Modernismo: veja o Primeiro Momento no Brasil – Literatura Enem

Relembre tudo sobre a Primeira Fase do Modernismo em mais esta aula de revisão para Artes e Literatura no Enem e nos Vestibulares. Veja desde a Semana de Arte Moderna em 1922 e as fases posteriores do Modernismo no Brasil.

O Modernismo no Brasil – Confira a história do Primeiro Momento

Era uma vez…  No Brasil, o Modernismo tem seu início com a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. Idealizada por um grupo de artistas, a Semana pretendia por um grupo de artistas a par das correntes de vanguarda do pensamento europeu. É claro que uma pitada de tropicalização estava acoplada, pois ao mesmo tempo o grupo de artistas e intelectuais envolvido pregava a tomada de consciência da realidade brasileira. O toque de maior brasilidade foi dado por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, e Manuel Bandeira. Veja na imagem o Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral, obra que inspirou o movimento Antropofágico.figura_11.jpgO Modernismo no Brasil pode, didaticamente, ser dividido em três gerações: de 1922 a 1930, de 1930 a 1945 e de 1945 até a década de 60. No início rendeu muitas polêmicas, pois ‘o novo’ sempre incomoda quando aparece. É uma rica história das artes no país. Vamos em frente:

O Contexto histórico internacional

Ao iniciarem os anos de 1900 a Europa suportava a herança do final do século XIX, caracterizada por duas situações antagônicas, mas complementares: uma euforia exagerada diante do progresso industrial e dos avanços técnico-científicos (como a eletricidade), e, por outro lado, as consequências desse avanço do progresso industrial burguês: uma disputa cada vez mais acirrada pelo domínio dos mercados fornecedores e consumidores.  Uma guerra na Europa:A 1ª Guerra MundialTudo isto estava nas origens e causas difusas do que resultou na Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Assim é que, contrastando com o clima eufórico da burguesia, vamos encontrar todo o pessimismo característico de um fim de século, representado pelo decadentismo simbolista no mundo das artes.

O Contexto no Brasil

As décadas de 1910 e de 1920 no Brasil têm uma marca diferenciadora na história com movimentos de jovens oficiais das Forças Armadas contestando as políticas e práticas da Oligarquia que dominava o país.  Este movimento entrou para a história como O Tenentismo. Entre as lideranças estavam Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Matos Costa, Juarez Távora, Juracy Magalhães, Luís Carlos Prestes, e outros ‘tenentes’.  O Tenentismo

O ano de 1922 no Brasil marca também a criação do Partido Comunista. Dois anos depois a Coluna Prestes (movimento iniciado no Rio Grande do Sul que pretendia, entre outras coisas, o voto secreto e a punição dos políticos corruptos) percorre a maioria dos estados brasileiros, sem atingir seu intento por completo, mas levando a uma grande parcela da população a discussão de uma consciência que fervilhava nas áreas intelectual, política e militar. Prestes ‘rompe’ com os Tenentes e adere ao Comunismo.

A ruptura Modernista no mundo das artes

O ambiente político e militar do país provocava mudanças no mundo das artes. Encontravam-se, ali, a visão de ruptura vinda da Europa e as indagações e vontade de mudança interna no país. Os elementos a seguir caracterizam o ‘Pré-Modernismo’, e que antecede à eclosão do Modernismo consagrado na Semana de Arte Moderna de 1922.

  • Ruptura com o passado, através do academismo: como a linguagem utilizada por Augusto dos Anjos, feita com palavras não-poéticas (como cuspe, vômito, escarro, vermes), era uma maneira de afrontar a poesia parnasiana, que ainda estava em vigor. Lima Barreto faz uma ironia tanto com os escritores ditos mais importantes que utilizavam uma linguagem primorosa, quando os leitores que se deixavam impressionar por elas.
  • Denúncia da realidade brasileira: nega-se o Brasil literário herdado do período romântico e do Parnasianismo; o Brasil não-oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos.
  • Regionalismo: constrói-se um grande painel brasileiro, que é o Norte e o Nordeste, com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista, com Monteiro Lobato; o Espírito Santo com Graça Aranha.

Características do Movimento Modernista no Brasil

Em 1922 surgem novos personagens no palco principal da arte, com foco na contestação, e não no conservadorismo, e que ‘invadem São Paulo’ e logo em seguida se irradia para o país com as seguintes características:

  • Textos repletos de humor e sátira (aparecimento do poema paródia).
  • Há uma completa ruptura com os esquemas fechados de produção.
  • Desenvolvimento de um nacionalismo ufanista e crítico.
  • Revisão da história e da literatura do Brasil.

Os principais autores do Modernismo no Brasil foram Oswald de Andrade, Mário de Andrade, e Manuel Bandeira.

Oswald de Andrade

  • José Oswald de Sousa Andrade: nasceu e morreu em São Paulo. Formou-se em Direito. Fez várias viagens à Europa, onde entrou em contato com os movimentos de vanguarda. No retorno da primeira viagem, em 1912, introduziu entre nós as ideias futuristas e, desde então, tornou-se um dos principais vultos do modernismo. Sua atuação marcou-se pelo seu espírito irreverente, polêmico, irônico e combativo.

figura_12.jpgOswald de Andrade – Retratado por Tarsila do Amaral

Obras de Oswald de Andrade

  • Poesia: Pau-Brasil (1925); Primeiro caderno do aluno Oswald de Andrade (1927).
  • Romance: Os condenados (1922); Memórias sentimentais de João Miramar (1924); Estrela de absinto (1927); Serafim Ponte Grande (1933); Marco Zero I – A revolução melancólica (1943); Marco Zero II – Chão (1946).
  • Teatro: O homem e o cavalo (1934); A morta e O rei da vela (1937).

Veja, na sequência, um texto que mostra o humor e o nacionalismo de Oswald:

Erro de português

  • Quando o português chegou
  • Debaixo duma bruta chuva
  • Vestiu o índio
  • Que pena!
  • Fosse uma manhã de sol
  • O índio tinha despido
  • O português

Manuel Bandeira

Nasceu em Recife (PE) e morreu no Rio de Janeiro. Estudou no Rio e depois em São Paulo. Com tuberculose aos 17 anos, inicia longa jornada pelo Brasil e Europa. Participa de longe da Semana de Arte moderna. Envia o poema Os Sapos, que é declamado por Ronald de Carvalho no segundo dia do festival modernista. Considerava, ainda, respeito à poesia simbolista e parnasiana.figura_14.jpgSeu primeiro livro, As Cinzas das Horas, é o maior exemplo disso. Participou de todas as fases do Modernismo até sua morte em 1968, aos oitenta e dois anos.

Com a publicação dos livros Carnaval, de 1919, e O ritmo dissoluto, de 1924, o poeta Manuel Bandeira vai se engajando cada vez mais no ideário modernista, para culminar, definitivamente, com o livro Libertinagem, em 1930.

Considerado um dos nossos maiores poetas, Manuel Bandeira escreveu sobre o cotidiano, a humildade diante de toda beleza do mundo, indignação e sentimento diante do sofrimento. Tudo com humor inteligente, sensualismo, ironia e ceticismo.

Dica 1 – Relembre sobre os movimentos da Vanguarda Europeia nesta aula preparatória para a prova de Literatura Enem. Pronto para o Exame Nacional do Ensino Médio? – https://blogdoenem.com.br/vanguardas-europeias-literatura-enem/

Dica 2 – Conheça a história a as obras dos principais mestres da Literatura Brasileira em mais uma aula de Literatura Enem. Estude agora sobre a vida de Lima Barreto – https://blogdoenem.com.br/lima-barreto-literatura-enem/

Mário de Andrade

(Mário Raul de Morais Andrade – foto) – Nasceu e morreu em São Paulo (1893-1945). Conhecido como o papa do Modernismo, formou-se em música (piano), logo após os primeiros estudos. Jovem ainda inicia suas críticas de arte escrevendo para jornais e revistas. Em 1917 conhece Oswald de Andrade e publica seu primeiro livro.

Literatura EnemMário de Andrade lecionou História e Filosofia da Arte na Universidade do Distrito Federal (quando ainda era no Rio de Janeiro). Batalhou pela arte popular e o folclore nacional como nenhum outro até hoje.

Obras de Mário de Andrade

  • Poesia: Há uma gota de sangue em cada poema (1917); Paulicéia desvairada (1922); Losango cáqui (1926); Clã do jabuti (1927); Remate de males (1930); Poesias (1941); Lira paulistana, seguida de O carro de miséria (1946).
  • Romance: Amar, verbo intransitivo (1927); Macunaíma (1928).
  • Conto: Primeiro andar (1926); Belazarte (1934); Contos novos (1946).
  • Ensaio: A escrava que não é Isaura (1925); Música do Brasil (1941); Movimento modernista (1942); O empalhador de passarinhos (1944).

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Desafios sobre O Modernismo

Questão 01

erro de português

quando o português chegou

debaixo de uma bruta chuva

vestiu o índio

que pena!

fosse uma manhã de sol

o índio teria despido

o português.

(Oswald de Andrade)

Observe as Informações:

| – O título “erro de português” refere-se a um erro ortográfico existente no texto;

|| – O poema fala de como os portugueses vestiram o índio e, por extensão, fala do processo de aculturação que os indígenas sofreram.

||| – Uma das características de Oswald de Andrade é a concisão, os poemas curtos.

A respeito do poema, é correto afirmar que está(estão) certo(s) o(s) item(ns):

a) I e II

b) II e III

c) Somente o II

d) Somente o III

e) Todos os itens.

As questões de números 02 e 03 referem-se ao poema abaixo.

Brasil

O Zé Pereira chegou de caravela

E preguntou pro guarani da mata virgem

– Sois cristão?

– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte

Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!

Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!

O negro zonzo saído da fornalha

Tomou a palavra e respondeu

– Sim pela graça de Deus

Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!

E fizeram o Carnaval

(Oswald de Andrade)

Dica 3 –  Conheça a história do autor de “O Sítio do Pica-Pau Amarelo” nesta aula de Literatura Enem sobre Monteiro Lobato – https://blogdoenem.com.br/monteiro-lobato-literatura-enem/

Questão 02

Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é:

a) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.

b) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.

c) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.

d) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.

e) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.

Questão 03

A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do:

a) poeta e do colonizador apenas.

b) colonizador e do negro apenas.

c) negro e do índio apenas.

d) colonizador, do poeta e do negro apenas.

e) poeta, do colonizador, do índio e do negro.

Texto para questão 04.

Enfim, um indivíduo de idéias abertas

A coceira no ouvido atormentava. Pegou o molho de chaves, enfiou a mais fininha na cavidade. Coçou de leve o pavilhão, depois afundou no orifício encerado. E rodou, virou a pontinha da chave em beatitude, à procura daquele ponto exato em que cessaria a coceira.

Até que, traque, ouviu o leve estalo e, a chave enfim no seu encaixe, percebeu que a cabeça lentamente se abria.

(Marina Colasanti. Contos de Amor Rasgados. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 11.)

Questão 04

Mobilizando as concepções de gênero literário, de estilos estéticos e de efeitos de sentido na produção literária, analise os comentários seguintes referentes ao texto.

I. O texto é narrativo, apresentando uma sequência de eventos, uma personagem e um narrador em terceira pessoa.

II. O texto revela fortes tendências do Surrealismo, movimento de vanguarda do século XX, que tem por característica, entre outras, aproximar a linguagem da estrutura do sonho.

III. Pela sua curta dimensão e pelo teor dos fatos narrados, o texto faz parte da antologia da primeira fase da poesia romântica brasileira, quando predominaram os poemas-piada.

A afirmativa é verdadeira nos itens:

a) I e II, apenas.

b) I, apenas.

c) II, apenas.

d) III, apenas.

e) I, II e III.

Texto para questão 05

Os modernistas de 1922 nunca se consideraram componentes de uma escola, nem afirmaram ter postulados (regras) rigorosos em comum. O que os unificava era um grande desejo de expressão livre e a tendência para transmitir, sem os embelezamentos tradicionais do academismo, a emoção pessoal e a realidade do país.

(CANDIDO, Antonio e CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira. Modernismo. São Paulo: Difel, 1981. p. 9.)

Questão 05

Considerando as informações apresentadas no texto e os estudos sobre o modernismo brasileiro, analise as seguintes proposições:

I – A ausência de “postulados rigorosos” contribuiu para que autores como Manuel Bandeira e Mário de Andrade não se tornassem representativos no cenário da literatura brasileira.

II – Os “embelezamentos tradicionais do academismo”, mencionados no texto, estão associados à poesia de Cassiano Ricardo e de Oswald de Andrade.

III – O “desejo de expressão livre” se manifesta na poesia de Mário de Andrade, pois o poeta adota as inovações formais, presentes na obra de outros autores modernistas.

A respeito do poema, é correto afirmar que está(estão) certo(s) o(s) item(ns):

a) Somente I.

b) Somente II.

c) I e III.

d) II e III.

e) Somente III.

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