Revoltas Coloniais Nativistas (Séc. XVII): História no Enem

Veja a Guerra dos Emboabas, a Revolta dos Mascates, Revolta de Beckman e outros movimentos de rebelião nativistas ocorridos no Brasil Colonial. É história para os vestibulares e o próximo Enem. Vem!

Você lembra das aulas sobre a Guerra dos Mascates; Guerra dos Emboabas; Revolta de Beckman e outras revoltas coloniais nativistas do Século XVII!  Já no Século XVIII as revoltas coloniais foram a Guerra dos Emboabas, a Guerra dos Mascates, e a Revolta de Filipe dos Santos. Você vai entender as origens da crise colonial no Brasil e gabaritar História no Enem!

Sabemos que não se desmonta um complexo sistema colonial com três palavras mágicas (Independência ou morte!), assim como não se conquista a independência de um país na base do grito.

A nossa independência é consequência de um longo processo de crise do sistema colonial, que tem seu início nas revoltas coloniais dos século XVII. Saiba como isso aconteceu para gabaritar História no Enem.

As revoltas coloniais nativistas

aaaDesenho esquematizando a crise do sistema colonial brasileiro. As revoltas coloniais nativistas são a raiz desse processo histórico que passa pelas revoltas separatistas, em Minas e Bahia, até culminar na Independência do Brasil  Fonte: www.profvagner.com.br (imagem adaptada pelo autor)

A crise do sistema colonial tem seu início no século XVII, quando ocorreram demonstrações mais claras do descontentamento das elites locais com o sistema colonial imposto pela metrópole. Esse descontentamento se manifestou por meio das chamadas revoltas coloniais.

Essas revoltas são classificadas em dois tipos: as revoltas nativistas e as revoltas separatistas. As revoltas nativistas foram motivadas por descontentamentos em relação a alguns aspectos específicos da exploração colonial, não chegando a propor o rompimento com Portugal, diferente das revoltas separatistas, que contestavam amplamente o sistema colonial e propunham o rompimento com a metrópole.

As principais revoltas nativistas:

  1. No século XVII foram a Aclamação de Amador Bueno (SP -1641) e a Revolta de Beckman (MA – 1684).
  2. No século XVIII as principais revoltas nativistas foram a Guerra dos Emboabas (MG – 1708/1709), a Guerra dos Mascates (PE – 1710-1711) e a Revolta de Filipe dos Santos (MG – 1720).

Veja no mapa as principais revoltas coloniais nativistas:aaaMapa das principais revoltas coloniais nativistas                                     Fonte: produção do autor

Aclamação de Amador Bueno (São Paulo/SP – 1641)

Durante a União Ibérica (1580-1640), período em que o trono português esteve sob domínio espanhol, os holandeses, além de invadirem o nordeste brasileiro (1630-1654), ocuparam na África importantes feitorias portuguesas que forneciam escravos ao Brasil.

A disputa por escravos como fator da revolta

Enquanto os fazendeiros nordestinos tinham o fornecimento garantido pelos holandeses, a Capitania de São Vicente sofria com o desabastecimento de escravos africanos.

Nesse período, fazendeiros e bandeirantes paulistas fizeram da escravidão indígena seu grande negócio, chegando a estabelecer relações com o Rio da Prata, já que o Tratado de Tordesilhas estava em desuso. Os índios capturados em missões jesuíticas, além de servirem às fazendas paulistas, eram vendidos nas proximidades de Buenos Aires.

O lucrativo comércio de índios escravizados entre a Capitania de São Vicente e Buenos Aires foi interrompido quando a União Ibérica chegou ao fim, em 1640, com a Restauração do Trono Português.

Buscando ampliar o comércio atlântico de escravos africanos, que gerava muitos lucros a Portugal, o rei João I decretou a proibição da escravidão indígena na colônia.

Essa foi a causa principal do movimento. Fazendeiros e bandeirantes iniciaram a revolta em São Paulo com a expulsão dos jesuítas, contrários à escravidão indígena. Depois aclamaram o rico fazendeiro Amador Bueno como rei de São Paulo, buscando o rompimento com Portugal e com a Dinastia de Bragança.

Contudo, o Capitão-Mor Amador Bueno manteve sua fidelidade ao rei e à metrópole, chegando a ser perseguido pelos insurgentes, que em pouco tempo se dispersaram, provocando o fim do movimento.

O controle sobre os índios ficaria atribuído aos padres jesuítas em seu trabalho de catequese.aaaPintura a óleo “Aclamação de Amador Bueno”, de Oscar Pereira da Silva, datada de 1909  Fonte: www.tancredoprofessor.com.br

Dica 1: Repare que a Aclamação de Amador Bueno é classificada como uma revolta colonial nativista, mesmo tendo como meta o rompimento com a metrópole, como queriam as revoltas separatistas.

É uma grande contradição presente nos nossos livros de História. Por isso mesmo é um tema caro à prova do Enem, onde a História não é composta de fatos, mas sim das várias versões e interpretações sobre os mesmos. Fique ligado! O Enem tem adoração pelas contradições.

Revolta de Beckman (São Luís/MA – 1684)

Foi um movimento das elites agrárias locais lideradas pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman. As insatisfações desses donos de terras e de escravos tinham três causas principais:

  1. A Companhia de Comércio do Maranhão: criada em 1682, tinha o monopólio sobre o comércio na região, atribuindo preços muito baixos aos produtos locais (açúcar e algodão) e cobrando preços altíssimos pelos produtos que vendia à elite local, principalmente escravos, que não eram fornecidos na quantidade mínima anual de 500 “peças”;
  2. A proibição da “preação” indígena em missões jesuíticas a partir de 1680, dificultando a aquisição de escravos pelos fazendeiros da região;
  3. A Companhia de Jesus, pela oposição dos jesuítas à escravidão indígena, defendendo a catequese no lugar da escravidão.

Os irmãos Beckman tomaram o governo local, expulsaram os padres do Colégio dos Jesuítas e a companhia comercial. Procurando evitar retaliações da metrópole, Tomás Beckman foi a Portugal para convencer o rei dos abusos da companhia comercial, mas foi preso e degredado.

Tropas portuguesas lideradas pelo novo governador Gomes Freire de Andrade retomaram o governo maranhense e Manuel Beckman foi executado. Mesmo com a derrota do movimento, ocorreu em 1685 a extinção da Companhia de Comércio do Maranhão.A Revolta dos Beckman - Revoltas Coloniais NativistasRetrato de Manuel Beckman, principal líder da Revolta de Beckman Fonte: www.ohistoriante.com.br

Dica do Blog: Tanto na Aclamação de Amador Bueno (SP – 1641) como na Revolta de Beckman (MA – 1684), o controle e a forma de tratamento em relação aos índios constituem um dos focos principais, colocando colonos e jesuítas em lados opostos.

Nos dois casos, a dificuldade na aquisição de escravos africanos levava os colonos à “preação” indígena, prática combatida pelos jesuítas, que controlavam os índios através da catequese. O curioso é que os jesuítas não contrariavam a escravidão africana, chegando a legitimá-la para que os índios fossem exclusividade sua. Fique ligado! Esse tema já caiu no Enem.

Agora, para fixar bem o conteúdo, veja este vídeo do professor Alan sobre o assunto. Depois, teste seus conhecimentos com algumas questões que separamos para você responder.

Veja aqui as Revoltas Coloniais no Século XVIII

Vamos ver agora como esse conteúdo é cobrado nos vestibulares e no Enem! Teste seus conhecimentos!

Exercícios sobre as Revoltas Coloniais Nativistas do Século XVII

Questão 1

(ESPM) A Coroa criou a Companhia Geral de Comércio do Maranhão, que monopolizaria o comércio da região, tendo, entre outras obrigações, de fornecer 500 escravos negros por ano, durante 20 anos, além de fornecer aos habitantes gêneros alimentícios importados e adquirir tudo o que fosse produzido na região para a exportação.

(Luís César Costa e Leonel Itaussu. História do Brasil)

Contra a ação da Companhia Geral do Comércio do Maranhão ocorreu, no século XVII, a revolta nativista conhecida por:

a) Aclamação de Amador Bueno

b) Guerra dos Emboabas

c) Guerra dos Mascates

d) Revolta de Felipe dos Santos

e) Revolta de Beckman

Resposta: A alternativa correta é a letra “e”.

Questão 2

(Enem-2012) “Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.”

VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e

a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.

b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.

c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.

d) o papel dos senhores na administração dos engenhos.

e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.

Resposta: A alternativa correta é a letra “e”. Lembre-se que Padre Vieira era jesuíta, o que ajuda a explicar o modo como legitima a escravidão africana, dignificando o martírio dos escravos negros ao compará-lo com o martírio de Cristo.

Questão 3

Leia o texto a seguir:

“… Duas coisas são necessárias: a revogação do monopólio e a expulsão dos jesuítas, a fim de se recuperar a mão livre no que diz respeito ao comércio e aos índios; depois haverá tempo de mandar ao Rei representantes eleitos e obter a sanção dele.” 

O texto tem relação com uma das revoltas ocorridas antes da Independência do Brasil. A qual revolta o texto se refere:

a) Inconfidência Mineira

b) Aclamação de Amador Bueno

c) Revolta de Beckman

d) Insurreição Pernambucana

e) Guerra dos Mascates

Resposta: A alternativa correta é a letra “c”.

Questão 4

(UFRN) A Guerra dos Emboabas, a dos Mascates e a Revolta de Vila Rica, verificadas nas primeiras décadas do século XVIII, podem ser caracterizadas como:

a) movimentos isolados em defesa de idéias liberais, nas diversas capitanias, com a intenção de se criarem governos republicanos;

b) movimentos de defesa das terras brasileiras, que resultaram num sentimento nacionalista, visando à independência política;

c) manifestações de rebeldia localizadas, que contestavam aspectos da política econômica de dominação do governo português;

d) manifestações das camadas populares das regiões envolvidas contra as elites locais, negando a autoridade do governo metropolitano.Resposta:A alternativa correta é a letra “c”.

O texto desta aula foi preparado pelo professor Felipe Carlos de Oliveira para o Blog do Enem. Felipe é formado em licenciatura e bacharelado em História pela UFSC, especializado em Interdisciplinaridade pelo IBPEX e mestre em História pela UFSC. É professor de colégios e cursinhos da Grande Florianópolis desde 2001. [email protected]

 

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