Pré-História da América – História Enem

É hora de revisar a Pré-História do continente americano. Veja como se deu a ocupação do continente americano e as principais teorias para explicar este importante processo. É conteúdo para o Enem e o Vestibular.

Um dos maiores desafios da arqueologia é explicar com eficiência o longo processo de ocupação do planeta pela espécie humana.

Sabemos que pelo grande número e, principalmente, enorme variedade de fósseis de humanóides encontrados no continente africano os pesquisadores situaram a África como local de origem da humanidade.

Ora, a partir do desenvolvimento das espécies, seja biológico ou cultural, com o aumento gradativo da população de hominídeos, nossos antepassados foram deixando a África e iniciaram o longo processo de ocupação da Terra, até finalmente chegar às Américas.  História Enem

Todavia, haja vista a inexistência de tantos sítios arqueológicos como no continente africano, por exemplo, as teorias quanto ao processo de ocupação das Américas não possuem subsídios irrefutáveis, o que coloca toda a questão em constante especulação.

Desta forma, nesta oportunidade vamos discutir as possibilidades e teorias mais aceitas, abordando desde a pesquisa genética até teorias embasadas nos troncos linguísticos utilizados para o desenvolvimento de idiomas dos ditos “nativo americanos”.

Conforme já explicitado, a maior dificuldade para as pesquisas arqueológicas acerca da Pré-História da América é a falta de fósseis em grande quantidade. A priore, os fósseis encontrados nas Américas pertencem à espécie Homo sapiens, única encontrada em todos os continentes habitados.

15 mil anos atrás…

As datações mais antigas são de fósseis com 15 mil anos, o que sugere uma ocupação americana relativamente recente, se considerarmos os demais continentes.

Outro fator interessante quanto ao continente americano é sua grande variedade de climas, relevos, latitudes e coberturas vegetais, e, considerando que o homem habita em praticamente todos esses nichos, esta devidamente comprovada a sua capacidade de adaptação aos mais variados ambientes e complexidade social.

Ora, tudo isso se explica pela enorme diversidade social praticada por um verdadeiro mosaico de povos. Quando da chegada dos europeus no período das grandes navegações era possível encontrar nas Américas desde caçadores e coletores nômades até grandes impérios que já praticavam economia comercial de excedentes.

Cultura de Clóvis:

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Fonte: http://pt.slideshare.net/zeknust/os-povos-nativos-da-amrica

Descrição da Imagem: A imagem retrata o que chamamos de Beríngia, que consiste na ligação terrestre entre Sibéria e Alasca durante a ultima glaciação do nosso planeta.

Dica 1: Este conjunto de slides trás um visão bastante interessante quanto as teorias de ocupação humana da América: http://pt.slideshare.net/zeknust/os-povos-nativos-da-amrica

A chamada Cultura de Clóvis, ou mesmo, Teoria de Clóvis é, atualmente, a teoria mais aceita quando a ocupação das Américas. Esta hipótese trabalha com a ideia de que todos os americanos descendem de um grande grupo que teria vindo da Ásia para a América a partir da ultima era glacial, por volta de 18 mil anos atrás, quando ocorreu o congelamento dos mares e conseqüente formação de uma grande ponte natural no estreito de Behring.

Ou seja, em suma a teoria postula que essas populações humanas atravessaram da Sibéria para o Alasca. Todavia, conforme já citado, outras teorias, mesmo anteriores a esta glaciação, não estão descartadas.

Uma das formas para corroborar a cultura de Clóvis foi a análise comparativa das técnicas líticas de confecção de ferramentas. Verificou-se que artefatos de pedra encontrados nos sítios arqueológicos americanos foram feitos com base nas mesmas técnicas utilizadas por povos asiáticos, sobremaneira os siberianos.

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Fonte: http://lithiccastinglab.com/gallery-pages/2000decemberwenatcheeclovis.htm

Descrição da Imagem: Pontas de objetos perfuro cortantes datadas do período de Clóvis na América. A mesma técnica, sobremaneira a caneladura da parte inferior dos instrumentos é típica desta técnica, que encontramos também em vestígios arqueológicos encontrados na região da Sibéria.

Entretanto, pesquisas mais recentes e baseadas em outras técnicas de análise bem como outros objetos e culturas analisadas, por vezes sugerem outras teorias de ocupação da América.

Códigos Genéticos

Do ponto de vista genético, análises feitas a partir do DNA de nativo americanos sugerem uma origem asiática, conforme postula a Teoria de Clóvis e a ocupação sentido Norte – Sul. Entretanto, estudos quanto a morfologia craniana e dentição de fósseis encontrados no Brasil sugerem maior semelhança biológica com habitantes da África do que com habitantes da Ásia. Porém, mais uma vez a escassez de fósseis prejudicam melhor analise.

Idiomas

Do ponto de vista linguístico, embora os povos americanos apresentem grande diversidade, pesquisas recentes, datadas da década de 60 apontam um único estoque ou matriz linguística para todos os idiomas falados pelos americanos nativos, com exceção apenas dos Na-Dene e Esquimós.

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Fonte: http://www.proel.org/index.php?pagina=mundo/amerindia

Descrição da Imagem: No mapa acima encontramos uma grande variedade das línguas de matriz ameríndia e os locais onde esses idiomas eram comum no século XVI.

Por volta da década de 90, uma nova pesquisa buscou datar o período de chegada dos seres humanos às Américas considerando o tempo necessário para que tantas línguas com origem em apenas uma matriz levariam para se diversificar.

Chocando-se essas duas pesquisas estipulou-se que os seres humanos teriam chegado e espalhado pelo continente americano por volta de 50 mil anos atrás. Outra conclusão dessas pesquisas nos diz que em caso de maior variedade de estoques lingüísticos acarretariam em menor tempo para diferenciação e ocupação territorial, no caso, 20 mil anos.

Para se ter uma ideia da grande diversidade lingüística das Américas, quando os portugueses chegaram ao Brasil em no século XVI somente aqui existiam cerca de 200 povos falando até 180 idiomas diferentes.

Todavia, a certeza quanto as datações carecem de teorias inquestionáveis quanto a presença humana nas Américas. Porém, haja vista a escassez de sítios arqueológicos e registros fósseis, a comprovação das teorias torna-se tarefa árdua. Por exemplo, a cultura de Clóvis situa a chegada dos hominídeos por volta de 18 mil anos, na ultima era glacial. Porém, registros de fogo e artefatos de pedra encontrados no Piauí possuem datação de até 40 mil anos atrás. Ou seja, embora não seja possível comprovar presença humana nesses vestígios, a comunidade científica crê que esses vestígios tenham sido produzidos por mãos humanas, levantando um novo leque de perguntas a serem respondidas no que tange o processo de ocupação da América.

Outras Teorias:

Existem outras teorias que tratam de uma migração transoceânica a partir das ilhas do pacífico, bem como da Oceania. Porém, essas pesquisas esbarram ainda mais na falta de elementos comprobatórios, embora não sejam descartadas.

É importante frisar que o objetivo não é definir apenas uma teoria como verdadeira. Ora, o sucesso e comprovação de uma não invalida a outra, ou seja, existe a possibilidade de que o homem tenha chegado às Américas por mais de uma rota e em momentos históricos diferentes. A teoria de Clóvis é atualmente a mais aceita em razão da grande quantidade de vestígios fósseis, todavia, ela não invalida as outras teorias.

Dica 2: Assista esta vídeo aula da professora Elizabete Guilherme a respeito da Pré-História americana: https://www.youtube.com/watch?v=jMVl-o_vjg4

Exercícios:

1. A chegada do Homem à América é cercada de controvérsias e teorias. Nosso continente teria tido seu inicio de povoamento entre 100.000 e 10.000 a.C. Sobre o Homem na América é correto afirmarmos.

a) Hoje sabemos que os primeiros hominídeos que vieram para a América foram os Australophitecus, que vieram da África através de séculos, passando pelo Oceano Atlântico.

b) Uma das teorias mais aceitas da chegada do Homem à América é a teoria Clóvis, que diz que os primeiros grupamentos humanos teriam chegado à América pelo Estreito de Bering, entre o final do período Paleolítico e início do Neolítico.

c) Esta comprovado pelo fóssil humano encontrado em Lagoa Santa, Minas Gerais, a “Luzia”, que os humanos americanos não são descendentes de outros continentes, mas sim, teriam tido sua própria linha evolutiva na América.

d) É impossível o ser humano ter chegado às Américas por outra via que não o estreito de Bering, devendo algumas teorias que pregam sua vinda pelo Oceano Atlântico ou Pacífico serem ignoradas.

e) Os primeiros hominídeos que vieram para nosso continente teriam vindo em busca de novas áreas agricultáveis, devido à escassez de terras no “Velho Mundo” quando da criação da propriedade privada.

Resposta: B

Questão 2. (Enem 2007)

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A pintura rupestre mostrada na figura anterior, que é um patrimônio cultural brasileiro, expressa:

a) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo de colonização do Brasil.

b) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seus membros.

c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-história do Brasil.

d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos.

e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da América durante o período colonial.

 

Resposta: C

Bruno História
Os textos e exemplos acima foram preparados pelo professor Bruno Anderson para o Blog do Enem. Bruno é historiador formado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de história em escolas da Grande Florianópolis desde 2012. Facebook e Twitter.
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