A Transamazônica e as vias de transporte na região Norte

A destruição provocada pela ocupação populacional e atividades econômicas na Região Norte deixou cicatrizes profundas no desmatamento, na degradação da terra e no extermínio de povos indígenas. Rodovidas e usinas hidrelétricas continuam sendo construídas sem que os erros do passado tenham sido aprendidos. Veja para História e Geografia no Enem.

A região norte concentra pouca parcela da população brasileira. Mas, por outro lado abriga também a maior população indígena do Brasil. O povoamento ‘do homem branco’ se deu de modo restrito até meados do século XIX. Mas, com a Transamazônica, muita coisa mudou.

A partir das novas rodovias e intensificação do transporte fluvial intensificaram as atividades econômicas, tais como usinas hidrelétricas, mineração, extração de madeira, e atividades do agronegócio. O preço para o meio-ambiente muitas vezes tem sido muito alto.

A rodovia Transamazônica, por exemplo, de ‘sonho’ do regime militar de 1964, virou um pesadelo ambiental e socioeconômico.

Veja as principais atividades econômicas na Região Norte

  1. –  O Ciclo da Borracha;
  2. – A Marcha para o Oeste, deflagrada por Getúlio Vargas em 1938;
  3. – A Expedição Roncador-Xingu, lançada em 1943;
  4. – A construção de rodovias ligando o norte às demais regiões do país;
  5. – Abriu, ao longo das rodovias, áreas  de povoamento e para o desenvolvimento da agropecuária;
  6. – Incentivo para a agropecuária e o desenvolvimento industrial.
  7. – Criou a Zona Franca de Manaus, e a atividade industrial;
  8. – Abriu grandes áreas de exploração mineral.

Devido a esse conjunto de fatores ao longo do tempo o governo federal planejou a criação de rodovias para acelerar o desenvolvimento econômico, que até então estava baseado apenas no transporte hidroviário (os rios eram as ‘estradas da amazônia’ e do transporte aéreo.

O governo passou a investir em áreas de rodovias para promover a ligação da região com as demais regiões brasileiras. Milhares de pessoas migraram para trabalhar na construção dessas rodovias, nas áreas de expansão econômica dos garimpos e da construção de hidrelétricas. O exemplo mais radical foi o do garimpo de Serra Pelada, na decada de 1980 (foto). Dezenas de milhares de brasileiros migraram para o Sudeste do Estado do Pará em busca da corrida do ouro, vivendo em condições sub-humanas. Oitenta mil homens chegaram a trabalhar simultaneamente no garimpode Serra Pelada.

O Impacto Ambiental

Veja com o professor Raphael Carrieri, do canal do Curso Enem Gratuito, como os temas de Impacto Ambiental caem nas provas do Enem:

Os temas do impacto ambiental na Amazônia, como o desmatamento ilegal e as queimadas ilegais, que prejudicam a qualidade do solo e provocam a redução da biodiversidade sempre aparecem nas provas do Enem, dos vestibulares e do Encceja.

O Desafio das Estradas na Amazônia

Devido às condições naturais da região, com fortes chuvas e um solo muitas vezes instável e alagadiço, a construção da rede rodoviária permanece um grande desafio.

Vários foram os problemas na construção: clima chuvoso, solo frágil, derrubada da floresta entre outros. A região apresenta uma extensa rede hidrográfica, isso também encareceu a construção de várias estradas, tendo, portanto que construir pontes sobre os rios.Vias de Transporte no norte e a Transamazônica Brasileira - GeografiaFiguras 1 e 2– Fase de construção das vias de ligação da região norte.

Assim a ocupação da região também foi se dando, de modo desorganizado, pois muitos migrantes se dirigiram para o norte, causando inclusive problemas sociais e ambientais.

A Questão Indígena

Um debate constante sobre a ocupação da Região Norte é a temática indígena. As políticas indigenistas do Brasil ora adotam um foco protecionista no estilo de ‘proteger’ os índios da civilização que se estabeleceu no Brasil após a chegada dos imigrantes europeus, e ora oscila em promover a integração progressiva dos povos indígenas a este meio socioeconômico e cultural.

Os resultados têm sido uma tragédia nas duas dimensões de política para os povos indígenas. No aspecto da ‘proteção’ uma parcela da população indígena foi deslocada para o Parque Nacional do Xingu, numa ação coordenada por décadas que teve no Marechal Cândido Rondon e nos sertanistas ‘irmãos’ Villas-Boas  (Orlando, Cláudio, e Leonardo na foto) os principais articuladores.  

Nações indigenas inteiras ou as frações que restavam delas foram transferidas para uma reserva de grandes dimensões e praticamente sem contato com o homem branco na ápoca da sua criação. A reserva do Xingu, criada em 1961, têm como etnias indígenas predominantes os Kuikuro, Kalapálo, Nafukuá, Matipú, Mehinaku, Awetí, Waurá, Yawalapiti,Kamayurá, Trumái, Suyá (Kisedjê), Juruna (Yudjá), Txikão (Ikpeng), Kayabí, Mebengôkre e os Kreen-Akarôre (Panará).

A vida nas reservas preserva a cultura e os costumes das nações indígenas. Mas, ao mesmo tempo, fragiliza estas culturas ao torná-las dependentes das políticas de saúde e mesmo de alimentação mantidas pelo governo federal.

Alguns povos indígenas próximos a regiões de garimpo muitas vezes contaminam-se pela atividade cobrando pedágio ou aluguel de terras onde ocorre o garimpo, e utilizando o dinheiro muitas vezes em consumismo e até uso de drogas, criando uma nova dimensão da tragédia indígena no país.

A Transamazônica

Criada em 1972, no governo de Emílio Garrastazu Médici, foi construída com o intuito de estabelecer comunicação. É uma rodovia que corta de leste a oeste, passando pelos estados da Paraíba, Piauí, Maranhão, Pará e Amazonas. Foi inaugurada em 27 de agosto de 1972.

Assista agora a esse documentário sobre a Rodovia Transamazônica. Fique por dentro de algumas características e curiosidades da obra que ‘seria vista até da Lua, na opinião dos militares que governavam o Brasil na época!

O sonho de realizar uma obra desse porte não se efetivou, pois ela apresentou inúmeros problemas. Hoje quem viaja pela Transamazônica, raramente encontra trechos pavimentados, e a sinalização é praticamente inexistente.

A falta de chuva resseca o solo e as pessoas trafegam com imensas nuvens de poeiras. Já no período chuvoso, a natureza se encarrega de destruir ainda mais a estrutura da rodovia, deixando intransitável vários trechos.Vias de Transporte no norte e a Transamazônica Brasileira - GeografiaFiguras 3 e 4– Construção da Transamazônica e trecho da BR 230 em 1981.

A rodovia possui 4223 km de comprimento, e na época o governo investiu aproximadamente 1,5 bilhões de dólares. Aproximadamente 4 mil operários trabalharam nessa construção.

O início da sua construção caracterizaria um marco histórico para as rodovias da região, e um pontapé inicial para o desmatamento. A placa de início das obras dizia: “Nestas margens do Xingu, em plena selva amazônica, o Senhor presidente da república dá início à construção da Transamazônica. Numa arrancada histórica para conquista e colonização deste gigantesco mundo verde”.

Dica 2– Não perca a aula sobre a Região Sudeste! Entenda seus contrastes, e sua dinâmica! O que você está esperando? Acesse! https://blogdoenem.com.br/geografia-regiao-sudeste/

Não deixe de ler esse especial sobre a rodovia, intitulado: “Transamazônica 40 anos”. Reportagem feita pela Revista Veja. http://veja.abril.com.br/especiais/amazonia/40-anos-poeira-p-54.html

Agora é a sua vez! Faça o exercício abaixo e confira como anda os seus conhecimentos!

UERJ – A Transamazônica

Vias de Transporte no norte e a Transamazônica Brasileira - Geografia

O texto da reportagem faz referência a duas fases distintas da política territorial na Amazônia durante o regime militar.

Dois exemplos dessa política de ocupação, para o período 1964/1973 e para o período 1973/1985, respectivamente, foram as implantações de:

(A) polos de turismo e lazer – extensas redes ferroviárias inter-regionais
(B) centros comerciais fronteiriços – imensas áreas de monocultura de soja
(C) distritos industriais exportadores – numerosas áreas de produção de borracha
(D) assentamentos de agricultura familiar – grandes projetos de grupos empresariais

Resposta correta letra D.

Elizabeth Geografia Enem
Os textos e exemplos acima sobre a Transamazônica foram preparados pela professora Elizabeth Noceti Pereira- formada em Licenciatura Plena em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua como docente nas redes estadual e municipal da região da Grande Florianópolis.
Em 2017 e 2021 atualizações foram realizadas pela editoria do Blog do Enem.
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