Setembro Amarelo: conheça a campanha e sua importância

Saiba tudo sobre o Setembro Amarelo: origem, objetivos e a importância da campanha para a saúde mental e apoio emocional.

As campanhas de conscientização sobre saúde têm se tornado cada vez mais influentes em várias partes do mundo. O Setembro Amarelo se destaca nesse contexto, ao lado de outras iniciativas amplamente reconhecidas, como o Outubro Rosa e o Novembro Azul. Mas você sabe qual é o verdadeiro propósito desta campanha?

Entender a origem, o significado e a relevância dessas ações voltadas à saúde é essencial porque possibilita colaborar com iniciativas preventivas, auxiliar outras pessoas e reconhecer o momento certo de buscar ajuda profissional. Afinal, todos estamos suscetíveis a enfrentar desafios relacionados à saúde física e mental.

Se você tem dúvidas sobre o Setembro Amarelo, não se preocupe. Preparamos um guia completo para detalhar seus objetivos e características. Continue lendo e aproveite as informações!

O que é o Setembro Amarelo?

A campanha é realizada anualmente com o objetivo de conscientizar sobre a importância da prevenção ao suicídio. Seu foco está na disseminação de informações sobre saúde mental, na quebra de tabus relacionados aos tratamentos psicológicos e na promoção do incentivo para que as pessoas busquem ou ofereçam ajuda quando necessário.

O Setembro Amarelo é promovido em diversos países, com ações variadas que visam dar maior visibilidade ao tema. 

No Brasil, a campanha foi incorporada ao calendário oficial em 2014, como resultado de uma iniciativa conjunta da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Desde então, várias empresas, instituições e grupos se mobilizam para discutir o tema e oferecer apoio a pessoas de todas as idades. As ações ocorrem tanto presencialmente quanto no ambiente digital, com palestras, serviços voluntários, campanhas nas redes sociais, atendimentos médicos, entre outras atividades.

Tema de 2024 –  Ilumine a Vida

O tema escolhido para o Setembro Amarelo em 2024 é “Ilumine a Vida”, e ressalta a importância de trazer luz para momentos de escuridão emocional. A proposta é reforçar a valorização da vida e o apoio às pessoas que enfrentam dificuldades com sua saúde mental. 

A campanha busca despertar a conscientização de que todos podem ser uma fonte de luz e apoio para quem está em sofrimento, promovendo a empatia, o acolhimento e a compreensão.

A escolha desse tema também incentiva a discussão sobre a necessidade de oferecer ajuda antes que o problema se agrave. O foco está na criação de redes de suporte emocional, educação sobre saúde mental e desmistificação dos preconceitos em torno de transtornos psicológicos. 

A campanha ressalta ainda a importância de buscar auxílio profissional sem medo ou vergonha, e lembra que todos nós podemos fazer a diferença na vida de alguém, seja com uma palavra de apoio, um gesto de carinho ou uma escuta atenta.

Como surgiu o Setembro Amarelo?

A campanha foi inspirada pela história de Mike Emme, um jovem norte-americano de 17 anos que tirou a própria vida em 8 de setembro de 1994. Mike era conhecido por ser alegre e afetuoso, sem aparentar sinais de sofrimento emocional. 

Profundamente abalados e surpresos por não terem percebido os sinais de alerta, seus amigos e familiares organizaram uma cesta com a mensagem: “se precisar, peça ajuda.” 

Esse bilhete foi exibido em seu funeral, acompanhado de várias fitas amarelas. Com o tempo, essas fitas se tornaram um símbolo de pedido de ajuda entre os jovens.

Mike também era talentoso em mecânica, e uma de suas realizações foi restaurar e pintar um Mustang 1968, que ele escolheu deixar na cor amarela.

Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializou o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, celebrado em 10 de setembro, e adotou o amarelo do carro de Mike como a cor simbólica da campanha de conscientização.

Quais são os objetivos da campanha? 

O Setembro Amarelo tem como objetivo principal lançar luz sobre os temas relacionados ao suicídio, mostrando que é possível prevenir essa situação. 

Quanto mais pessoas se envolvem nos debates e se preparam para lidar com momentos difíceis, maiores são as chances de a sociedade reduzir o número de ocorrências.

Reduzir o estigma 

Este é um dos pilares centrais das campanhas de prevenção ao suicídio, como o Setembro Amarelo, e está diretamente ligado à necessidade de eliminar preconceitos que cercam o tema da saúde mental. 

Muitos ainda consideram o suicídio um tabu e evitam falar abertamente sobre isso, o que alimenta o silêncio e a desinformação. 

Esse estigma faz com que as pessoas que enfrentam sofrimento emocional ou pensamentos suicidas tenham receio de buscar apoio por medo de serem vistas como “fracas” ou “exageradas”. 

A crença equivocada de que falar sobre saúde mental é um sinal de fraqueza ou que “é apenas uma fase” ainda é comum, e agrava o isolamento dessas pessoas.

O medo do julgamento social ou até mesmo familiar intensifica o sofrimento e impede que o indivíduo procure a ajuda necessária para superar a crise. 

Além disso, a falta de compreensão sobre o suicídio como um problema de saúde pública gera uma desconexão entre quem precisa de ajuda e os serviços disponíveis.

Por isso, uma das metas fundamentais do Setembro Amarelo é desmistificar esses preconceitos e promover uma abordagem humanizada e acolhedora. A campanha busca mostrar que falar sobre suicídio não induz ninguém a cometer esse ato. Pelo contrário, abre um espaço seguro para a discussão e pode salvar vidas.

Informar e educar 

O Setembro Amarelo tem um papel essencial na disseminação de conhecimento sobre a prevenção do suicídio. 

A campanha busca informar sobre fatores de risco, como depressão, transtornos de ansiedade, abuso de substâncias e crises pessoais, além de destacar os sinais de alerta que amigos, familiares e colegas devem observar, como mudanças bruscas de comportamento, isolamento e verbalizações sobre desistir da vida.

Educar a população também envolve ensinar sobre como ajudar alguém que esteja em sofrimento, seja oferecendo apoio emocional ou orientando a busca por ajuda profissional. 

O Setembro Amarelo também disponibiliza informações sobre os recursos disponíveis para quem precisa de atendimento, como linhas de apoio, serviços psicológicos gratuitos ou acessíveis, e profissionais de saúde mental qualificados.

Esses tópicos podem parecer familiares para pessoas que já têm contato com o tema da saúde mental, mas a realidade é que uma grande parte da população ainda desconhece como abordar ou lidar com essas questões.

Promover empatia e compreensão 

Muitas vezes, quem nunca teve problemas relacionados à saúde mental tem dificuldade em entender a gravidade da situação, subestimando o impacto de transtornos psicológicos ou minimizando o sofrimento dos outros. 

A falta de compreensão gera julgamentos ou comentários insensíveis, afastando ainda mais aqueles que precisam de apoio.

A campanha incentiva conversas que despertem empatia e uma escuta mais atenta, porque a saúde mental merece tanto cuidado quanto a saúde física. 

A promoção da empatia ajuda a criar uma rede de apoio mais sólida, na qual as pessoas se sentem seguras para expressar suas emoções e buscar ajuda sem medo de serem julgadas.

Conectar pessoas a recursos de ajuda 

Nem sempre quem está passando por um momento de crise sabe onde ou como buscar apoio, e a sensação de isolamento agrava o problema. 

A campanha atua no sentido de tornar esses recursos visíveis e acessíveis para todos, seja através da divulgação de linhas de apoio, como o CVV (Centro de Valorização da Vida), ou indicando locais onde se pode encontrar atendimento psicológico ou psiquiátrico.

Trazer essas informações para o centro do debate reduz as barreiras que dificultam o acesso ao tratamento, especialmente para aqueles que não têm conhecimento sobre os serviços de saúde mental. 

Mobilizar a sociedade

O suicídio é um problema complexo, que afeta pessoas de todas as idades, gêneros, classes sociais e regiões. Por isso, é essencial que diferentes setores da sociedade estejam envolvidos nas ações preventivas. 

A campanha trabalha para engajar governos, empresas, organizações não governamentais (ONGs), escolas, universidades e a população em geral em um esforço conjunto para reduzir as taxas de suicídio.

Esse tipo de mobilização envolve a criação de políticas públicas de saúde mental, o fortalecimento dos sistemas de apoio psicológico e psiquiátrico, a implementação de programas de prevenção em escolas e locais de trabalho, e a realização de eventos que promovam o diálogo sobre o tema. 

O Setembro Amarelo encoraja ainda o desenvolvimento de iniciativas locais, como grupos de apoio, capacitação de voluntários e a criação de redes comunitárias de acolhimento.

Mobilizar a sociedade é importante para que a conscientização seja constante e que as ações preventivas continuem ao longo de todo o ano, não apenas durante o mês de setembro. 

Qual é a importância do Setembro Amarelo? 

O Setembro Amarelo é uma campanha essencial para a conscientização e prevenção do suicídio, que tem se tornado uma preocupação crescente, especialmente entre os jovens. 

Segundo um estudo recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as taxas de suicídio nessa faixa etária aumentaram 6% ao ano entre 2011 e 2022, e o número de autolesões, como cortes e ferimentos autoinfligidos, cresceu 29% ao ano entre jovens de 10 a 24 anos. 

Esses dados revelam uma realidade de profundo sofrimento emocional, muitas vezes invisível, e destacam a urgência de falar sobre saúde mental com sensibilidade e acolhimento.

O suicídio é uma questão delicada, cercada por muitos tabus e incompreensão. O Setembro Amarelo surge para quebrar esse silêncio e promover um espaço de diálogo e apoio. 

Muitas pessoas que enfrentam dor emocional têm medo de compartilhar seus sentimentos, temendo serem julgadas ou incompreendidas. Com a oferta de informações e recursos, a campanha oferece uma rede de acolhimento e lembra a todos que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, mas um gesto de coragem e autocompaixão.

A importância do Setembro Amarelo também é uma oportunidade de estender a mão para quem está passando por momentos difíceis e de construir uma cultura de empatia e solidariedade.

É um lembrete de que, por mais que os desafios pareçam grandes, existem caminhos para a cura e para o renascimento emocional, e que a vida sempre pode ser iluminada pela empatia e pelo cuidado mútuo.

Fatores de risco para suicídio

Há diversos grupos vulneráveis ao suicídio, embora esse problema possa afetar qualquer faixa etária. No entanto, a adolescência e a juventude são fases particularmente suscetíveis. 

Entre os fatores de risco mais comuns para os jovens, destacam-se questões relacionadas à orientação sexual, histórico de abuso infantil, crises de depressão, estresse pós-traumático e o uso excessivo da internet.

Conflitos emocionais

A ideação suicida é mais frequente em pessoas que enfrentam sentimentos de solidão, desesperança, desamparo ou impulsividade. 

Conflitos emocionais são frequentemente considerados gatilhos importantes para o suicídio. Nesse contexto, é fundamental procurar ajuda profissional e participar de terapias que ensinam maneiras de lidar com essas dificuldades sem ser dominado por elas.

Crises depressivas

A depressão, junto com o transtorno bipolar, está entre as principais causas de atos suicidas. Entre os jovens, as crises depressivas podem variar bastante e têm diferentes causas. 

As mais comuns incluem questões afetivas, conflitos familiares, desemprego e fatores relacionados ao gênero. Esses desafios, quando não tratados, aumentam o risco de pensamentos suicidas.

Vício em álcool

O consumo excessivo de álcool é outro fator relevante associado ao suicídio. Estudos indicam que mais de 30% das vítimas de suicídio apresentam níveis significativos de álcool no sangue. 

Para muitas pessoas, o álcool é uma forma de escape da desmotivação em relação à vida, agravando o risco de ações fatais.

Uso de drogas

A dependência de drogas é uma condição complexa que afeta muitos aspectos da vida de uma pessoa, incluindo os emocionais, sociais, profissionais e de saúde. 

Quando esses problemas se acumulam sem controle, o risco de ideação ou atos suicidas aumenta consideravelmente.

Questões sociais

Os fatores sociais e culturais também desempenham um papel importante na incidência de suicídio. 

A interação entre aspectos psicológicos, sociais e culturais pode intensificar a vulnerabilidade de uma pessoa. Ignorar esses fatores em uma análise global do comportamento suicida pode levar a uma tragédia.

Doença mental

A relação entre o suicídio e os transtornos mentais é muito próxima. Mais de 90% das pessoas que cometem suicídio sofrem de alguma forma de doença mental. 

Infelizmente, muitas vezes esses transtornos não são corretamente diagnosticados ou, mesmo quando identificados, não são tratados de maneira adequada, aumentando o risco de desfechos trágicos.

O que caracteriza o comportamento suicida?

Compreender o comportamento suicida envolve uma combinação de fatores genéticos, biológicos, psicológicos e circunstanciais. As motivações podem incluir eventos como brigas de família, crises pessoais, desemprego ou desilusão com a vida. 

Transtornos mentais, como depressão e ansiedade, e o abuso de substâncias também são fatores de risco significativos. Mas como você pode identificar se alguém está precisando de ajuda?

  • Alterações bruscas de comportamento
  • Tristeza intensa e perda de interesse
  • Isolamento social
  • Queda no desempenho e produtividade
  • Ameaças e foco em assuntos inacabados
  • Negligência com a própria saúde e aparência
  • Consumo excessivo de álcool e drogas

Se você reconhecer esses sinais em alguém próximo, é importante oferecer apoio e encorajá-lo a buscar ajuda profissional. A intervenção precoce é vital para proporcionar o suporte necessário e ajudar a pessoa a encontrar caminhos para a recuperação.

Como buscar ajuda?

Para quem precisa de ajuda, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece suporte com voluntários treinados que proporcionam apoio emocional de forma confidencial. 

O serviço é gratuito e disponível em todo o Brasil.

Você pode contatar o CVV pelos seguintes canais:

  • Telefone: ligue para 188, disponível 24 horas por dia, em todo o território nacional.
  • Chat Online: https://cvv.org.br/chat/
    • Domingos: 15h às 01h
    • Segundas-feiras: 08h às 01h
    • Terças-feiras: 08h às 01h
    • Quartas-feiras: 09h às 01h
    • Quintas-feiras: 09h às 01h
    • Sextas-feiras: 13h às 01h
    • Sábados: 13h às 01h
  • E-mail: o atendimento por e-mail não é imediato, mas as mensagens são respondidas o mais rapidamente possível.

Melina Zanotto

Melina Zanotto é Jornalista, formada pela Universidade de Caxias do Sul em 2007. De lá para cá, sempre atuou com conteúdo digital em seus mais diversos formatos. Hoje, é redatora da Rede Enem, produzindo textos para o Blog do Enem e Curso Enem Gratuito.
Categorias: Atualidades Enem
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