O Novo Enem, se aprovado, será realizado em duas fases, com questões dissertativas e a aplicação da prova mais vezes ao ano. As mudanças no Enem ainda precisam ser aprovadas pelo Ministro da Educação.
Desde que o Ministério da Educação determinou a implementação do Novo Ensino Médio a partir de 2022, já havia a previsão de que o novo modelo de ensino implicaria mudanças no Enem. Assim, foi instalada uma comissão no Conselho Nacional de Educação para discutir a reformulação do Exame Nacional do Ensino Médio, que aprovou o texto base do Novo Enem.
Mudanças no Enem e o Novo Ensino Médio
Com o Novo Ensino Médio, as escolas continuarão a oferecer um currículo básico de disciplinas comum aos estudantes. Além dessa formação básica comum, o currículo terá uma parte flexível, chamada de Itinerários Formativos, voltados a áreas do conhecimento específicas ou na formação técnica e profissional.
O Novo Ensino Médio passará a ser implementado obrigatoriamente em todo o Brasil a partir de 2022. Com isso, o Exame Nacional do Ensino Médio, que avalia os conhecimentos adquiridos nos anos finais da educação básica, também precisará passar por mudanças.
Para propor as mudanças no Enem, o Conselho Nacional de Educação (CNE) instalou uma comissão que discutiu como a reestruturação do Ensino Médio impactaria o Enem. Essa comissão aprovou um relatório que propõe o chamado Novo Enem, a ser implementado a partir de 2024.
Como será o Novo Enem
O texto base aprovado pelo Conselho Nacional de Educação foi obtido com exclusividade pela revista Veja e propõe diversas mudanças no Enem. Entre elas, destacam-se a aplicação do Enem em duas fases, a aplicação de questões dissertativas e a realização da prova mais vezes ao ano.
Enem em duas fases
Se aprovada a proposta, o Novo Enem será constituído de duas fases.
Na primeira fase do Enem, serão cobrados conhecimentos relacionados ao currículo básico comum do Ensino Médio. Nesse momento, serão cobradas questões relacionadas à interpretação de texto, língua portuguesa, língua estrangeira e também a redação.
Por sua vez, a segunda fase do Enem será voltada aos conhecimentos adquiridos nos Itinerários Formativos, divididos em quatro grandes áreas associadas aos cursos superiores:
- Ciências, tecnologia, engenharia e matemática;
- Ciências sociais aplicadas;
- Humanidades, linguagens e artes;
- Ciências biológicas e saúde.
Com a aplicação do Enem em duas fases, caberá às universidades determinar como utilizarão os resultados dos exames para selecionar os estudantes em processos seletivos como o Sisu e o Prouni.
Questões dissertativas
Outra mudança no Enem é a previsão de questões dissertativas. Atualmente, as provas são compostas apenas de questões objetivas, além da redação. A proposta do Novo Enem é a de que haja também questões dissertativas no Exame para “avaliar uma formação com ênfase no desenvolvimento de competências como propõe a Base Nacional Comum Curricular”.
Correção por Inteligência Artificial
Para viabilizar as mudanças no Enem, especialmente a inclusão de questões dissertativas, a comissão propõe a implementação de Inteligência Artificial no sistema de correção das provas. Desta maneira, os custos do processo de correção e o tempo necessário para a divulgação dos resultados seriam diminuídos.
TRI em tempo real
Outra proposta do CNE é passar a aplicar a TRI em tempo real, isto é, de maneira dinâmica durante a realização das provas. De acordo com o texto, funcionaria assim: “é apresentado um item a ele, a partir da resposta é feito o cálculo da proficiência, que elege o item seguinte. O estudante vai percorrendo os itens até que se chegue à proficiência”.
Com essa mudança, o número de questões do Enem poderia cair pela metade, uma vez que o sistema de correção inteligente é aplicado em tempo real.
No entanto, essa proposta só seria possível mediante a implementação completa do Enem Digital. Além disso, ela implica na impossibilidade da divulgação das questões posteriormente ao Exame, o que vai de encontro às normas atuais.
Enem três vezes por ano
Enfim, a comissão do CNE propõe também que o Exame Nacional do Ensino Médio seja aplicado mais vezes ao ano. Tal mudança ocasionaria a diminuição do número de candidatos a cada edição. Além disso, significaria mais chances para os estudantes ingressarem na faculdade com a nota do Enem.
Proposta ainda precisa ser aprovada
O relatório do Novo Enem foi aprovado pela comissão especial do Conselho Nacional de Educação, mas isso não significa que as mudanças já começarão a valer. Agora, a proposta segue para a homologação do Ministério da Educação e também deverá ser votada pelo plenário do CNE.