O pós-modernismo – Revisão de Literatura para o Enem!

Vem com a gente revisar o pós-modernismo para gabaritar as questões de Literatura no Enem e nos vestibulares!

1945 é o ano do fim da Segunda Guerra Mundial e outros acontecimentos marcantes. A literatura brasileira também passa por profundas alterações e nesse post você ficará por dentro do pós-modernismo, seu contexto histórico e suas principais produções literárias, que serão essenciais para gabaritar em literatura brasileira no Enem e no Vestibular!

Em 1945 chega o fim da Guerra Mundial e inicia-se a Era Atômica, com as explosões de Hiroshima e Nagasáqui. A organização das Nações Unidas (0NU) é o reflexo de uma crença da paz duradoura. Mais tarde, é publicada a Declaração dos Direitos do Homem. Logo depois, tem início a Guerra Fria, marcado pela tensão política entre as grandes potências mundiais.

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1945 também é o ano do fim da ditadura de Getúlio Vargas, início da redemocratização brasileira. São convocadas as eleições gerais, em que os candidatos apresentam-se e os partidos são legalizados. Em seguida, dá-se início a um novo tempo de perseguições políticas, ilegalidades, exílios.

A literatura brasileira também passa por grandes alterações, onde aparecem manifestações de grandes passos tomados e, em outros casos, um retrocesso.

A prosa, tanto nos romances como nos contos, segue o caminho que já havia sido percorrido por certos autores da década de 30, ao encontro da literatura intimista, destacando-se a escritora Clarice Lispector.  Ao mesmo tempo o regionalismo toma uma nova dimensão com a produção fantástica de João Guimarães Rosa.

O fim dos anos 40 revela um dos poetas mais importantes da nossa literatura, não pertencendo esteticamente a nenhum grupo e aprofundador das experiências modernistas anteriores: João Cabral de Melo Neto, que definiu, muito bem, as inúmeras faces das manifestações artísticas do pós-guerra:

Pode-se dizer que hoje não há uma arte, não há a poesia, mas há artes, há poesias. Cada arte se fragmentou em tantas artes quantos foram os artistas capazes de fundar um tipo de expressão original.

Ferreira Gullar e Mauro Mota eram autores contemporâneos de João Cabral que apresentam alguns pontos de contato com sua obra.

Autocrítica – João Cabral de Melo Neto

Só duas coisas conseguiram

(des)feri-lo até a poesia:

o Pernambuco de onde veio

e o aonde foi, a Andaluzia.

Um, o vacionou do falar rico

e deu-lhe a outra, fêmea e viva,

desafio demente: em verso

dar a ver Sertão e Sevilha.

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João Cabral de Melo Neto

Guimarães Rosa (1908 – 1967) publicou seu primeiro livro, Sagarana, em 1946, um ano depois da queda de Getúlio Vargas e do início das produções da Geração de 45. Dando uma nova perspectiva ao regionalismo, de início há a revalorização da linguagem e, em seguida, a universalização do regional.

O valor da linguagem de Guimarães Rosa não está no aprimoramento das palavras ou no uso de vocábulos arcaicos, mas sim nos neologismos, sempre tendo como ponto de partida a fala dos sertanejos e suas expressões. Dessa maneira, as palavras recriadas ganham força e significados novos:

Joãozinho Bem-Bem se sentia preso a Nhô Augusto por uma simpatia poderosa, e ele nesse ponto era bem-assistido, sabendo prever a viragem dos climas e conhecendo por instinto as grandes coisas. Mas Teófilo Sussuarana era bronco excessivamente bronco, e caminhou para cima de Nhô Augusto. Na sua voz:

– Êpa, Nomopadrofilhospritossantamêin! Avança, cambada de filhos-da-mãe, que chegou minha vez!…

E a casa matraqueou que nem panela de assar pipocas, escurecida à fumaça dos tiros, com os cabras saltando e miando de maracajás, e Nhô Augusto gritando qual um demônio preso e pulando como dez demônios soltos.

– Ô gostosura de fim-de-mundo!…

(A hora e a vez de Augusto Matraga)

Para salientar a poesia, o ritmo e a sonoridade de sua linguagem, observe um trecho do conto O burrinho pedrês, em que o autor narra a caminhada da boiada, intercalando quadrinhas populares cantadas pelos vaqueiros. As aliterações permitem reproduzir a sonoridade da marcha da boiada:

As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá e do sertão…

‘Um boi preto, um boi pintado,

cada um tem sua cor.

Cada coração um jeito

de mostrar o seu amor.’

Boi bem bravo, bate baixo, bota baba, boi berrando… Dança doido, dá de duro, dá de dentro, dá direito… Vai, vem, volta, vem na vara, vai não volta, vai varando…

‘Todo passarinh’ do mato

tem seu pio diferente.

Cantiga de amor doido

não carece ter rompante…’

Pouco a pouco, porém, os rostos se desempanam e os homens tomam gesto de repouso nas selas, satisfeitos. Que de trinta, trezentos ou três mil, só está quase pronta a boiada quando as alimárias se aglutinam em bicho inteiro – centopeia -, mesmo prestes assim para surpresas más.

– Tchou!… Tchou!… Eh, booôi!…

E, agora, pronta de todo está ela ficando, cá que cada vaqueiro pega o balanço de busto, sem-querer e imitativo, e que os cavalos gingam bovinamente. Devagar, mal percebido, vão sugados todos pelo rebanho trovejante – pata a pata, casco a casco, soca soca, fasta vento, rola e trota, cabisbaixos, mexe lama, pela estrada, chifres no ar…

A boiada vai, como um navio.

Outro aspecto relevante da obra de Guimarães Rosa é a luta entre Deus e o diabo, o Bem e o Mal, transparecendo todo o misticismo do sertão, uma religiosidade quase medieval, baseada apenas nos dois extremos e marcada pelo medo.

A videoaula do canal Aula De traz ótimas informações que complementarão o tema pós-modernismo. Não deixe de ver:

Exercícios

1-  (UFPA) Os escritores ….. e ….. participaram ativamente do 1º momento da ficção modernista. É da autoria do segundo o romance….. .

a) Mário de Andrade, Oswald de Andrade;  Macunaíma .

b) Manuel Bandeira, Jorge Amado;   Dona Flor e seus dois maridos .

c) Oswald de Andrade, Mário de Andrade;   Amar, verbo intransitivo .

d) Graciliano Ramos, José Lins do Rego;   Menino de engenho

e) Mário de Andrade, Manuel Bandeira;   Itinerário de Pasárgada .

 

2- (FUVEST-SP)  São obras do mesmo autor de   Vidas secas :

a) Jubiabá, Mar morto.

b) Usina, Fogo morto.

c) Angústia, São Bernardo.

d) A bagaceira, Coiteiro.

e) quinze, Caminho de pedras.

 

Gabarito

1- C

2- C

O texto foi escrito pela professora Analice, formada em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Unesp. Atualmente é mestranda em Literatura na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, professora de português na rede particular de ensino de Florianópolis e colaboradora do Blog do Enem. Facebook: http://www.facebook.com/analice.andrade
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