.
- “Sou um mulato nato no sentido lato
- mulato democrático do litoral.”
- (Caetano Veloso)
2 – Figuras de pensamento
- Antítese: é a aproximação de palavras que tem o sentido oposto.
- “Os jardins têm vida e morte.” (Cecília Meireles)
- Ironia: é o uso de uma palavra, expressão ou frase com seu sentido contrário do literal, a fim de tornar a mensagem satírica.
- “A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.” (Monteiro Lobato)
Eufemismo: é a suavização de uma expressão desagradável, sendo substituída por uma menos rude.
- “Querida, ao pé do leito derradeiro
- Em que descansas dessa longa vida,
- Aqui venho e virei, pobre querida,
- Trazer-te o coração do companheiro.”
- (Machado de Assis)
Hipérbole: é a exageração de uma ideia com o objetivo de ser mais expressiva.
- “O leito dos rios fartou-se
- E inundou de água doce
- A amargura do mar.”
- (Chico Buarque)
3 – Figuras de palavras
Metáfora: é o uso de uma palavra ou expressão no lugar de outra, que possui, entre elas, certa semelhança de sentido. As metáforas são um tipo de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa)
Nesse exemplo, a metáfora ocorre pelos traços de semelhança entre o pensamento e o rio, pela fluidez, profundidade, inatingibilidade de ambos.
Caro(a) estudante, interprete e atente-se aos textos: se a frase fosse “meu pensamento é como um rio subterrâneo” não teríamos uma metáfora, e sim uma comparação!
Metonímia: é o emprego de um termo no lugar de outro, mantendo-se uma relação com o todo.
“O bonde passa cheio de pernas:
Pernas brancas pretas amarelas.” (Carlos Drummond de Andrade)
(aqui temos a palavra pernas em lugar de pessoas: seria a parte pelo todo)
“De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?” (Gregório de Matos)
(substituição da matéria pelo objeto: ferro (matéria) equivale a machado (objeto))
Revise as figuras de linguagem na literatura:
Veja com uma aula muito divertida, da professora Camila Zuchetto, do canal do Curso Enem Gratuito, as diversas possibilidades das figuras de linguagem na literatura.
- As figuras de linguagem são recursos que tornam mais expressivas as mensagens.
- Metáfora, Metonímia, Catacrese, Antonomásia, Sinestesia e Comparação são figuras de palavra.
- Esse conteúdo pode ser cobrado na prova de linguagens do Enem, então fique ligadinho (a) na aula da prof Camila \o/
Não é incrível como o texto escrito, em sua forma e sonoridade, tem poderes de criar sentidos e efeitos diante de nossos olhos e mente?
Dito isso, teste seus conhecimentos, sobre figuras de linguagem, com alguns exercícios que selecionei pra você!
Exercícios sobre as figuras de linguagem na literatura
1- (FMU-SP) Observe a letra destacada nos dois versos seguintes.
“O vento voa
a noite toda se atordoa,”
Na consoante que se repete, você vê:
a) Aliteração
b) Assonância
c) Eco
d) Rima
e) Onomatopeia
2- Identifique qual das alternativas trata-se de metáfora:
a) Eles morreram de rir daquela cena.
b) Aqueles olhos eram como dois faróis acesos.
c) Ah! O doce sabor da vitória!
d) Aquele velho é uma raposa!
3- “Muito bom aquele encanador. Colocou em nossa casa vários canos furados.”
Esta frase trata-se de qual tipo de figura de linguagem?
a) Metonímia
b) Ironia
c) Indireta
d) Antítese
Gabarito dos exercícios sobre as figuras de linguagem na literatura:
1 – A
2 – D
3 – B
O texto sobre as figuras de linguagem na literatura foi escrito pela professora Analice, formada em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp. Atualmente é mestranda em Literatura na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, professora de português na rede particular e colaboradora do Blog do Enem.