Sexta-feira 13: Os Mitos e as Superstições na Filosofia do Enem

No princípio, o caos... Assim começa a narração dos Mitos sobre a origem do mundo. Explicam a origem do universo, da vida, fenômenos naturais e o comportamento humano. Veja:

Filosofia Enem: Os gregos, assim como muitos outros povos (romanos, egípcios, indígenas, africanos…) usavam os Mitos em suas narrativas como forma de explicar o universo e seus acontecimentos (as estações do ano, o amanhecer e o entardecer, a vida e a morte etc.). Veja a seguir a diferença entre Mito e Superstição.

O que são os Mitos?

Os Mitos têm como característica fazer parte de como um determinado grupo cultural (étnico, religioso, geográfico, etc.) constrói e reproduz para os seus membros explicações sobre a origem do universo, da vida, ou de aspectos relacionados com a fertilidade, a virilidade, os ciclos da natureza entre outros fenômenos.

A mitologia grega, por exemplo, tem em cada um dos seus ‘deuses’ do Olimpo uma representação de aspectos psicológicos do comportamento humano ou de uma força da natureza.

O que é uma superstição?

Por outro lado, as Superstições  ocorrem no universo das crendices populares, sem ancoragem em construções simbólicas, culturais ou filosóficas para o entendimento da vida.

Não passar por baixo de uma escada por medo de azar, é superstição. Achar que ver um gato preto cruzar uma rua de noite também dá azar, é mera superstição. A crença popular de que a sexta-feira 13 é um dia maldito, portanto, é mera superstição. Afinal, a  superstição ocorre ao depositar uma crença em maus presságios, a temer coisas inócuas ou por criar associações sem base lógica a partir de eventos ou coincidências fortuitas.

Os mitos fazem parte da história do mundo, fazem parte do que chamamos de herança cultural. Um dos grande estudiosos contemporâneos sobre os Mitos foi o psicólogo norteamericano Joseph Cambpel (foto abaixo).

Os Mitos no pensamento de Joseph Campbel

Ele trouxe os Mitos para mais próximo à vida cotidiana ao mostrar como utilizamos diversos mitos para desenhar a nossa trajetória de vida.

Ele é autor do clássico livro ‘A Jornada do Herói’, que serviu de inspiração para construir a trama e o perfil psicológico dos personagens principais da série de filmes Guerra nas Estrelas.Jospeh Campbel e Theresa Coimbra No Brasil, a psicóloga Theresa Crhistina Oliveira Coimbra (foto acima) coordena  a Mesa Redonda da Fundação Jospeh Campblel para os estudos sobre Mitos.

Para Campbell os Mitos não seriam assim tão distantes, no campo das explicações para a compreensão de fenômenos não alcançáveis pela razão.

Mitologia x Filosofia

Confira com o professor de filosofia Ernane Júnior da Silva, do canal do Curso Enem Gratuito, um resumo para entender a diferença entre Filosofia e Mitologia.

Na literatura deixada por Joseph Campbell os Mitos fornecem pistas para a a sensação real de estarmos vivos, com ressonância na realidade mais íntima de cada pessoa para o encontro do que se procura dentro de cada um. A saga do herói, por exemplo, envolve a superação de obstáculos e mesmo perdas ao longo do caminho para alcançar o objetivo.

Por outro lado, a literatura clássica sobre Mitos os colocam na esfera da “A herança cultural de um povo. Um conjunto de valores transmitidos, através do processo de socialização entre gerações, e que são característicos da identidade de um povo.

Assim, de um modo dinâmico para cada p opulação, a visão mítica vai sendo criada por uma interação de diferentes elementos geográficos, ambientais, sociais e outros fatores externos e que, de uma perspectiva antropológica, irá afetar os modos de ser, pensar e agir de uma pessoa.”  http://heranculturais.blogspot.com.br/

Os Mitos e a Filosofia

Confira agora um resumo sobre a Origem da Filosofia. É uma busca da separação entre a narrativa mitológica e o início do pensamento científico para explicar a origem do universo.

Gostou do resumo? É mesmo muito boa esta aula do Curso Enem Gratuito. Agora, vamos voltar aos Mitos.

As narrativas mitológicas

Mas, você deve estar se perguntando: O que os mitos têm a ver com a filosofia? A resposta é TUDO! Já explico o por que: Que o ser humano é curioso por natureza já sabemos.

Em outras palavras essa vontade de conhecer/entender é inato a ele, faz parte da sua natureza.2Hoje se temos alguma dúvida, qualquer dúvida, temos vários meios de informação (internet, livros, mídia, escola, as próprias pessoas e por aí vai) para encontrar a resposta/explicação de que precisamos, porém na antiguidade não era assim, ou melhor, não era totalmente assim.

Então, quando o homem tinha dúvidas, essas dúvidas eram respondidas através das religiões existentes naquela época, e o meio pelo qual se dava essa explicação eram os mitos (do grego MYTHÓS: “discurso, mensagem palavra, assunto, invenção, lenda, relato imaginário”) as famosas histórias fantasiosas acerca das ações dos deuses.

Que fique claro, os mitos foram criados com um único objetivo: explicar algo ou alguma coisa que estivesse tirando a paz desses homens.

Quanta responsabilidade, você deve estar pensando!

Um exemplo do que estou falando: – “Na certa você já ouviu falar de Thor e de seu martelo. Antes de o cristianismo chegar a Noruega, acreditava-se aqui no Norte que Thor cruzava os céus em uma carruagem puxada por dois bodes. E quando ele agitava seu martelo, produziam-se raios e trovões. A palavra “Trovão” — Thor-don em Norueguês — significa originariamente “O rugido de Thor“. Em sueco, a palavra para trovão é aska, na verdade as-aka — que significa a jornada dos deuses no céu.

Quando troveja e relampeja, geralmente também chove. E a chuva era vital para os camponeses da era dos vikings. Assim, Thor era adorado como o deus da fertilidade.
A resposta mitológica à questão de saber porque chovia era, portanto, a de que Thor agitava seu martelo. E quando caía a chuva, as sementes germinavam e as plantas floresciam nos campos.” (O MUNDO DE SOFIA – A visão mitológica do Mundo ( 1991 )

Vale lembrar que os mitos são considerados a primeira forma de explicação criada pelo ser humano! – Em determinada época da história da humanidade, a escrita ainda não havia sido inventada, logo os mitos eram repassados e contados de forma oral, o que possibilitou o aparecimento de várias versões sobre um mesmo mito.

“Mito quer dizer história ou conjunto de histórias que fazem parte da cultura de um povo e tentam explicar fenômenos incompreendidos ou sem resposta comprovada, como a criação do mundo, o sentido da vida humana e morte” (História ilustrada da Grécia antiga, p.58)

As civilizações como as que citamos no início do post, que acreditavam em vários deuses eram consideradas politeístas (do grego: polis, muitos, Théos, deus: muitos deuses). Estas civilizações que descreviam seus deuses com características semelhantes aos humanos, eram chamadas de antropomórficas*.

*Antropomórfico: Forma de pensamento ou conceito que atribui a Deus, a deuses ou a seres sobrenaturais, maneiras de agir, sentimentos e pensamentos característicos dos seres humanos.

Conceito, ponto de vista, doutrina filosófica que busca compreender a realidade através da atribuição de qualidades e comportamentos humanos aos seres inanimados ou irracionais. (http://www.dicio.com.br/antropomorfismo/)

Deuses Nórdicos:

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Fonte: https://www.appannie.com/apps/windows-store/app/deuses-nordicos

Deuses Gregos:

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Fonte: https://www.fenixdefogo.wordpress.com

Já as civilizações que descreviam seus deuses com  alguma parte de outro animal, eram consideradas zoomórficas*.

*Zoomórfico: Que se pode referir à zoomorfia ou ao zoormofismo.
Que contém ou expressa figuras de animais: desenho zoomórfico.
(Etm. zoomorf/ia/ + ico)).

Deuses Egípcios

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Fonte: https://www.universal.globo.com

Deuses Hindus

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Fonte: https://www.blogdolucascoisas.blogspot.com

A Mitologia no Cinema e na Literatura:

A indústria cultural, já produziu alguns filmes e livros sobre o fantasioso mundo dos deuses. Algumas dicas para você assistir ou ler. Veja a lista de filmes:

  1. A Odisséia,
  2. Tróia,
  3. Guerra de Titãs,
  4. Thor,
  5. Percy Jackson
  6. Deuses do Egito
  7. Guerra nas Estrelas
  8. Entre outros…

Livros com o traço da Mitologia

  1. Série Os Heróis do Olimpo
  2.  Percy Jackson e Os Olimpianos
  3. As Crônicas dos Kane
  4. Série Olimpo em Guerra
  5.  A Odisséia
  6. O Poder do Mito
  7. A Jornada do Herói

Da mitologia também herdamos algumas palavras expressões e mitológicas que usamos ainda hoje, tais como: Voto de Minerva, Calcanhar de Aquiles, Flecha do Cupido, Olimpíadas, Caos, Presente de Grego, Odisséia

Senso Comum x Filosofia

Confira agora com o professor Marciel Evangelista Cateneo, do canal do Curso Enem Gratuito, como operam o Senso Comum e a Lógica Filosófica no pensamento humano:

 Você deve estar se perguntando…E a filosofia nisso tudo?

Os primeiros gregos a registrarem por escrito os mitos gregos foram Homero (800 a.C- 701 a.C) e Hesíodo (750 a.C- 650 a.C). Hesíodo é autor da obra Teogonia, já Homero escreveu os dois poemas épicos mais conhecidos, Ilíada e Odisséia Até aí tudo bem, só que esse simples ato de registrar a herança do seu povo abriu espaço para discussões e questionamentos sobre a real semelhança entre homens e deuses.

Homero, foi quem mais sofreu as críticas feitas pelos primeiros filósofos, esses criticavam a forma como os deuses eram descritos em seus poemas, como sendo ” a imagem e semelhança dos homens”.

Nada mais propício para o surgimento da filosofia, certo? Nessa época, com a fundação de muitas cidades-Estado, os cidadãos livres tinham muito tempo para pensar/refletir/indagar, já que os serviços pesados ficavam com os escravos ( na sua maioria prisioneiros de guerra), o que fomentou ainda mais as discussões acerca da veracidade das narrações mitológicas.

Com essa crítica deu-se início a uma “evolução” na forma de pensar o mundo e o que existia a sua volta, a filosofia ganhou vida.Sendo assim, podemos dizer que a filosofia surgiu a partir da mitologia. Eis aí o porquê da mitologia ser importante para a filosofia. Afinal, nada surge do nada! 😉

 

Então, para finalizar sua revisão, que tal exercitar seus conhecimentos sobre filosofia?

 1. (Enem 2ª aplicação 2010) “Quando Édipo nasceu, seus pais, Laio e Jocasta, os reis de Tebas, foram informados de uma profecia na qual o filho mataria o pai e se casaria com a mãe. Para evitá-la, ordenaram a um criado que matasse o menino. Porém, penalizado com a sorte de Édipo, ele o entregou a um casal de camponeses que morava longe de Tebas para que o criasse.

Édipo soube da profecia quando se tornou adulto. Saiu então da casa de seus pais para evitar a tragédia. Eis que, perambulando pelos caminhos da Grécia, encontrou-se com Laio e seu séquito, que,insolentemente, ordenou que saísse da estrada. Édipo reagiu e matou todos os integrantes do grupo, sem saber que entre eles estava seu verdadeiro pai. Continuou a viagem até chegar em Tebas, dominada por uma Esfinge.

Ele decifrou o enigma da Esfinge, tornou-se rei de Tebas e casou-se com a rainha, Jocasta, a mãe que desconhecia”. Disponível em: http://www.culturabrasil.org. Acesso em: 28/08/2010 (adaptado).

No mito Édipo Rei, são dignos de destaque os temas do destino e do determinismo. Ambos são características do mito grego e abordam a relação entre liberdade humana e providência divina.

 A expressão filosófica que toma como pressuposta a tese do determinismo é:

a) “Nasci para satisfazer a grande necessidade que eu tinha de mim mesmo.” (Jean Paul Sartre)

b) “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.” (Santo Agostinho)

c) “Quem não tem medo da vida também não tem medo da morte.” (Arthur Schopenhauer)

d) “Não me pergunte quem sou eu e não me diga para permanecer o mesmo.” (Michel Foucault)

e) “O homem, em seu orgulho, criou a Deus a sua imagem e semelhança.” (Friedrich Nietzsche)

 Para responder a questão é importante saber que o Mito de Édipo que explicar que não podemos fugir do nosso destino, uma vez que os gregos acreditavam que o mesmo nasce traçado quando nascemos.

2. (UEL-2003) “Zeus ocupa o trono do universo. Agora o mundo está ordenado. Os deuses disputaram entre si, alguns triunfaram. Tudo o que havia de ruim no céu etéreo foi expulso, ou para a prisão do Tártaro ou para a Terra, entre os mortais. E os homens, o que acontece com eles? Quem são eles?” (VERNANT, Jean-Pierre. O universo, os deuses, os homens. Trad. de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 56.)

 O texto acima é parte de uma narrativa mítica. Considerando que o mito pode ser uma forma de conhecimento, assinale a alternativa correta.

 a) A verdade do mito obedece a critérios empíricos e científicos de comprovação.

b) O conhecimento mítico segue um rigoroso procedimento lógico-analítico para estabelecer suas verdades.

c) As explicações míticas constroem-se de maneira argumentativa e autocrítica.

d) O mito busca explicações definitivas acerca do homem e do mundo, e sua verdade independe de provas.

e) A verdade do mito obedece a regras universais do pensamento racional, tais como a lei de não-contradição.

 

3. (UNIFOR/98.1) A religião na Grécia antiga apresentou como características o:

 a) zoomorfismo, o monoteísmo e o totemismo;

b) salvacionismo, o antroporfismo e o messianismo;

c) ascenticismo, a mitologia e o animismo;

d) antroporfismo, o politeísmo e a mitologia;

e) animismo, o salvacionismo e o miscitismo

 Os textos e exemplos acima foram preparados pela professora Paula Pille para o  Blog do Enem. Paula é formada em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dá aulas de Filosofia em escolas da Grande Florianópolis  desde  2004.  O texto foi complementado pela editoria do Blog do Enem em 2017.  Facebook: https://www.facebook.com/paula.pille

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