A Expansão Marítima e a Descoberta do Brasil: resumo de História

Veja a expansão marítima e comercial dos séculos XV e XVI para entender as Grandes Navegações e a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. É história pura pra você revisar.

História Enem: A expansão marítima e comercial dos séculos XV e XVI foi um desdobramento do renascimento comercial e urbano iniciado no contexto das Cruzadas (1096-1270), quando a nascente burguesia européia descobriu as especiarias orientais comercializadas nas cidades do leste do Mediterrâneo (Constantinopla, Damasco e Antioquia, entre outras).

Houve, contudo, um momento no qual as águas do velho mar já não correspondiam mais às expectativas e aos interesses dessa burguesia, motivada a navegar por novos mares para explorar novos mercados.

Vamos então entender os motivos dessa mudança de rumo. Veja na imagem os instrumentos de navegação, os mapas, e as embarcações da época da Expansão Marítima. Eles foram essenciais nesta grande aventura.Grandes NavegaçõesVeja um resumo inicial para você compreender as Grandes Navegações e a Expansão Marítima:

Muito bom este resumo sobre a Expansão Marítima! Vamos seguir.

Veja as Causas da Expansão Marítima e Comercial

1) Crise do século XIV: as mortes decorrentes da Peste Negra (1347-1351) e da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) foram acompanhadas de uma grave crise de consumo na Europa Ocidental, provocando um forte recuo das relações comerciais e motivando a exploração de novos mercados, favorecendo à Expansão Marítima.

2) O domínio italiano e árabe sobre o Mediterrâneo: desde as Cruzadas, as especiarias passaram a ser comercializadas na Europa através do Mediterrâneo.

Os principais entrepostos estavam sob o domínio dos árabes e dos italianos, dificultando o acesso de outros mercadores às especiarias e motivando a navegação para o Oriente através do Atlântico, onde a África também acenava com riquezas como ouro, marfim e pimenta.1Figura 1: As rotas comerciais do Mediterrâneo dominadas pelas cidades italianas e pelos árabes (norte da África). Fonte: pt.slideshare.net

3) O espírito cruzadístico: mais uma vez a fé e a fortuna estavam juntos como motivação de uma grande empreitada. Isto porque, assim como nas Cruzadas, a conquista de novos territórios e mercados era também uma oportunidade de expansão do Catolicismo. Era uma ideia que dominava a literatura ainda voga na Europa do século XV: os romances de cavalaria.

4) A tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453: o domínio otomano sobre o principal entreposto das especiarias no Mediterrâneo marcou o acirramento das relações entre cristãos e muçulmanos, comprometendo o fluxo comercial das especiarias no Mediterrâneo e os lucros da burguesia europeia.

5) A formação das monarquias nacionais modernas: a empresa da navegação exigia recursos que iam além da capacidade econômica da nascente burguesia. Foi então que os estados modernos apareceram com a capacidade e o interesse de financiar a expansão marítimo-comercial, buscando aí um forte incremento à arrecadação tributária.

Dica 1: Não foi por acaso que a Igreja apoiou e se envolveu nas grandes navegações, marcadas por fortes motivações religiosas. Se a Guerra de Reconquista, no contexto das Cruzadas, permitiu a retomada católica da Península Ibérica, a expansão marítima permitiria a expansão católica sobre a África Muçulmana. As

primeiras expedições tinham como roteiro o chamado “Périplo Africano”, visando o marfim e o ouro já comercializados pelas caravanas do Saara.

A grandes navegações não estão situadas apenas no processo evolutivo do capitalismo, mas também no processo de expansão do Cristianismo iniciado no Império Romano. Fique atento, o Enem adora explorar os fatos inseridos na “longa duração”.

O Mercantilismo

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Gostou desta aula? Ela explica muita coisa para você entender a busca de expansão por novos territórios para explorar no ciclo das Grandes Navegações.

 Causas do pioneirismo português no domínio dos mares

 Portugal foi o primeiro país a reunir condições para dar início às grandes navegações e à Expansão Marítima. Isto ocorreu pelos seguintes motivos:

1) A formação da monarquia portuguesa: em 1139, a Dinastia de Borgonha deu início ao Reino de Portugal, quando o Condado Portucalense se libertou da influência dos reinos hispânicos de Leão e Castela. Em poucas décadas, os portugueses expulsaram os mouros do sul na Guerra de Reconquista, alcançando uma estabilidade política que os espanhóis só alcançariam em 1492;

2) A Revolução de Avis: a ascensão da Dinastia de Avis ao poder, em 1385, ocorreu mediante uma aliança entre rei e a burguesia. 30 anos depois, o apoio político burguês seria retribuído com a criação da Escola de Sagres pelo rei Dom Henrique.

Ele atraiu cartógrafos e navegadores que desenvolveram e combinaram técnicas navais compatíveis com as grandes navegações: caravela, canhões de guerra, bússola, astrolábio, quadrante etc. Instrumentos essenciais para as Grandes Navegações.2Figura 2: Rosa dos ventos na Fortaleza de Sagres em Algarves, ao sul de Portugal.

3) A posição geográfica e a experiência naval pelo Atlântico: enquanto a Europa Ocidental consolidava no século IX (fragmentação do Império Carolíngio) seu processo de feudalização, Portugal, dominado pelos mouros, já experimentava desde o século VIII a navegação curta pelo Atlântico, praticando a pesca e o comércio com o norte africano.

Os Passos da Expansão Ultramarina

1) As primeiras grandes conquistas portuguesas:

  • Ceuta (1415): Dom Henrique;
  • Cabo Bojador (1434): Gil Eanes;
  • Cabo das Tormentas ou Cabo da Boa Esperança (1488): Bartolomeu Dias;
  • Calicute/Índia (1498): Vasco da Gama.

2) O início das navegações espanholas: com a expulsão dos mouros de Granada em 1492, a Espanha concluía seu processo de unificação, reunindo condições para dar início às navegações pelo Atlântico. Foi então que a rainha Isabel de Castela patrocinou a viagem de Colombo ao Oriente. Acreditando na esfericidade da Terra, Colombo tentou chegar ao Oriente pelo Ocidente, deparando-se com terras a oeste do Atlântico: a América.

3) Os tratados territoriais: em 1493, o papa espanhol Alexandre VI, aliado de Isabel, assinou a Bula Intercoetera, dividindo o Atlântico entre Portugal e Espanha a partir de um meridiano situado 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde (Portugal).

A Espanha ficava com toda a América. Diante da contestação portuguesa, o Papa mediou em 1494 o Tratado de Tordesilhas, situando a linha divisória a 370 léguas de Cabo Verde, ficando Portugal com parte do Brasil atual.

4) A expedição de Cabral: após as conquistas militares de Vasco da Gama na Índia, o rei Dom Manuel organizou a primeira viagem comercial ao Oriente, liderada por Cabral, que deveria antes fazer escala no Brasil para o reconhecimento do território.

Após 10 dias no Brasil (Bahia), Cabral seguiu para a Índia, onde permaneceu cerca de 4 meses para depois retornar a Portugal.

Dica 2: Repare que a curta permanência de Cabral na Bahia já é um indicativo do pouco interesse português pelo Brasil entre 1500 e 1530 (Período Pré-Colonial), contrastando com o forte interesse pelo Oriente.

5) Entre 1519 e 1522, a Espanha realizou a primeira viagem de circunavegação com Fernão de Magalhães (morto em 1519) e Sebastião El Cano.

3Figura 3: A expedição de Cabral em 1500 – Fonte: veja.abril.com.br

EXERCÍCIOS sobre a Expansão Marítima

Agora vamos ver como esse conteúdo já foi abordado pelos vestibulares e pelo Enem!

QUESTÃO 1

(ENEM/2007)  A identidade negra não surge da tomada de consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma diferença biológica entre populações negras e brancas e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo processo histórico que começa com o descobrimento, no século XV, do continente africano e de seus habitantes pelos navegadores portugueses, descobrimento esse que abriu o caminho às relações mercantilistas com a África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à colonização do continente africano e de seus povos.

K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação: reflexões e experiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p. 37.

Com relação ao assunto tratado no texto acima, é correto afirmar que
A) a colonização da África pelos europeus foi simultânea ao descobrimento desse continente.
B) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolverem esse continente.
C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início da escravidão no Brasil.
D) a exploração da África decorreu do movimento de expansão europeia do início da Idade Moderna.
E) a colonização da África antecedeu as relações comerciais entre esse continente e a Europa.

Resposta: a alternativa correta é a letra D.

 

QUESTÃO 2 – (Mackenzie)

“Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu”

(Fernando Pessoa)

O significado de “passar além do Bojador”, nas primeiras décadas do século XV, é:

  • a) ultrapassar a “barreira” que, segundo a tradição grega, era o limite máximo para navegar sem o perigo de ser atacado por monstros marinhos, permitindo aos navegantes portugueses atingir a Costa da Guiné.
  • b) Conquistar Ceuta e encontrar o “Eldorado”, lendária terra repleta de prazeres e riquezas, superando os mitos vinculados ao longo da Idade Média.
  • c) Conquistar a cidade africana de Calicute, importante feitoria espanhola responsável por abastecer o mercado oriental de produtos de luxo.
  • d) Suportar o escaldante sol equatorial, as constantes tempestades  marítimas e o “mar tenebroso” das ilhas da América Central.
  • e) “Dobrar” o Cabo da Boa Esperança, por Vasco da Gama, aventura marítima coberta de mitos e lendas sobre a existência do “Paraíso” ou “Éden”.

Resposta: a alternativa correta é a letra A.

 

QUESTÃO 3 – (Unesp) “A conquista de Ceuta foi o primeiro passo na execução de um vasto plano, a um tempo religioso, político e econômico. A posição de Ceuta facilitava a repressão da pirataria mourisca nos mares vizinhos; e sua posse, seguida de outras áreas marroquinas, permitiria aos portugueses desafiar os ataques muçulmanos à cristandade da Península Ibérica.”

(João Lúcio de Azevedo. “Época de Portugal econômico: esboços históricos”.)

De acordo com o texto, é correto interpretar que:

a) a expansão marítima portuguesa teve como objetivo expulsar os muçulmanos da Península Ibérica.

b) a influência do poder econômico marroquino foi decisiva para o desenvolvimento das navegações portuguesas.

c) o domínio dos portugueses sobre Ceuta era parte de um vasto plano para expulsar os muçulmanos do comércio africano e indiano.

d) a expansão marítima ibérica visava cristianizar o mundo muçulmano para dominar as rotas comerciais africanas.

e) o domínio de territórios ao norte da África foi uma etapa fundamental para a expansão comercial e religiosa de Portugal

Resposta: a alternativa correta é a letra E.

 

QUESTÃO 4 – (ENEM/2013)

– TEXTO I

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.  CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II4PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br. Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que

  • A) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.
  • B) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.
  • C) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.
  • D) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.
  • E) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

Resposta: a alternativa correta é a letra C.

O texto desta aula foi preparado pelo professor Felipe Carlos de Oliveira para o Blog do Enem. Felipe é formado em História pela UFSC, especializado em Interdisciplinaridade pelo IBPEX e mestre em História pela UFSC. É professor de colégios e cursinhos da Grande Florianópolis desde 2001.

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