A 2ª Fase do Modernismo foi marcada pela consolidação dos ideais do movimento da Semana de 1922. Teste seus conhecimentos sobre o tema com nossa lista de exercícios!
Alguns dos autores e obras que mais aparecem no Enem pertencem à 2ª Geração Modernista. Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, marca presença em quase todas as edições. Por este motivo, preparamos um resumo e uma lista de questões sobre a Segunda Fase do Modernismo no Brasil!
Resumo sobre a Segunda Fase do Modernismo
A poesia da segunda geração modernista é a representação de um amadurecimento e um aprofundamento das conquistas da geração de 1922. É possível notar a influência exercida por Mário e Oswald de Andrade sobre os jovens que iniciaram sua produção poética depois da Semana de Arte Moderna.
Nessa fase, o grande foco da prosa de ficção foram os romances regionalistas e urbanos. Preocupados com os problemas sociais, os autores aproximaram a prosa da linguagem coloquial e regional. Assim, mostram a realidade de diversos locais do país, ora no campo, ora na cidade.
O marco inicial desta fase é a publicação do romance regionalista “A Bagaceira” (1928), de José Américo de Almeida (1887-1980). Nessa obra, ele relata o tema da seca e da vida de retirantes.
Outra obra a ser destacada é o romance “O Quinze” (1930), de Rachel de Queiroz (1910-2003), que aborda uma das maiores secas que assolou o Nordeste em 1915.
Merece menção também José Lins do Rego (1901-1957) autor do romance “Menino de Engenho (1932)”, narrativa ambientada nos engenhos nordestinos, cuja temática explora o ciclo de açúcar no Brasil.
Para saber mais sobre a poesia deste momento do Modernismo, não deixe de conferir o conteúdo que vem logo depois dos exercícios.
Resumo sobre o Modernismo
Antes de resolver as questões sobre a Segunda Fase do Modernismo, veja a aula da prof. Camila Brambilla, do canal https://www.youtube.com/cursoenemgratuitodo Curso Enem Gratuito, sobre as características da prosa da Geração de 30:
Questões sobre a Segunda Fase do Modernismo
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Pergunta 1 de 10
1. Pergunta
(ENEM MEC/2020)
— O senhor pensa que eu tenho alguma fábrica de dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas olha para todos como quem quer dar uma explicação a todos. Todas as caras sorriem.) Quando seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas, e é o que me basta… (Risos.)
O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. A palavra possui um tom educado, de pessoa que convive com gente inteligente, causeuse. O rosto do Dr. Rist resplandece, vermelho e glabro. Um que outro tem os olhos no chão, a atitude discreta.
Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá reatar a palestra interrompida, aquelas observações sobre a questão social, comunismo e integralismo.
MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.
A ficção modernista explorou tipos humanos em situação de conflito social. No fragmento do romancista gaúcho, esse conflito revela a
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Pergunta 2 de 10
2. Pergunta
(ENEM MEC/2019/2ª Aplicação)
Canção
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas…
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto.
Quando as ondas te carregaram
meus olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
Na composição do poema, o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na
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Pergunta 3 de 10
3. Pergunta
(ENEM MEC/2018)
Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó.
RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1998.
Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a progressão temática. No fragmento, esse processo é indicado pela
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Pergunta 4 de 10
4. Pergunta
(ENEM MEC/2017)
A humana condição
Custa o rico no céu
(Afirma o povo e não erra).
Porém muito mais difícil
É um pobre ficar na terra
QUINTANA, M. Melhores poemas. São Paulo: Global, 2003.
Mário Quintana ficou conhecido por seus “quintanares”, nome que o poeta Manuel Bandeira deu a esses quartetos com pequenas observações sobre a vida. Nessa perspectiva, os versos do poema Da humana condição ressaltam
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Pergunta 5 de 10
5. Pergunta
(ENEM MEC/2017)
O farrista
Quando o almirante Cabral
Pôs as patas no Brasil
O anjo da guarda dos índios
Estava passeando em Paris.
Quando ele voltou de viagem
O holandês já está aqui.
O anjo respira alegre:
“Não faz mal, isto é boa gente,
Vou arejar outra vez.”
O anjo transpôs a barra,
Diz adeus a Pernambuco,
Faz barulho, vuco-vuco,
Tal e qual o zepelim
Mas deu um vento no anjo,
Ele perdeu a memória…
E não voltou nunca mais.
MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1992.
A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que
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Pergunta 6 de 10
6. Pergunta
(ENEM MEC/2016/2ª Aplicação)
Do amor à pátria
São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual – uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações.
MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.
O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque
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Pergunta 7 de 10
7. Pergunta
(ENEM MEC/2016/2ª Aplicação)
Anoitecer
A Dolores
É a hora em que o sino toca,
mas aqui não há sinos;
há somente buzinas,
sirenes roucas, apitos
aflitos, pungentes, trágicos,
uivando escuro segredo;
desta hora tenho medo.
[…]
É a hora do descanso,
mas o descanso vem tarde,
o corpo não pede sono,
depois de tanto rodar;
pede paz — morte — mergulho
no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo.
Hora de delicadeza,
agasalho, sombra, silêncio.
Haverá disso no mundo?
É antes a hora dos corvos,
bicando em mim, meu passado,
meu futuro, meu degredo;
desta hora, sim, tenho medo.
ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2005 (fragmento).
Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povo revela desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a)
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Pergunta 8 de 10
8. Pergunta
(ENEM MEC/2015)
Cântico VI
Tu tens um medo de
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963 (fragmento).
A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,
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Pergunta 9 de 10
9. Pergunta
(ENEM MEC/2014/2ª Aplicação)
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
homens presentes,
a vida presente.
ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.
Escrito em 1940, o poema Mãos dadas revela um eu lírico marcado pelo contexto de opressão política no Brasil e da Segunda Guerra Mundial. Em face dessa realidade, o eu lírico
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Pergunta 10 de 10
10. Pergunta
(ENEM MEC/2013)
Ola! Negro
Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos
e a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredor
tentarão apagar a tua cor!
E as gerações dessas gerações quando apagarem
a tua tatuagem execranda,
não apagarão de suas almas, a tua alma, negro!
Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi,
negro-fujão, negro cativo, negro rebelde
negro cabinda, negro congo, negro íoruba,
negro que foste para o algodão de USA
para os canaviais do Brasil,
para o tronco, para o colar de ferro, para a canga
de todos os senhores do mundo;
eu melhor compreenda agora os teus blues
nesta hora triste da raça branca, negro!
Olá, Negro! Olá. Negro!
A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!
LIMA. J, Obras completas Rio de Janeiro Aguilar, 1958 (fragmento).
O conflito de gerações e de grupos étnicos reproduz, na visão do eu lírico, um contexto social assinalado por
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Poesia da Segunda Geração Modernista
Em sua forma, os novos poetas cultivam o verso livre e a poesia sintética, como, por exemplo, no poema Cota zero, de Drummond:
Stop.
A vida parou
ou foi um automóvel?
No entanto, é na temática que se nota a nova postura artística, que passa a questionar a realidade com mais força. Além disso, o artista se questiona como indivíduo e até mesmo como artista na sua tentativa de explorar e de interpretar o estar no mundo.
Dessa forma, tem-se uma literatura mais construtiva e mais politizada, que não quer se afastar das grandes transformações desse período. O percurso de Murilo Mendes (1901 – 1975) no Modernismo brasileiro, por exemplo, é bem interessante. Das sátiras ele caminha para uma poesia religiosa, sem perder o contato com a realidade social.
Entretanto, como afirma o poeta, o social não se opõe ao religioso. Assim, lhe permite acompanhar todas as transformações vividas pelo século XX, tanto no campo econômico e político quanto no campo artístico.